Capítulo Três: Tóxico

EDUARDO

Daqui a algumas horas será a festa para a comemoração do primeiro dia de aula que começará amanhã. Como combinado, eu irei buscar o Henry em algumas horas. 

Ainda faltam duas horas para o início da festa, então vou começar a me preparar logo. Ao entrar no banheiro tirei as minhas roupas e logo em seguida liguei o chuveiro, a água estava quente, na medida em que eu havia colocado no regulador, não demorei muito para sair do banho mas demorei na escolha da roupa, acabei escolhendo uma bermuda preta e uma blusa branca com flores bordadas, havia sido presente do Henry no nosso quinto mês de namoro.

O celular que se encontrava em cima da minha cama tocou e ao desbloquear, pude ver que o João havia deixado uma mensagem, que me interessou bastante, não posso negar.

Menino João.

Online.

— Sabe aquela garota nova que se mudou para cá agora pouco?

A sua vizinha gostosa?

— Sim, cara. Só não deixa o Henry saber disso. 

— Como se eu tivesse dito alguma mentira, mas o que tem ela?

— Ela se matriculou na escola, e será da nossa turma e ela irá na festa hoje.

— Minha relação com o Henrique tá complicada, voltarei a minha origem, o pegador das novinhas.

— Finalmente vou ter você de volta, reinaremos novamente.

— Sim, meu caro. A fruta não é tão boa quanto eu pensei kkkkk.

— Você e eu sabemos que você apenas começou essa história de ser bissexual porque queria ter mais fama e tirar a louca da Luana do seu pé. Coitado do Henry.

— Isso é verdade, mas gostei do Henry e queria saber como é.

— Irmão, você reprovou propositalmente o primeiro ano. E pelo visto você realmente gostou.

— Já disse cara, irei voltar às origens, só preciso de tempo.

— Irei esperar, te vejo na festa.

Offline.

Eu não amava o Henry, mas gostava muito dele, ele era um menino legal e fazia um boquete incrível, merecia alguém melhor do que eu e eu reconhecia que ele não é para mim. Meu membro começou a endurecer e então me lembrei que fazia mais de uma semana que não transavamos. 

Já tinha dado 18:00 da noite, peguei minha chave do carro e rapidamente desci para a garagem e no caminho acabei encontrando minha mãe e sabia que ela iria começar novamente o papo em que eu iria para o inferno se continuasse a ser bissexual.

— Você vai se encontrar com o rapaz novamente, não é? — Perguntou-me olhando com um olhar sério.

— Sim, mãe. Eu irei, porque vou a uma festa com o meu namorado. — Sempre era a mesma ladainha, isso é o que acontece por ser criado em um lar cristão.

— Você ainda tem a coragem de admitir que ele é o seu namorado. Eu nem te reconheço mais, queria o meu filho de volta e que Deus te perdoe.

— Se realmente me quer de volta, espere mamãe, ore a Deus que ele lhe ouvirá.

— Levítico 18:22 diz, Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é; Mude, meu filho.

— Não se preocupe, mãe, o homem da relação sou eu. — Digo a deixando falar sozinha, toda vez era a mesma coisa, então passei a ignorá-la. 

Peguei o meu carro e fui buscar o Henrique como havíamos combinado, era sempre assim, já sou habilitado, mesmo não merecendo como a minha mãe diz, ganhei um carro e foi uma coisa boa isso ter acontecido, só assim eu não pegava o dela e nem o do meu pai.

Assim que cheguei na casa do Henry, o meu sogro estava colocando o lixo para fora e assim que percebeu a minha presença me chamou para entrar, diferente dos meus pais os dele eram educados. Era raro o pai do Henry estar em casa e ainda mais a noite já que ele quase toda vez estava de plantão.

— Ele está terminando de se arrumar, querido. Você pode subir. — Disse dona Marta assim que me viu entrar na casa com o seu marido.

