Capítulo - 02

Era uma habitual e exaustiva caminhada até a sede presidencial da empresa de Michael. Ele subiu pelo elevador juntamente com Emma que, por sua vez, parecia bem no mundo da lua com o que presenciou no sábado à noite em sua casa. A expressão infeliz consumia uma parte de seu rosto perfeitamente rejuvenescido por uma fina camada de maquiagem empolgante que contrastava perfeitamente com seu tom de pele. 

As unhas pintadas de um vermelho-sangue batiam sem parar sobre uma pasta da mesma cor que trazia nas mãos, o que perturbava os pensamentos eletrizantes de Michael.

Quando saíram do elevador no último andar do prédio de mais de sessenta metros de altura, com cem de largura fixa em cada lado, ele parou próximo da escrivaninha onde atrás de um balcão encontrava-se Mary, sua nova secretária.

Naquela manhã ela havia exagerado consideravelmente no batom vermelho e na saia justa preta, porém, acessível com um corpete branco super apertado na cintura, com mangas longas até um pouco abaixo de seus pulsos, destacando as unhas pintadas de preto com desenhos alaranjados no meio. Usava um brinco dourado, com argolas grandes e atraentes. Estendeu uma agenda em direção ao patrão que, no mesmo instante, analisou. 

Fechando em seguida, Michael encarou o relógio de pulso e olhou para Emma, que naquela altura aguardava ansiosa afim de participar de uma importante reunião com os novos acionistas. 

— Mary? — ele a chamou. — Diga para Isaac comparecer até minha sala, imediatamente — a jovem assentiu, mordendo a tampa da caneta. Michael começou andar e antes que estivesse dentro da presidência, aproveitou então, para pedi um bom café. — Traga-me o melhor Cappuccino que conseguir fazer! 

Mary assentiu, sentando-se em seguida.

Já dentro da sua sala, o jovem lançou um olhar para o intenso e aglomerado trânsito no Centro Financeiro de Manhattan, logo indo até seu trono e arrumando uma parte da mesa bagunçada. 

Baixou a cabeça antes de iniciar mais um dia cheio e cansativo que ao chegar em sua casa não notaria Alexander com um sorriso nos lábios, correndo para beijá-lo. Foi pensando nisso que o jovem finalizou os pensamentos irrelevantes no momento, pegando sua matinal agenda e percorrendo com os dedos nas primeiras reuniões da manhã. Ele sabia que não havia nascido para os negócios, era torturante demais ter que ouvir planos diferentes de pessoas tão vis. Todavia, era seu ganha pão. 

Assim que fechou a agenda, Mary aparecera trazendo o pedido do chefe, logo repousando gentilmente sobre a mesa e saindo na mesma sintonia que entrou.

Michael tomou um pouco, aquilo fez sua cabeça parar de doer, estava finalmente pronto para encarar as reuniões com os fornecedores.

Seus olhos voltaram-se para Isaac, que adentrou aquele lugar com um sorriso no rosto, logo colocando uma planilha sobre à mesa e puxando uma cadeira afim de se sentar. 

— Trouxe o que me pediu, Ken — ah como ele odiava quando o amigo lhe chamava pelo apelido do primeiro nome. Isaac notou o semblante tenso, não se importando com absolutamente nada do que Michael pensara a respeito do que dissera. — Nosso faturamento neste mês foi excepcional — ele mudara de assunto bruscamente. — Colocamos nos cofres da Efron & Red, um pouco mais de 800 milhões de dólares — Michael arregalou os olhos, pois aquilo era muito mais do que pretendiam arrecadar. 

— Nossa! — foi somente o que dissera. 

— Tudo graças ao seu diretor financeiro aqui — Isaac gabou-se. — Temos cerca de vinte contratos para o próximo mês, estamos começando a procurar novos investimentos, o que arrecadamos neste mês é superior ao que sua mãe conseguia quase que anualmente, Michael. Se continuarmos assim, você deixará de ser mais um rosto bonito para virar o maior CEO.

Michael sorriu, piscando em seguida. 

— Isso não está nos meus planos até agora — comentou o loiro, movendo uma caneta por cima de um papel. — Falando na minha mãe, será que o advogado da empresa conseguiu encontrá-la? — perguntou. 

Isaac levantou-se, aquele era um assunto delicado do qual poderia afetar o amigo, mesmo assim, não deteve-se.

— Eu estava analisando nossas contas recentes nas Bahamas, nas Ilhas Caimã, Austrália, Genebra e Toronto, e acabei notando um alto desfalque — ele começou, procurando por uma planilha em específica. — Dois milhões de dólares, e isso não é de hoje. Os únicos que tinham acesso as contas de Genebra e Bahamas, era sua mãe, agora você e eu. 

— Então Catherine está viva?! — aquilo soou mais para uma afirmação do que a uma simples pergunta.

— Tudo indica que sim, Michael — assegurou o loiro, sorrindo de canto. — O que mais me impacta é essa frieza toda dela, sabe? O Philip quase morreu com um tiro, e mesmo assim o teu irmão não lembra de nada daquela noite. Não acha meio estranho isso tudo? — Isaac perguntou. 

