Capítulo 3

— Sr. Allan? Você está acordado? — Eu sinto o som acústico do piano, tocando na sala de jantar e, acordo assustado, removendo os óculos escuros do rosto.

— Harold... é claro que estou acordado — vasculhei o puré de batatas, observando meu pai, que ainda tocava o maldito piano.

Bocejei sonolento, evitando pregar os olhos.

— Então, meu filho. Como foi sua despedida de solteiro? — Meu pai sorri com convicção, levantando-se do piano — Deve ter sido bom. Ouvi, que eras o homem mais gentil, na festa de Violeta. Quantas merdas você comprou?

Os olhos de minha irmã mais nova se arregalaram. Ela encheu a colher de comida e colocou-a na boca.

— Eles não são merdas, são obras de arte— Olhei para a parede do salão.

— Para mim, são apenas insanidades— ele puxou uma cadeira e sentou-se— Quantos foram pintadas nuas? 12?

— Foram 15 meu pai. Quinze mulheres bonitas, ficaram sem seus adornos para mim.

Eu pesquei de novo.

Desta vez batendo meu rosto no prato de comida.

— Maldito seja o dia, em que você nasceu, Allan! — Meu pai blasfemou— Comporte-se pelo menos na frente de Maria, que é sua irmã!

Eu me levanto sujo de comida.

Olhei para minha irmã, que poderia facilmente comer toda a comida, enquanto nosso pai e eu discutíamos.

— Perdoe-me, Maria. Eu esqueci completamente, que você nem sabe, de onde vieram os bebês. Um milhão de perdões.

Eu dou uma risada sarcástica, vendo todos me olharem com olhos nojentos.

— Maria! —  Frederick exclamou. — Vá para o jardim.

— Mas, meu pai! Não quero ir para lá. Eu quero terminar meu almoço, vocês dois discutem seus problemas em outro lugar. —  Maria respondeu. Com um olhar furioso o meu pai suspirou profundamente. Ela bateu nos pés, mas acabou saindo.

Antes de sair, agarrou uma coxa de frango e colocou na boca.

— Se ela continuar comendo assim, nunca arranjara um noivo para ela— Provoquei meu pai, vendo que aquilo o irritava. Pois, Maria, sempre foi sua queridinha.

Houve um silêncio entre nós, então toquei em nosso último tratado.

— Seja feliz! Meu pai, seu querido filho vai se casar— disse eu, abrindo um sorriso de deboche.

Ele aperta os punhos, controlando-se para não me bater.

— O que você quer dizer? —  Frederick se faz de bobo.

— Oras, de sua nora. Eu tive minha escolha, não era esse o nosso negócio? — perguntei.

— Espero que ela não seja nobre ou você perderá tudo o que ganhou de mim— remexeu a comida no prato— Por acaso, procurou entre as filhas de meus sócios? São garotas de classes média, não tão ricas, mas também não tão pobres.

— Bem, pois então sorria! Ela é uma coisinha grotesca e, muitos dizem, que dificilmente pode ler— Eu disse a ele, que parecia estar duvidando— Eu espero que esteja treinando para ser pobre, porque eu terei tudo o que pertence a você.

— Mesmo que ela for pobre, como você pode ser fiel por um ano inteiro? — ele deu gargalhadas— Você não sabe controlar o pinto.

Eu corto meu bife o colocando na boca com as mãos.

— Estes são meus méritos, não seus!

— Allan, espero que esteja ciente do que está fazendo— Meu pai se levantou, jogando o guardanapo sobre a mesa. Sem olhar para trás, ele caminhou até a porta e saiu sem dizer adeus.

Eu tinha feito a escolha certa.

(...)

As nuvens encontraram o sol de Darlan, tornando nevoento e frio, aquela tortuosa tarde.

Os criados cuidavam da casa e eu me aproximei da lareira para pensar. Qual desculpa, inventaria, para o pai da pobre mulher, deixar-me casar-se com sua filha?

Enquanto fumava meu cigarro, ouvi bater à minha porta e ordenei que entrasse.

— Sr. Melarque. Posso dirigir-me a você? —  Harold perguntou.

— Prossiga... — indaguei.

— Eu tenho a informação, sobre aquela garota, que você me pediu que investigasse. Quer que eu conte agora ou mais tarde?

— Que pergunta tola, Harold! É assim, que você pretende tratar, a minha futura esposa? Deixando isso de lado?

— Perdão senhor, eu só pensei que...

—  Eu não te pago para pensar, apenas para obedecer a minhas ordens. Vá em frente, o que você descobriu sobre a besta?

Harold abaixou a cabeça e caminhou até o centro do quarto. Manteve-se sua altura e continuou:

— O nome dela é Belly. Se fosse em outra ocasião, demoraria meses para encontrá-la, mas devido ao ocorrido de ontem...

— Desembucha criado!!! — rosnei.

— Descobri que seu irmão caçula, foi chicoteado ontem, por alguns Guardas— o criado contou e me lembrei da situação.

— Ele matou alguém? — Perguntei curioso.

— Não senhor, roubou um cesto de pães e dividiu com mais três colegas— Harold pareceu comovido -Um ato... Nobre, mas que o gerou sérias feridas.

— Não me venha com jogos sentimentais! Conte- me logo, onde ela mora? É casada? Viúva? Quantos anos tem? — Harold abaixou a cabeça e caminhou até o centro da sala.

Ele manteve a altura e prosseguiu:

— Nenhuma das opções, senhor. A menina é solteira, dizem ter cerca de dezenove ou vinte anos, porém muito selvagem e, duvido, que seja fácil de controlar.

— Agora, você vai me ensinar como controlar uma mulher? Eu não me importo se ela é selvagem ou não, gosto de desafios. Só quero que ela seja minha esposa, isso é tudo.

— Mesmo se ela concordar, levará muito tempo. — Harold disse — A menina sabe pouco da civilização, ela vive em uma cabana no bosque, raramente pode ser visto na cidade.

— Bem, eu já vi duas vezes e não acho que será o nosso último encontro.

— Senhor, há outro assunto que eu o quero contar. Você tem tempo para me ouvir? — Harold perguntou cauteloso.

— Sim, diga imediatamente. — ordenei.

— É a preparação do jantar de Natal. A quem devemos convidar?

— Estamos no segundo dia do mês... — rosnei— Por que todos idolatram tanto essas festas?

Eu calculo um número mentalmente, ninguém da minha família viria.

— Mantenha a lista do ano passado. Acabei de fazer um ajuste.

— Qual? — ele questionou.

— Acrescente meu pai e minha irmã. Eu quero que estejam presentes, quando anunciar que me casei.

Um Ô apareceu na boca do servo e ele se perguntou sobre o tempo.

 Faltava pouco para o Natal e eles teriam que dobrar o trabalho.

— Senhor, tens certeza? — disse confuso.

— Mas é claro que tenho! — Cerrei os punhos. — Faça o que mandei, já lhe disse!

— Tudo bem, eu vou fazer tudo acontecer magnificamente. — o criado respondeu.

— Ah, antes de partir, vá para os estábulos e prepare meu cavalo. — Eu olhei para o horizonte lá fora calculando meu futuro— Vou visitar Belly e sua família mais tarde.

— Prepararei tudo, senhor.

Pensei muito no meu triunfo sobre o meu pai.

 Gostaria de ganhar a aposta.

Eu o faria ser pobre.

Além disso, iria me aventurar por um ano, com uma menina pobre e inocente do campo. Não poderia ser tão ruim....

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