Prólogo

Amar não foi feito para mim, eu amo, mas nunca deixo de ter de odiar…

Odeio-te por fugir da verdade, te amo por você ser minha maior verdade. 

N.S

Anos atrás: 12/03/20220.

     O silêncio presente na casa, num lugar escondido aos olhos de curiosos  para proteção de quem ali vive, se tornou o cenário perfeito para o que estava prestes a acontecer. Um assassinato, uma vingança, ou talvez um acerto de contas considerando os fatos que levou a tal coisa. 

     O sangue manchado o chão era a maior prova que o assassino estava mais que disposto a cumprir sua missão, independente das consequências. O olhar de terror no rosto dos que tinham sua vida ceifada era puro espanto, a surpresa de quem era seu assassino se sobressaia ao fato de que morreria por suas mãos. Na realidade eles sabiam ser impossível fugir da morte quando o assassino era quem era, sabiam que ele é capaz de tudo ao ponto de morrer para executar sua vontade, não seria surpresa se tivesse uma bomba presa em si que explodisse quando ele notasse que não tinha alternativa a não ser essa para chegar ao fim do seu objetivo. Um verdadeiro demônio de Lúcifer.  

      A cada passo naquele extenso corredor outrora branco, mas agora maculado de vermelho diminuía a distância entre presa e predador. Corpos eram deixados sem vidas para trás, a eliminação de testemunha é algo que o assassino leva bem a sério, ninguém, na realidade uma única pessoa não poderia saber que ele foi causador das mortes, especialmente do seu alvo. Se manter em anônimo até o fim da missão e a concretização para o total sucesso.

— Tolos! — Sussurra antes de atirar na cabeça de um homem que se arrastava inutilmente tentando fugir. — Não saio daqui antes de ter o sangue da sua líder nas mãos, honra se lava com sangue, mentiras se revelam com a morte.

     No quarto uma mulher se via sem saída, acuada entre quatro paredes sem sabe o que fazer para salvar sua vida. Os celulares estão estranhamente incomunicáveis, as câmeras de segurança não funcionam, o sistema de segurança do seu quarto, não responde o que faz seu medo aumentar com os sons de tiros cada vez se aproximando mais, as janelas trancaram, mas a porta foi a única que se manter aberta. Os últimos homens que fazem sua segurança não transmite a confiança que gostaria, era como se soubesse que não sobreviveriam a mais essa noite, até ela mesma passou a duvidar de tal coisa. 

    A loira com belos olhos azuis que sempre transmitiu segurança, mas isso hoje parece uma ilusão prende a respiração quando por minutos os sons de disparam sessam, seu coração acelera gradativamente com a quietude do lado de fora do cômodo que a mantêm salva por enquanto. O grito de medo fica preso na garganta da mulher quando uma risada aterrorizante soa quebrando o silêncio da noite, até mesmo seus homens ali presente se arrepiaram como se o próprio demônio fosse os matar. Naqueles segundos nem mesmo o treinamento da máfia conseguiu contem o medo de todos no cômodo. 

— Eu disse que a mandaria pessoalmente para o inferno. — Sons de metal sendo arranhado acompanham a fala. — Não adianta se esconder atrás dessas paredes metálicas, nada vai me impedir de mata-la hoje. Você mexeu com a única pessoa que não podia Grenda… — Seu nome dito com tanto ódio e sarcasmo foi o suficiente para confirmar a identidade do seu assassino.

— Emellie — Grenda sussurra aterrorizada. 

     Outra vez o silêncio se fez presente, dando oportunidade dos demônios de Grenda adentrarem sua mente como fogo queimando tudo por onde passa. O arrependimento de ter ido atrás de vingança se faz presente pela primeira vez desde quando tudo começou, mas não por ter ido buscar vingar o homem que amava, mas por não ter seguido o plano do seu pai. As palavras do seu progenitor ronda sua mente nesse momento como uma mantra zombando se suas escolhas “um plano arriscado, cheio de falhas, escute meu conselho minha filha. Uma vingança só e perfeita quando o plano e meticulosamente frio…”.   

     Um estrondo da porta se abrindo e ouvido, seguido de uma fumaça branca invadindo o cômodo impossibilitando a visão. Disparos são feitos, tanto por parte do invasor quanto dos guardas, mas rapidamente são cessados deixando a loira paralisada sem saber o que fazer se questionando se seus homens conseguiram imobilizar o invasor, contudo a dúvida se vai junto com sua consciência quando uma pancada atinge sua cabeça a fazendo desmaiar. 

       Brenda vagarosamente recobra a consciência resmungando de dor no processo, mas basta que os últimos minutos sejam lembrando que desperta totalmente notado está amarrada numa cadeira, ainda no quarto agora livre da fumaça branca possibilitando sua visão do cômodo bagunçado. Diante de si caídos estão os homens que deveriam ter lhe protegidos, no entanto, facilmente foram mortos por uma mulher. 

