Iniciando a metamorfose

Falando da Inveja

Não acredito em pecados, mas acredito em sentimentos nocivos que, como uma erva daninha, podem crescer e minar um ser humano. Vou falar da inveja, esse sentimento tão mesquinho que todos nós temos, em maior ou menor escala.

O primeiro passo para não sucumbirmos à inveja, assim como a qualquer outro sentimento nocivo, é reconhecê-la dentro de nós. Não adianta fingir que ela não existe dentro de você, reconheça-a e transforme-a. Sabe em quê? Em ADMIRAÇÃO!

Assim como dizem que amor e ódio são lados da mesma moeda, digo que a inveja é o lado negativo da admiração, ambas estão na mesma moeda. Hoje em dia as pessoas estão criando uma inveja “boa”, chamando-a de inveja branca, em oposição à inveja má, chamada de inveja vermelha. Para mim isto é fruto da nossa inversão de valores, pois inveja será sempre inveja, um sentimento mesquinho e nocivo, independente da cor que tiver. Não estou dizendo que eu não tenha esse sentimento. Todo mundo o tem. O que me deixa perplexa e revoltada é ver como as pessoas gostam de alimentar este sentimento tão medíocre. Vivemos numa sociedade que cultua a inveja. Eu me pergunto, por que as pessoas gostam, fazem tanta questão de despertarem sentimentos negativos nos outros? Provavelmente é um grande problema com a autoestima.

Eu quero despertar coisas boas nas pessoas! Quero ser uma agente da luz, e não das trevas. Lembro-me de uma amiga que me contando algo de seu passado me falava a seguinte frase, com um sorriso no rosto: "...E minhas amigas morriam de inveja..." Que triste... Ela queria amigas assim? Ela era uma amiga de verdade?

A publicidade cai de boca, reforçando a desunião feminina quando faz da inveja sua estrela principal para vender seus produtos. Outro dia no metrô deparei-me com o slogan "Suas amigas vão morrer de inveja". Ontem vi na TV o comercial de uma loja em que a modelo dizia: "Eu quero é que elas morram de inveja!"

Diga-me, como vamos transformar este mundo num mundo melhor, como dizemos que queremos, se enaltecemos sentimentos que deveríamos combater? Como vamos construir uma sociedade de amor e solidariedade, se valorizamos exatamente o oposto a isso?

Por três anos consecutivos, os filmes ganhadores do Oscar foram filmes de violência (Crash, Os Infiltrados, Onde os fracos não têm vez). Como queremos sair de uma sociedade assim? Você acha que isso não quer dizer nada? Então eu digo a você que violência, inveja, competitividade desenfreada, ganância e ambição exagerada, isto tudo está dentro de um mesmo caldeirão.

Se você quer mesmo transformar este mundo em algo melhor, está na hora de mexer este caldeirão no sentido contrário e transformar inveja em admiração, violência em amor, competitividade em altruísmo, ganância e ambição em generosidade.

O problema é que vivemos numa cultura que nos ensina e nos vicia em sentimentos de carência, de falta. Não aprendemos a valorizarmos o que temos e somos, a confiar na abundância do Universo, e de que merecemos tudo de bom. Quantas vezes não ouvimos ou já dissemos frases como: "É muito bom pra ser verdade", "Será que eu mereço toda essa felicidade?” Merece sim, eu digo.

Uma sociedade baseada na culpa não nos deixa ver a luz que temos dentro de nós e todas as maravilhas que podemos ser e fazer. É por isso que se fabrica cada vez mais ídolos, celebridades; para suprirmos uma carência de nós mesmos, do que achamos que não somos. Mas na verdade somos muito e podemos mais ainda. Podemos nos dar as mãos e nos ajudarmos de verdade. Podemos dar um sorriso sincero quando encontramos nossa amiga e ela está tão bonita; podemos sentir uma felicidade real no coração quando alguém nos conta que está namorando uma pessoa incrível, mesmo que estejamos sozinhos ou com problemas em nosso relacionamento.

