Capítulo Cinco

Sua aparência era exatamente como eu me lembrava, só que seus cabelos castanhos curtos estavam emplastrados na cabeça, e ela não vestia seu usual uniforme azul-claro. Suas bochechas eram ossudas e o nariz fino, pontudo. Era incomum ver a Assistente 44 em qualquer lugar senão nos corredores cromados da sede.

— Fique longe de mim! — ordenou a mulher, apoplética.

O que aquela mulher estava fazendo ali? Por que estava vestida daquele jeito?

Ela havia sido uma das primeiras pessoas a se reportarem diretamente a mim quando eu chegara ao Núcleo. Lembrava-me de ter sido escoltado por um guarda de neoprene até ela; a assistente se apresentara como 44, esticando sua mão com luva de látex para me cumprimentar, abrindo um sorriso largo de dentes brancos e retificados como eu poucas vezes havia visto até então. Ela me conduzira, semanas atrás, por todo o processo ao qual eu havia sido submetido na sede, incluindo os exames físicos.

— Essa mulher trabalha para a Corte! — acusei, apontando para ela.

Alve me lançou um olhar duro, repreendendo-me.

— Vá com calma!

Ele segurava a mulher pelos ombros, auxiliando-a a se manter de pé. A assistente deu um tapinha na mão de Alve.

— Tudo bem, querido, pode me soltar.

Ele ainda continuou segurando seu corpo por uns segundos para ter certeza de que ela não despencaria no chão.

Dor se imprimia em seu rosto. Ela verificou o cotovelo que tinha acabado de arrastar no chão de cimento; estava ralado e sangrava. Olhou para mim com uma severidade profunda, prendendo-me no lugar. Não havia raiva em seu semblante, mas um sentimento que eu não conseguia identificar.

Parecia fazer uma eternidade desde que eu a havia visto pela última vez, pouco antes de ser mandado ao Simulador. Ainda me lembrava dos conselhos que ela havia me dado e de como se posicionava a favor da Corte. A assistente fora a primeira a me fornecer alguma explicação sobre como o Núcleo funcionava.

— Eu queria que você apenas tivesse confiado em mim, Margon — falou com uma voz expirada.

— O que você quer? — perguntei. — O que significa isso?

Kaira finalmente surgiu no beco, virando a curva. Olhou para a mulher, sem entender nada.

Alve se inquietou:

— Foi ela quem nos telefonou no cais, Simas.

Sacudi a cabeça, confuso.

— Mas você faz parte da Corte — respondi diretamente a ela.

Soltou o fôlego, exausta. A imagem que eu costumava ter dela era de uma pessoa enérgica; agora parecia cansada, olheiras perceptíveis marcavam a pele ao redor de seus olhos claros.

— Eu precisava atraí-lo até aqui. Mas fique tranquilo, não estou contra você.

— Não está contra mim? Depois de tudo o que me fez?

— Eu ajudei você.

— Você colocou aquela máscara de gás no meu rosto. Estava lá o tempo todo, você… me acompanhou até o helicóptero que me levaria ao Simulador.

Eu me lembrava de tudo em detalhes. Todos os instantes em que estivera na presença dela. Em nenhum deles ela tentara me ajudar de verdade.

— Eu disse para aguentar firme.

Franzi o cenho.

— Aguentar firme?

— Naquele momento, antes de você entrar no veículo aéreo — disse ela. — Eu disse para aguentar firme.

Olhei para o chão, forçando a memória. De fato, ela murmurara alguma coisa bem baixinho, algo inaudível sob o ruído das hélices. “Apenas aguente firme”.

Dei um passo para trás.

— Você sabia para onde estavam me levando. Tudo o que fez foi me dizer para suportar quieto.

Ela assentiu.

— É verdade, eu sabia. Mas também sabia que você conseguiria escapar. Por isso disse para aguentar — insistiu. Olhei para Alve, ele me encarava sério, de braços cruzados. Será que a assistente havia lhe contado aquilo ao se aproximar do rapaz na rua principal? Ele parecia acreditar nela. — Eu o contatei no cais porque sabia que tinha fugido. A Corte está vindo em peso atrás de todos vocês. Nunca conseguiriam chegar até a província.

