Capítulo Dois: Voltando para casa.

Termino de arrumar meu cabelo e respondo mais umas das vinte mensagens que minha mãe me mandou, minha ida para o Rio de Janeiro está preocupando mais a ela, do que a mim mesma.

                Depois de garantir que eu ficaria bem para ela e conferir as malas, novamente, visto meu macacão preto de tecido leve, pois segundo Kauan –  Meu irmão –  está fazendo mais calor que o normal por lá.

            Antes de sair do apartamento onde passei os últimos quatro anos da minha vida, respiro fundo e dou uma boa olhada no mesmo, que agora seria da filha de uma ex funcionaria do meu pai, Carol Bertholo, filha de Mariza Bertholo –  vulgo Mari –  alugou ele de mim e garantiu que manterá ele em perfeito estado.

            Respiro fundo e dou um jeito de carregar minhas malas até o térreo do prédio sozinha, na portaria, se Elizeu  –  sindico e porteiro do prédio  –  me olha negando com a cabeça.

— Poderia ter me pedido ajuda menina Sophi!  –  Seu Elizeu fala e eu sorrio amigavelmente.

— Já sou grandinha seu Elizeu!  –  Falo e ele ri.

— Boa viagem menina, se cuida! Espero que seja feliz!  –  Seu Elizeu fala e eu concordo com a cabeça.

— Estou rezando para isso! Até mais!  – Falo e vou ao encontro da minha carona.

            Patrícia Gouveia, popularmente conhecida como Pitty –  ou como “Patroa” –  É uma das amigas mais antigas do meu pai, ela comanda oito morros em São Paulo, mas, para mim, que cresci no meio desse mundo, ela é apenas a “Tia Pitty”.

— Oi traidora!  –  Pitty fala e eu sorrio por conta da sua cara amarrada.

— Por favor tia, não começa!  –  Falo e ela ri, guarda minhas malas no porta malas e fecha o mesmo.

— Oi biscate!  –  John, filho da Pitty, fala assim que entro no carro.

— Desculpa, achei que a Emanuelle estivesse ficado em casa!  –  Falo em tom de ironia já que a ficante dele não estava junto.

— Você é má!  –  John fala e eu gargalho.

— Escuta, seu pai vai te buscar no Aeroporto, já confirmei com ele!  –  Pitty fala e eu rio.

— Quantos anos vocês acham que eu tenho?  –  Pergunto.

— Oito!  –  John fala rapidamente.

— Dez!  –  Pitty responde logo em seguida.

— Vocês são péssimos!  – Falo e assim, fomos até o Aeroporto.

            Quando chegamos, fiz o Check– in e esperei meu voo ser chamado, Pitty e John ficaram comigo até a última chamada do voo, abracei eles e me despedi, quando sentei na poltrona do avião, um calafrio percorreu a minha espinha, definitivamente, em alguns minutos eu estaria em casa.

            Sai do avião ainda sem acreditar que estar de volta me deixaria tão feliz como agora, pego minhas malas e mando, mensagem para o meu pai mais uma vez, digamos que ser pontual não é o forte do senhor Bernardo Novack.

            Segundos depois, sou levantada do chão por dois braços fortes.

— Pirralha! Que saudade!  –  Thomas fala e eu o abraço forte.

— Solta logo ela!  –  Kauan reclama com Thomas, que me solta depois de me dar um beijo na testa.

— Sentiu minha falta?  –  Pergunto olhando para Kauan.

— E você ainda pergunta?  –  Kauan fala e me abraça forte.

— Gêmea do mal!  –  Bryan fala me puxando, abraço meu irmão gêmeo, que sorri feliz da vida.

— Parece aquelas cenas de novela!  –  Bryan fala e eu reviro os olhos rindo e soltando meu pai.

— Como foi a viagem?  –  Thomas pergunta.

— Tranquila! Mas eu não via a hora de ver vocês!  –  Falo e eles riem.

— Um ano sem vir nos visitar, sua sem sal!  –  Bryan fala e eu o encaro.

— Era a mesma distância!  – Falo e ele ri.

            Entramos no carro ainda conversando sobre tudo o que estava acontecendo, quando chegamos no morro, reconheci algumas pessoas, meu pai estacionou o carro na garagem e ajudei meus irmãos com a mala. Bryan ficou reclamando do peso da mala até levar um tapa do meu pai.

— Tem rodas na mala jumento! Use elas!  –  Meu pai fala e eu gargalho.

            Assim que abri a porta de casa, um coral se formou.

— Surpresa!  –  Todos gritaram.

            Ali estavam meus amigos de infância, Rafaela, Geovane, Emily e também meus tios/tias de consideração, Leonardo, Annie, e alguns funcionários do morro, como, Fabricio, Theles e Enzo.

— Ah, eu sabia que vocês iam aprontar algo!  – Falei e todos vieram me abraçar.

            Depois de falar com quase todo mundo, um homem se aproximou, ele tinha um olhar perdido demais, quase, perigoso, ele abriu um sorriso amigável e eu, retribui.

— Oi, sou Diogo Santini é um prazer te conhecer!  –  Diogo fala e eu sorrio.

— É bom te conhecer também. Você é novo aqui?  –  Pergunto e ele franze a testa.

— Não está me reconhecendo baixinha?  –  Diogo fala e eu encaro ele novamente.

— Ah não! Você é o Diogo?  –  Pergunto e ele ri.

— Em carne e osso!  –  Diogo fala e eu me lembro das nossas constantes brigas quando éramos pequenos.

             Diogo morava no morro quando éramos pequenos, ele se tornou o melhor amigo dos meus irmãos e meu arque inimigo, naquela época Diogo me chamava de mimada quando eu chorava por não me deixarem brincar com eles, quando ele fez seis anos, algo na vida da mãe dele mudou e eles foram embora, nunca mais tinha visto Diogo novamente, e agora, olhando para ele, existia algo diferente em sua expressão, e não era por conta da barba ou dos músculos definidos, ele parecia não querer olhar nos meus olhos. 

— Desculpa, é que você não está exatamente igual quando criança!  –  Falo e ele ri.

— Isso foi quase um elogio Sophia!  –  Diogo fala e eu sorrio.

— Sophia, sobe e põem um biquíni  –  Rafaela fala e eu a encaro.

— Do nada, garota?  –  Pergunto e ela ri.

— Anda! A piscina nos espera!  –  Rafaela fala e eu apenas concordo e subo as escadas.

            Coloco um biquíni azul marinho e desço novamente as escadas, apenas com o protetor e a toalha na mão, quando chego a área da piscina, Rafaela e os outros já estão na mesma, pulo na piscina e começamos a conversar e brincar na água.

            Quando a maioria das pessoas já tinham ido embora, puxei a Rafaela para o canto da piscina.

— Rafa, quando que o Diogo voltou?  –  Pergunto e ela me encara.

— Sei lá Sophia, dois meses atrás! Porque?  –  Rafaela pergunta.

— Não sei, ele está diferente!  –  Falo e ela me encara.

— Tudo bem achar ele gostoso Sophia, todo mundo acha!  –  Rafaela fala e eu gargalho voltando a brincar na agua enquanto os meninos preparavam o churrasco.

            Quando escutei Bryan falando que nossa mãe havia chegado, corri para fora da piscina e me enrolei na toalha esperando a mesma.

— MINHA MENININHA!!!  –  Minha mãe grita e corre me abraçar. 

— Oi mãe!  –  Falo e ela quase me esmaga.

— Você cresceu tanto!  –  Minha mãe fala e meu pai começa a rir. 

— Amor não ilude nossa filha, ela não cresceu nada. – Meu pai fala e minha mãe revira os olhos. 

— Cala a boca Bernardo! – Ela fala e eu começo a rir. 

            Paramos de nos abraçar e entramos na casa, minha mãe me arrastou para o quarto dela para escolhermos a roupa para o baile, depois que ela tomou banho, eu entrei no chuveiro, já que seria ela que iria escolher minha roupa para o baile, que pelo que conheço minha mãe, vai irritar meu pai com o tamanho, mas para variar ele sempre acaba concordando com ela.

Uma coisa que admiro no amor dos meus pais, é que mesmo depois de anos e de tantas dificuldades o amor deles só cresce, meus pais tem temperamentos diferentes, minha mãe prefere resolver as coisas conversando, meu pai já prefere ameaçar, mas quando o assunto é o casal Bernardo e Lia ele deixa a marra de lado e ela entende seu jeito, nunca vi meus pais ficarem um dia inteiro brigados, nem mesmo nos piores momentos, isso me faz querer ficar cada vez mais perto deles, a alegria e amor deles,  fez eu e meus irmãos crescermos na melhor família possível, com os melhores pais do mundo.