Temos nossos fantasmas, nossos traumas, nossos defeitos, precisamos reconhecê-los. Isto é um trabalho para a vida toda, o autoconhecimento. Não podemos fingir que somos perfeitos, não adianta reprimir nossa sombra, mas adianta olhar e transformar, saber administrar e principalmente, não alimentar o que é nocivo.

Atemporalidade

Recebi o convite para o aniversário de uma amiga muito querida que completa trinta anos. No convite, ela colocava um trecho referente à famosa crise dos trinta. Mas, em contrapartida, ela dizia que o autor do texto estava enganado e que devemos comemorar nossos trinta anos. Concordo com ela e acho que devemos celebrar sempre, qualquer idade, qualquer feito.

Sei que vivemos numa sociedade, sei que existe o inconsciente coletivo, e também sei que o que os astrólogos chamam de planetas exteriores demarcam essas chamadas crises, dos trinta, quarenta, cinquenta... Mas na verdade, os planetas exteriores em trânsito sempre demarcam fases, não propriamente crises, e isto acontece desde criança. Acredito que estas fases se revelam de forma muito distintas de uma pessoa para outra. E para muitas vão aparecer como oportunidades e não crises. Tudo é muito pessoal neste sentido.

O que quero dizer é que nunca comprei essas crises. Acho que isto é porque não fico me enquadrando em fases ou idades. Eu simplesmente sou, e vivo minha vida como sou e estou. Nunca penso, ou pensei se tenho 20, 30, 40, 50 anos...

Como disse anteriormente, vivemos em sociedade. Existem as pressões como consequência disso, assim como os modismos e a compra e venda de tudo, inclusive de ideias, comportamentos e crises.

Nunca me liguei à idade, por isto acho que nunca vivenciei uma destas crises, pelo menos não da forma como é vendida. Nunca fiquei pensando também na idade que estaria chegando e eu teria que estar fazendo isso ou aquilo.

Meu processo de autoconhecimento e de viver minha vida é independente da idade que eu tenha e eu não sigo, porque não me interessa seguir, os ditames da sociedade.  As fases da vida existem, mas acredito que se passe por elas de uma forma estritamente pessoal e em um tempo não tão demarcado assim.

Há beleza em cada fase da vida, assim como vantagens e desvantagens, como em tudo. Eu não encaro o tempo como um inimigo. Tenho minhas crises, sim, assim como já as tive, mas crises que sinto brotarem de dentro e não que vêm de fora, insistindo em como eu deva me comportar, pensar ou sentir.

Não dou muita importância à moda, talvez isto ajude. Assim como não me preocupo em estar usando o que as pessoas estão usando, também não me preocupo em fazer o que estão fazendo, sentir o que estão sentindo, pensar como estão pensando, nem vivenciar as crises que estão vivenciando. Pois, por mais que eu viva em sociedade e me relacione com os outros, sou um ser único com meus próprios gostos, pensamentos, sentimentos, desejos e comportamentos.

 Ninguém sabe o que é melhor para mim do que eu mesma. Não vou deixar de usar uma roupa que eu goste só porque não está na moda. Não vou amar de um jeito que não é o meu só porque todo mundo agora ama assim, e por isso não vou também antecipar crises que no fundo não fazem parte de mim.

 Nunca me vi com estas questões: “E agora, tenho trinta anos?!” “Quarenta anos, o que vou fazer?”. Vivenciei sim, “Estou precisando mudar algumas coisas em minha vida”. “As coisas não estão tão boas como eu gostaria.” “Estou precisando desenvolver certos aspectos em mim mesma.” Tudo isto sem conexão com a minha idade cronológica, se é porque tenho 30 ou 40 anos. Porque isto sinceramente não me importa, não é relevante. Não sou uma mulher moderna, também não sou uma mulher antiga, nem contemporânea, nem à frente do meu tempo. Sou uma mulher atemporal.

