A Escola

Aquele sinal barulhento, como uma corneta distorcida, estridente que precisava ser arrumado a tanto tempo, indicava a tentativa de trazer alguma ordem para aquela “reunião” social, que qualquer um poderia, de longe, imaginar ser mais uma espécie de “convulsão” social. Jobson ia para a escola ainda, muito mais para incentivar os irmãos e acompanhá-los e porque sua mãe insistia que ele precisava. Mas estudar era uma das poucas coisas que ele conseguia fazer, ali. Preferia fazer a maioria das tarefas, que os poucos professores que ainda se importavam passavam, em casa. Até porque, mesmo que fosse dividindo-se em outras atividades do lar, lá, ele ainda tinha algum sossego. Mas na escola, durante a aula, a bagunça lhe dava dor de cabeça, se tentasse ler. Nas aulas vagas, na ausência de algum professor, tentava se isolar para ler, sem sucesso ou buscava a "pseudo" biblioteca da escola, mas o cheiro de lá não era muito agradável. E ele, por algum motivo que ele não sabia explicar, atraía as pessoas. Todo mundo gostava dele. Ele não se sentia bonito, nem atraente. Não se achava simpático. Era gentil, cordial, tinha bom coração, respondia bem todos que falavam com ele. Mas definitivamente não buscava e nem queria a atenção que lhe davam. Sentava num canto pra ler e sempre vinha alguém perguntar o que ele lia. Ele explicava e os assuntos vinham. Logo um evento se formava, mais pessoas surgiam a sua volta, ideias se conectavam e tudo virava uma festa. E ele também gostava muito de atividades físicas. Era ter algo na quadra, a bola o chamava. Não era bom, mas esforçado. Incansável era a palavra certa. Adorava esportes como um todo. Se sentia renovado e realizado quando vencia. Ele adorava jogos. Todos eles! Adorava disputar, era muito competitivo, mas não de um jeito chato. Se entregava!

E de uns tempos para cá, havia uma garota. Sempre tem uma garota. E a primeira vez que ele reparou que ela olhava para ele atentamente e sorriu, ele tomou uma bolada na cara. Era uma bola de basquete. A queda não doeu tanto quanto os risos dela e de seu grupinho. Ela era de um ano a mais que ele. Mas parecia bem mais velha. Experiente e confiante, nada do que Jobson sentia ser. Constantemente as rodas de conversa dela e de suas amigas passaram a ser ao redor das quadras, enquanto ele jogava. Aquilo passou, com o tempo a ser uma motivação nova para Jobson querer ir pra escola. Kelly, esperta e observadora, rapidamente percebeu o que acontecia ali. Evidentemente Jobson desconversou quando a irmã veio com piadinhas e deboches. "Aí tem coisa!", dizia ela! Jobson respondia que não tinha nada. Realmente não tinha nada, afinal sequer haviam trocado uma palavra. Bem que ele gostaria que ali tivesse coisa, como a irmã falava. E Jobson pensava como era injusto sonhar com isso, com tantos sonhos que ele deveria priorizar. Mas antes dos sonhos ele ainda precisava dar prioridade para a realidade e essa sim era muito mais difícil. Estava cada dia mais perto de sair da escola e não se sentia preparado para conseguir nenhum tipo de oportunidade de continuidade nos estudos e isso lhe deixava pesaroso. Sabia como seria quase impossível retornar para os estudos um dia caso não pensasse na continuidade agora. Mesmo que fosse através de um curso técnico. Tinha recebido a indicação de um professor para buscar se candidatar às vagas que abririam, em breve, de bolsa em um curso não tão conhecido. Talvez, por esse motivo, tivesse um pouco mais de chance de conseguir. Mas era distante o local da inscrição e ele não sabia como conseguiria ir. Ele pensou que provavelmente esse seria mais um não acontecimento que ficaria apenas marcado como uma lembrança em sua vida, como os sonhos.

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