Capítulo 2

Então, novamente desanimada, voltei para dentro da casa e com muita raiva de mim mesma, por me sentir assim arrasada, peguei uma mala e coloquei todas as minhas roupas dentro dela. Na verdade, fui socando de qualquer jeito, pois eu estava com muita raiva. Não quero ficar mais nem um minuto nessa casa, visto que tudo aqui me lembra e tem o cheiro do Samuel. E eu não aguento mais isso, vou para casa do Café e amanhã busco o resto das coisas.

O estabelecimento estava lotado de estudantes, já que ficava perto de uma faculdade, porém essa não tem o curso que eu faço, por esse motivo que fica tão longe. Enzo ao me ver entrar puxando uma mala enorme, veio ao meu encontro. Ele é o melhor amigo do meu ex-marido e o gerente do Café.

Quando nos separamos, Enzo veio falar comigo. Disse que entenderia se eu dispensasse os serviços dele, por ele ser melhor amigo do Samuel. Entretanto não achei certo dispensá-lo, já que ele não tem nada a ver com o que aconteceu conosco. Então Enzo continua sendo o gerente desse estabelecimento.

— Diana que carro é esse? — perguntou Enzo, ao me ver ligar o alarme do carro e continuou... — E para que essa mala? Você vai viajar? — questionou curioso.

                       — Não vou viajar, vou morar aqui. E esse carro ganhei do Samuel.

       — Mas não iria se mudar no sábado? Quando ganhou esse carro? — perguntou de imediato. — É que não terminei de tirar as coisas da casa. Samuel tinha mania de guardar muitas coisas do Café lá, como enfeite de Natal.

— Tudo bem, assim que o lugar estiver vazio, depois de fechar, eu ajudo você a desocupar a casa. Quanto ao carro Samuel apareceu na minha casa antes de eu vir para cá e me entregou a chave do carro, sem muita conversa foi embora. Vou deixar minha mala e volto para te ajudar — Enzo apenas acena concordando enquanto se encaminha para atender outra mesa e só me observava subir as escadas carregando aquela enorme mala.

Fui direto para a casa e deixei minha mala na cozinha, pois era o único lugar desocupado e desci para o Café.

— Diana em meia hora estaremos fechando, aí te ajudo a tirar aquelas coisas — comunicou Enzo ao me ver servindo café em uma outra mesa cheia de estudantes.

— Vou te ajudar Enzo, já que agora esse Café é meu, preciso aprender e me acostumar com o lugar — falei colocando um avental xadrez igual ao do Enzo, na cor amarelo e marrom.

O Café era um lugar muito bonito, por fora era de tijolinhos pintados de amarelo, com alguns detalhes brancos e marrons. Na entrada tinha uma escada que ficava de lado. Tinha três janelas enormes de vidro por onde se via todo o movimento na rua. Na parte de cima havia minha casa, onde iria morar a partir de agora, com uma sacada não muito grande e que se localiza acima do letreiro.

Por dentro o Café era encantador, com mesinhas redondas e quadradas, todas de madeira. O ambiente tinha pouca luz e era pintado de amarelo e marrom também, com uma enorme escada do lado direito do Café, que dá acesso à minha casa.

 — Alguém quer mais café? — pergunto ao terminar de fazer um coque no meu cabelo. 

Um rapaz sentado em um canto lendo um livro, levanta a mão. Pego a jarra do café expresso e me encaminho até ele, levando o chantilly e o creme junto.

— Com chantilly ou com creme? — pergunto ao me aproximar.

— Chantilly, por favor! — coloco o café na enorme caneca amarela e por cima o chantilly em formato espiral. Sorrio, pois como ele, adoro café assim.

— Obrigado. É seu primeiro dia aqui? — pergunta o rapaz, mas como eu estava prestando atenção no nome do livro que ele estava lendo, “Ciclos Eterno Submundo” da Caroline Factum, não entendi o que me disse.

— Desculpe, o que me perguntou?

— Se é o seu primeiro dia aqui? Pelo visto gosta de ler. Esse é um ótimo livro, eu indicaria para você, já que a autora escreve muito bem e sabe como descrever a história de uma maneira que te fascina.

— Não, não é meu primeiro dia aqui, eu sou a nova dona desse lugar. Mas você acertou, eu adoro ler e vou procurar esse livro para comprar. Eu agradeço por me indicar — digo, virando para me encaminhar para o balcão.

— Hei moça espere, não precisa comprar esse livro, eu terminei de ler e te empresto. Meu nome é Caio e estou sempre aqui, já que estudo Psicologia nessa faculdade que fica em frente, então não aceito não como resposta e depois me diga o que achou ok? — Caio falou me entregando o livro.

Fiquei sem graça em não aceitar, já que ele deixou bem claro que não aceita não como resposta.

— Obrigada Caio, me chamo Diana e assim que eu ler devolverei o mais rápido possível e direi o que achei.

— Não precisa ter pressa, eu estou sempre aqui. Você por favor poderia trazer minha conta? — ele perguntou tomando seu último gole de café.

— Claro, vou buscar — falo me encaminhando para o balcão, enquanto ele escreve em um papel.

Pego a conta da mesa quatro, que é a mesa em que ele está e volto, entregando a conta para ele. Caio abriu a caderneta onde estava sua conta, colocou o dinheiro dentro e me entregou a mesma, se levantando da mesa dizendo boa noite antes de ir embora. E pelo o que percebi, Caio era o último cliente da noite.

Voltei para o caixa, onde Enzo estava e entreguei a caderneta a ele, enquanto um rapaz trancava as portas e janelas e uma garota limpava as mesas.

— Diana isso é para você — falou Enzo, me entregando o que parecia um bilhete. Quando olhei fiquei surpresa com o que estava escrito.


Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo