— Não estamos fazendo nada de mais — dou um sorriso.
— Deviam estar na aula, principalmente o Angus que agora devia estar na minha aula. — Mas ele não está. — Cala boca, Jack — Angus decide abrir a boca. — Mas já estou indo para a aula. Angus sobe um degrau, porém o puxo pelo braço fazendo ele voltar para o degrau anterior. — Ele vai para a aula comigo. Francês, a professora quer falar com ele sobre a prova. — Que prova? — Angus coça a bochecha. — A que você fez na quinta. — Que… — Angus tenta questionar de novo, só que desta vez prefere ficar calado. — Tudo bem então. Vá para a aula de vocês — o professor coloca as mão no bolso e observa curiosamente a gente subir as escadas. Os olhos verdes tilintando como se fossem capazes de dizer “sou o único que deve foder ele”. A professora apenas acenou para a gente entrar na sala enquanto lia um livro em voz alta para a sala. Sentamos distante da mesa dela em dois lugares vagos junto às janelas. Angus se jogou na cadeira bufando provavelmente se segurando para não falar todas as merdas possíveis que queria falar para mim. — Meu rosto ainda está molhado pelo cuspir. — Deveria cuspir de novo! — Je demande le silence! — a professora repreende. — Je suis désole — Angus se volta para mim, ficando mais próximo. — Você não devia saber sobre eu e o Hector e não devia ter me beijado na escada. — Mas já aconteceu? Quer que eu faça o quê? — Pare com isso, temos que terminar. Quem eu amo é o Hector. — Isso é problema seu, quero continuar te beijando mesmo que esteja amando o primeiro ministro. — Pelo amor, Jack — Angus sussurra. Abro um sorriso e ele não tem como segurar a risada. — Eu preciso ficar longe de você. — Então tente. Às 3PM lembrei do trabalho que tinha com Ezra e Riky na biblioteca. Tínhamos combinado na semana passada depois deles ficarem esperando até às 6PM por mim e eu não aparecer porque Kira decidiu ficar presa no banheiro do próprio dormitório. “Você tem que se ferrar sozinho e não levar a gente junto,” Riky disse durante a aula de matemática quando pedi o caderno emprestado. “Marcamos de novo na semana que vem. Espero que venha,” Ezra forçou um sorriso e deu um tapa no meu ombro. A visto eles juntos na mesa central da biblioteca com dois livros. Estão rindo de alguma coisa, mas param de rir assim que chego. — Jack, é verdade que não sabe ler? — Riky olha rapidamente para Ezra e continua: — Ouvimos o professor de literatura comentar durante a aula. Balanço a cabeça. — É, tenho TDAH. — Ah… então é por isso que suas notas são ruins em literatura? — Ezra fecha o livro para prestar atenção. — Não, isso é porque não chupo o pau dele. Riky e Ezra ficam parados com os olhos arregalados antes de rirem. — Você é péssimo, cara! — Não, não sou tão péssimo. E eu sou bom em outras matérias como ciências e matemática, só que tenho dificuldade em ler e escrever — passo a palma da mão na nuca. Ezra me olha como se eu fosse algo muito exótico e Riky como se tivesse descoberto o que já sabia. — Bem, a gente estava lendo Game of Thrones para fazer o trabalho de literatura — Ezra mostra a capa do livro. — Você já leu? — Ezra dá uma cotovelada no Riky. — Quer dizer, já ouviu falar? — Senhor dos Anéis é melhor — estico-me na cadeira, dando um bocejo. — E como você sabe que é melhor se não sabe ler? — Riky balança o rosto desdenhando. — Kira leu todos os livros para mim. — Leu mesmo? — Ezra levanta uma sobrancelha. — Leu até o Hobbit e A dança dos dragões. Daenerys ainda está em Meereen e John está morto — pisco para eles. — Então já que leu mesmo, fala o por quê de um ser melhor que o outro? — Ezra cruza os braços e os coloca em cima da mesa, chegando com rosto mais perto. — Simples, um tem final e o outro não. Ezra e Riky balançam a cabeça e passam a discutir entre eles