Capítulo 5 - Paixão e mágoas

Eve 

Vila dos Lobisomens - Mundo humano

Olhando pela janela na direção do lago, ela o viu caminhando com passos apressados e decididos, provavelmente seguindo na direção do dojo, que era onde ele passava a maior parte de sua vida. 

O ódio que ela sentia em seu peito era latente, e aquelas crianças brincando no lago, a fizeram se lembrar de porquê o odiava tanto.

Era uma manhã ensolarada como aquela, e ela brincava no lago despreocupadamente, enquanto sua babá a observava. De onde estava viu o momento em que um empregado da casa principal veio chamá-las, e ao chegarem em casa, viram que sua mãe estava arrumando as malas, e disse para a babá juntar as suas coisas também, pois, teriam que se mudar. 

Ela tinha apenas quatro anos, e não entendia porque tinham que deixar aquela casa, e nem porque o seu pai não iria junto com elas e passou a vê-la com menor frequência, até que parou de aparecer.

O nascimento de um bebê, o primeiro filho homem de seu pai, fez com que ela e a sua mãe fossem descartadas como se não fossem nada, e gerou nela toda aquela revolta que a alimentou por todos esses anos e foi alimentada por ela também.

Sua mãe, sem conseguir se adaptar á vida longe dos luxos que tinha como esposa principal, acabou por entrar em uma depressão profunda, e alguns anos depois planejou a morte do herdeiro Alfa, mas seus planos foram frustrados pela mãe dele, que a rendeu e a condenou por conspirar contra a família principal.

Para um alfa o primogênito é prioridade, porém, uma filha mulher não tem valor na fila de sucessão mesmo ela sendo forte e implacável, e nesses vinte anos que se passaram desde o nascimento de seu irmão, ela tratou de se aperfeiçoar em todas artes marciais possíveis, bem como no estudo de magia negra.

Com sua beleza ela poderia se casar com um dos inúmeros guerreiros lupinos que já a cortejaram, e ter filhos para perpetuarem a linhagem dos lobisomens, mas tudo o que ela queria, era vingança pelos anos de rejeição, e acreditava que matar o seu irmão, seria a demonstração de força que ela precisava para convencer o seu pai do seu valor.

— Eve, volta pra cama, você disse que hoje o dia seria nosso! — a voz de Luna a trouxe de volta ao presente, e ela se aproximou da cama, retirando o roupão e exibindo o corpo moreno, com seios perfeitos e abdômen definido assim como os demais músculos de seu corpo. — Isso minha linda Alfa, vem me dominar.

— Eu sou a sua alfa? — ela perguntou, olhando nos olhos azuis de Luna, enquanto sua mão esquerda percorria a sua pele clara de forma ascendente, iniciando no meio de suas coxas suavemente, passando pela sua barriga e finalizando em seus seios simétricos, enquanto a outra mão prendeu firmemente os seus cabelos na nuca, puxando-a para si, até que suas bocas se encontrassem em um beijo selvagem.

Com os corpos encaixados como se fossem um, elas se amaram como duas bestas selvagens no cio, e as garras expostas cortavam a carne por onde passavam, gerando um mixto de dor e prazer, enquanto a ferida se fechava instantes após ser aberta.

Após o sexo, Eve olhou para a parceira que, exausta, dormia tranquilamente ao seu lado. A confiança cega que Luna e as outras garotas tinham nela, era um alento em sua busca por reconhecimento. Ela havia criado essa facção de forma simples, bem embaixo dos narizes dos lobisomens e do seu machismo ultrapassado. E tinha que ser forte por elas, por isso, nem que custasse a sua vida, ela levaria as Licantras ao ponto mais alto da hierarquia lupina. Ela seria a primeira fêmea a se tornar Alfa, e o primeiro passo era eliminar Barth da equação.

Levantando-se, Eve decidiu tomar um banho e lançando sobre a água quente um mix de ervas aromáticas, se certificou de que a temperatura estava do seu agrado e entrou, deixando apenas a cabeça para fora d'água. O calor junto com o frescor das ervas, a fez se lembrar de sua mãe, e dos seus conselhos, em momentos em que ela se sentia perdida.

— Nunca deixe ninguém te rebaixar minha, querida — Ela pode ouvir a voz de sua mãe em seus pensamentos. —, você nasceu para liderar, e fará coisas incríveis, mas lembre-se de nunca baixar a cabeça para ninguém!

— A senhora tinha razão, mãe — ela disse como se sua mãe pudesse lhe ouvir —, o que eu fiz já é incrível, e minha guerreiras Licantras me ajudarão a mostrar ao mundo o poder da fêmea Alfa!

— Pensei ter ouvido você conversando com alguém — Luna disse, aparecendo na porta do banheiro —, e já ia chegar atacando a vadia!

— Eu disse que o dia seria só nosso, não disse? — Eve rebateu, com um sorriso malicioso, divertindo-se com o ciúme da amante — Por quê não vem? A água está uma delícia!

— Adoro quando você cumpre uma promessa, sabia? — respondeu Luna se aproximando da banheira com seu andar mais sensual — Eu vou aproveitar o máximo de você hoje!

— Você sabe que um Alfa existe para servir ao seu povo, não sabe? — Eve perguntou, pegando o pé direito de Luna, após ela se sentar na banheira de frente para si, e começando a massageá-lo suavemente.

— Servir ao povo não — Luna respondeu dando suspiros de prazer com a massagem —, eu sou ciumenta e possessiva, você servirá apenas a mim hoje.

A morena apenas riu de mais essa demonstração de ciúme de Luna. A loira era o seu braço direito, e cumpria com perfeição toda missão que lhe dava, além de ser uma parceira sexual incrível. Sem a ajuda de Luna, a organização das licantras seria impossível, uma vez que por ela ser filha de Lorde King, as garotas pensariam se tratar de um teste de lealdade.

Elas encontraram uma brecha na influência do Alfa, e era a sua própria arrogância, que fazia com que ele ignorasse os membros femininos da alcatéia, então não forçava a influência pensando que elas já eram submissas só por serem mulheres.

Luna batia na tecla de que talvez deviam matar Lorde King e tomar o poder, assim que Barth fosse assassinado, e matassem também que se recusasse a aceitar a Licantras Alfa, mas mesmo sabendo que essa podia ser a única maneira de conseguir alcançar seus objetivos, Eve ainda queria ser reconhecida sem precisar matar seu próprio pai.

Após o banho, elas voltaram para a cama onde se amaram mais uma vez, e teriam o feito novamente, se não tivessem sido interrompidas por batidas urgentes na porta.

Sob protestos de Luna, Eve se levantou e, vestindo o roupão, foi até a porta e a abriu. Uma jovem licantras que parecia ter seus dez anos a entregou um pequeno bilhete, que ela leu rapidamente após a menina ir embora e, recitando algumas palavras em uma língua profana, fez brotarem chamas negras no bilhete, que foi consumido quase instantâneamente.

— Espero que seja muito importante, amor — Luna disse, chegando até ela enquanto as cinzas do papel se dissipavam —, para interromper o meu orgasmo.

— Teremos muitos orgasmos depois, querida — Luna respondeu, lançando para a outra um sorriso de empolgação —, agora é hora de darmos o próximo passo na nossa maior conquista. Barth deixou a aldeia, e eu devo ter a última conversa com meu pai antes de usarmos o plano final.

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