🌟 Um mês depois🌟

🌟 Mary 🌟

Faz um mês que a Ella nos deixou, e eu fiquei por conta de cuidar do Matheus, os primeiros dias foram tão difíceis, dizer a uma criança de três anos que só tinha a mãe que ela não voltaria mais para buscá-lo, que ela não estaria mais aqui para abraça-lo, para dar o colo, para dormir ao seu lado, eu nunca imaginei passar por um momento desses, mas ainda bem que ele é um garoto de ouro e entendeu o que eu fiquei vários dias tentando explicar.

Eu e Ella nos conhecemos aqui mesmo nesse abrigo, as circunstâncias não foram as melhores, eu havia perdido a única pessoa que tinha nessa vida que era minha mãe,ela foi assassinada num assalto, o bandido não acreditou que ela não tinha nada e acabou a matando e eu por não ter mais ninguém vim parar aqui nesse abrigo, fui bem acolhida mas a saudade de minha mãe era enorme e os primeiros dias foram os piores, duas semanas depois que estava aqui a Ella chegou também por perder os pais em um acidente e logo ficamos amigas.

Como já éramos adolescentes a chances de sermos adotadas eram praticamente zero então o jeito era nos conformar e viver aqui até que completasse a maior idade e ir viver por conta própria, todo esse tempo sempre fazíamos planos para o nosso futuro, éramos inseparáveis e assim ficamos até que a Ella conheceu um carinha na escola e começou a namorar com ele e logo ela saiu daqui com dezessete anos para morar com o Jim, e eu fiquei continuei a estudar e fui fazendo um trabalho voluntário aqui porque eu não queria ir embora desse lugar acabei me apegando a cada criança que chegava e sua história então falei com a diretora que queria estudar psicologia e ficar aqui trabalhando com as crianças e graças a Deus ela aceitou.

Mesmo a Ella tendo saido daqui nós não perdemos nosso vínculo, ela sempre vinha me ver e eu a ela, mesmo que o idiota do namorado dela não gostasse muito de nossa amizade mas não nos importávamos, depois de um ano que eles estavam junto ela engravidou e ele como eu já previa não quis mais saber dela e simplesmente sumiu do mapa a deixando grávida e sem praticamente nada, mas a Ella sempre foi decidida e não se abateu começou a trabalhar de garçonete e conseguia manter a pequena casinha que ela havia alugado e suas despesas, mesmo eu a chamando para voltar ao abrigo ela não quis, disse que queria dá um lar ao seu filho, mesmo simples ela queria que ele tivesse seu cantinho.

Nós aqui do abrigo sempre a ajudamos e com doações fizemos todo o enxoval do Matheus e ainda ganhamos várias fraldas e claro que quando ele nasceu foi uma festa só, e a Ella logo voltou a trabalhar e nos primeiros meses que ele ainda era pequeno ficava aqui no abrigo mas logo que ele cresceu mais uma das meninas que morava aqui ia olhar ele na casa dela, e assim ela foi criando ele, nunca vi uma mãe tão amorosa e cuidadosa com ele, mas há um três  atrás ela começou com alguns sintomas e eu pedi a ela que fosse no médico, mas ela sempre adiando e quando chegou a um estado que ela passou mal no trabalho e eles a levaram no médico e ela foi examinada e foi pedido vários exames que ela foi fazendo aos poucos por que alguns eram pagos e ela não tinha todo o dinheiro, só que essa demora a doença só se agravou e quando ela ficou internada já em outro hospital o diagnóstico saiu e ela estava com tuberculose e em um estado avançado e mesmo os médicos iniciando o tratamento não tem teve jeito e em uma das minhas visitas ela pediu que se acontecesse algo com ela que eu nunca deixasse o Matheus só, que eu cuidasse dele como se fosse meu filho, ela me fez prometer isso a ela várias vezes e eu dei minha palavra a ela que enquanto eu vivesse eu cuidaria dele, seu último pedido foi que eu trouxesse ele para ela ver pela última vez e assim eu fiz no dia seguinte o levei até ela e foi tão emocionante a sua despedida e parece que era só isso que ela estava aguardando para descansar, a visita nem tinha terminado e ela começou a passar mal e tive que tirar o Matheus para ele não presenciar os últimos momentos da mãe,queria que ele guardasse todos os momentos bons que eles viveram juntos, que ele lembrasse do sorriso da mãe.

Ela não conseguiu realizar metade dos seus planos, nos deixou muito cedo com apenas vinte e um anos, mas como eu prometi a ela vou cuidar do Matheus como se fosse meu filho, eu consegui terminar minha faculdade e continuou trabalhando e morando aqui no abrigo, as crianças daqui são a minha vida e pretendo continuar aqui e ajudar a cada uma que entrar aqui a se tornar uma pessoa de bem, saio dos meus pensamentos com alguém batendo na porta.

-Posso entrar tia.

-Claro meu amor. Diga para a tia o que meu pequeno quer?

-A tia Rosa pediu que eu chamasse a senhora.

-Aconteceu alguma coisa?

-Nao sei tia ela só pediu que eu chamasse a senhora.

-Tá bem então vamos.

-Tia!

-Oi meu amor.

-Eu sei que a senhora disse que a mamãe não vai voltar mais porque ela está com os anjinhos, mas eu queria levar uma flor para ela de novo a senhora me leva lá?

-Claro meu amor, deixa a tia ver o que a tia Rosa quer e nós vamos ta bem? Ah você vai la no jardim e pede ao tio João pra tirar as flores para você.

-Brigado tia, eu te amo.

Ele sai correndo e eu fico com meu coração partido por ele, quando perdi minha mãe eu já entendia e sofri muito e ele tão pequeno e ter que passar por tudo isso, vou ao encontro da Rosa e vejo resolvo o problema com um dos internos e já vejo o Matheus de joelhos com uma margarida na mão, ele se levanta e vem ao meu encontro.

Ele sai correndo e eu fico com meu coração partido por ele, quando perdi minha mãe eu já entendia e sofri muito e ele tão pequeno e ter que passar por tudo isso, vou ao encontro da Rosa e vejo resolvo o problema com um dos internos e já vejo o Chr...

-Olha tia eu vou levar essa porque é a cor que a mamãe mais gostava, lá na estrelinha onde ela ta morando agora ela vai ver que eu deixei uma florzinha para ela ne?

-Vai sim meu amor, lá da estrelinha que ela está ela vai ficar muito feliz por sua flor.

-Então a gente já pode ir?

-Claro vamos.

Ele pega em minha mão e como o cemitério é um pouco longe pego o carro do abrigo e vamos, ele sempre comportado vai o caminho inteiro quietinho e assim que chegamos eu o desço da cadeirinha e pego em sua mão e o levo até o túmulo de sua mãe, ele chega coloca a flor e passa a mãozinha na foto que colocamos e fica ali com os olhinhos vidrados na foto e vejo sua boquinha mexendo e ele falando bem baixinho, saio um pouco por que minha emoção é grande, minhas lágrimas caem espontaneamente e ficamos ali um tempo até ele se levantar e me chamar para irmos embora, seus olhinhos estão vermelhos mas ele está sereno, então para tirar esse momento triste e tentar deixá-lo um pouquinho mais feliz resolvo levar ele para tomar sorvete, e assim quero tentar dar a ele mais momentos de alegria e tornar essa dor mais branda.