 É interessante que tive uma luz outro dia. Olhando uma revista, num consultório médico, percebia o quanto de botox está sendo usado pelas pessoas e comecei a pensar nessa questão do tempo e da idade. Percebi como fico no meu centro, no meu eixo, em relação a isso tudo, e tive o insight de que, quando a morte me levar, ainda estarei neste mesmo centro, inteira, observando tudo a minha volta…

Descoberta

Olho a fumaça que sobe aos Céus

Penso em meus desejos e anseios

Rodopiando incessantemente pelos meus sentidos

Mas percebo, de repente, que a realização do que mais quero

Não será sentida num mundo mortal,

Num mundo de sentidos e sensações.

Meu fogo interior leva-me a ver mundos de seres imortais

Percebo que há mais que nós!

Percebo a imensidão e a variedade de um Universo

Cheio de mundos paralelos,

Cheio de dimensões que se sobrepõem...

Tento afastar as brumas, mas o espaço me aprisiona

Talvez ainda não seja tempo

Talvez eu precise aprender mais

Mas a neblina que vejo não me impede de ver

As promessas que me aguardam

E sentindo um grande alívio

Tenho certeza que um dia

Sendo senhora do tempo e do espaço

Estarei naquele mundo

O calor do inverno

O Solstício de Inverno trouxe a noite mais longa do ano, no último dia vinte e um. A partir daquele dia o sol começou a ganhar força, bem devagarinho e aos poucos. Dependendo do local, o frio é cortante. O tempo é de introspecção, quietude, silêncio e meditação.  Nos sentimos mais serenos e imóveis, com vontade de nos transformarmos em ursos para termos o direito de ficarmos na toca, na caverna, por mais tempo do que o mundo externo permite.

Quem se conecta aos ciclos da natureza, como um praticante do paganismo, por exemplo, sente com mais intensidade esta época do ano. Melhor ainda, percebe-a melhor e a compreende. Muitas vezes parece que tudo para  e fica suspenso; esperando um melhor momento, esperando a próxima estação, que não vem se manifestar somente a partir do Equinócio da Primavera, mas sim, quando esta começa a se anunciar, através do calor do sol, que timidamente aparece, e do degelo – nos países mais frios – que começa a ocorrer. Essa época era chamada pelos antigos celtas de Imbolc, que acontece no início de agosto no Hemisfério Sul, e início de fevereiro no Hemisfério Norte.

Estamos agora adentrando o inverno, marcado por menos energia solar e mais energia da Terra, que está em seu ápice.  Imbolc ainda está por vir e podemos aproveitar este momento de quietude e interiorização para nos conectarmos com nossa luz interna, a fim de fazê-la brilhar no momento certo, quando o inverno começar a dar os seus primeiros passos rumo a sua jornada no outro Hemisfério.

De nada adianta querermos nos sentir como no verão, por exemplo.  É uma questão de energia reinante. Equinócios e Solstícios são portais de energias. Se nos conectamos a elas, tudo flui de modo harmônico em nossa vida, como são os ciclos da natureza. Mas se começamos a nos atropelar, a nos forçar, acabamos por nos desconectar de nós mesmos, correndo o risco de adoecermos ou ficarmos desequilibrados. Devemos ter atenção, pois infelizmente o mundo atual nos exige uma constância artificial que vai contra os ciclos naturais.

O inverno é momento oportuno para um trabalho de autoconhecimento através de mergulhos profundos em nós mesmos, porém de uma forma suave, prazerosa.  Podemos fazer isto de várias formas: através de meditações, jornadas xamânicas, contato com nosso animal de poder e aliados, oráculos, e o que mais a sua criatividade lhe sugerir. Por falar nela, ela está bem de saúde, está mais lânguida, mas presente, e vai se manifestar de uma forma mais diáfana, podemos dizer assim, o que às vezes, pode até ser melhor.

O Solstício de Inverno, no entanto, nos traz uma mensagem de esperança, pois aos poucos e gradativamente, a luz vai aumentando na Terra. Com isto, aproveitamos para nos curarmos e despertarmos nossa criança interior.

Como na lua minguante, o inverno é momento de limpeza, cura e transformação. Porém, é diferente, pois ele anuncia o crescimento da luz solar. Isto nos dá uma sensação de preenchimento e plenitude, diferente do que acontece na lua minguante que ruma para o vazio.

