A Primeira Vez

Depois desse primeiro encontro, passamos a nos ver — e a nos beijar — todas as noites. Acreditava que estávamos namorando, apesar dele nunca ter feito o pedido. Sabia que meu sentimento crescia, percebia que cada dia mais estava apaixonando-me por isso, nem liguei por faltar algo “oficializado”.

Ele mostrava-se interessado e paciente, sem forçar a barra, apesar da mão boba e das carícias ousadas aumentarem. Depois de um tempo, sentia-me lisonjeada de ser a mulher que ele tocava. Alguém tão bonito e com dinheiro poderia ter qualquer mulher aos seus pés para suprir as necessidades, mas estava comigo por livre escolha. Sem cobrança, apenas deixando acontecer de maneira natural.

Sentia que estávamos nos entendendo e adorava os momentos carinhosos e românticos que tínhamos. 

Não tive coragem de contar aos meus pais, apesar deles perceberem que eu estava diferente e muito saidinha — como mamãe disse-me certa vez. Não sei por que, talvez estivesse esperando o pedido à moda antiga para oficializar. Sonhava com Otávio chegando e conversando com meu pai, que nos abraçaria e daria a benção, trazendo alegria para aquele ambiente, às vezes tão triste. 

Seria tão lindo. 

Porém, por outro lado, tinha medo. Em certos momentos, parecia bom demais para ser verdade. Meu sexto sentido vivia dizendo que havia algo errado. 

Sempre adorei os livros que contavam histórias de príncipes e princesas, sobre o amor, a forma que eles se envolviam. Imaginava-me vivendo um relacionamento daqueles. Ansiava pelo típico conto de fadas e desejava ter o meu “felizes para sempre”. 

Otávio portava-se como um príncipe. Levava-me para lugares diferentes, às vezes em outras cidades, coisa que nunca pude fazer antes. Ríamos juntos, mesmo quando eu não entendia direito o humor dele. Sempre deixava-me escolher o filme, mas no cinema nunca o assistíamos, porque ficávamos nos beijando, mesmo cercados por outras pessoas. Ele virava como quem fosse me colocar em cima dele a qualquer momento, e eu me ajeitava para que não ficasse parecendo que estávamos fazendo outras coisas em público. 

— Lilly, posso te fazer uma pergunta? — Apenas balancei a cabeça, concordando. Ele continuou a beijar meu rosto enquanto falava. — Você confia em mim? 

Não entendi o motivo da pergunta, mas respondi o que meu coração sentia naquele momento. 

— Claro. Mas por que está me perguntando isso? Fiz algo que pudesse deixar dúvidas? Ou teria algum motivo para desconfiar de você?

— Claro que não, delícia. — Ele continuava a me chamar assim, mas assumo que deixou de incomodar. Quando nosso relacionamento evoluísse para algo mais sério, pediria a ele que mudasse aquele apelido. 

Otávio foi falando e me beijando, trazendo-me para mais perto dele. Estava sem saber onde queria chegar, até que foi direto ao ponto: 

— Sabe, Lilly, eu preciso de você — sussurrou no meu ouvido, mordendo-me a ponta da orelha. — Ter seu corpo no meu, estar dentro de você, preciso que sejamos um. Entende isso? 

— Entendo, mas sabe, não sei o que te responder. 

— Poxa, Lilly! Ficamos aqui nesses beijos quentes e eu sem nada, isso é maldade demais com um homem. Você é gostosa e fico sonhando com você, imaginando o dia que vai acontecer. Não sou moleque, poxa vida. Juro por tudo que é mais sagrado que estou tentando me segurar, mas está bem difícil. 

Jesus Cristinho! Já disse que ele era extremamente direto nas palavras, certo?

Afastou-se de mim, deixando-me com os olhos arregalados e lábios entreabertos do beijo quebrado. 

— Caramba, Lilly! Para de me olhar com essa cara. — O que estava acontecendo? Por que estava perdendo a calma daquele jeito? — Não me leve a mal, mas quando te chamo de delícia é porque você é uma. Esse seu jeitinho com os lábios pedindo beijos, a carinha inocente. Quem aguenta? Juro que super te respeito, mas — Encarou-me. — já tem um mês que tô na seca, só te esperando. O que espera que eu diga?

