Capítulo Dois: Spencer Cunning

— Senhor Cunning a senhorita Lola está ao telefone. —  Grace me informa pela terceira vez em menos de meia hora. Que merda, Lola foi um erro, se eu soubesse que ela era tão carente e que se apegaria rápido demais, eu nunca teria topado sair com ela.

 —  Fala para ela que estou na China e nunca mais vou voltar. —  Digo de forma direta olhando os papéis sobre a mesa. —  Meu pai Já chegou?

 —  O senhor Gregory ainda não chegou, mas ligou avisando que virá mais tarde hoje. —  Grace olha a agenda e começa a me passar os compromissos do dia. —  Senhor não se esqueça que amanhã tem um leilão das indústrias Berlin, esse leilão é de estrema importância.

 —  Obrigada Grace, já havia me esquecido disso. —  Anoto no Black Berry todas as informações do leilão e volto minha atenção novamente para a mulher. — A minha prima já chegou?

 —  A Senhorita Vidal ainda não chegou senhor, talvez ela não venha a empresa hoje. — Grace me olha como estivesse se desculpando.

 —  Às vezes eu acredito que apenas eu trabalho corretamente nessa empresa, Melody nunca está e meu pai chega a ser mais relapso do que ela, poderia ligar para o Joshua e pedir para ele me encontrar na hora do almoço no Vip's ?

 —  Claro Spencer. — Grace suspira e logo sei que ela tem algo a dizer. — Spencer não cobre tanto eles, tenho certeza que confiam plenamente em você para não se preocuparem.

 — Grace só você para me fazer me sentir feliz com tanto trabalho, obrigado pelo apoio. —  Grace acena com a cabeça e sorrindo, sai da sala. Respiro fundo antes de voltar a olhar os papeis e continuo os lendo.

  Estou tão preso no trabalho que não me dou conta até ser tarde demais. 

 —  Spen você prometeu que ia me ligar, eu te liguei o final de semana inteiro, eu liguei para sua casa, liguei para cá e você não atendeu, eu fiz algo de errado? —  Olho para mulher loira que está a minha frente. 

Lola está com os cabelos arrumados a perfeição, ela escolheu um vestido colado que deixa seus grandiosos peitos apertados, ela está tentadora como sempre. Subo meu olhar para o rosto dela e reparo que seus olhos estão vermelhos, sua maquiagem borrada e seu rosto aparenta estar bem inchado.

 —  O que você está fazendo aqui? —  Pergunto olhando para ela diretamente. —  O que eu disse da última vez Lola?

 —  Eu sei, mas eu preciso de você. — Lola faz uma cara de choro eu por um instante eu até sinto pena, mas ela volta a falar. — Eu liguei e sua secretaria disse que você tinha viajado, eu precisava falar com você.

 —  Mas eu não preciso e não quero falar com você. —  Coloco a folha que estava segurando na mesa e a encaro. —  Lola eu quero que você saia da minha sala agora, eu te falei que não teríamos nada além de sexo, então saia da minha sala e não me ligue mais, ou terei que ir à justiça pedir uma medida cautelar contra você. —  Lola estuda meu rosto com aparente confusão, ela leva um instante até perceber que falo sério.

 —  Você não pode fazer isso comigo, eu não sou uma garota de programa que você usa e descarta! —  Grita Lola.

 —  Então pare de agir como uma, não irei mais te procurar e quero que faça a mesma coisa senhorita Teslam, agora saia do meu edifício ou serei obrigado a chamar a segurança.  —  Lola olha para mim com os olhos vidrados, vejo uma lágrima cair e em um instante sua bolsa está se chocando contra a minha cabeça e ela se vem até mim e começa a me agredir.

 —  Seu desgraçado! cretino do inferno! você me paga Cunning. —  Seguro os braços de Lola e grito para que Grace chame a segurança. —  Spencer me solta, eu vou te foder seu miserável! —  Grita se debatendo. —  Spencer me solte!

Os seguranças chegam e com dificuldade a tiram de cima de mim e levam Lola para fora, ela grita se debatendo e me xingando, Grace entra na sala e me olha horrorizada.

 —  O que foi Grace?  —  Pergunto olhando para mulher.

 —  Você está sagrando. — Grace aponta para um ponto na própria testa e eu imito a ação dela, quando desço a mão vejo que ela está cheia de sangue.

 —  Que merda! — Praguejo me levantando e vou direto ao banheiro, olho para o espelho e vejo a linha vermelha que cruza minha testa. —  Maldita Lola! Grace!  —  Grito a secretária enquanto limpo a minha testa.

 —  Não precisa gritar, já estou aqui. — A mulher entra no banheiro com uma maleta de primeiros socorros na mão. Grace me olha e balança a cabeça em negativa, ela abre a maleta e começa a procurar algo ali dentro. 

 —  Como aquela louca entrou no prédio? —  Pergunto analisando a maleta juntamente com ela.

 —  Ela está registrada como visitante, foi dito que ela informou que tinha uma entrevista em uma das agências do prédio. — Grace acha o que procurava na maleta e começa a limpar o corte.

 —  Grace coloque a entrada dela como restrita, eu não quero aquela louca na Cunning Tower nunca mais. —  Falo enquanto ela analisa o corte e decide que não é grave ao ponto de precisar de sutura. Grace passa um remédio e coloca um curativo sobre ele. Analiso o serviço dela e satisfeito tento arrumar meu cabelo da melhor maneira possível. — Grace poderia pegar outra camisa mim?