se seria melhor pegar outro livro para o trabalho. Ezra se irrita com Riky por querer pegar Harry Potter e não Percy Jackson, e ficam discutindo por um longo tempo até decidirem pegar A Fundação. — Pronto, eu e o Riky vamos fazer a introdução e os textos, e você pode fazer as ilustrações. — Tá bom. Vou demorar um pouco para entregar. — Entregando, não tem problema — Riky me encara como se eu tivesse pronto para cometer um crime. — Vou entregar — puxo o livro para mim e passo algumas páginas para ver se tem algumas ilustrações além de várias letras enfileiradas. — Não tem imagens — Riky diz preguiçosamente com o rosto apoiado na mão. — Vou pedir para a bibliotecária se ela imprimi algumas ilustrações do livro na internet para ajudar você. Ezra puxa o livro para si e se levanta, quando fica mais distante, Riky para de apoiar o rosto na mão e começa a olhar fixamente para mim. Os olhos azuis grudam em mim e os dedos começam a bater na mesa. — Você é gay, não é? — Tem algum problema? — ajeito-me na cadeira. — Por mim não, só não estando apaixonado por mim já está bom. — Você é feio demais, não faz meu gosto. — Mentira, as garotas brigam para me mamar. — As garotas também me disputam, mas não quero nenhuma. Riky dá um sorrisinho debochado. — Ah é? E já foi mamado por quantos garotos? — Bem… — olho de relance para a entrada da biblioteca e vejo Kira com o copo descartável vindo até mim. — É sua irmã alí, né? — Ezra surge de repente. — É. Kira já está com o pijama de dormir e com pantufas. Ela acena brevemente para os meninos e cutuca meu ombro. — Trouxe seus remédios, se não vai esquecer de tomar. Abre a mão — ela j**a os comprimidos na palma da minha mão e me dá o copo d'água. — Jack contou pra gente que é gay — Riky fala como se fosse algo surpreendente, mas o único surpreso é o Ezra. — Até que demorou — Kira cruza os braços e aguarda eu tomar os remédios. — É… sério? — Ezra move os olhos para mim e depois para a Kira. — É — concordo. — Maneiro — ele sorri. Quando chego no dormitório, a primeira coisa que faço é começar o esboço de eu e Angus se beijando na escada. Prometi a mim mesmo que — será o meu melhor desenho. Pego o abajur de mesa do Walter e coloco em cima da nossa mesinha, pego todos os lápis e canetas antigas de Kira e, por fim, a última folha em branco do meu caderno. Descobri que tenho dificuldade com esboços. Apago o primeiro, depois apago o terceiro, depois o sexto até chegar em um esboço quase perfeito que ainda não estava perfeito. Apago tudo novamente e volto a refazer. A ponta do lápis quebra, a borracha borra os traços e cada vez que tento melhorar o esboço ele fica mais confuso. Rasgo a folha de uma vez e a lanço para bem longe. Vou tentar de novo mais tarde, talvez acerte ou erre tudo até ir dormir de raiva. Deito-me na cama, o quarto tem um cheiro quase viciante de meia suja e suor. Kira com certeza surtaria se viesse aqui, e é exatamente por isso que ela não vem aqui mesmo Walter sendo o namorado dela e eu o irmão. “Vocês que me procurem no meu dormitório, porque eu não vou ao de vocês nem ferrando. No máximo, passo só pelo corredor.” Deslizo levemente a ponta do dedo esquerdo pela parede da minha cama. Uma superfície plana e lisa com uma tinta boa. “Que porra é essa?” Walter irá dizer quando ver o que fiz na parede. Estou muito entusiasmado para me preocupar com a reação dele quando ver a minha arte. Começo testando os lápis que mais combinam com a superfície da parede e depois vou testando a borracha para saber qual é mais fácil de apagar. Testo tipos de lápis de colorir e até giz de cera. Inicio o esboço fazendo os rostos. Vou indo de um lado para o outro na cama, e cada vez mais e mais o esboço vai crescendo. Surgem mãos, silhuetas das roupas, cabelos, pernas… Só consigo parar