— Obrigado tia, vou chamar ele porque já estamos atrasados. — Ela apenas me olhou e concordou.

Subi as escadas quase correndo e assim que bati na porta ele autorizou a minha entrada. Ele estava bonito, uma coisa que ele sabia bem era se arrumar e escolher roupa, se o sonho dele não fosse biomedicina, mesmo estando em dúvida ainda, ele seria um bom estilista.

— Você tá tão lindo amor, não que já não seja. — Eu falei me aproximando e pegando ele pela cintura e iniciando um beijo.

O beijo era lento e eu sabia que ele gostava, principalmente quando eu dava leves apertões em sua cintura, e puxava os seus cabelos, eu precisava transar e ele sabia disso.

— Se a gente não tivesse atrasado, eu te foderia aqui e agora. — Disse olhando e dando um sorriso malicioso e ele sabia o que significava.

— Mas como estamos, não vai acontecer nada, agora vamos que já estamos atrasados. — Disse pegando na minha mão

Uma coisa que ele era bom, era fugir de assuntos e de vez em quando de sexo, ele fugia igual um preso tenta fugir da cadeia, eu havia tirado a virgindade dele, e isso nele me admirava, ele não era maldoso, ele tem um bom coração.

O lugar onde a festa vai acontecer, ficava a 30min de carro da casa do Henry, assim que descemos a escada, vimos os pais dele sentados no sofá da sala conversando, Assim que Henry dá a benção, fomos acompanhados pelos pais dele até a porta.

— Juízo meninos, e não volte tarde que amanhã começam as aulas. — Disse dona Marta ao lado do seu marido. 

— Tchau sogrinha e sogrinho, trarei ele antes das 23:00. — Disse abrindo a porta do carro para o Henry entrar.

A viagem estava silenciosa, e uma coisa que o Henrique não era, era silencioso, ficar quieto não era dele.

— Você tá tão calado, nem parece meu namorado tagarela que não para de falar. — Eu falei despertando ele dos seus pensamentos.

Ele estava me olhando bastante, isso era uma coisa que ele sempre fazia, parava para me olhar.

— Se continuar a me olhar desse jeito, serei obrigado a parar esse carro em uma esquina deserta e te comer dentro desse caso. — Eu falei, e não seria a primeira vez se isso acontecesse.

— Eu pensando no quanto eu te amo e você aí, pensando em me comer, o que deu em você hoje hein? — Perguntou levantando as sobrancelhas e fazendo uma cara engraçada.

— Testosterona a mil gatinho, e eu também te amo, te amo demais. — Disse dando um selinho e prestando atenção no trânsito.

Nossa relação estava boa sim, eu tinha mentido para o meu melhor amigo, mas em partes uma coisa era certa, eu não amava realmente o Henry, apenas estava para suprir carência e necessidades, já que eu não estava interessado em nenhuma garota e eu estava querendo ver como era namorar um garoto, sim, eu era um baita filho de uma puta.

Tínhamos chegado em 30min certinho, a festa já tinha começado, e estávamos atrasados, percebi que o Henry havia visto os amigos dele, era bom que só assim eu ficaria com os meus.

— Amor, meus amigos estão perto da mesa de bebidas, eu irei até eles. — Falou e eu apenas balancei a cabeça e segui em direção a onde os meus amigos estavam.

Me aproximando dos meus amigos, avistei uma menina muito bonita por sinal, era a Camila, eu ainda não havia visto ela, apenas ouvi comentários dos meninos dizendo o quão gostosa ela era.

— Meu menino finalmente chegou. — Disse João se levantando para me abraçar.

— Cheguei, meu caro amigo João.

— Essa daqui é a Camila, ela tá na turma da gente nesse último ano. — Falou quando eu cheguei perto.

Estávamos acompanhados por Cauã, Gabriel e a Camila, que era a única menina no nosso meio.

— Prazer Camila, Meu nome é Eduardo, mas pode me chamar de Edu. — Falei estendendo a mão para cumprimentar e a mesma retribuiu.

