Capítulo 5

Samira .

Samira 

— O que você quer? Diga de uma vez! — Ele pergunta, tirando a sua mão bruscamente da minha.

Eu não sei quais são suas intenções comigo,mas  não consigo ser otimista depois de tudo. O meu pai disse-me que vou ficar aqui por um tempo. Que agora estou em algum processo de julgamento por suposta traição. Ele também disse muitas outras coisas que me magoaram muito mais do que ele já fez. Que sou ingrata, insolente, irresponsável e que estraguei tudo como uma péssima filha faria.

Essa foi a parte que mais me magoou e deixou-me desolada.

Tirar Dimitri do sério foi uma péssima e arriscada ideia. Só agora percebi a burrada que fiz. Acabei de tornar-me a sua prisioneira e ele sabe disso. Desafiá-lo é a última coisa que tenho que fazer.

— Diga, Samira. — a sua voz ríspida, exigente,e brusca, deixa evidente que ele ainda está irritado comigo. A pergunta foge por alguns segundos da minha mente quando os meus olhos se fixam no seu rosto livre. Há pequenas cicatrizes de forma desconexa num lado do seu rosto e duas maiores que começam próximo à orelha seguindo para o pescoço. Pergunto-me se há mais delas no seu corpo. Mas isso não o torna menos belo aos meus olhos. Posso afirmar que ele é o homem mais interessante, misterioso e bonito que já vi em toda a minha vida. A sua altura e a sua forma física digno de um guerreiro grego,chega a ser um tanto intimidador e amedrontador para mim. E o seu lindo e intenso olhar não torna as coisas melhores. Sinto-me como uma presa prestes a ser devorada aos olhos de um tigre faminto, observador, feroz e irritado.

— Pelo que exatamente estou acusada? — Pergunto, esperando que a minha fascinação por sua beleza, não tenha ficado tão evidente no meu rosto.

— Tem certeza que não sabe mesmo? — acusou ele, colocando uma das mãos sobre o queixo enquanto me examinava.

— Fugir de você foi a única coisa que tentei fazer. —Respondi, fechando os meus olhos temendo a sua reação. As minhas mãos tremem sem controle, e a minha cabeça começa a doer. Penso que a fome e o nervosismo estão a causar isso.

— Será mesmo, Samira? — a sua voz rugiu profunda e crua provocando arrepios por toda a minha pele.

Abro os meus olhos para vê-lo me fitando com o mesmo olhar acusador.

— Sim , eu juro. —Digo, pressionando os meus olhos fechados para não desabar em lágrimas. Puxo uma respiração forte e volto a olhá-lo,mesmo que isso  não seja algo fácil de fazer.

— Suponho que todo aquele dinheiro na sua conta no México que era seu destino, foi coisa da fada madrinha? — Questionou ele  pressionando o maxilar duramente enquanto me olha.

— O que? Conta no México? Não tenho ideia do que você está-me a acusando ! Eu... Eu não estava indo  para o México! Isso é loucura! Tudo isso é um pesadelo. — Digo na minha defesa.

Ele passa as mãos pelos cabelos e assopra  impacientemente.

— Já chega! Todas as evidências estão contra você. Se for culpada terá a sua punição e não vai ser suave.

O sangue gela nas minhas veias diante a sua promessa cruel. Ele vira-se e caminha em direção a porta deixando claro que a conversa confusa acabou. Mas, para mim ainda não tinha acabado.

— E se eu for inocente? Vocês deixaram-me ir? Vou ser livre? —Perguntei num fio de voz baixa e trêmula. Eu ouvi muitas coisas obscuras sobre Dimitri ,mas  entre elas ,algo bom .Que ele  nunca volta  atrás  com a sua palavra. E é  confiando nisso que torço para que a sua resposta seja positiva.

De costa para mim ele não responde de imediato. Então é mesmo verdade. Se ele disser que sim, ele terá que cumprir. Ele abre a porta, e antes de passar por ela, responde.

— Sim. Se for inocente, ficará livre. —Ao dizer isso ,ele sai e fecha a porta .  E eu  choro. Dessa vez não é só de medo ou desespero é também de alívio. Não fiz nada do que me acusam, nem tenho conhecimento sobre tal conta no México, e muito menos contatos perigosos. Eles são bons em descobrir coisas vão ver que sou inocente. Então, eu finalmente posso-me ver livre dessa de cidade, do meu pai, de Dimitri e a sua família. Como alguém tão lindo, pode ser tão cruel assim?