— Te entendo, Otávio. Nem sei como chegamos há um mês dessa forma, mas a verdade é que sou virgem e romântica. Quero que minha primeira vez seja especial e com alguém que me ame e prove isso. 

Falei dessa forma na esperança dele entender o recado.

— Acha que não te amo? Você é esperta, Lilly, sabe que eu poderia estar com qualquer outra mulher, mas quem eu quero estar aqui, sentada diante de mim, — Passa os lábios pela minha bochecha. — usando um vestidinho de verão, botas e com as pernas abertas, só me olhando. 

— Otávio — Tentei fechá-las, mas ele impediu. 

— Calma, Lilly. Não te acho vulgar por isso, mas sim, maravilhosa. Nunca avancei o sinal quando pediu para eu parar, certo? Sei lá porquê, mas gostar de você está me afetando.

— Nem sei o que dizer.

— Sabe sim, Lilly. Quero provar esse amor, sendo o primeiro e único cara da sua vida. 

— Da minha vida? 

— Sim.

— O único?

— Isso. — Ele tinha um sorriso largo. 

Será que ele faz ideia do que isso quer dizer? Seria meu sonho realizado.

— Eu sei que deve sentir como meu amigo aqui embaixo está completamente caído de amores por você. Isso é porque te desejo demais, Lilly. Amo você, delícia. 

Ele disse que me ama? É, acho que posso fazer isso. Acho que quero fazer isso. Ele me ama, afinal. Não é? 

Foi nesse momento que nos beijamos com loucura. A carícia foi ficando mais intensa, cheia de tesão, de vontade, de calor humano. Ele colocou minha mão sobre suas calças e o tal amigo, como ele mesmo disse, pulsava, comprovando que me desejava mesmo. 

Tive que parar e respirar um pouco. O tesão era tanto que chegava a sufocar. Ele estava encantador, cheio de vontades. 

Abriu a camisa e colocou minhas mãos em seu peito. Por alguns minutos, fiquei sentindo aquele tanquinho que me fazia querer lavar todas as minhas roupas e do restante mundo. Assim que ele gemeu em meu ouvido, dizendo o quanto me queria, todo o juízo e bom senso simplesmente evaporaram. 

Meu Deus! Ali estava a minha perdição. 

Queria entregar-me, pois estava totalmente rendida a ele. Parecia tão certo como dois e dois são quatro. Então eu disse sim.

Saímos dali, montamos na moto e Otávio levou-me ao motel da cidade em minutos. Entramos no quarto nos beijando, a essa altura já tarde demais para recuar. O desejo entre nós, não podia mais ser freado. 

Foi tirando-me a roupa devagar, apreciando meus seios por baixo do sutiã, enquanto me fazia tocá-lo. Abriu a calça e a sensação de segurar o membro dele foi diferente de tudo que já tinha vivido. 

Otávio guiou-me, mostrando como deveria fazer, quanto de pressão desejava e mostrando o movimento de vai e vem que o enlouquecia.

Uma excitação subiu-me pelo ventre, deixando meu corpo inteiro em brasas. Com certeza estava molhada. Queria gritar para o mundo que tudo aquilo era só para mim. Aquele momento era meu. E ele soube o que fazer, acariciando-me as coxas, abrindo-as e deixando seus dedos encontrarem meu clitóris, fazendo que eu ouvisse a sinfonia de Beethoven de tanto que ele vibrava no ritmo de seu toque. 

De repente, Otávio parou. Pegou a camisinha e colocou-a na ereção. Eu já estava na cama, sem saber ao certo o que fazer. Ele sorriu, e com sensualidade foi retirando minhas últimas peças de roupa, deixando-me totalmente nua. A sensação era maravilhosa.

Quando me dei conta, ele já estava dentro de mim. Sem aviso ou qualquer indício do que faria. E como aquilo doía! 