Quando conectados a nós mesmos, nesse período do ano, por mais frio que esteja lá fora, sentimos o aconchego proveniente do calor de nossa luz interior. E com o passar dos dias dessa estação, ao mesmo tempo em que a luz solar vai ganhando força, a nossa luz interna também vai se intensificando, anunciando o nascimento de um novo ciclo.

Solstício de Inverno

A morte nutre a vida

A escuridão termina

A luz se aproxima

E a dor é compreendida

Do luto, a esperança

A vida como promessa

Sentindo no coração

A chama que aquece

A roda da vida continua a girar

Trazendo a alegria que libertará

Do musgo, a flor

Do medo, o amor

Tudo em seu tempo

A natureza se recicla

Trazendo mais uma vez

A criança renascida

É tempo de amar

É tempo de aceitar

O sol brilhará

A vida vencerá!

Passado, presente, futuro... Onde você está?

Ontem recebi um vídeo que se intitulava Para matar a saudade – túnel do tempo. Talvez você o tenha recebido também. Ele vem com a trilha sonora de várias músicas de algumas décadas atrás (anos 70, se não me engano), e com imagens de várias lembranças daquela época: produtos, programas de TV (Túnel do Tempo, por exemplo), etc. No final da apresentação, uma mensagem: “A saudade é a maior prova de que o passado valeu a pena” Com certeza, isto pode ser uma grande verdade. Mas comecei a refletir sobre aquele vídeo... Será que naquela época dávamos tanto valor àquelas coisas como depois que elas se foram?

Ter saudade é bom quando temos um sentimento positivo nesta saudade, quando nos lembramos do que passou com alegria, e não porque não conseguimos fazer o nosso presente melhor do que o nosso passado. Temos que ter cuidado com esse excesso de saudosismo, pois ele pode fazer com que fiquemos mais no passado do que no presente. Ele pode fazer ficarmos parados no tempo. Tem muita gente que se alimenta do passado, que lamenta a época que se foi. Precisa-se estar atento a isto. É importante estarmos inteiros no presente e com os olhos no futuro, e não no passado. A vida anda para frente. Ela é movimento contínuo. Se não a acompanhamos, ficamos para trás.

Procurar viver o presente da melhor forma possível, e com um vislumbre otimista do futuro, é a forma mais saudável e próspera de viver. Quando falo vislumbre otimista do futuro, falo em se ter metas, objetivos (de qualquer natureza) e estarmos trabalhando neles a partir do hoje. A vida é construção, e só se pode construir o que está por vir e não o que já passou.

Sei que há muitos que preferem o mundo de antigamente ao mundo atual. Eu mesma me imagino melhor vivendo num filme de época, e não numa ficção científica, por exemplo. Tem muita gente que reclama do excesso de tecnologia, de comunicação… Sim, aquela década era mais gostosa, mais calma. Mas eu seria ingrata se não reconhecesse as portas que a tecnologia me abriu. As oportunidades e os ganhos que a internet  me deu e me dá; a facilidade que a comunicação global atual me proporciona, por exemplo. Agora mesmo, quem estaria lendo este meu texto, se não fosse tudo isso? Eu estaria angustiada, em casa, querendo me expressar, com ânsia de colocar as minhas ideias, pensamentos e sentimentos para o mundo, através da minha escrita, e não teria um canal tão rápido e eficiente. Já me vi assim... No início dos anos 90.

O importante é sabermos tirar o melhor de cada momento presente, aproveitar as oportunidades que cada situação nos revela e nos proporciona. Isto é saber viver. Pois em tudo na vida, e em todas as épocas, há os prós e os contras. E o sábio é aquele que não se lastima, simplesmente segue em frente.

Voltando ao vídeo que recebi, ficou claro perceber que as coisas do passado que eu mais gostava – presentes naquela mostra – não eram insubstituíveis. Adorava as músicas, mas depois vieram outras melhores, e continuam vindo, é só saber procurar. Lojas como a Mesbla, existem um monte por aí.  (O que são os shoppings se não uma Mesbla superdimensionada?) E as balas Soft … Bem, não sou mais criança, né?