quando fico totalmente cansado e jogo o corpo na cama. Meu peito fica inflando e desinflando até meus olhos fecharem. — Jack! — duas batidas na porta. Viro de lado na cama. — Jack! — três batidas. Abro os olhos. — Jack! — mais duas batidas na porta. — Já tô indo! — sento na cama, esfrego os olhos e levanto. Alice sorri assim que abro a porta. A franja ruiva está completamente perfeita e usa um terrível batom vermelho. — Obrigada por beijar Angus e deixar Hector ver. Não vou mais precisar dos garotos do time de baseball — é a primeira garota chinesa que vejo tão entusiasmada por um pau canadense. — Bem… — observo o corredor de um lado para o outro, — não foi nada e espero que faça o mesmo por mim. — Sabe que farei. Não tenho interesse no Hector com outra pessoa que não seja eu — Alice coloca o cabelo atrás da orelha e, com um grande sorriso, me dá um beijo na bochecha. — Seja feliz com ele e o deixe bem longe do Hector. Respondo com o mesmo sorriso e fico acenando até ela virar o corredor. Às 8AM entro na aula de literatura com Ezra e Riky. Riky tenta fazer uma piada ruim sobre o que disse ontem. “Isso é porque não chupo o pau dele.” — Se o professor for gay poderia oferecer um boquete rapidinho no banheiro. Daí a nota estaria garantida. — Não tem graça, Riky — coloco o caderno em cima da minha mesa tentando demonstrar não estar achando graça — mas quase rindo. — Ontem teve graça — Ezra se intromete. — Ontem não estávamos na aula dele. Riky me dá uma cotovelada. — Qual é cara? Pode aproveitar hoje para revelar seus desejos pecaminosos por nota. Riky e Ezra gargalham ao mesmo tempo, e ao mesmo instante, em que Hector entra na sala mal humorado. Ele coloca suas coisas sobre a mesa, observa a sala e, por um breve segundo, nossos olhos se encontram. Esfregando a babar, ele caminha em sentido à frente da minha fileira. Para, olha diretamente para mim e espera Ezra e Riky pararem de rir. — Bem, Jack Tanner, o psicólogo está te aguardando na sala dele. Pode pegar suas coisas e ir. Vou atestar sua falta. Fico olhando por alguns instantes tentando descobrir o que pode ser pelo seu olhar. — Pode ir — ele indica a porta com um rápido movimento feito com os olhos. — Nos vemos depois pessoal — dou um soco no ombro de Riky antes de sair da sala. Na sala de espera do psicólogo, Angus está lá sentado com um livro e a cabeça apoiada na palma da mão. — O que está acontecendo? — sento-me ao seu lado. — Fala em Francês — sussurra ele. — Ce qui se produit? — repito. — Je ne sais pas… — Angus levanta os olhos do livro. — Ils m'ont juste appelé pendant le cours de sciences. — Cela a-t-il un rapport avec Hector? — Je crois que tout est de ta faute. Seulement les tiens! — De novo essa merda? — senti vontade de fazer ele engolir o livro. — Em francês — repreendeu-me. — J'espère qu'il t'encule beaucoup — sussurro no ouvido dele. — Va te faire foutre! — Angus Wesler e Jack Tanner podem entrar — o psicólogo pede.____∞____ Era quente, o pai deles estava bêbado — muito bêbado. Eles voltavam de um passeio divertido no rio que tinha parado de ser divertido quando dois caras apareceram na mesa deles com garrafas de cerveja. Kira sabia que as coisas iam ficar ruins logo que viu os caras indo em direção a eles. Neste momento quis voltar para a casa com Jack e ficar fazendo dever de casa enquanto a mãe deles fazia o café da tarde. O sol já estava a se pôr quando entraram no carro. O pai deles xingava e tropeçava até conseguir entrar no carro. Kira colocou os cintos em Jack, enquanto ele fazia uma birra por querer ir no banco da frente, mas não tinha como colocar o bebê conforto na frente. Antes mesmo de terminar de colocar o próprio cinto, o pai deles acelerou o carro e seguiu pela estrada. Kira segurou a mão de Jack e não demorou para