Capítulo Três: Dane-se O Perigo.

Acordo mais cedo do que o normal, olho pela janela e o sol ainda está terminando de nascer, tomo coragem para levantar da cama e vou para o banho, sem muita demora, saio do banho, coloquei uma calça preta e uma blusa que deixa minha barriga a mostra, depois de comer um pouco da salada de frutas que minha mãe fez ontem, resolvi sair para correr, deixei um bilhete na geladeira, falando que não demoraria para voltar.

            Tranquei o portão e comecei a correr pelo morro, e só então o sentimento de estar em casa me invadiu novamente, algumas pessoas me cumprimentaram outras apenas viravam a cara ou sorriam com desdém. Meu pai não é amado por todos, assim como o resto da família, mas uma das coisas que me fazem sentir em casa novamente, é justamente o fato das pessoas que vivem no morro, nunca perderem a esperança de ter algo melhor, vi algumas pessoas indo trabalhar, crianças indo para a escola, meninas nas calçadas conversando, mesmo com tanta dificuldade, que a maioria passa, pois viver no morro não é um mar de rosas, os moradores daqui nunca tiram o sorriso do rosto, dá pra ver a esperança em seus olhos, alguns estampam a vontade de sair do morro, outros de apenas ter o que colocar na mesa para seus filhos comerem.

            Acelero a minha corrida e subo até a parte mais alta do morro, alguns vapores estão treinando suas miras, segundo minha mãe, é assim desde que ela pisou aqui no primeiro dia, sentei em um dos bancos e fiquei observando eles, me lembrei de quando era adolescente ainda, Thiago foi quem convenceu meu pai a me deixar atirar, foi ele que também me ensinou a atirar, sempre vinhamos nesse lugar treinar a mira. Respiro fundo expulsando esses pensamentos, meu pai provavelmente mandaria alguém para me procurar se eu não voltasse para casa logo, então corri até em casa, abri a porta lentamente e dei de cara com o meu pai sentado no sofá, olhando para o nada.

— O que aconteceu?  – Pergunto sentando ao seu lado.

— Estava esperando você chegar para tomarmos café juntos.  – Meu pai fala e eu o abraço.

— Já falei que você é o melhor pai do mundo?  – Pergunto e ele gargalha.

— É tão fácil te comprar com comida Sophi!  – Meu pai fala. 

— É comida pai, a carinha é de musa fitness, mas o estomago é de pedreiro!  – Falo e ele começa a rir. 

            Andamos até a cozinha, e me assustei com o tanto de comida que tinha na mesa, tinha bolo de chocolate, suco, café, pudim, torrada, salada de frutas, empadão e mais uns salgados, encarei meu pai e ele começou a rir sem parar.

— Okay, você já pode falar o que eu fiz de errado e por que essa vai ser a minha última refeição?  – Falo e meu pai ri mais ainda.

— Você não fez nada!  – Meu pai fala. 

— O senhor e a mãe estão se separando e essa é a forma de me contar?  – Pergunto e ele gargalha. 

— Vira essa boca para lá menina – Minha mãe fala chegando na cozinha. 

— Com esse tanto de comida, dá para desconfiar de tudo mãe!  – Falo e ela gargalha.

—Eu não sei o que aconteceu, mas sei que estou morrendo de fome!  –  Bryan fala entrando na cozinha. 

— É impressionante, falou em comida, todo mundo dessa casa acorda!  – Meu pai fala sentando na mesa. 

— E o primeiro pedaço desse bolo aí é meu!  –  Thomas fala entrando na cozinha.  

— Okay família, todos na mesa!  – Minha mãe fala. 

            Corro para acordar o Kauan, abro a porta do seu quarto lentamente, meu irmão está dormindo tranquilamente, sorrio e então pulo em cima dele.

— ACORDA SEU ARROMBADO!!!  –  Grito no seu ouvido.

— Vai para a porra Sophi.  –  Kauan fala me jogando da cama. 

— Eu sou uma boa irmã e vim te acordar para o café da manhã seu ogro!  – Falo pulando na sua cama de novo. 