— Prazer Edu, é você que é o bissexual e namora, não é?. — Perguntou sorrindo.

— Sim, mas meu relacionamento não está indo bem, estou procurando um momento para terminar. — Falei sentando do lado dela.

— Entendo. Ele é do tipo controlador, ou muito meloso?

— Do tipo tóxico quando fica com ciúmes, e eu não gosto disso.

— Entendo. Então não perde tempo e termina logo esse namoro, provavelmente tem gente na fila. — Falou me olhando e percebi que em seu olhar havia malícia.

— Se você for uma, eu termino até agora. — Falei dando um sorriso de puro desejo.

— Então pode terminar que eu sou uma sim.

Ficamos nos encarando por um bom tempo, a tensão em que estávamos era enorme, o que ela tinha de gostosa, também tinha de oferecida e rápida, e eu gostava de gente que demonstrava o que queria.

— Você é rápida hein, garota. Mas tudo no seu tempo. — Falei sorrindo.

— Tudo no seu tempo.

Percebemos que o restante dos meninos viu que nós estávamos flertando, e estávamos na cara dura mesmo, eu não negaria para ninguém que ela me interessou. 

— A festa vai até as 00:00, o que deu na cabeça dos nossos pais de deixar um bando de adolescentes ficarem até tarde na noite, hein? — Perguntou João e rapidamente me lembrei que tenho que levar o Henry antes das 23:00.

— Merda, e que horas já são? — Perguntei encarando o João.

— Irmão, são 21:55, porque a pressa parceiro, aproveita. — Falou me oferecendo uma lata de cerveja, João era da minha idade, tirando nós, o restante ainda era adolescente.

— Falei que levaria o Henry antes das 23:00, e hoje não quero a bebida, estou dirigindo. — Falei.

— Você não pode pedir para que ele vá só? — Camila perguntou com uma cara de cachorro sem dono.

— Infelizmente não gata, mas me passa seu número que nós conversamos.

Depois de anotar o seu número na minha agenda do celular, ficamos conversando e rindo das piadas sem graça do João, até ver que a Camila parou de rir e estava encarando alguém e assim que olhei para frente, vi o Henrique e também parei de rir.

— Oi, você pode me levar para casa? — Perguntou com uma voz mansa.

— Sim, vamos. — Falei me levantando da cadeira. — Tchau pessoal — Disse por fim e dando uma última encarada na Camila.

A viagem foi silenciosa, eu pensava em como terminaria com o Henrique, ele merecia alguém melhor, e esse alguém não era eu.

Chegamos na casa dele, antes das 23:00 como eu havia dito a mãe dele que chegaríamos, ficamos em silêncio no carro por um tempinho, e eu pensava que não ia acabar mais quando ele falou:

— Nos vemos amanhã, okay? — Disse dando um beijo na minha bochecha.

— Sim, nos veremos amanhã. — Dei um longo selinho nele e assim que ele saiu do carro, fui logo para a minha casa.

Assim que cheguei em casa, pude ver que as luzes já estavam apagadas, provavelmente os meus pais já estavam dormindo, estacionei meu carro na garagem e fui em direção ao meu quarto, tomei um banho rápido e fui para cama, para deixar uma mensagem para a Camila.

Mila.

— Oi gata, aqui é o Eduardo.

— Oi Edu, pensei que você voltaria para a festa.

— Infelizmente voltei para casa gata, mas amanhã nos veremos na escola.

— Em falar na escola, poderia me buscar amanhã, se não for incômodo e se o seu namorado não ligar, é claro.

— Sempre que você quiser, estarei disponível, e nossa relação já acabou, ele não ligará.

— Então te vejo amanhã, você sabe onde é a minha casa, não é?

— Sei sim, você é a vizinha do João.

— Então até amanhã.

— Até amanhã, gatinha.

Não mandei mensagem para o Henry, provavelmente ele havia dormido, mas amanhã cedo eu mando uma mensagem de bom dia.