— Por que armou todo este teatro? Por que o capuz?

— Não preciso tentar convencê-lo do que acontecerá se alguém descobrir que estou falando com vocês neste momento. Todos temos que ser cautelosos.

— E por que não disse seu nome logo de cara?

— Você teria confiado em mim se eu tivesse revelado quem sou?

— Não sei se confio agora.

A Assistente 44 soltou outro suspiro, impaciente, e apoiou as mãos nos joelhos, curvando-se para frente.

— Venho ajudando você desde o início, desde que colocou os pés na sede. A única chance que você tem de não apodrecer num dos quartéis da Corte é confiando em mim.

Suas palavras eram diretas e enfáticas.

— Eu fiquei preso naquela ilha por muito tempo. Se não fosse por Benjamin…

— Não dê todos os créditos àquele rapaz. — Ela inclinou a cabeça e trincou os dentes, franzindo todo o rosto. Percebi que lutava contra a dor. — Escute, eu entendo sua desconfiança. Esse é você, Simas Margon, um rapaz nascido e criado para desconfiar. Há muita coisa por trás disso tudo, coisas que você ainda não sabe; posso lhe explicar todas elas, mas não aqui. Precisamos ir a um lugar seguro.

Engoli em seco e cruzei os braços. Que interesse ela tinha em realmente nos ajudar?

— Tudo o que sei é que você trabalha para as mesmas pessoas que estão nos perseguindo. Que garantia tenho de que você não vai nos levar direto para uma emboscada?

A mulher abriu a boca para responder, mas pareceu mudar de ideia sobre o que ia dizer.

— Não sei. — Ela encolheu os ombros. — Sinto muito, Margon, não tenho garantias para lhe dar. Estou me arriscando demais só por estar aqui.

Alve se aproximou de mim.

— Vamos dar uma chance a ela, guri — disse. — Confiar nela não é mais perigoso do que não confiar.

Seu semblante agora era tranquilo. Lembrava-me de que nossas opções ainda eram tão limitadas quanto há alguns minutos. Nada me convencia de que as intenções daquela mulher eram boas, e havia muitos pontos naquela história sem explicação. Eu sabia que se eu consentisse, Alve não pensaria duas vezes antes de acreditar em todas as palavras que saíssem da boca da assistente, e, se isso nos colocasse em qualquer tipo de situação perigosa, eu teria uma parcela de responsabilidade nisso.

Kaira finalmente se manifestou:

— Tu não é o líder aqui, espertalhão. — Caminhou para mais perto. — Se não quiser ir, problema é teu. Eu é que não vou esperar sentada.

Pesei as alternativas. Respirei fundo e balancei a cabeça positivamente, concordando, conquanto não me sentisse tão confortável com a ideia.

— Aonde pretende nos levar?

— A um lugar seguro — respondeu a assistente. — Onde a Corte nunca encontrará vocês.

Essa possibilidade parecia maravilhosa — quase utópica, inclusive.

A assistente se aprumou, colocou o capuz mais uma vez sobre a cabeça e, sem falar mais nada, começou a caminhar mais para dentro do beco escuro.

Aproximei a boca ao ouvido de Alve e sussurrei “tome cuidado” antes de começarmos a seguir a mulher.

A assistente marchava lentamente, com a mão ainda no cotovelo ferido. Quando chegamos ao outro extremo do beco, bem na saída, onde a viela conduzia para a rua principal, a mulher parou de maneira abrupta e esticou o braço, impedindo que continuássemos. Antes que perguntássemos, três guardas surgiram na calçada à nossa frente. Passaram direto, da direita para a esquerda, sem olhar para o lado.

Esperamos o momento certo e avançamos mais uma vez. A procissão continuou por algumas quadras antes que a mulher dobrasse a esquina de uma rua sem saída. O sol começava a despontar no horizonte, clareando o céu. As ruas da cidade continuavam vazias, mas em breve estariam apinhadas de pessoas.