Michael travou o maxilar, tenso.

— Está pensando que Woodrow lembra de tudo que ocorreu, apenas não quer me contar? — questionou Michael, erguendo uma sobrancelha. 

— Exatamente — atestou Isaac. — Eu acho estranho a posição dele em relação ao assunto já que, no dia em que foi atirado e após a cirurgia, ele não dissera nada. Fora que, por outro lado, a bala não atingiu cérebro e parte alguma que o fizesse perder a memória. Ela penetrou o abdômen, só isso.

Michael tivera que concordar com a suspeita de Isaac, mesmo sabendo que confiava sua vida nas mãos de Woodrow. 

— Bom, próximo assunto: Deniel! — ele reiniciou. — O que sabemos é que ele desapareceu do mapa, no entanto, a família dele continua aqui, em Manhattan. 

— Você acha que a mãe dele sabe onde ele está escondido? — perguntou Michael, outra vez curioso. 

— Talvez não! Hillary é humana demais, nem suspeitava que o ruivo bonitão era metido com a máfia — Michael ergueu uma sobrancelha. — Ao que tudo indica, meu amigo, é que esse pesadelo chamado destino ainda vai te assombrar bastante. 

Michael apertou os lábios, erguendo-se em seguida. Procurou por algo em uma das agendas, notando um nome comum nele: Shopia. 

— Peça para o nosso detetive ficar de olho nos passos de Shopia Máximo — ele mostrou uma foto da garota. — Ela estudou Direito com Alexander e Deniel, se possível, peço que traga-a aqui, na nossa empresa. Inventa alguma coisa, fale que a viu num anúncio da tevê ou que um amigo seu lhe indicou, pois eu preciso que ela dei com à língua nos dentes. 

— De empresário a investigador — brincou Isaac, a voz mansa. — Vou dá um jeito nisso em dois instante, fica tranquilo patrão, tudo que eu faço é discreto...

— Ah, sei — brincou o loiro, arrumando-se. — Desde quando ser diretor financeiro durante o dia e Striptease à noite, é discreto? 

— Desde que você tenha um amigo bissexual que jamais vai contar este segredo a ninguém — Isaac lançou-lhe uma espreitadela . — Bom, "patrão" vou começar minha investigação, e lembrança para Woodrow — piscou, logo saindo. 

Assim que à porta fechou-se, Michael mostrou um leve indício de cortesia nos lábios.

Isaac era seu amigo há pelo menos uns doze anos, que era considerado o estilo hétero pegador da escola, capitão do time de futebol americano e um bom estudante sexual. 

Ele era loiro, dos olhos cor de mel, sobrancelhas grossas, corpo escultural e produzido. Começou a estudar economia depois que fora expulso do time da universidade, durante uma dura briga com Théo Fernandes, o filho do diretor da Dalton. 

Então viera trabalhar há três meses na Efron & Red, onde ascendeu consideravelmente o capital lucrativo da empresa, dando destaque aos dois lados da presidência. Sempre soube do lado oposto do amigo, já que algumas vezes barrara com Phillip Woodrow, comendo-o com os olhos intensos que poderiam penetrar corpos, corações, mentes e almas de uma só vez. 

Após um tempo preparando-se para a parte mais preguiçosa de uma empresa — às reuniões —, ouviu à porta sendo aberta novamente, relevando-se uma patente e graciosa mulher, fazendo seus olhos azuis brilharem em luxúria.

— Tentei intervir, Sr. Efron — Mary aparecera logo atrás, agitada. 

— Tudo bem, Mary — asseverou o jovem, erguendo outra vez. — Pode deixar que eu assumo daqui para frente, não é mesmo, madame?

— Ah, por favor, Sr. Efron — articulara a mulher à sua frente. — Me chame de Michelle! 

Ela estendera a mão graciosamente, sendo amparada pelas grandes de Michael, fazendo-a estremecer na base quando a barba recém aparada roçara seu dorsal, arrancando-lhe a sensatez. Mary retirou-se ao notar o clima pesado, trancando à porta. 

— Sente-se, Michelle — Michael pediu, gentil. 

— Obrigada!

Ele contornou a mesa, sentando-se na cadeira revestida de couro negro destacando o corpo escultural e poderosamente selvagem. 

— O que lhe fez vim até aqui, Sra. Michelle? — ele perguntou. 

Michelle Flynn franziu o cenho, mordendo os lábios em seguida de uma maneira maliciosa e sorrindo antes que respondesse.

— Ouvir dizer que tem uma empresa de eventos maravilhosa — ela o gabou, um passo infalso que mais tarde lhe assombraria. — Fiz uma pesquisa, vi e li sobre você e, não estou me arrependendo em nenhum aspecto do que estou vendo. 

Michael sentiu a indireta mais direta ser lançada sob o ar de uma forma assustadora, empolgante, friamente arquitetada.