— Até que enfim a bela adormecida acordou. — Uma voz a sua direita soa  forçando girar sua cabeça na direção. — Estava quase a mandando pro inferno sem tomar consciência disso. — Emellie resmunga abandonado a cama onde estava sentada para ficar a frente da mulher pressa. O sorriso macabro no rosto mostrando sua satisfação pela situação.

     

        A voz some em meio ao medo impossibilitando Grenda de rebater, a certeza de seu fim nunca esteve tão perto. Nessa hora se condena por não ter indo aos treinamentos de defesa com afinco, se tivesse aprendido se defender realmente talvez conseguisse sair dessa situação. 

— Você tocou na única pessoa que não deveria, buscou vingança onde não devia e vai paga caro por isso. — Emellie destrava a arma que estava segurando apontando para seu alvo.

— Meu pai vai atrás de você, vai te mandar pro inferno, mas antes vai te fazer sofrer muito. — Brenda fala olhando sério sua assassina, como um juramento de uma promessa. A raiva dominando seu tom a dando forças para falar. 

— Pena que você não estará mais aqui. — Se aproxima mais encostando o cano da arma na testa da loira. — Nós reencontramos no inferno. — Puxa o gatilho assistindo à vida sendo ceifada do rosto da sua oponente, o último olhar da Brenda nunca sairá da sua mente, será o lembrete que sua missão foi comprida, e isso algo de que nunca se arrependerá de ter feito. 

    Emellie olha o corpo sem vida com um sorriso no rosto, mesmo sabendo que se descobrirem que a assassina da filha do líder da máfia colombiana foi ela as consequências seriam irreparáveis. Entretanto, a última coisa que poderia acontecer, aconteceu, a única pessoa que não poderia saber que ela foi assassina da Brenda descobriu, e não foi o pai da vítima.

— Emellie…  — Uma voz horrorizada soa a sua costa, não foi preciso olhar para saber de quem se tratava. 

— Vincenzo — Sussurra incrédula virando lentamente com medo de encarar quem acabou de entrar no quarto. Seu amigo! 

— O que você fez? — Fala tão baixo que se não fosse o silêncio no quarto não seria possível escuta-lo.

   

— Me deixa explicar, por favor… — Tenta se aproximar, mas Vincenzo se afasta a cada passo seu. — Ela não era quem você pensava… — Tenta formular sua explicação, contudo Vincenzo a interrompe puxando sua arma e apontando para si. 

— Você e que não é quem eu pensava. — Tenta controlar o tremo em sua mão ao que aponta a arma para sua melhor amiga, ou ex melhor amiga, sua mente se encontra tão confusa que não sabe mais de nada. — Eu amava ela, é você a matou — lagrimas brotam, mas são contidas — Você a matou…

— Ela merecia isso, enganou você, nós enganou — Tenta se aproximar, mas se detém com o clique  da arma. — Ela era noiv… — Mas antes que possa finalizar sua frase Vincenzo a corta.

       

— CALA A BOCA. — Grita dando passos rumo a Emellie, que recua por sua vez — Você matou a mulher que eu amava, você morreu para mim. SAI DAQUI EMELLIE, NUNCA MAIS APAREÇA NA MINHA FRENTE SE NÃO IRA SE ARREPENDER. — Se ajoelha aos pés do corpo sem vida, deixando a primeira lagrimas de muitas vim à tona caindo no chão sujo de sangue. 

— Vincenzo… 

    A voz de Emellie saí machucada, ver o amigo ajoelhado ao pé de quem mais detinha seu ódio e uma facada em sua alma. 

— Sai daqui enquanto consigo me controlar se não quiser o mesmo fim de Brenda, vá Emellie. — Levanta o rosto do colo de Brenda para olhar a expressão destruída, de quem um dia jurou sempre amar. — Nunca mais cruze meu caminho Emellie, não serei complacente como hoje. Se nos encontrarmos mais uma vez seu sangue ira manchar minhas mãos. 

    Destruída como nunca esteve antes Emellie deixa Vincenzo só em meio sua dor da perda, indo ficar sozinha chorar pela sua própria dor. Ações geram reações, mas o que fez hoje será algo que Emellie jamais se arrependera, pode ter perdido Vincenzo, mas vivera tranquila sabendo que ele continua vivo. 

    Longe da casa um homem que chegou segundos depois da partida de Emellie relata todo o acontecido para seu chefe, felizmente ou infelizmente muito longe da veracidade.

 

— Quem foi responsável? — Marcos Santiago pergunta sério ao soldado que mandou verificar a falta de comunicação com a casa onde sua filha estava. 

— Vincenzo Moretti senhor! — O homem fala ao telefone no exato momento em que Vincenzo deixa a casa. 

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo