Capítulo Dois

Debato com Emelay os últimos detalhes caso aconteça algo antes de deixar o carro e seguir para o prédio onde ira ocorrer o jantar, um hotel no centro da cidade pertencente à família Santiago. Não perco tempo olhando as decorações, simplesmente entro no elevador ao lado esquerdo da recepção como me foi instruído.

Parada vendo meu reflexo não consigo evitar não repara na pose de mulher inabalável que nunca abandona meu corpo, mas que em determinadas situações e difícil de ser mantida. Construir tal imagem demandou sacrifícios dolorosos, muitos significativos que deixaram cicatrizes profundas. Porém, antes que retorne em memórias que moldaram quem sou as portas do elevador se abrem dando visão de um belo terraço com uma linda vista da cidade.

Sem medo de demostrar, observo detalhadamente o local estudando seus pontos fortes e fracos, a melhor rota de fuga, se algo de errado preciso saber como sobreviver até meu anjo da guarda vim me ajudar. Preferir deixar todos me aguardando nos carros, mas caso ouçam um único tiro pela escuta podem interferir, no entanto, acredito que o líder da máfia não seria tolo ao ponto de atacar no território alheio, tanto da Honra e Sangue quanto da famílie Forchhmmer.

— Sou um grande apreciador da sua beleza Emellie... — Seguro a mão que me foi estendida dando passos para fora do elevador.

— Um dia poderei acreditar nisso senhor Santiago.

— Quando esse dia chegar ficarei feliz por finalmente acreditar na minha palavra.

Sorrio mordaz sabendo que esse dia nunca chegara, nossa relação jamais ultrapassara o profissional. Suportamo-nos por nossas posições, nada além, se fosse uma inferior minha existência para si não seria nada ou inútil.

— Sente-se, por favor. — Puxa uma cadeira entre as duas na única mesa no terraço.

— Obrigado.

— Aceita vinho?

— Não!

Noto seu sorriso quando um garçom serve sua taça. Nunca aceite nada de um colombiano que se casou com uma russa sem ter certeza que não haverá nada em sua bebida, se prevenir nunca é demais. Tantas coisas podem acontecer com um simples gole de vinho.

— Uma pena, e um das melhores safras que comprei. — Toma um gole de sua taça como se para provar o que diz. Apenas sorrio com escárnio.

A segurança do poder e incômoda às vezes. Eu daria tudo para acabar com o homem em minha frente degustando um vinho, como ele daria o mesmo. Porem, o maldito poder que cada um tem impede que isso seja feita sem uma motivação clara, ou com uma solução para as consequências.

— Tenho certeza, mas suponho que não me chamou aqui para falar sobre sua coleção de vinho. — Relembro o ponto alto do nosso encontro. Preciso visitar alguém hoje dependendo do nosso assunto, faz anos mesmo que negue que aguardo esse conversa.

— Eu a convidei para um jantar, mas acho que não aceitara nada que eu a ofereça. Se prefere ir direto ao assunto não tenho objeções.

— Você esta certo.

Como da água para o vinho sua expressão muda, um aviso que odiarei ainda mais do que pensei qualquer coisa que aqui seja debatido. Os líderes de máfia são sempre umas caixinhas de surpresa que temos que ter toda desenvoltura do mundo para abrir, seu conteúdo pode se fatal. A famílie alemã comprova isso.

Todavia, com Marcos Santiago a precaução deve maior nossa ligação forçada por ações do passado me obrigam a ser mais cautelosa do geralmente sou. Não sei até que ponto esse jantar e um teste, contudo, devo ser inteligente o suficiente para usá-lo ao meu favor e saber sua consciência sobre o que fiz para si.

— Quero que execute alguém.

— Tenho certeza que possui poder para tal coisa tanto quanto eu. Meus assassinos não são inferiores aos seus.

— Essa pessoa é diferente, ele sabe se esconder melhor que ninguém, mas você o conhecer melhor do que qualquer um. O acharia rapidamente, diferente de qualquer homem que eu ponha para encontra-lo, como já pus.

— Que seria...

— O assassino da minha filha, Vincenzo Moretti. — Sua fala e tão carregada de ódio que se fosse outro em meu lugar talvez se assustasse. No entanto, mantenho minha expressão ilegível.

Agradeço o fato dele não pode ver minhas mãos se não notaria o suor e o tremo ao falar o nome de Vincenzo. Depois de anos ele finalmente resolveu acertar as contas sobre o assassinato de sua querida filha, pena desejar descontar na pessoa errada.