— Se eu não te amasse eu te dava um tiro –  Kauan fala revirando os olhos. 

— Bora maninho, te espero lá em baixo –  Falo e saio do quarto.

            Depois de tomarmos o café pulei na cama dos meus pais junto com o Bryan, assistimos alguns episódios da minha série favorita  –  Greys anatomy  –  o Kauan entrou pela porta, pálido e com a sua arma na mão.

— Sophi, arrumar suas coisas o mais rápido possível, vou te levar pra outro lugar, os rivais descobriram que você está aqui  –  Kauan fala e Bryan se levanta na mesma hora e pega a pistola do nosso pai que estava na gaveta ao lado da cama.

— Eles estão invadindo?  –  Bryan pergunta e eu levanto. 

— Não! Anda Sophia! Tenho que te tirar daqui o mais rápido possível!  –  Kauan fala e eu bufo.

— Gente, chega eu não vou sair daqui, deixa eles ameaçarem, se quiserem invadir deixa que tentem, eu estou cansada de fugir, cansada de não ver vocês, de não ter o colo da mãe, de não ter uma vida, se eles quiserem, que venham me matar aqui por que daqui eu não vou sair  –  Falo e o Thomas aparece na porta.

— Ela tá pronta?  –  Thomas pergunta e o Kauan me olha.

— Ela não vai!  –  Kauan fala e o Thomas soca a parede. 

— Sophia, você vai sim!  –  Thomas fala e eu  sento na cama de novo.

— Eu já falei que não vou sair daqui!  –  falo e ele bufa de raiva.

— Você não está entendo Sophi, eles mataram uma mulher achando que era você!  –  Thomas fala e eu fico em choque. 

— Eles mataram uma pessoa?  – Pergunto olhando para ele.

— Sim eles mataram porque acharam que era você Sophia –  Thomas fala. 

— Sophi você sabe que eu seria o primeiro a te apoiar, mas você precisa ir!  –  Bryan fala e eu o encaro. 

— Eu não vou ir eu não vou sair de perto de vocês se eu ficar longe as ameaças não vão acabar elas só vão mudar de lugar quando eu estava em São Paulo a tia Pitty recebia ameaças todos os dias!  – Falo e eles se entreolham.

— Aqui não é seguro!  – Meu pai fala entrando no quarto. 

— Eu não ligo se é seguro ou não preciso ficar perto de vocês, vocês são a minha família e se eles quiserem me matar tudo bem! Eu vou morrer por ter feito a melhor escolha da minha vida que é ter ficado perto de vocês! O morro é bem protegido, eu sei atirar, eu quase nem saio de casa e além do, mas a mamãe, o Kauan, O Thomas, você e o Bryan são a minha família, eu não vou ir embora – Falo e meu pai revira os olhos. 

— Você fica, mas nas minhas condições, vou pedir para um segurança da minha confiança te acompanhar aonde quer que você vá, entendeu Sophia?  – Meu pai pergunta me olhando.

— Sim!  –  Falo e vejo Bryan sorrir de lado.

   Depois que meu pai saiu do quarto Bryan pulou na cama novamente junto comigo.

— Sabe Sophi, o pai sempre disse que você tinha herdado o temperamento da mamãe e a coragem dele, é bom saber que isso é verdade!  –  Bryan fala e começamos a ri.

            Quando minha mãe chegou eu e meus irmãos já tínhamos feito a comida, Minha mãe quase surtou quando tocamos no assunto da ameaça meu pai permaneceu em silêncio o tempo todo, era claro que ele estava contra minha decisão de ficar, eu sei que para ele ver uma garota ser morta por ser parecida com a sua filha quer dizer que essas ameaças não vem de alguém fraco, e quer dizer que uma inocente morreu por minha causa, jurei pra mim mesma que ninguém além de mim seria mais ferido nessa história, a decisão de ficar com a minha família e arriscar a minha vida com toda a certeza teria consequências, e eu estou disposta a encarar todas.

             Depois do jantar ajudei minha mãe a lavar a louça, e depois de muito me revirar na cama finalmente peguei no sono. 

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