Pov- Camila.

Camila- minha vida nunca foi fácil eu tenho que admitir que minha mãe fez de tudo para que eu pudesse me tornar particularmente uma boneca nas suas mãos.

Eu tenho dois irmãos, Carlos e César e eu sou a mais nova, Carlos é o mais velho dos irmãos tendo 30 anos, depois dele vem César com 28 E eu logo em seguida com 26, minha mãe sempre quis que os filhos tivessem 2 anos de diferença para que a gente pudesse crescer junto, no começo eu tenho que admitir que os meus irmãos eram os melhores do mundo eles sempre estavam do meu lado quando mais precisei de ajuda.

Mas quando foi crescendo, eles ficaram mais velhos e se afastaram de mim, dizendo que apenas atrapalhava sua vida EA forma em que eles gostavam de sair, ficavam me insultando de feia e outros tipos de apelidos ridículos, eu sempre senti aquilo no meu peito como se fosse a espécie de um punhal me atravessando, eles eram meus irmãos e deveriam me amar e me proteger mas estavam fazendo tudo ao contrário.

Minha mãe fazia de tudo para que eu pudesse ser a filha perfeita, eu não podia falar errado, não podia surgir demais e também não podia ficar séria demais, Eu sempre tive que agir como se fosse a pessoa perfeita, ela controlava tudo o que eu comia e também controlava tudo o que eu bebia como se eu não soubesse o que queria para o meu futuro e apenas Ela poderia escolher aquilo que eu deveria fazer.

Quando fiz 17 anos de idade a minha mãe acabou falecendo de mal súbito, eu tenho que admitir que o meu mundo acabou ali porque era ela quem me defende dos meus irmãos, eu tive que ficar sobre a tutela dos dois até que pudesse passar a maior de idade, a herança da família eles acabaram gastando, Carlos foi o único inteligente ao ponto de guardar seu dinheiro e investir em sua própria empresa, César vive junto com Carlos e me deixaram morar na casa que eu cresci com a minha mãe, mas levaram toda a minha herança em compensação apenas porque eu quis ficar com a casa da minha mãe.

Nós não éramos ricos mais o dinheiro que eles tomaram de mim, era o dinheiro necessário para que eu pudesse fazer minha faculdade e como eu não tinha nada para sobreviver o, tive que começar a trabalhar na lanchonete no final da rua perto do parque ecológico, eu me lembro muito bem da noite em que eu acabei recebendo .

Lembranças on :

Jorge- Aqui está Camila, estou te pagando o seu primeiro salário do mês ,estou orgulhoso de você - o dono da lanchonete acabou sorrindo para mim, ele era um senhor bem gentil e nunca me faltou com respeito algum.- está chovendo muito lá fora e já está escuro, daqui a pouco as ruas vai estar vazia , então deixa para limpar a lanchonete amanhã, pode ir embora agora.

Camila- não tem problema seu Jorge , Eu só preciso atravessar o parque para chegar em casa, Nessa altura do campeonato não tem ninguém na rua e com essa chuva também não tem ninguém para tentar me fazer nenhum tipo de mal, só vou terminar de varrer a entrada da lanchonete e passar um pano - ele sorriu Mais ainda para mim então eu guardei dentro da minha bolsa ou envelope com o meu primeiro salário, estava orgulhosa De mim porque mesmo que a minha mãe nunca tivesse deixado que eu pudesse trabalhar, eu fazia alguns trabalhos quando sair mais cedo da escola, pelo menos assim eu podia ter uma renda a mais para comprar algumas coisas que eu sempre quis como o meu violão e a minha sapatilha de ballet .

depois fui até a parte da entrada da lanchonete passei a vassoura pela parte de dentro e logo em seguida pela parte de fora, tive que fazer o mais rápido possível porque realmente estava um temporal fazendo com que até as folhas das Árvores pudessem balançar de um lado para o outro. Então voltei para dentro depois de tirar o lixo e peguei o balde com pano de chão limpei tudo e não esquecendo de passar o desinfetante então depois de estar completamente arrumada, eu passei a mão nas sandálias que estavam nos meus pés e coloquei dentro da minha bolsa, olhei para o ver pequeno vestido que estava no meu corpo e respirei profundamente, sinceramente eu deveria ter vindo de calça e não de vestido.

Passei a mão pelo meu rosto e logo em seguida caminhei para o lado de fora, eu tinha sorte da minha bolsa ser à prova d'água e não pegaram meu celular ali dentro, era a única coisa que eu tinha da minha mãe que me restou antes dos meus irmãos levarem tudo da casa, eu tive que comprar os móveis aos poucos e também acabei ganhando alguns dos vizinhos.