Eu tentava memorizar o caminho que seguíamos. Queria aprender como refazê-lo mais tarde, só por via das dúvidas.

Agora estávamos numa área que parecia um grande conjunto de depósitos. Ao final da rua, paramos em frente a um galpão de metal marrom; a mulher empurrou com um toque uma das portas de ferro liso.

O interior era extenso como uma garagem e abarrotado de equipamentos estranhos, caixas cobertas por tecidos e um carro verde, de vidro escuro e detalhes cromados. Aos fundos, havia uma porta circular enorme. A única luz entrava por uma solitária janela muito suja, projetada por um poste de luz do lado de fora; o feixe mal conseguia atravessar a crosta na superfície do vidro. A garagem era gelada feito um cemitério, mais do que os ventos noturnos lá fora; contive um calafrio. O cheiro era característico de poeira e coisa guardada, fazia meu nariz coçar. Bolores se acumulavam nos cantos arredondados, teia de aranha se sustentava numa das paredes. O lugar parecia abandonado há muito tempo, embora houvesse pegadas arrastadas e recentes na camada de pó que cobria o chão.

A Assistente 44 seguiu as pegadas até os fundos e parou diante da enorme porta circular; parecia pesada, mas não tão antiga quanto todo o resto do que havia no recinto. Ela bateu com o punho fechado, apenas uma vez, e a porta girou em torno de si como um enorme disco cromado, deslizando para o lado e desaparecendo para dentro da parede. A nova passagem nos levava a outro cômodo.

A sala onde entrávamos agora fazia parte da garagem, mas não estava suja nem parecia abandonada. Era um escritório muito simples, sem janelas ou móveis grandes; apenas uma mesa e uma cadeira de pinho sobre um tapete azul.

— Venham comigo — disse a mulher, entrando no escritório.

O ruído de metal se arrastando ressoou atrás de nós depois que colocamos os pés para dentro; a porta nos trancava no interior apertado.

A assistente fez esforço para se ajoelhar no chão, trincando os dentes e fazendo careta mais uma vez. Puxou o tapete para o lado, revelando uma marca quadrada no chão, feita de metal ligeiramente mais claro, do tamanho de uma claraboia. A mulher descansou a mão ali por menos de um segundo; uma luz verde brilhou, seguida de um clique pesado. Por si só, uma tampa de alçapão se levantou, revelando a passagem para uma espécie de porão. Pude ver boa parte da escada de madeira escura que levava para baixo, grande o suficiente para que dois adultos descessem por ela ao mesmo tempo.

A assistente se levantou com um gemido e, sem olhar para qualquer um de nós, pôs-se a descer, passo após passo.

Curvei a cabeça, estudando a passagem e tentando, sem sucesso, ver qualquer coisa além dos degraus. Olhei para trás, para a porta circular que agora estava fechada, e refleti se já não estávamos indo longe demais.

Lá embaixo, tudo permaneceu em silêncio. Meu ímpeto era de não seguir adiante, mas Kaira logo começou a descer, e Alve não hesitou muito antes de acompanhá-la.

Desci os degraus de dois em dois e, antes que chegasse ao fim da escada, pude ter um vislumbre do novo cômodo em que entrávamos. Era diferente de todo o resto até então, não parecia o tipo de lugar que alguém encontraria sob um galpão imundo. Estávamos numa sala de estar semicircular e ampla; talvez uma família de seis pessoas pudesse morar ali.

O teto era alto, ficava a uns quatro metros do chão. Lustres que perfilavam acima de nós foram acendendo suas luzes uma de cada vez, numa sequência dramática; tinham formato complexo, como as estruturas internas de um formigueiro, verdadeiras esculturas de ferro negro em torno das lâmpadas. Duas das enormes paredes eram feitas de material liso e escuro, como ônix lustroso; as demais eram de um branco gelo, impecavelmente limpas e de aparência impermeável. Ao fundo, um gigantesco espelho circular ficava pendurado, refletindo a sala quase toda e fazendo-a parecer ainda maior; sua moldura era simples, com poucos detalhes. O carpete sob nossos pés era tão macio que nos fazia afundar um pouco no chão; era feito de pelo e formava um mosaico preto e branco.