    Terminei de lavar meu cabelo e sai do banheiro enrolada na toalha, e dou de cara com a roupa que a minha mãe tinha escolhido e deixado em cima da cama, um short jeans claro e uma blusa preta aberta nas costas, terminei de secar meu cabelo e fiz uma maquiagem pra noite, coloquei meu salto preto e desci as escadas, meus irmãos estavam sentados na sala junto com minha mãe e meu pai, fui até a cozinha e peguei uma maça pra não ir pro baile de estomago vazio, quando fui jogar a casca no lixo escutei os gritos 

— SOPHIA, TA MORTA AI EM CIMA?  –   Bryan grita do sofá 

— Eu estou aqui!  – Falo entrando na sala e ele me encara 

— Com essa roupa?  –  Kauan pergunta 

— Virou meu pai?  – Pergunto e minha mãe começa a rir 

— Ele não, mas eu sim pode ir colocar um short maior!  – Meu pai fala 

— Não mesmo, minha menina acabou de voltar para casa, parem de querer m****r nela. – minha mãe fala e meu pai bufa, solto uma risada baixa

— Vamos?  – Thomas pergunta 

— POR QUE OS DONOS DA PORRA TODA AINDA NAO TIRARAM O CU DE CASA?  –  Rafaela grita entrando pela porta 

— Por que a Sophia está mostrando o dela!  –  Bryan fala e eu o encaro

— Quer morrer?  – Pergunto encarando ele 

— Hoje não!  –  Bryan responde rindo

— Vamos logo!  – Minha mãe fala e então finalmente saímos de casa 

            Meu pai foi dirigindo, quando chegamos no baile algumas pessoas encaram o carro e outras apenas desviaram o olhar, depois de estacionar o carro andamos até a entrada, quando o segurança nos viu abriu passagem fomos pra área VIP, depois de alguns minutos cumprimentando as pessoas resolvi ir no bar pegar algo pra beber.

— Uma Skol beats por favor!  – Pedi e o barman foi pegar

— Você não acha que é muito cedo para ficar bebendo? –  Uma voz fala no meu ouvido me fazendo dar um pulo de susto, me viro pra ver quem é

— Credo, brotou do chão!?  –  Falo para Diogo que está parado ao meu lado.

— Quem brota do chão é planta Sophia!  –  Diogo fala rindo da minha cara 

— Aqui moça!  –  O barman fala e me entrega a Skol 

— Obrigada!  – Falo e ele se afasta quando virei novamente Diogo tinha evaporado, revirei os olhos e resolvi procurar a rafa 

            Depois de uns cinco minutos procurando ela, finalmente achei, sentada fazendo cara de tédio.

— Levanta piranha, hora de ir mexer essa bunda!  – Falo e ela gargalha 

— Só se for agora!  –  Rafaela fala e saímos do camarote, fomos para a pista e começamos a dançar  

            No meio da madrugada, decidi ir para casa, falei com a Rafaela e ela afirmou que queria continuar ali, então, só me restou subir até o camarote, para pedir a chave de casa para o meu pai.

— Paizinho do meu coração, quero ir para casa, dá a chave?  – Pergunto e ele sorri

— Claro princesa, quer que alguém te leve?  – Meu pai pergunta e eu nego com a cabeça 

— Se cuida filha, daqui a pouco nós já vamos também.  –  Minha mãe fala e eu abraço ela 

            Saio andando do baile, ainda meio tonta e rindo à toa, não sei como consegui disfarçar na frente dos meus pais, mas por ordem divina eu consegui, começo a descer o morro e um homem começa a andar atrás de mim, acelero o passo até que escuto a voz do homem.

— Oi baixinha!  –  Diogo fala me encarando 

— Oi, ser das trevas!  – Falo e ele gargalha

— Sou o ser das trevas mais gostoso do mundo, e você sabe disso!  –  Diogo fala e eu gargalho 

— Você?  – Falo e ele ri 

— Você não mudou nada baixinha! –  Diogo fala me encarando 

— Para de me chamar de baixinha. –  falo e ele me encara 

— Não posso mentir. – Diogo fala 

— Foi meu pai que te mandou vir atrás de mim ou você veio por pura vontade mesmo?  – Pergunto e ele começa a rir 

— Tenho cara de segurança?  – Pergunta me encarando quando chegamos no portão de casa 

— Ah verdade, segurança tem que ser forte, coisa que você não é!  – Falo e ele ri de lado e se aproxima, me fazendo bater com as costas no portão, ele pega minha mão e passa na sua barriga incrivelmente definida, sem querer fecho os olhos, e me arrepio, mas logo volto ao normal. 

— Tem certeza?  –  Diogo pergunta 

— Tenho  –  falo me controlando 

— Deixa eu te provar como sou capaz de bem mais coisas do que você imagina!  –  Diogo fala e passa sua mão por baixo do meu cabelo e cola nossos lábios, tento raciocinar rápido, mas falho, correspondo o beijo, passo minhas mãos pelo seu pescoço e ele desce suas mãos para a minha coxa, apertando elas, sinto sua ereção, volto ao normal, empurro ele, não falo nada, apenas entro em casa o deixando para fora.

            Tomei um banho frio, coloquei meu pijama de unicórnio –  amo unicórnios  –   me joguei na cama, e acabei pegando no sono, com uma grande certeza, voltar para casa, foi a melhor decisão que eu poderia ter tomado.

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