***

O sol invadia o meu quarto e logo despertei, ainda era 05:00 horas da manhã, fui para o banheiro e tomei um longo banho, e depois de já estar arrumado, deixei uma mensagem para o Henrique que respondeu rapidamente. E ainda eram 05:32.

Henry.

— Que o seu dia seja tão belo quanto você, te vejo na escola.

— Bom dia meu amor, serei o de uniforme. Te vejo na escola.

— Você foi muito convincente, tchau. 

Sai rapidamente do w******p, ele me mandaria mais mensagem se eu continuasse online, ao descer para tomar café encontrei meus pais saindo para trabalhar, me despedi e procurei o que comer.

Decido que quero comer torrada com chocolate quente e finalmente mexer no meu w******p e assim que abri, tinha uma mensagem da Camila.

Mila.

Online

— Bom dia gatinho, você vem me buscar que horas? 

— Bom dia linda, irei assim que escovar os dentes.

— Estarei à sua espera.

Offline.

Um sorriso tomou conta dos meus lábios e assim que escovei os dentes, rapidamente fui para a garagem pegar o meu carro e fui em direção a casa da Camila.

Cheguei rapidamente já que não passava pela avenida, o que facilitou a chegada até a sua casa, quando estava perto pude ver que o João já estava saindo, ao estacionar o meu carro na frente da casa dele, e sair do carro ele veio falar comigo.

— O que você tá fazendo aqui, cara, creio que me buscar você não veio.

— Camila pediu para eu vim buscar ela, se o Henry perguntar por mim a você, você fala que eu não cheguei ainda. 

— Tá certo irmão. — Falou dando um toque em minha mão e seguindo o seu caminho.

Depois de apertar a campainha três vezes a Camila atendeu, me dando um sorriso e me convidando para entrar.

— Eu vou terminar de me arrumar e já volto para irmos. — Falou enrolada na toalha.

— Poxa, que pena que você vai se arrumar. — Falei brincando.

— Você pode me ver se arrumando. — Falou com um olhar convidativo.

— Então eu quero.

— Vamos para o meu quarto.

O quarto dela era o segundo depois da sala, ao chegarmos no quarto o seu uniforme já estava em cima da cama, ao deixar cair a toalha no chão, pude ver que a mesma usava um conjunto de calcinha e sutiã vermelho, com detalhes rendados preto, ela realmente era muito bonita de corpo e de rosto ainda mais.

— Cuidado para não deixar a baba cair. — Falou colocando a calça.

— Relaxa, gata. Ela tá bem guardada na minha boca.

— Mas o seu amigo aí embaixo parece que não quer ficar guardado. — Falou apontando para a minha calça.

Ela havia percebido a minha ereção, mas era impossível não ficar duro vendo uma deusa seminua bem na minha frente.

Depois de vestir o seu uniforme fomos direto para o quarto, aquilo havia demorado bastante tempo pois já era 07:30 da manhã, era provável que a apresentação já tivesse começado.

Quando saímos do carro, vimos um João impaciente nos esperando na frente da escola, e eu já sabia o que era, o Henry estava atrás de mim.

— O que foi cara? — Perguntei me aproximando.

— A apresentação da diretora já tá no final, você não ia só buscar ela, não é?

— Houve um imprevisto, João, por isso demoramos. — Falou Camila do meu lado rindo.

O imprevisto é que eu havia pedido para ver ela trocando de roupa e por isso demoramos. 

— O Henry perguntou por você e eu disse que você não tinha chegado ainda.

— Valeu cara, de hoje para amanhã termino com ele, já deu o que tinha que dar.

— Vamos entrar, meninos, depois conversamos.

Fomos entrando na escola e ao chegar perto da direção, a vice diretora Ana Paula, estava olhando alguma coisa em sua pasta preta, não sabíamos onde seria nossa sala, já que todo ano tinha alguma mudança, quando percebi o João já tinha ido falar com ela.