Vamos tentar fazer do nosso presente o melhor momento de nossas vidas. Afinal, como é bem falado por aí, o nome já diz: ele é um presente. Um presente da vida, do Universo. Por mais difícil que esteja seu momento presente, saiba que você pode mudá-lo. Olhar para o futuro com esperança vai ajudar nisso. Olhe para o horizonte e crie metas, objetivos; veja seus sonhos realizados no futuro, e trabalhe no presente para materializá-los. Do passado, traga a experiência e a alegria dos bons momentos vividos.

Se o mundo atual não está muito bom para você, não se preocupe, faça a sua parte. Uma sociedade é formada por indivíduos. Se todos estiverem bem, produzindo e felizes, teremos um mundo melhor. Somos como pequenas células em um organismo gigante. Se cada um for responsável pelo seu presente, poderemos criar um futuro que valha a pena. Faça e viva o seu melhor hoje, o mundo agradece.

A pressa que nos consome

Uma tarde de domingo e você sai para passear em algum lugar tranquilo cercado de natureza... Um parque da sua cidade, ou mesmo uma rua mais arborizada perto da sua casa. Você faz isso buscando se aquietar depois de uma semana intensa de compromissos de trabalho, sociais e de internet (claro, quem consegue ficar longe dela hoje em dia?!)

Ah, você não faz nada disso... Prefere se enfiar no consumismo desenfreado de um shopping center ou na multidão que lota os cinemas nos fins-de-semana. Tudo bem, é um direito seu, uma escolha, mas depois não reclame quando o estresse vier bater à sua porta ou, simplesmente, de uma hora para outra você sentir que a vida não faz sentido.

A vida faz sentido sim, com certeza, mas só para quem tem tempo para ela. E o que é ter tempo para a vida? Ter tempo para a vida é ter a sensibilidade de percebê-la em tudo ao nosso redor, a começar por nós mesmos. Para isso precisamos de momentos de quietude. Sentir a paz dentro de nós, desacelerar o ritmo e aprender que qualidade é mais importante do que quantidade.

Vivemos numa época em que queremos ser tudo e não perder nada.  Cobramo-nos perfeição em todas as áreas de nossas vidas, sem mesmo termos certeza se queremos assumir alguns papéis. Queremos ter todas as informações, que chegam até nós incessantemente como uma cachoeira de fluxo intenso.

Os avanços tecnológicos nas áreas de comunicação nos trazem toda uma gama de informações dos mais diversos tipos. Lixo e luxo se misturam nas redes por todo o mundo e, nós, como baratas tontas corremos de um lado para o outro sem parar. Com isso nos esquecemos de filtrar e consequentemente nos aprofundar. Claro, sem filtro não há tempo para tudo e, com isso, os ruídos de comunicação se tornam gigantescos, o bom entendimento não existe e as relações sociais ficam capengas e superficiais.

Lemos um texto na pressa e não percebemos o seu significado, entendendo outra coisa; a brincadeira bem-humorada de um amigo se transforma, aos nossos olhos, em uma ofensa sem tamanho; confundimos uma data limite para algo que nos interessa e perdemos a oportunidade... E por aí vai, rolando, infinitamente, uma bola de neve que não consegue parar... Que tal derretê-la um pouquinho dentro do seu fogo interior para poder respirar o ar fresco do que realmente significa vida?

Tudo tem seu lado bom e ruim, cabe a nós tirarmos o melhor de cada coisa, de cada oportunidade que a vida nos dá, isso não seria diferente com os avanços tecnológicos gigantescos dentro das áreas de comunicação e informação. A internet, por exemplo, me gerou e gera coisas muito positivas, como poder estar aqui agora sendo lida por você, mas se não tomarmos cuidado, ela pode nos aprisionar e nos deteriorar, tirando a nossa capacidade de pensar e sentir. Muitas vezes tenho a visão de um formigueiro, onde nós somos formigas adestradas, andando em filas, ou amontoadas e aglomeradas, ou mais ainda, andando atordoadas sem direção.