— Claro, já vou pegar. — Murmuro um agradecimento antes de sair da sala desfazendo o no da gravata. 

Sempre que me pego diante do meu pai, tenho a sensação de que estou diante de um espelho, sinto que estou vendo uma imagem distorcida de mim. Um eu mais velho e mais experiente. Minha mãe sempre me diz o mesmo, ela diz ser assustadora a forma como somos fisicamente parecidos, olhos azuis e cabelos negros, ela diz que a única diferença é a personalidade. Meu pai me encara com uma fúria contida, sei que está pronto para falar sobre responsabilidade, mas eu não estou disposto a escutar outro sermão. Sorrio para o meu pai enquanto solto a gravata e vou para minha mesa.

 —  Pai, que bom velo tão cedo na empresa. —  Digo de forma brincalhona. — Grace disse que você não chegaria nem tão cedo hoje.

 —  Quem era aquela moça que estava fazendo um escândalo na portaria?  —  Pergunta meu pai ignorando toda minha gentileza.

 —  Uma louca, olha o que ela fez. —  Indico o curativo. —  Eu já proibir a entrada dela no prédio.

 —  Como ela fez isso? —  Pergunta meu pai se sentando de frente para mim.

 —  Ela tacou uma bolsa na minha cabeça, ele tem um braço bom para isso. — Murmuro tirando minha camisa, Grace entra na sala e me entrega a camisa limpa, ela sempre guarda uma muda de roupa no escritório, as vezes acho que ela faz isso para se tornar indispensável. Agradeço e ela sorri, fala algo com o meu pai e sai do escritório. 

 —  Spencer o que eu te disse sobre ter uma mulher por noite? Você acha que sua mãe gostaria disso? — Meu pai questiona me olhando, ele me estuda antes de relaxar na cadeira.

 —  Pai não comece, o senhor fazia a mesma coisa, uma diferente por noite. —  Comento o olhando com um sorriso torto. —  O senhor sabe que é difícil ficar longe delas. — Coloco minha camisa rapidamente e volto a me ajeitar no meu lugar.

 —  Eu já fui assim até o dia que eu conheci sua mãe. —  Percebo que meu pai vai começar o seu monólogo de perseguidor apaixonado. Reviro os olhos e o corto antes que ele comece.

 —  Cunning pode parando por aí, eu não vou me apaixonar e virar um stalker atrás de uma mulher. —  Me pai me olha e sorri, vejo o brilho perigoso em seu olhar. —  O que foi pai?

 —  Meu filho, um dia você vai encontrar aquela mulher que vai virar sua vida de cabeça para baixo, quando você a encontrar não vai achar tão ruim se um perseguidor. —  Meu pai se levanta e mostra sua postura imponente. —  Não se esqueça do leilão amanhã às vinte horas, será no Sky Doors, eu preciso de você lá, focado nos negócios que teremos que fazer. —  Vejo meu pai sair e volto para o meu trabalho. 

As dez horas vou para uma reunião sobre um novo projeto. Onze faço uma conferência com a filial de Seattle e ao meio dia saio para o almoço com Joshua. Saio da garagem da Cunning Tower e entro no trânsito louco de Nova York, incrivelmente ele hoje está fluindo. Passo pela quinta avenida, paro em um sinal fechado e espero a luz ficar verde, quando o sinal abre e eu vou avançar uma louca se taca na frente do carro que a atinge de forma fraca mais a lança no chão.

 —  Merda! —  Grito batendo no volante, abro a porta do carro e desço rapidamente. —  Você está louca? Não viu o sinal aberto?  —  Pergunto me apressando para ajudá-la.

 —  Você que está ficando louco cara, não me viu atravessando não? —  Me questiona levantando, seguro seu braço para ajudá-la, mas ela o puxa e se vira para mim. —  Você está maluco cara? Não encosta em mim.  —  Quando meu pai falou que um dia eu iria encontrar uma mulher que me faria querer persegui-la o tempo todo, eu não pensei que ela iria surgir tão rápido, solto o braço dela e encaro os profundos olhos acinzentados que me encaram de volta. Seu rosto e de uma beleza quase sobrenatural, sem dúvidas ela deve ser um flash de um sonho, uma deusa vinda de algum reino distante. —  Você está me ouvido?

 —  Desculpe, eu não irei tocar em você, a não ser que me peça. —  Olho seu rosto o gravando na minha memória, percebo que ela analisa meu rosto. —  Qual o seu nome?

 —  Phoebe! Meu deus Phoebe o que aconteceu? Eu vi na hora que o carro te acertou, você está bem minha filha? —  Uma senhora que aparenta ser mãe da agora identificada Phoebe, a arrasta do meio da rua para dentro de um salão de beleza. Fico olhando-a sumir dentro do salão, desligo minha mente de tudo a minha volta, apenas um pensamento me vem à mente. 

Eu preciso ter aquela garota. 

Volto a realidade quando as buzinas começam a tocar insistentemente, volto para o carro e sigo até o Vip's. Minha mente voa direto para aquele olhar voraz da deusa que caiu na minha do céu bem na minha frente. Eu precisava saber quem afinal era Phoebe.

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