ele começar a chorar. A cada curva que o carro fazia parecia que eles iriam voar para fora da estrada. “Pai, tem como você ir devagar?” Pediu ela, começando a sentir as lágrimas escorrerem. Outra curva, Kira só não caiu em cima de Jack por conta do cinto. Novamente ela teve que pedir para ele ir devagar. “Por favor, devagar!” Gritou, tentando ser ouvida através do choro do Jack. “Fica quieta, vadiazinha! Eu sei o que tô fazendo!” As lágrimas de Kira aumentaram, mas desta vez ela sentiu raiva junto. Começou a chutar o banco do pai com toda a força e a última coisa que viu foi um caminhão com toras de árvore. Jack viu a mãe brevemente no hospital discutindo com a enfermeira e tentando passar pelos seguranças. “Eu não posso deixar você ir ver eles. Vão passar por uma cirurgia de emergência, está cheio lá dentro, senhora.” “Mas eu preciso vê-los! São meus filhos!” Ela chacoalhou a enfermeira enquanto as lágrimas caiam. Os seguranças agarraram ela pelos braços e a arrastaram pelo chão para longe do corredor do pronto-socorro.— Não fiquem com medo, não vão levar bronca. Podem se sentarem — o psicólogo Torry indica os lugares mostrando um sorriso. Jack olha desconfiado para ele, mas só decide se sentar quando eu me sento. A sala tem uma decoração bem minimalista construída em cima do cinza e do branco. Possui alguns vasos com plantas verde-escuras pelas mesas, quadros de diplomas e fotos de pássaros em preto e branco. — Soube que vocês estão tendo um relacionamento homoafetivo — o psicólogo sorri. — Foi o merda do seu professor — Jack cochicha. — Mas a culpa foi sua — cochicho de volta. — Enfim, não importa quem é o culpado. Fico feliz por vocês dois — ele pega duas pastas e as abre. Coloca os óculos, lê por alguns segundos e depois coloca os óculos de volta na parte de cima da cabeça. — Ambos têm transtornos psicológicos. Angus tem bipolaridade tipo 2 e você, Jack, TDAH. Os dois tomam os remédios corretamente? — Eu tomo. Você sabe que Kira me dá todos os dias. — Sim, ela anota no cal
Jack fecha à porta após eu entrar.— Pensei que não vinha mais, por que demorou? — meus joelhos ainda estão doendo, não o respondo, e ando no sentido da pia para aliviá-los com água. Ligo a torneira, começando a esfregar cada um dos joelhos enquanto ouço Jack falar um monte de coisas sexuais sobre a minha demora. “Sim, Jack, eu estava chupando Hector, por isso estou com os joelhos doendo.” Mais fácil dizer isso para ele do que contar que descobri como Eltery se tornou líder do time de basebol. É incrível como Eltery chupando a professora de educação física consegue tantos privilégios, e eu tirando todo o leite de Hector não consigo nem um “+” nas provas de literatura.Bem, ele pode não me dar notas altas, mas me traz comidas de fora do internato com roupas. As vezes me traz a b&iacut
Retorno ao dormitório e acabo encontrando Feller acordado. Ele está na nossa mesinha perto da janela, iluminado pelo abajur enquanto escreve alguma coisa.— Onde estava? — questiona ele, sem se virar para olhar.— Estava com Jack — respondo, tirando os sapatos e colocando perto da porta.— Você não vivia dizendo que não gostava dele?— Bem… — olho para o teto —, talvez ele não seja tão ruim — é sim. Guardo a escova e a pasta dentro da gaveta e me dirijo para a cama.— Tão ruim? Heather falou que ele vive em cima de você — a cabeleira loira de Feller balança quando se vira.— É, ele fica. Mas ele só tá tentando amizade..— Certeza?— Aham… não é da sua conta — digo estupidamente, relembrando d