Toda essa pressa pode, sim, nos ser imposta pelo mundo exterior, que nos incita a correr, gerando ansiedade o tempo todo. Mas aquele que consegue estar em si e valoriza esse estado, consegue viver no centro, enquanto o mundo gira freneticamente ao seu redor. E sua qualidade de vida é infinitamente maior, pois ele sabe quem é e conhece seu vasto mundo interior.

 

A tirania do ego

A falta de respeito a um povo é a falta de respeito ao ser divino universal que permeia tudo e todos. Somos uma única energia de criação, feitas da mesma substância. Não existe melhor nem pior. Existe é a ilusão de separação, que cria desigualdades, inveja, crimes, torturas, soberba, arrogância, preconceito, violência, discriminação.

Somos todos um! Isto pode parecer chavão, clichê, mas é a pura verdade. Uma verdade profunda e não questionável. A matéria é só uma parte, uma pequena parte do Todo. Este, formado por átomos que vibram em frequências diversas, até  virarem matéria, se chegarem a uma frequência vibracional X. Mas a substância de vida e da criação é a mesma em tudo e todos. Por isso o respeito ao próximo é fundamental. Seria a consequência natural se não fosse pela deturpação da realidade última, se não fosse pela deturpação da simples  verdade de que tudo é uma coisa só.

 A ilusão de separação, oposta à realidade de unicidade,  condena, cada vez mais, o ser humano à ignorância, às atrocidades cometidas em nome de uma ilusória e falsa superioridade. Não sou mais que você, não sou menos que você. Somos iguais. Se nossas vidas diferem, isso é devido ao trajeto ilusório de cada um de nós. Mas viemos todos do mesmo manancial, somos compostos da mesma substância de vida.

A nossa essência é pura e imortal porque é divina. Já o nosso ego tem os dias contados, pois ele é apenas mais um instrumento para atuarmos neste mundo material, mas não é o senhor de nós mesmos. Ele perece, nossa essência não. Esta, sim, é a senhora de nós mesmos.

Porém, nossa essência vive muito afastada de nós, pois o ego, com medo, quer esmagá-la. E é este ego medroso que separa, mutila e tem sede de poder. Porém, tudo que é feito por ele é perecível, pois ele mesmo o é. Diferente da essência, divina e soberana, por ser imortal. A essência é amor, liberdade, confiança, sabedoria. O ego inflado é medo, ambição, tirania, confusão.

A terra é vida, é viva, feita da mesma substância divina que permeia tudo, pois, como já disse,  tudo é uma coisa só. Aqueles que cuidam da terra, que têm respeito por ela e uma ligação profunda com ela, estão mais perto do verdadeiro poder, o poder imortal da essência. Poder este, genuíno, e não fabricado e ególatra. E sim, um poder divino, de alma, soberano, não ganancioso e separatista.  Um poder altruísta que une, em vez de desunir.

O sábio é aquele que respeita tudo e todos, pois consegue ver o divino em tudo e em todos.

 

Fechando ciclos

O que seriam dos começos se não fossem os finais? Quase sempre, para começarmos algo novo, precisamos promover um término, fechar ciclos. Precisamos largar, deixar ir, para podermos receber o novo. Para abrirmos um novo capítulo em nossas vidas, muitas vezes, é necessário deixar morrer.

Geralmente são corações que se partem, lágrimas derramadas e um sentimento de fracasso. Isto normalmente acontece nos finais de relacionamentos amorosos. Namoros, casamentos, casos, enfim, não importa; o importante, por mais que seja sofrido o término, é olhar com outros olhos para ele. Não com um sentimento de fracasso, mas de gratidão. Não houve fracasso e, sim, aprendizado. Houve maus e bons momentos, como em tudo na vida. Deu certo enquanto durou e é isto que importa.