— Bom dia tia Ana, chegamos  pouco atrasados hoje, a senhora pode falar onde fica a nossa sala esse ano? — perguntou sorrindo.

O João quando queria, sabia muito bem como ser um amor de pessoa, mas melhor que ninguém, eu sabia o quão ele enchia o saco das pessoas, sendo até um baba ovo para apenas alimentar o seu próprio ego.

— Bom dia, queridos. Sala 26, podem ir que os professores já estão indo se apresentar. 

— Obrigado tia Ana, você é a melhor.

Assim que chegamos na sala, logo de cara vejo o Henry sentado na primeira cadeira da frente e o mesmo me encarou e eu apenas ignorei, como se não tivesse notado a sua presença.

Sentamos nas últimas mesas da sala quando o coordenador entrou na sala e começou a entregar os nossos horários das aulas e matérias extracurriculares, nunca havia me interessado, mas esse ano seria obrigatório.

Um papel para a inscrição foi dado para cada um, alguns alunos não haviam gostado das opções, eram muito poucas e nem todo mundo se encaixava. Eu escolheria química avançada, já que pretendia fazer bioquímica.

— Acho que vou escolher dança, é a única que me interessa. — Falou Camila olhando para o papel.

— Você vai ficar muito gostosa na roupa das meninas da dança. — Disse e logo voltei a olhar para o papel, era provável que o Henry tivesse escutado, mas eu não estou ligando muito para ele.

O coordenador tinha nos dado cinco minutos e em menos do que isso já havia recolhido, já que para preencher o papel era uma coisa rápida e em menos de dois faríamos isso. 

Os livros foram entregues logo em seguida, e assim que fomos dispensados fui guardar os meus livros e a Camila estava bem atrás de mim.

— Da próxima vez te mostro bem mais do que minha calcinha e sutiã! — Ela falou colocando a mão em meu peito.

— Eu irei esperar pela próxima vez, gata. — Falei sorrindo.

Estávamos nos olhando quando o Henry chega e a Camila tira bruscamente a sua mão do meu peito.

— Oi, amor. — Falou me beijando e eu não retribui.

— Oi, Henrique. — Falei seco e o mesmo percebeu o meu tom de voz.

— Você poderia me levar para casa? — Perguntou olhando para o lado.

Eu havia sido grosseiro com ele, mas só assim ele iria perceber que já não quero mais me envolver, já não quero mais estar em uma relação com ele.

— Sim, eu posso. Tchau Camila.

Assim que me despedi, seguimos para o carro que estava estacionado na frente da escola, já que o estacionamento era apenas para os que trabalhavam no carro.

Já havia ligado o carro quando o Henry novamente começou a fazer perguntas.

— Porque o banco está assim se eu não deixei ele assim na noite anterior? — Perguntou com um olhar desconfiado.

— Eu dei uma carona para o João hoje, e ele é bastante folgado. — Ele sabia que eu estava mentindo, mas era a única desculpa que consegui inventar na hora.

— Mas o João falou que não sabia onde você estava quando perguntei a ele hoje de manhã na escola.

— É porque tive que voltar e levar minha mãe ao médico. — Suspirei, já não estava mais aguentando o interrogatório.

— Mas ela tem o carro dela, então ela iria dirigir não?

— O carro dela quebrou, vai ficar de perguntinha mesmo? Porra, você tá chato hoje. — alterei a voz e bati no volante.

— Não está mais aqui quem falou, e não precisa falar desse jeito comigo, se você não quer me dizer quem estava com você, tudo bem Eduardo. Não precisa me contar tudo, só não minta para mim. 

As palavras dele machucaram, e machucou bem no fundo, eu estive mentindo esse tempo, ele merecia alguém que o amasse da mesma maneira que ele me ama.

— Me desculpa, minha mente está confusa, me desculpa. — Foi a única coisa que eu consegui dizer.