Quando eu cheguei no parque, olhei para os lados vendo que realmente não tinha ninguém ali então eu estava segura, mas assim que eu estava passando pelo bosque acabou acontecendo um blackout por causa da chuva então tratei de apressar o passo , o único problema é que eu não estava conseguindo enxergar um palmo na minha frente , até que bati de cara com alguma coisa isso fez com que eu pudesse cair de costas no chão, ainda bem que eu estava em cima de paralelepípedos que atravessavam todo o bosque, pelo menos assim eu não estaria suja de Barro. Eu levantei os meus olhos vendo que eu só podia enxergar a silhueta de um homem .

XXX- Vivian? - eu respirei profundamente enquanto tentava me levantar por causa principalmente da chuva e do vento cortante que estava soprando, a única coisa que eu queria era chegar em casa o mais rápido possível mais aquele homem se jogou em cima de mim - você voltou - eu tentei para olhar para o lado para tentar escapar mas era difícil, era como se o homem se tivesse pesando uma tonelada .

Camila- me solta - ele passou a mão grossa pelo meu rosto eu sabia que a sua mão era praticamente o dobro do meu rosto porque quase cobriu o meu rosto todo sendo que ele colocou apenas em uma das minhas bochechas - me solta logo .

XXX- está aqui - ele me agarrou esfregando o rosto no meu então tentei escapar o mais rápido que podia , dei um tapa em seu rosto fazendo com que ele pudesse e soltar Então aproveitei esse momento para começar a correr por entre as árvores, mas o problema é que eu não estava conseguindo enxergar nada, a chuva estava muito forte e eu não queria pegar meu celular dentro da minha mochila ou então ele também poderia usar a luz para conseguir me enxergar.

Eu me esconde atrás de uma árvore e esperei que não pudesse ouvir nada, respirei fundo olhando para os lados apenas para ver apenas a escuridão .

Camila- droga , não vejo nada - eu sussurrei tão baixo que tinha certeza absoluta de que nada e nem ninguém poderia ter ouvido.

XXX- quer fugir de mim de novo como você fez? - ele estava atrás de mim e me puxou o cabelo , colocou a boca perto do meu ouvido arrepiando meu corpo e não de uma forma boa, eu estava completamente apavorada - você vai me dar o filho que abortou - Eu não fazia a menor ideia de que ele estava falando mas então me jogou no chão fazendo com que eu pudesse cair de barriga para cima, com a queda eu acabei ficando com a cabeça um pouco tonta então ele aproveitou esse momento para se jogar em cima de mim , puxou meu cabelo fazendo porque eu pudesse levantar a cabeça e logo em seguida mordeu meu maxilar de forma leve - que delícia , ganhou mais carne nesse tempo que fugiu? Olha que corpo lindo - eu segurei sua mão para tentar fazer com que ela pudesse soltar meus cabelos mas era como se estivesse tentando lutar contra uma parede , ele subiu meu vestido e rasgou minha calcinha - que bucetinha gostosa e toda minha - minha alma gelou.

Camila- por favor não - ele me penetrou tão forte que deixei um grito escapar de dor e medo , usei tudo o que tinha para conseguir me defender mais ele estocava cada vez mais forte , aquilo doía demais , eu chorava olhando para os lados enquanto tentava encontrar pelo menos alguém que pudesse me ajudar e usava minhas unhas para arranhar seu corpo .

Camila- por favor , pare - ele não me ouvia então tremeu se derramando em mim , eu chorava alto mas tem certeza absoluta de que o temporal e a chuva impedia que qualquer pessoa pudesse ouvir meus gritos. Ele se jogou de lado caindo perto de mim então eu não esperei mais nada para correr, meu corpo todo estava doendo Como se eu tivesse sido atropelada por um caminhão , eu podia sentir o meio das minhas pernas arder e doer demais.

Lembranças off:

Me lembro de correr daquele lugar como o diabo Correia da Cruz cheguei em casa e não encontrei ninguém em casa para me ajudar.

Fiquei muito tempo debaixo do chuveiro enquanto tentei lavar o meu corpo de todas as formas possíveis, eu sangrei demais naquele dia até que tive que chamar a ambulância e ir para hospital, me lembro que fiquei dois dias em observação mas não tive coragem de dizer o que aconteceu.

O médico queria assumir o meu caso e chamou a polícia e, e o logicamente acabei negando tudo e falei que estava nos meus dias, eu não queria problemas minha cabeça também quem iria acreditar em mim sabendo que eu não tinha visto o rosto daquele homem?