— Ora, madame — ele enunciou sorrindo. — Fazemos o impossível afim de pelo menos alegrar o nosso incrível contratante — mordeu os lábios, lutando para não trair seus sentimentos ali, com tanto ar ao redor. 

— Mas antes de falarmos de negócios, Michael Efron — ela levantou-se graciosamente, movendo as mãos finas com dedos médios por cima da mesa dele. — Que tal me oferecer um vinho, ouvi dizer que é uma das especialidades da casa, um aconchego alucinante, poderosamente irrecusável — Michelle contornou a mesa. 

Os passos calmos ecoaram depressa, como se lutasse afim de sentir o calor do corpo dele junto ao seu. Ela ficara atrás, massageando os ombros largos, explorando com suavidade e vigor cada rota pecaminosa. Ali, Michelle soubera da sua essência ao deslizar as mãos suavemente por dentro do colarinho de Michael, impactada ao tocar os peitos largos e fartos, ao sentir o ar lhe faltar ao ver os lábios entreabertos, convidativos, loucamente tensionados ao apertar um contra o outro. 

Ela fora mais previsível, sentando sobre a mesa dele, levando uma de suas mãos na gravata e trazendo o rosto másculo e harmonioso afim de se encararem. Era uma loucura, ele sabia, só não estava pronto para aquilo. 

Quando ouvira sobre Michelle Flynn, uma renomada estilista francesa, nada o consumira e inebriara tão rápido quanto as curvas pecaminosas de seu corpo. Ele a desejou ali, porém, agora já não sabia ao certo. 

— Isso é errado — ele sussurrou, quase implorando.

— Não seja tolo, Michael — ela o torturou, depositando beijos por sua têmpora enquanto o via fechar os olhos. — Sei que encontrou uma pessoa para qual reserva seu amor, eu sei tudo sobre você, na verdade — ela pausou, afastando-se um pouco dele. — Quase tudo — reafirmou. 

Então ela o beijou ali mesmo, não se importando se alguém poderia entrar por àquela porta e os ver tão íntimos, quando na verdade deveriam está tratando de negócios. 

Michael, porém, afastou-se. Não queria ser o mesmo de quase um ano atrás, preferindo saciar seu tensão de outra forma, pensando em Alexander e deslizando suas mãos em seu membro, assim não precisava traí-lo. Era seu ato, seu ritual, seu juramento e acima de tudo, seu amor que estava em jogo.

— É melhor apenas tratarmos de negócios — ele disse, olhando pela janela. — Eu tenho uma paixão, deve saber quem é, já que estudou tudo sobre mim!

— Alexander Red — Michelle sorriu. — Ele é muito bonito, mas principalmente, o estilo de homem que faz mulheres cometerem os piores pecados. 

Michael sentiu ciúmes, óbvio. Alexander estava tão perto dele ao mesmo tempo em que mantinha-se tão longe. 

— Você disse que estava atrás de uma empresa de eventos — ele voltou ao seu assento, encerrando aquele assunto que, com toda certeza o machucaria se não colocasse um ponto final. 

Michelle não aprovou ser rejeitada, ao mesmo tempo que soubera que Michael Efron não trairia de jeito nenhum, o rapaz que lhe roubou o coração. Gostou da atitude dele, ainda que quisesse explorá-lo.

— Sim — ela abriu um sorriso, voltando ao seu assento. — É para meu casamento — ele ergueu uma sobrancelha, impactado com a forma estranha que agira anteriormente. 

Michael a estudou por um momento antes que lhe entregasse uma planilha com os preços e, consequentemente, a partir dali o orçamento final.

Michelle seguiu com os dedos pelos preços, assustando-se com altos valores, no entanto, que teria como pagar.

— Quero o mais caro casamento que conseguir fazer — ela entregou a planilha de volta. — Irei esperar sus ligação, Sr. Efron! — Michelle apanhou a bolsa, saindo em seguida da sala. 

Michael respirou fundo, lutando internamente para não surtar. Olhou no relógio de pulso e pelo que dava a entender, a primeira reunião já deveria ter começado e estava quase no final.

Ele apanhou sua maleta, saindo em seguida rumo a sala de reuniões. 

O dia passou mais lento do que o previsto, mesmo assim bastante produtivo. Já era tarde quando Isaac passou na sua sala com um sorriso nos lábios, ainda intacto mesmo que tivesse passado horas e horas em reuniões um tanto exaustivas. 

— Meu carro quebrou essa manhã — Michael ergueu uma sobrancelha como se soubesse o que o amigo iria lhe pedir. — Será que eu poderia ir com você, dormir na sua casa? 

Michael sabia o que ele queria, mas mesmo assim concordou.

— Pode sim — respondeu sem grande emoção. — Apenas um aviso, se fazer meu irmão sofrer, você vai se ver comigo.

— Michael, o protetor — Isaac brincou. — Seu irmão não vai sofrer... apenas, gemer um bocado — lançou um sorriso malicioso, apanhando suas coisas e saindo juntos rumo ao Inwood.

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Inevitável Destino – Livro 2

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