A sala era dividida em duas áreas. Numa delas, a mais próxima das escadas, havia uma mesa retangular e comprida; sua superfície parecia, na verdade, uma caixa de vidro branco e luminescente, com extremidades arredondadas e arestas prateadas; em torno dela, seis cadeiras ficavam dispostas e lembravam invólucros acolchoados, com respaldo alto. Na área mais ao fundo, havia um espaço amplo e aberto, bem diante do espelho; em torno dessa clareira, os sofás formavam um U, e eram espaçosos o suficiente para que uma pessoa dormisse em cada um de seus cantos; eram de um branco intocado, dispunham de almofadas e mantas, todas organizadas como se pertencessem a uma pintura numa tela. Junto à parede de cada área, havia alguns móveis menores, alguns com gavetas e abajures.

Eu podia ver a expressão de surpresa e admiração no rosto de cada um de nós refletida no espelho.

Um ruído discreto começou a soar, parecia uma espécie de ventilação. O ambiente era climatizado, morno e confortável. Todas as superfícies eram tão polidas que pareciam levemente escorregadias. Eu me sentia autoconsciente, como se minha mera presença ali pudesse alterar a atmosfera de asseio ao redor. Meti as mãos nos bolsos e tentei ocupar o mínimo de espaço possível.

— Este lugar é… — balbuciou Kaira. — Que lugar é este?

— Santa venustidade! — exclamou Alve.

Girei em torno de mim mesmo e notei algumas portas. A maioria delas estava fechada, mas, através de um portal, eu podia ver que havia uma cozinha equipada para além da parede às minhas costas.

A assistente não continuou quieta por muito tempo. Ignorou nossas expressões de espanto e falou em voz alta:

— Dioene, por favor, providencie um chocolate quente para nossos convidados e separe um lote de ambrosina para mim.

Estudei a mulher por um instante, tentando identificar com quem ela estava falando. Não havia mais ninguém presente na sala. Foi então que uma resposta adveio, numa voz desencarnada e onipresente.

— Como quiser, minha irmã. — Seu tom era agudo, infantil, e parecia vir de todos os lados. — Está tudo bem?

— Não se preocupe — respondeu a mulher. — Houve apenas um pequeno acidente.

A assistente se aproximou da mesa e aguardou por um segundo. Ouviu-se um estalo, e a caixa branca luminosa ejetou, por si só, uma pequena bandeja embutida numa de suas extremidades. Continha o que parecia uma cafeteira e várias canecas de porcelana.

— Por favor, sirvam-se — disse a assistente, abaixando o capuz mais uma vez e sacudindo levemente os cabelos emplastrados.

— Quem está aqui? — perguntei, embora eu soubesse que não havia ninguém fisicamente presente.

A mulher pareceu demorar um segundo para entender minha pergunta.

— Explicarei uma outra hora.

Outra bandeja se abriu, dessa vez do outro lado, mais perto de onde a assistente estava. Ela esticou a mão e pegou um pequeno frasco que estava disposto lá. Reconheci imediatamente o que era aquele objeto em sua mão. O recipiente continha um líquido azul-claro muito conhecido por quem frequentava o posto de saúde da província; tratava-se daquele medicamento raro e muito desejado, o mesmo que Alve roubara semanas atrás e tentara comercializar. A Assistente 44 envolveu o frasco com a mão e empurrou a bandeja de volta para dentro da mesa.

— Eu adoraria recepcioná-los propriamente, mas vou precisar me ausentar por um minuto. Fiquem à vontade. Volto logo. — Ela se virou e seguiu para uma das portas que até então se mantinha fechada, abrindo-a e desaparecendo para dentro de outro cômodo.

Por alguns segundos, todos continuamos num silêncio chocado. No instante seguinte, rebentou-se o vozerio.

— Isto-aqui-é-incrível! — bradou Kaira, soltando uma gargalhada.

