Capítulo 2

Quando Jane chegou em casa, recebeu maravilhosas notícias. Ge havia aceitado se casar com Lord Benjamin Lockhart e a sua mãe havia convidado-o para jantar logo após o pedido para celebrar a união dos dois.

Jane estava ciente de que os sentimentos de sua irmã pelo rapaz eram bastante agradáveis, tanto que estava disposta a esquecer sua própria desconfiança em relação a ele. As garotas Hartford sempre foram muito protetoras entre si, então, talvez, o problema fosse apenas esse e Lockhart não fosse nada menos que um bom homem.

Ele aparentou, de fato, ter Georgie na mais alta estima. Seu sorriso – naquele dia em particular – era sincero o suficiente para aparecer sempre que ele a encarava. Estava claro que ele estava radiante diante da resposta de sua amada.

Todas as pessoas naquele cômodo – incluindo o menino de dez anos, Charles – ficaram convencidas de que aquela seria uma união para a vida toda.

– Haverá muito amor nesta cerimônia! – celebrou Lady Hartford mais tarde enquanto afastava os lençóis.

– Certamente haverá muito dinheiro... – respondeu Lord Hartford em tom de miséria.

A esposa o fitou e ele pediu desculpa enquanto tentava não rir da expressão dela.

– Mas eu estou falando sério, – ele continuou –, o dote dela é bem... generoso! Eu realmente espero que ele seja o homem que lhe trará felicidade.

Lady Hartford suspirou.

– Oh, eu também! – ela suplicou. – Eu tenho de admitir que não pensava que ele fosse adequado para ela antes, mas eu não me importaria de estar errada sobre isso.

Ele sorriu ao deitar-se na cama.

– Eu adoraria que tu estivesses errada de vez em quando também. É cansativo estar errado o tempo todo... – ele disse em um tom de divertimento que raramente usava.

Georgiana revirou os olhos, mas, na verdade, ela amava quando ele falava daquela maneira, então ele viu um discreto sorriso aparecer no canto dos lábios dela apesar do gesto.

Enquanto Lord e Lady Hartford discutiam no seu quarto sobre quem estivera errado sobre o quê (ela nunca achava que estava), Jane pegou um castiçal e atravessou o corredor silenciosamente para bater na porta da irmã.

– Ainda estás acordada? – perguntou a mais nova.

– Como poderia estar dormindo depois dos acontecimentos de hoje? – respondeu Ge após convidar Jane para entrar com um gesto.

Jane se sentou ao seu lado na cama e as duas se encararam com um sorriso sutil por um momento.

– Estás feliz? – ela perguntou embora a expressão de Georgie já deixasse a resposta óbvia.

– Estou! – confirmou e seus olhos brilharam por um segundo. – Até o momento em que ele se ajoelhou, eu ainda não tinha certeza de que ele iria pedir a minha mão. Ah, Jane, sinto-me tão sortuda! Na última vez em que o vi antes do pedido, pensei que jamais conheceria outro homem por quem tivesse sentimentos tão profundos e então ele veio hoje e disse-me que sente exatamente o mesmo!

– Que coincidência...!

– Coincidência, não; destino, Jane.

Ela ponderou sobre o assunto por um tempo. Georgie havia, de fato, dito a ela que estava prestes a desistir de esperar por Lockhart anteriormente; ela não esperava que a vida fosse tão gentil como fora naquela tarde, trazendo o seu amado com palavras tão cativantes, embora ele não houvesse sido muito encorajador antes.

– Mas estavas prestes a seguir em frente antes dele propor – disse Jane. – Como podes ter certeza de que este é realmente teu destino? Talvez pudesses ter encontrado outro homem para amar, certo? Talvez pudesses ter tido sentimentos profundos por outra pessoa também...?

Ge sorriu.

– Acho bem improvável – ela suspirou. – Isso... o que sinto... não creio que aconteça mais de uma vez na vida, Jane. É algo especial, eu sei disso porque eu sinto isso e tu também sentirás um dia.

– Então, quando acontecer... – perguntou a mais nova – eu simplesmente... saberei?

Ge assentiu.

– Porque... – continuou Jane – eu saberei exatamente como me sinto?

A irmã assentiu mais uma vez.

– Ah, que ótimo! Então, estou condenada à solidão!

Georgie riu e segurou as mãos de Jane.

– Não sejas tão dramática! – disse entre risadas.

– Mas é verdade! – protestou Jane. – Eu já tive alguns pretendentes antes e eu não tinha ideia de como realmente me sentia em relação a nenhum deles. No fim, eles simplesmente se cansavam de esperar pela minha indecisão...

A mais velha sorriu para ela enquanto passava uma mão em seu cabelo para acalmá-la.

– Se demoraste tanto e se eles não puderam esperar por ti é porque nenhum deles era adequado para ti no fim das contas – declarou Ge. – Eu disse que não esperaria mais por Lord Lockhart, mas meu coração jamais concordou com isto. Tu és jovem, Jane; não tentes apressar o tempo ou ele a deixará para trás.

A irmã mais nova sorriu tristonha.

– Estou tão feliz por ti, mas isto não ameniza a dor que a ideia de morarmos tão distantes uma da outra traz ao meu coração. Não desejo prendê-la, mas ficarei absolutamente perdida sem ti, Ge!

Georgie a abraçou com força.

– Tu és muito mais forte do que pensas, minha querida irmã! – disse ela com firmeza. – Mas, de qualquer forma, onde quer que esteja meu lar, o teu também estará.

Jane não pôde evitar pensar no quão sortuda era por ter uma irmã que era também sua melhor amiga. Não eram muitas as jovens que tinham o prazer de poder dizer isto.

– Agora, – disse Ge puxando os lençóis para dar espaço suficiente para Jane se deitar –, creio que já adiamos demais nosso sono de beleza. Vem cá.

Jane sorriu ao ver a irmã levantar o lençol como um convite.

Assim que ela se deitou, foi imediatamente abraçada por Ge, exatamente como quando tinha um pesadelo na infância.

As duas ficaram deitadas ali, quietinhas, até o sono chegar. Simplesmente aproveitaram, em absoluto silêncio, a certeza de que a distância jamais destruiria o vínculo que tinham.

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