— De novo atrasado, Angus? — indaga Hector, no momento que entro na sala. Ele solta a caneta em cima dos papéis e ergue-se da cadeira. Todo mundo está me encarando e, alguns poucos, fingem estar com a atenção na lousa, mas com certeza estão esperando ansiosos pela minha advertência.— Desculpa — digo. Hector vem caminhando na minha direção. Seus cabelos ruivos, estão em cachos perfeitos, ele transpira um perfume agoniantemente provocante e as sardas nas bochechas estão mais nítidas que antes. E sua face está assustadora, ou eu estou assustado demais?Maldito Jack, se não tivesse ficado conversando com ele na escadaria, não estaria acontecendo isso.— Continuem fazendo as atividades, vou falar com o sr. Wesler e volto em breve — declara ele e coloca a mão no meu ombro, me guiando para fora da sala. Quando fecha a porta, conti
Durante o restante da aula de literatura, Hector não parou de me observar. Parecia uma constante câmera que movia os olhos a cada movimento que fazia. Incômodo.Um dos alunos ao meu lado, passou a notar os olhares dele, fazendo que Hector desviasse o rosto, mas isso não o desmotivou, e continuou me observando pouco tempo depois. Estava começando a desconfiar que Hector queria deixar os alunos suspeitarem de algo entre a gente.Coisas como essas jamais aconteceriam se Hector estivesse sóbrio.Ele volta a sorrir para mim de relance, está apenas a uma carteira de distância, seu corpo, está apoiado na mesa do professor, esperando os alunos entregarem o restante das atividades.A minha atividade já está pronta, porém, queria ficar enrolando até o final da aula para ficar apenas nós dois na sala. Parece uma grande idiotice para quem estava com
Na quarta-feira desisti de três aulas para ensinar sobre coesão textual para Jack, no refeitório, após ele insistir muito e me trancar no meu próprio dormitório. A sorte que tive foi que, se ajudasse no reforço dele e de outros alunos em Literatura, minhas faltas seriam descontadas. E qual o melhor jeito disso acontecer não sendo ajudando o garoto que é motivo das minhas faltas?Acabei aceitando, já que não tinha muito o que perder, mas Jack, pelo contrário, tinha bem mais o que perder.A redação que Jack está se preparando é sobre o livro The Handmaid's Tale, que será na quinta-feira, e ele quase não sabe escrever algo decente. Quer dizer… Jack não sabe escrever quase nada decente. Provavelmente deveria ter faltado quase todas as aulas de Língua Inglesa.Ele consegue escrever mais erros ortográficos
O calor começa a se espalhar por todo o meu corpo junto com arrepios.Com certeza poderia beber qualquer coisa da geladeira da cantina. Passo a mão na testa e sinto gostas de suor espalhar-se pelas costas da mão. Eu realmente estou suando igual um porco. Nenhuma novidade.— Oh, desculpa a demora — ouço a senhorinha dizer e me dirijo para ela.— Tudo bem — tento ser educado, mas ainda com os olhos nas mesas e querendo entender o que merda Alice Kayller está dizendo para Jack e ele está rindo. Que merda essa garota faz alí na verdade?— Está aqui sua bebida, irá querer só uma mesmo? Parece que vocês têm mais companhia agora.— Sim… só... uma e… — volto a olhar para eles e depois para a senhorinha —, obrigado — respondo ansioso e pego a garrafa do balcão.— De
A quadra não tem cobertura, até porque não tem sol para isso. Heather está congelando e se esfregando em mim como se fosse uma cachorra sardenta. Romy tinha nos obrigado a correr dez vezes em volta da quadra e fazer no mínimo cinco flexões. Hoje ela está empolgada, mesmo com o inverno chegando. Na verdade, o inverno nunca foi um real problema para Romy nos escravizar.— Eltery está olhando de novo para a gente — Heather comenta se jogando no banco da arquibancada. — Eu realmente não sei o que esse imigrante tá olhando.— Heather! Isso é xenofobia.— Hoje em dia tudo é xenofobia. Se ficassem no país deles não ficariam ofendidos — ela cruza os braços e começa a encarar Eltery, que percebe e volta a correr. — Agora parou de olhar — diz e puxa a garrafa de água da lateral da bolsa.—