— Guri, olhe essa mesa. Olhe esse espelho. Olhe esse… — Alve se atropelava em palavras — essa montoeira de coisa maneira!

Kaira saiu correndo e se jogou no sofá, bagunçando a manta e empurrando uma almofada para o chão. Alve começou a tirar as canecas do lugar e cutucar a cafeteira. Tinham um sorriso bobo no rosto, pareciam crianças; pensando bem, o mesmo também acontecia comigo.

Eu estava curioso para entender como aquele sistema de bandejas funcionava. Será que aqueles itens eram tudo o que a mesa guardava, ou havia mais coisa dentro dela?

Pus-me a andar, vasculhando o lugar com mais atenção. Eu observava detalhes. Tudo era estranhamente normal, com exceção da falta de janelas; exuberante, grandioso e quase inacreditável, mas normal.

Sobre uma mesinha no canto, algo destoava do resto. Tudo em volta era muito tecnológico, uma casa aparentemente típica do Núcleo, mas o porta-retratos que havia sobre a mesinha era mais simples, antigo. Não mostrava uma fotografia como as que eu havia visto no Núcleo, capazes de se mover ou até falar; era impressa em papel, com a imagem desgastada. Em outras circunstâncias, poderia ter sido capturada com a câmera de Lena, inclusive.

Peguei a moldura e observei a imagem, o retrato de um homem de pele negra, sentado naquela mesma sala onde agora Alve enchia as canecas com café expresso. Algo em seu sorriso me era estranhamente familiar. Ele tinha nariz e lábios largos, um olhar inteligente no rosto e cabelos longos presos à altura da nuca.

Olhei para os demais. Kaira se envolvia com a manta do sofá, passando-a no rosto e sentindo sua textura. Agora Alve já estava enchendo uma quinta caneca de líquido fumegante; ele enfileirava as canecas sobre a mesa, ora provando o conteúdo de uma, ora bebericando um pouco do que havia na outra.

Então a mulher retornou à sala. Estava com um curativo no cotovelo. Vestia outras roupas, essas muito mais confortáveis, uma blusa simples e calças largas; havia se livrado das luvas e agora deixava à mostra seus dedos longos de unhas compridas. A assistente definitivamente parecia uma pessoa diferente daquela que eu havia conhecido há algumas semanas; os corredores cromados da sede da Corte pareciam ter personalidade própria e imprimi-la em todos que andavam por eles. Agora que estávamos num outro tipo de ambiente, a Assistente 44 podia ser confundida com qualquer outra habitante do Núcleo.

Ela viu o porta-retratos nas minhas mãos. Não disse nada, mas parecia preferir que eu o colocasse de volta no lugar.

— Quem é esse homem? — perguntei.

Um sorriso quase se formou em seu rosto.

— Um velho amigo, ninguém importante.

— Onde a gente tá? — Dessa vez foi Kaira quem quis saber, enquanto eu devolvia o porta-retratos à mesinha.

A mulher caminhou até um aparador, onde havia diversas garrafas de bebida alcoólica. Pegou uma delas e a destampou.

— Num abrigo. Costumava ser um ponto de encontros de amigos, mas no momento é o esconderijo de vocês.

A assistente se serviu de um líquido cor de âmbar. Eu sabia que já estava amanhecendo, e que esse não era um horário adequado para ingerir álcool, mas estava acostumado demais com o passatempo insalubre do meu pai para comentar.

Ela se virou e disse:

— Meu nome é Reina Glauco. Podem me chamar assim de agora em diante. — Apontou para Alve e Kaira. — Vocês dois, podem descansar se quiserem. Há uma ducha com banheira depois daquela porta ali, e há comida na geladeira se estiverem com fome. — Ela caminhou até uma das cadeiras de encosto alto e se sentou, girando-a para me encarar. Quando falou, referiu-se a mim, meneando a cabeça em direção ao assento do outro lado da mesa. — Imagino que você, Margon, tenha muitas perguntas para fazer. Sente-se, e eu tentarei responder a todas elas.

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