Nada dura para sempre e, muitas vezes, quando dura é por comodismo, por medo, enfim, por motivos que não ajudam o crescimento, a expansão ou a fidelidade à nossa própria natureza. Diga-me: o que adianta ser fiel aos outros, se não formos fiéis a nós mesmos? Para sermos, realmente, fiéis a alguém, precisamos ser fiéis a nossa própria natureza. Pois se estamos mentindo para nós, estamos mentindo também para os outros. Por isso o autoconhecimento ser tão importante. Precisamos nos conhecer profundamente para sabermos, de fato, quem somos, o que queremos e quais os nossos valores reais. Assim não fingiremos ser o que não somos, não prometeremos o que não podemos cumprir e, seremos autênticos e transparentes.

Temos a visão romântica do que até a morte nos separe, reforçada por uma sociedade que quer nos formatar a todo custo. Por isso uma família quando se desfaz é motivo de comoção. Mas existem muitas formas de ter uma família, de fazer parte de uma. Assim como existem muitas pessoas que não são talhadas para formar uma família, pelo menos de forma convencional. E como essas pessoas sofrem! Como vivem em conflito tentando se encaixar em um papel que não combina com elas. Mas este texto sobre finais não está restrito só ao término de relacionamentos amorosos. Delonguei-me um pouco nele porque para a maioria das pessoas isto machuca muito. Mas há várias formas de finais de ciclos, tanto internos quanto externos. Se pararmos para pensar bem, veremos que em todas as mudanças significativas de nossas vidas há uma morte para haver um nascimento, ou mesmo, um renascimento.

Quantas vezes precisamos largar uma profissão para podermos começar outra? Quando mudamos de cidade ou país, houve toda uma morte do estilo de vida que levávamos naquele lugar; uma morte de relacionamentos, contatos pessoais… E o novo se descortina em outro lugar, com nova energia, novas pessoas, novo modo de viver. Um novo começo se faz presente.

Para expandir é preciso deixar algo para trás, é preciso deixar morrer… Sejamos gratos por tudo que passamos, que aprendemos, que recebemos e tivemos a oportunidade de dar. Encaremos isso com um sorriso no rosto, uma leveza no coração e uma certeza de que um belo novo ciclo está por começar.

Roda da Vida

Gira, gira e a Roda gira

Num tempo inverno

No outro verão

Primavera das flores

Folhas secas de outono

Que cores trazes pra mim nesta nova estação, grandiosa Roda?

A Natureza se recicla esbanjando sabedoria

E eu novamente inicio mais uma jornada

Numa espiral ascendente

Numa oitava maior

Trilhando meus caminhos

Com a força da Roda

Ouvindo dentro a Natureza, que também está fora.

Onde o fim e o começo são uma coisa só

Eu me ponho no meio a ver a Roda girar.

 

Um novo começo

A vida tem seus ciclos. Mesmo aquela pessoa que passa uma vida inteira vivendo da mesma forma, sem nenhuma mudança aparente, também passa por transformações. Transformações internas, que geram novas formas de olhar para as mesmas situações. É claro que há pessoas que têm tanto medo da mudança que vivem suas vidas sem dar oportunidade para que o novo entre, achando que isto comprometerá a segurança e o controle de suas vidas. Porém, controle e segurança são ilusórios. Tudo pode acontecer de uma hora para a outra, o inesperado sempre surge, e isso é vida. A vida não é previsível. Ela é fluxo, mudança, ciclos. E até estes ciclos que podemos achar que se repetem, na verdade acontecem sempre numa oitava maior, numa espiral crescente. Bom, pelo menos deveria ser assim, é a ordem natural das coisas, é a evolução. Cabe a nós permiti-la em nossas vidas e em nosso ser.

Lembro-me de um colega, na época da faculdade, que vivenciou um pequeno dilema. Ele recebeu uma oportunidade de passar seis meses nos Estados Unidos, algo que não acontece para muitos. Porém, ele dizia que a vida dele estava num momento tão bom aqui no Brasil que ele não sabia se deveria fazer a viagem. Você já percebeu que muitas vezes as oportunidades sempre aparecem fora de hora? Eu acho que isso é como um teste para a ousadia e capacidade de adaptação do indivíduo.