Já faz 9 anos desde que aquilo aconteceu, eu tinha 17 agora tem 26 mas ainda assim eu me lembro como se fosse ontem, as noites de pesadelos são pesadas demais e eu não consigo esquecer, desde que isso aconteceu eu não consigo tirar da cabeça o que aconteceu comigo e nunca mais consegui sorrir, eu não tive culpa eu era apenas uma criança sozinha no mundo uma criança que os meus próprios irmãos abandonaram para sobreviver sozinha nesse maldito mundo e eles não estavam em casa quando mais precisei de ajuda então eu me formei, decidi seguir com a minha vida e tentar esquecer que tudo isso aconteceu um dia, eu só queria seguir com a minha vida e tentar fingir um pouco que eu tinha uma vida normal como todo mundo, mas eu sabia que isso era sonho de uma criança ao qual não iria se realizar um sonho que eu estava tendo sozinha imaginando E desejando que alguém pudesse se preocupar comigo eu só queria sentir segurança a segurança de saber que existe pelo menos uma única criatura nessa terra que sente a minha falta.

Eu não sou uma pessoa realizada na minha vida, não consigo deixar nenhum outro tipo de homem tocar em mim, muito menos idosos eu não consigo sorrir embora às vezes eu tenho que fingir para as pessoas que estão alegres, não quero um olhar de pena para mim e para falar a verdade eu acho que estou melhor agora, tudo isso aconteceu em torno de 9 anos então eu tenho que esquecer, não posso continuar pensando em tudo o que aconteceu ,essa não é a vida que eu quero para mim.

Hoje eu vou ter uma entrevista de emprego com uma subgerente de uma empresa muito grande na cidade, é o dinheiro necessário que eu preciso para terminar de pagar a hipoteca da casa da minha mãe era a única coisa que me sobrou dela pois até o celular acabou quebrando naquele dia, parando para pensar aquele homem acabou tirando tudo de mim, eu não me lembro muito bem de como é sua voz por que se passou muitos anos realmente acho que estou em vários devaneios tentando pensar em alguma coisa para ser feliz mas agora vamos dizer a verdade.

Eu não falo com os meus irmãos há muito tempo, eu tenho duas amigas, Melinda e Natalie , elas fizeram faculdade comigo e eu não sei como mais Natalie tem um ódio do meu irmão desde que tudo aquilo aconteceu, eu estou feliz que pelo menos as minhas amigas podem ficar do meu lado.

Natalie vai trabalhar comigo de recepcionista na empresa de recepcionista Se eu conseguir passar, é uma experiência muito grande para mim, então espero que tudo acabou dando certo no final das contas porque agora eu estou aqui olhando no espelho para ter certeza de que estava tudo bem comigo.

Respirei profundamente antes de olhar para o meu corpo novamente, eu pensei que pelo menos se pudesse deixar o meu corpo um pouco mais gordinho do que era antes eu não iria chamar atenção das pessoas, mas ainda assim continuo a ter um  rosto quase infantil , não era o que eu queria mas pelo menos eu estou conseguindo manter os homens afastado de mim pois a maioria deles nesse mundo está vivendo simplesmente para continuar vegetando, não ia adiantar de nada ficar assim durante a minha vida toda então eu só quero seguir em frente e trabalhar para pagar as minhas contas, é a única coisa que eu quero fazer.

Estou fazendo de tudo para não lembrar daquela noite, para falar a verdade os pesadelos já terminaram, mas ainda assim existem aquelas noites que eu acabo tendo aqueles pesadelos ao qual tenho que passar por tudo de novo, o medo de correr e me esconder entre as árvores o medo de saber que ele pode sair por aí tentando fazer exatamente a mesma coisa com outras meninas, é por isso que eu vou me formar em advocacia, a primeira faculdade eu fiz para medicina ao qual a minha mãe queria que eu pudesse me tornar de salvar as pessoas por ser uma mulher extremamente religiosa, depois eu consegui faculdade dupla e fiz administração de empresas e agora eu estou fazendo de tudo para juntar dinheiro e pagar a menina da faculdade. Eu posso ser uma garota muito fechada e não gosto de sorrir para pessoas que eu não conheço mas ainda assim eu tenho coração eu sou uma sobrevivente do que aconteceu comigo e eu estou pedindo oficialmente e acreditando em Deus que o desgraçado que fez isso comigo vai pagar por tudo o que aconteceu.

Natalie- Camila - olhei para a porta do banheiro onde ela estava me esperando desde o momento que eu entrei para me arrumar - você sabe muito bem que você vai precisar deixar um sorriso aparecer pelo menos para chamar atenção da mulher que a gente quer um emprego, não tem como você ficar de cara fechada para ela o tempo todo então deixe pelo menos um pequeno sorriso aparecer, eu tenho certeza que você vai conseguir.

Camila- tomara...