— Como tem certeza que ele a matou? — Mantenho a voz calma, cautelosa para não falar ou demostrar o que não deve.

— Um soldado o viu saindo do local do assassinato.

"Uma grande sorte não ter visto outra pessoa" penso.

— Isso ainda não e uma prova concreta para matar um ex-integrante da organização, um dos melhores. Seguimos um código de honra. — Encaro seus olhos frios. — Recorda-se bem, eles eram namorados, nada fora do comum ele ser visto sabe lá onde sua filha foi assassinada, pode muito bem ter ido visita-la e ter visto a cena, e saído no momento que seu soldado chegou e por mera coincidência o tenha visto. Ele teria motivo para mata-la senhor Santiago? — O encara seria, estudando sua expressão. — Pelo que contou sua filha diria a verdade para ele quando se sentir-se preparada. Seja cauteloso Marcos seus inimigos podem esta jogando com você, são muitos que desejam nos jogar na frente de um carro. Vincenzo a amava compreenderia porque mentiu, não a mataria sem motivos, como disso o conheço muito bem.

"Um erro é acharem que segredos encobrem outros. Quem começa uma guerra a acompanha de longe esperando o momento certo para adentrar na batalha" Meu pai sempre dizia quando matava alguém próximo dos grandes da máfia. Iniciamos as lutas e ficamos de longe acompanhando todas as reações por culpa das nossas ações.

—  Não tinha. — "Mas sua filha tinha motivo para mata-lo" completo em pensamento. — Mas ainda assim desejo que você o ache, qual seu preço Emellie? Inocente, culpado quero olhar em seus olhos. — Suas íris refletem o mais puro ódio, mas a incerteza foi semeada na sua mente, sua dúvida sobre o assassino nasceu.

Marcos tem que entender que nem toda certeza e inabalável, só precisamos tocar no ponto certo. Pôr em jogo que sua filha tinha motivo ligou uma luz de alerta em sua mente e isso muda muita coisa para pior, mas não poderia fazer outra coisa agora se não essa para ganhar tempo. Maldito tempo!

Todos são cientes que sei mais do que demostro, mas se seguram na ilusão que não me meto no que não me atingi. Tolos, não fujo de uma guerra apenas não começo uma.

— Não terei preço ate você ter provas concretas de quem e o assassino da sua filha, quando tiver certeza me procure que falaremos de valores. Se provar ser Vincenzo o acharei e entregarei a você, terá três meses para isso senhor Santiago. Não tenha medo de achar o culpado, sabe que não quebro minha palavra, me diga o culpado que você o terá frente a frente para matar. — Levanto da mesa pronta para ir embora. — Nossa conversa se finda aqui, até breve.

— Não lhe contou Emellie? — Chamo o elevador antes de me virar e encarar seus olhos e questionar séria:

— O quer?

— Que Brenda era minha filha.

Eu nunca tive oportunidades, era isso que eu queria dizer, mas acabado falando:

— Se sua filha nunca falou tinha motivo , não seria eu a revelar tal coisa. Para mim quando se esta com alguém que diz amar segredos são inexistentes. Não tinha o direito de revelar um segredo que envolvia os dois e mesmo hoje não tenho, sua filha pode não esta viva, porém revelar para Vincenzo a verdade não esta em minhas mãos. — Entro no elevador, mas antes que as portas se fechem planto a última semente de dúvida em sua mente para ganhar mais tempo. — Tenha certeza para não se vingar errado, boa noite.

Só me permito respirar quando estou segura no meu quarto, sozinha com meus pensamentos sem o olhar minucioso de Emelay. Eu sabia que segredos do passado um dia voltaria, mas jurava esta mais preparada quando esse dia chegasse. No meu íntimo ainda matinha a chama que o passado se manteria bem enterrado, uma ilusão. A conta sempre vem.

Tomo uma ducha lenta tentando clarear minha mente e formular um plano, um bom plano para sair do emaranhado que estou. Jogo-me na cama sem ao menos me da trabalho de me enxugar direito, estico a mão pegando o celular que larguei no móvel ao lado da cama ligando para a única pessoa que pode me ajudar no momento.

— A que devo a honra da sua ligação Emellie.

— Preciso que prepare o avião, em menos de três horas partiremos para Auckland.

— Como desejar meu anjo. — Reviro os olhos entediados por sua tola tentativa de irrita-me — Meio que demorou a saudade aperta dessa vez para você ir vê-lo.

— Que o motivo significasse saudade Rhuan.

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