    

Essas oportunidades são diferentes daquelas que surgem depois que começamos ir atrás delas. Essas, quando aparecem, são prontamente aceitas por nós, porque já estávamos no seu encalce. Bom, meu colega aceitou o novo e, seis meses depois, estava de volta contando as experiências que vivenciou naquele país.

Vou ser bem sincera com você, na época fui contra a partida de meu colega. Achava que se tudo estava bem para ele aqui, por que ele iria mudar? Mas a vida ensina, nós crescemos, nos apererfeiçoamos e, hoje em dia, conhecendo um pouco mais dos mistérios da vida do que antes, acho que meu colega fez a escolha certa. E digo mais, com o conhecimento que tenho hoje, sei que esta oportunidade apareceu para o meu colega exatamente porque ele estava no fluxo, com tudo dando certo para ele. Uma coisa puxa a outra, uma coisa boa leva a outra. Quando estamos no fluxo a prosperidade acontece de uma forma crescente. Caso meu colega não tivesse aceitado a oportunidade de viajar, provavelmente o fluxo de sua prosperidade estagnaria. Ele não se manteve acomodado na zona de conforto, ele foi além, e isso é o que nos coloca no fluxo, pois a vida quer que nos movimentemos o tempo todo, pois vida é movimento. Até os nossos átomos não são estáticos, eles vibram incessantemente.

A vida nunca quer nos deixar no mesmo lugar. Nem nós viemos aqui para isto. Temos que ficar atentos para os sinais que vêm tanto de fora, quanto de dentro de nós. Como falei no início, a vida tem seus ciclos. Nossas vidas são cheias de ciclos que se fecham para outros começarem. Precisamos estar atentos para o tempo desses ciclos, para a hora de um término e de um novo começo. Pois nada se inicia, se algo não termina. Assim como tudo que termina dá início a algo novo.

Um novo começo é repleto de sentimentos contraditórios, mas extremamente naturais. Sentimos entusiasmo, medo, ansiedade, um frio na barriga, insegurança, esperança, desejo. Ao mesmo tempo em que sentimos uma jovialidade interna, típica da energia de início, nossa mente, algumas vezes, nos traz a preocupação de que talvez estejamos velhos demais para começarmos algo novo, principalmente uma virada radical. Mas a mente é aquela que mais nos sabota, devemos ter cuidado com ela e usá-la para nos servir e não o contrário.

O mais importante é nos sintonizarmos bem com a nova energia que estamos sentindo, dentro e fora de nós. Porque sim, o que mais acompanha o início de um novo ciclo é uma energia completamente diferente que começamos a sentir e perceber em tudo, inclusive, ou principalmente, em nós mesmos.

Acreditar! Isto é o mais importante para não andarmos para trás, nem ficarmos no meio do caminho. Acreditar que a mudança é preciso, acreditar em si, acreditar na vida, no Universo e na ordem natural das coisas. Quebrar velhos hábitos e antigos padrões é difícil, mas muito necessário para o início de um novo ciclo de vida. Ficamos, às vezes, com receio de não completarmos o ciclo, de ficarmos no limbo, na fronteira do velho para o novo. Um pé no ciclo que deveria se fechar e outro pé no ciclo que se inicia.

Este receio é natural, mas desnecessário, pois a mudança só depende de nós. Quanto mais estivermos abertos para um novo começo de vida, para a surpresa e para nós mesmos – pois vamos dar chances de outras partes de nós, talvez desconhecidas, mostrarem-se e atuarem – mais fácil será fechar definitivamente um ciclo e dar início, com os dois pés, a uma nova aventura.

Vida

No fundo preto as cores tomam vida

O mistério é quase sempre a solução

Deixar fluir na escuridão as cores de uma paixão

Brincar com cores frias e quentes num caldeirão.

Serpentear ideias em linhas coloridas

Redefinindo quem sabe o trajeto de vida

Sonhar, plantar e colher,

Reafirmando cada passo dado,

Cada giro dançado,

Cada linha traçada.

Despertar de um sono há muito dormido

E se mostrar, ousar e falar

Dançando sempre num caminho de arco-íris

Sem perder o vislumbre do firmamento

E a profundidade do abismo.

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