Ele foi aumentando o ritmo e parecia estar apreciando o vai e vem, porque gemia alto. Para mim, o momento começou a tornar-se mágico assim que o incômodo deixou de ter importância. Ele me amava, era tudo que estava em minha cabeça. 

Quando passou a aumentar o ritmo, sem saber o que fazer, fui imitando os movimentos dele. Algumas tentativas totalmente desastradas de minha parte em querer mexer fizeram com que o desconforto aumentasse. 

Ignorei a dor e, após sentir-me mais confiante, peguei o jeito. Com isso, parecia que nossos corpos dançavam juntos, num movimento único que foi crescendo. Então entreguei-me e gemi, acompanhando-o.

Ele me ama. 

Ele me ama. 

Ele me ama.

 Que boba eu fui, deveria ter feito isso há mais tempo.

Com a intensidade comecei a sentir a respiração fraquejar, as pernas perderem a força, uma sensação no meu ventre formando-se, fazendo-me saber que estava quase lá. Aquilo foi aumentando cada vez mais e quando achei que fosse explodir de tesão, Otávio gemeu num uivo, dando algumas poucas estocadas finais e parando de mover-se. Fiquei perguntando-me: o que será que aconteceu?

Será que sexo é isso? Por que parece que para mim não teve a mesma intensidade que para ele. 

Foi gostoso, alucinante, intenso, porém, rápido demais depois que ele estava lá dentro. O quê? No máximo três minutos de vai e vem? Arrisco a dizer que foi frustrante. 

Ah! Tudo bem, né? Deve ser normal a primeira vez da mulher ser desse jeito. Nunca ouvi dizer que o começo seja incrível. 

Logo ele afastou-se, beijou minha testa, levantou e se vestiu, o que fez-me começar a imitá-lo, sem coragem sequer de olhá-lo.

— Vamos embora, Lilly. Deixo você em casa. Ainda tenho outras coisas para fazer e não poderemos ficar aqui. 

O que aconteceu com o “delícia”? E como assim, tem outras coisas para fazer? Hello, querido! Eu acabei de perder minha virgindade e você diz que vai me deixar em casa, sozinha, como se eu fosse uma coisa descartável?

— Ok. — Foi só isso o que consegui dizer. 

Era impossível esconder o tamanho da decepção, quão frustrada estava com aquela situação. Quando fiquei sozinha, passei a procurar pelas peças das minhas roupas jogadas pelo quarto. Minha vontade era tirar a calcinha e obrigá-lo a fazer amor direito comigo, até que fosse igual aos meus sonhos. 

Ele percebeu que estava incomodada. Abriu a maldita boca, mas teria sido muito melhor se a tivesse mantido fechada.

— Não fique triste. Ainda teremos muitas transas especiais. 

Transas? E onde foi parar o “fazer amor”? Era isso que as pessoas apaixonadas faziam, certo? 

O que aconteceu com a história do “eu te amo” e “quero ser o primeiro e único cara da sua vida”? Foi quando a ficha caiu. Percebi que tinha feito a pior burrada da história. 

— Só me deixe em casa, ok? Eu ficarei bem.

Era mentira, óbvio. Mas como daria o braço a torcer? Não acreditava que tudo era encenação. Filho da puta!

Estava arrasada, realmente muito chateada com a forma que ele agiu durante e depois do sexo. Merecia um pouco mais de consideração. Afinal, eu tinha cedido aos seus encantos e permitido que ele tirasse a minha virgindade. 

Puta que me pariu.  

Subimos na moto e ele levou-me para casa sem ao menos abrir a boca. Nenhum comentário. Nem sequer um carinho ou ao menos uma troca de olhares pelo retrovisor como fazia antes. Na hora de nos despedirmos, deu-me um selinho. Sim, um único e mísero toque dos lábios. Fiquei quieta. Sentia-me usada, suja e tola. 

Entrei cabisbaixa, desejando um bom banho com esfregão e sabão do tanque. Queria esquecer o que acabara de acontecer, mas parecia que a terrível noite estava apenas começando.

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