CAPÍTULO 2: A NOTÍCIA

CAPÍTULO 2: A NOTÍCIA

No palácio do capetiano monarca, estavam alguns servos da corte cantando uma música chamada Olim Sudor Herculis. As melodias eram singelas e quando tocadas, faziam com que o ritmo acelerasse com aquela letra que retratava a mitologia grega. Os compositores queriam agradar as figuras poderosas com suas obras primas. Ela falava da força de Hércules, de como o seu esforço fora estrondoso para enfrentar tantos monstros, - obstáculos que arruinavam o reino e deixavam vidas em desespero - e falava da perseverança que o trono deveria ter para agir da mesma forma, ao inspirar-se no semideus. Ela dizia:

Era uma vez a força de Hércules,

Que feriu a cabeça da Hidra temida

As pragas invadiram os templos

Decepando os mortais.

Os brilhos se resplandecem,

Quando ele vence a batalha

E assim os novos campos florescem

Até ele se tornar famoso!

A escuridão cega não o maltratou

Ele a venceu e a derrotou

Ovacionado pela plateia das musas

O povo com ele se contentou!

Aqueles que são famintos de amor

Se satisfizeram

Os amantes perdidos se encontraram em seu elo.

Não chore mais, meu bem

Ele derrotou o inimigo, você sabe quem!

Vênus nasceu e se alegrou!

Nasceram flores, a primavera chegou!

E o grito ensurdecedor do mal passou!

A garota de sorriso encantador

Tocou o coração do semideus

Que se tornou o mais forte dos deuses!

O javali matou o leão

E o rugido envaideceu as bocas dos tolos

Agora Júpiter se enriquece com as festas

Comemorai com o vencedor!

Agora Hércules junto à sua musa,

Começa a entoar cânticos com lábios de mel

O beijo celestial dos gregos

Faz chover mananciais puros de alegria na Terra

Que se delicia com o seu cantar!

O maravilhoso castelo francês de Fontainebleau era repleto de ornamentos dourados, de tochas cintilantes e havia esplendor em suas pinturas, que traziam mulheres belas e com silhuetas dançantes e paisagens ricas de cenas do cotidiano, colocando animais que pareciam até saltar das delas pelos detalhes riquíssimos. Havia cheiro de jasmim, um perfume tão fácil de ser sentido que era quase como se fosse caminhar pelas ruas e sentisse o cheiro das das flores das árvores. Existia um cômodo mais secreto, que continha os retratos dos antepassados governantes do reino. Havia janelas translúcidas, delas irradiava a luz solar. Nas salas sempre havia esculturas de marfim de anjos, musas que pareciam segurar o peso do teto do palácio em seus ombros. Alguns acreditavam que elas realmente eram tão fortes e poderosas que se jamais estivessem ali, o teto não suportaria sozinho e cairia. Também alguns diziam que elas estavam petrificadas, mas que com a música ideal, elas voltavam à vida e podiam cantar junto com os humanos.    

De repente, ouvem-se batidas na porta daquela sala palaciana de Felipe IV. O dia estava cinzento, parece que não chovia há décadas e com a chegada daquela notícia, o coração do monarca, o Belo, estava prestes a se desmanchar.

Ao abrir a porta do cômodo, surge a imagens de cavaleiros com armaduras metálicas prateadas. Aquilo assustava tanto Felipe IV, que seu peito disparava de ansiedade, sem ele ao menos saber do que se tratava.

- Caríssimos companheiros de longa jornada, vim para anunciar uma terrível notícia, ilustríssima Vossa Majestade, Felipe IV, o Belo! – O cavaleiro ergue uma das mãos com um pedaço de pergaminho e começa a ler:

- Com toda a vossa permissão, é com triste semblante que venho vos anunciar a notícia, de que o pai do monarca Felipe IV, o Belo, Felipe III, o Bravo, o rei dos muros de Túnis, foi morto durante a malsucedida “cruzada de Aragão”.

- O quê? Oh não! – Felipe IV entra em estado de choque.

- Lamentamos muito o ocorrido. Alguns confiáveis do reino disseram ter sido uma vingança pelo massacre das “Vésperas Sicilianas”. – disse o cavaleiro, que se ajoelha em posição de reverência.

O rosto de Felipe faz uma expressão de amargura e de seus olhos já avermelhados saem lágrimas:

- Não pode ser! Meu querido pai.... Mataram meu querido pai! Canalhas! – Aquilo pareceu um soco no estômago. Felipe IV se enfraquece com a dor da perda e cai de joelhos no chão e começa a prantear.

- Eu sinto muito pelo que aconteceu... – consolou o cavaleiro, tocando em seus ombros, humildemente. – Que Deus o console e lhe dê forças neste momento...

- Obrigada. – Felipe tentava engolir o choro, já com os olhos enxarcados, sentindo-se injustiçado e angustiado. – Ainda vão pagar! Malditos! Impostores! – socou uma das mãos no chão, com raiva e força.  

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