Um tempo depois que Dimitri me deixou. A porta se abre e a jovem de cabelos negros de antes retorna trazendo com ela   uma bandeja com comida. O cheiro agradável e apetitoso faz o meu estômago roncar alto.

— Desculpe-me por demorar ,vi que  conversava com Dimitri ,não quis interromper— Justificou ela, me estendendo a bandeja com um prato fundo de sopa, frutas, suco e água e um comprimido para dor.

— Dimitri pediu para a cozinheira preparar alguma coisa rápida, leve, mais, revigorante. Ele disse que perdeu muitas energias. — o seu comentário surpreende-me e deixa-me confusa. Tudo neste homem é estranho e confuso afinal de contas.

— Gosta de sopa, não é? Se não gosta. Posso pedir para preparem outra coisa, é que Dimitri...

— Obrigada, sopa está ótimo. — Respondi, sem perder em fazer o meu estômago feliz.

— Qual é seu nome? — Perguntei para a jovem, poucos minutos depois de ter comido tudo que havia naquela bandeja. Pelo andar da carruagem, ela seria a única pessoa com quem eu ia ter contato frequentemente naquela casa. Então, seria bom para a minha saúde mental fazer amizade. 

— Alina. — Respondeu ela dando-me um sorriso gentil.

— Sou  Samira.

— Eu sei. — disse ela em reconhecimento. Certamente já devia saber que sou uma prisioneira do fera   e uma possível traidora preste a ir a julgamento. 

— Você trabalha aqui há muito tempo?—Perguntei. 

— Desde o ano passado. Mas conheço essa família desde os oito  anos. O meu pai foi um membro da irmandade Ferrari.  — Respondeu ela, avaliando o meu pé inchado.— Foi?   —Perguntei.

—Sim ,ele morreu em um acidente de moto quando eu tinha quinze anos. 

—Oh,eu sinto muito.—eu disse sem graça. 

— isso já faz há bastante tempo. —ela sorri tristemente em seguida acrescenta.—Mesmo assim ,eu sinto a falta dele todos os dias.

—Eu posso imaginar. Eu perdi a minha mãe também e sinto falta dela todos os dias. —digo, ganhando um olhar compreensivo dela. 

Quero perguntar muitas coisas sobre o seu patrão. Mas, tenho receio que ela lhe conte que  especulei  sua vida. Não quero que ele me acuse de estar investigando ele e  família a pedido de algum inimigo.

— Ele é um bom homem por trás da figura perigosa e implacável que representa. — disse ela de repente, como se lesse as curiosidades da minha mente através dos meus olhos. Alina é jovem e bonita. Pergunto-me se ela tem alguma ligação sentimental com ele.

— Infelizmente, só conheci e ouvi falar da figura sombria. —Falei , forçando  um sorriso  para que ela não se ofenda pelo chefe que aparentemente admira.

— Você poderá conhecê-lo já que vai passar um tempo aqui. — Ela fica animada com a Ideia.

— Sou uma prisioneira. Se ele tem esse lado bom que você está diz , pode ter certeza que não conhecerei.

Ela olha-me intrigada.

— Você não parece uma prisioneira. 

—Mas é o que sou  agora.Uma prisioneira acusada injustamente. — Suspiro fundo. — Por quem eu não sei.

— Isso é estranho. — Comenta ela, franzindo a testa. 

—O que é tão estranho?

—Ele pediu para arrumarmos o melhor quarto disponível na mansão para você. Comprou roupas em uma das lojas mais chique da região. Mandou chamar o médico para verificar se está bem. Ele fez tudo isso enquanto você  ainda estava inconsciente. É a primeira vez que vejo Dimitri se importar tanto com alguém. — disse ela  encantada com o comportamento gentil do patrão.

— Provavelmente as acusações contra mim ainda não tinha chegado aos seus ouvidos. Ele deve ter se sentido responsável pela futura esposa. Agora que essas acusações absurdas caíram sobre mim, não vai ser tão gentil.

Essa é tem quer única explicação lógica para isso. Mas não consigo controlar um sentimento desconhecido que se forma no meu peito, devida a possibilidade dele se importar comigo.

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