O restante da viagem foi silencioso, eu não tinha o que falar depois das palavras dele, eu não o via mais como namorado, mas ainda via como amigo.

Assim que chegamos ele me convidou para entrar e assim que entramos fomos em direção ao quarto deles e logo me joguei na cama, enquanto ele tinha ido para o banho, depois de 10min ele finalmente saiu já arrumado e apenas havia se deitado ao meu lado, como sempre fizemos. 

— Independente de tudo, você é muito especial para mim. — Falei, e ele era, ele era um bom amigo. 

Ele havia me beijado, era lento e calmo, totalmente sem pressa, no começo eu não queria e ele percebeu, mas seria a última vez, então eu aproveitaria.

Ele subiu em meu colo e começou a tirar a minha camisa e eu estava fazendo a mesma coisa, meu membro estava ficando duro e ele havia percebido, as coisas esquentaram e se não fosse o meu celular tocando, acabávamos transando, mas isso não aconteceu, já que quando eu abri a mensagem, era a minha mãe, pedindo a minha ajuda para alguma coisa. 

— Eu tenho que ir, amanhã nos encontraremos novamente. — Falei vestindo a camisa apressadamente. 

Descemos as escadas, ele havia me acompanhado até a porta, assim que liguei o carro, fui logo para a minha casa, eu sabia que não era urgente, mas foi bom ela ter me tirado de lá com a sua mensagem, já que eu terminaria tudo com ele em breve. 

***

— Mãe, eu cheguei. — Falei alto vendo a mesma sair apressada da cozinha.

— Que bom que você chegou, sua avó vem hoje para cá, preciso que você vá para o mercado comprar material para fazer uma lasanha. 

— Eu não sabia que a vovó vinha hoje para cá, me dê a lista e o dinheiro que irei comprar sim.

— Foi de última hora, obrigada querido, vou pegar e já volto. — Disse voltando para a cozinha.

Minha mãe tinha os momentos dela, ela era engraçada e divertida, não aceitava o fato da minha sexualidade mas eu sabia que ela só queria o melhor para mim, depois de 6 minutos ela voltou com a lista, foi tempo o suficiente para eu tomar um banho rápido e ir comprar o material da lasanha.

Não demorei muito no mercado para comprar as coisas, e também não ficava tão longe da minha casa, eu poderia ir andando e foi o que eu fiz, só assim eu pensaria na minha vida e em como eu estava confuso, quando cheguei em casa a minha avó estava sentada no sofá assistindo na televisão.

— Benção vovó, não sabia que você viria hoje. 

— Deus te abençoe filho, na verdade, foi de última hora que vim para almoçar com vocês, não gosto de ficar só. 

— Você sabe que aqui tem espaço o suficiente para a senhora morar com a gente, não quer porque você é teimosa mãe. — Falou minha mãe aparecendo na sala.

— A minha mãe tem razão, vó. A senhora não precisa ficar só, isso é pura teimosia. — Falei. — Irei para o meu quarto, depois venho para almoçar.

Elas não falaram nada apenas balançaram a cabeça, acabei cochilando e não sei por quanto tempo pois já estava a noite, mas despertei com o celular tocando, e quando peguei meu celular para ver quem era, vejo que era a Camila que havia me mandado uma mensagem, dizendo:

Mila.

Online.

Bem que você falou que ele era tóxico. Quero te ver novamente, beijos.

Eu havia mentido para ela também, ele nunca foi tóxico, era um menino de pura luz, mas a sua atitude hoje me irritou bastante, eu sabia o quão dependente emocional ele estava por mim, eu havia sido o seu primeiro namorado e o cara que havia tirado a sua virgindade, eu reconheço que só faço mal a ele.

Ainda bem que você viu com os seus próprios olhos, até amanhã gata, vamos nos ver em breve.

Ela respondeu e me fez rir, em dois dias eu já não sentia nada pelo Henrique, espero que seja um término amigável, e que ele encontre alguém que realmente o ame. 

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