Capitulo 5.

Acordei com o barulho de uma coisa alta vindo da cozinha, dei um pulo saltando da cama, sai correndo pra cozinha, onde eu encontrei a minha mãe com a mão sangrando e um prato quebrado no chão.

- Mãe! O que aconteceu? – Andei rapidamente tomando cuidado para não me machucar com o vidro no chão, peguei um pano que estava ao lado dela para estancar o sangue.

- E-eu não sei, eu estava pegando um prato para colocar comida e ele de repente quebrou.

Fui até o armário e peguei uma maleta onde tinha todos os medicamentos e faixas, procurei o remédio para passar em cima do corte, tirei o pano, lavei o sangue, coloquei o remédio e uma pomada, e enfaixei.

- Cadê a Ravenna, ela não está de folga? – Perguntei indignada, a minha mãe não é muito boa na cozinha, por isso a Ravenna sempre se encarrega de fazer o café, o que claramente hoje ela não fez.

- Eu acho que ela saiu.

O Zack dorme que nem pedra, aposto que nem ouviu todo esse barulho, deve estar mofando na cama neste momento, já que ele só trabalha as 9:00 e são 7:00.

- Pode deixar eu faço o café, vai pro seu quarto ou pra sala. – A mais velha assente e se retira, respiro fundo, preparo o café, faço algumas torradas e vou para o meu quarto tomar um banho, não suporto passar a manhã sem tomar banho, o principal fator, é o calor que faz aqui.

Entro no banheiro e tomo um banho gelado, conforme a água percorre pelo meu corpo uma sensação de alivio e conforto, toma conta de meu ser. – Termino minha seção de terapia diária e visto uma roupa comum, saio do quarto e vou para a cozinha preparar meu suco matinal, eu não sei vocês, mas eu adoro suco de melancia com hortelã. – Termino meu café e olho o horário e lembro que marquei de me encontrar com a Elo daqui a 10 minutos, dou uma última olhada no espelho e saio de casa. – Andei até a praça onde brincávamos quando éramos pequenas, e vi a morena sentada em um balanço olhando a paisagem.

- Oi! – Cheguei a abraçando por trás, mas ela nem ao menos mostrou uma reação. Me sentei no balanço ao seu lado, ela não me olhou, e isso me preocupou. – Você está bem? – Insisti para ver se ela dava algum sinal.

- Minha mãe cometeu um crime... – Ela continua a olhar para o horizonte, sem nenhuma expressão.

- O que?! Como assim crime, que crime? – Fiquei desesperada, eu amo a mãe da Elo, ela é como minha 2° mãe, assim como eu considero Elo a minha irmã, eu estou em choque.

- Ela... Ela vai ser executada, esta tarde, ela cometeu o pior crime da humanidade. – NÃO, NÃO, NÃO, isso não pode estar acontecendo, com os meus olhos embaçados perguntei.

- Qual crime.

- Ela estava se envolvendo com uma criatura mística. – Me deu um calafrio na espinha em pensar que poderia ser eu, se eu fosse vista mostrando o caminho da trilha para o Ravi.

- Você não sabia? – Ela negou. – Essa tarde? Na praça? – Ela afirma. – Elo eu sinto muito.

- Ela era meu mundo, ela é uma boa mãe, eu a amo, e agora ela vai morrer, eu não... – Ela cobre o rosto com as mãos fungando, eu coloco minha mão nas costas dela e aliso o local como um consolo. – Eu não entendo Zayra, ela sempre me alertava para não me envolver sabe? E agora ela vai ser morta pelo crime que ela mais repudiava.

- Você vai assistir a execução? – Ela afirma.

- Apesar de ser horrível, eu preciso ver, pra conseguir dizer um último eu te amo. – Ela olha pra mim. – Eu gostaria que você fosse, sei lá, pra me dar uma força, não sei, e acho que ela gostaria de ver você... Pela última vez.

- Claro que eu vou estar, pode ter certeza que eu vou, quero lhe dá apoio.

Ótimo, agora eu tenho que me preparar para a execução da minha 2° mãe, eu ainda estou em choque, não sei se vou ter coragem de olhar, eu a amo muito e não gostaria de ver a morte da mesma, principalmente sabendo que a morte que ela está confirmada a ter, é uma morte que não faz sentido, somente porque ela ama, ela tem que morrer.

Coloquei um casaco por cima da minha roupa, fiquei longos minutos me olhando no espelho, vendo meus olhos inchados de tanto chorar. Suspirei e me virei para ir para a praça, mas a minha mãe estava parada na porta me olhando. Eu não preciso ser nenhuma vidente para saber que ela está sentindo um desgosto enorme da dona Marta.

- Nunca pensei que a Marta fosse capaz disso, a sociedade me enjoa cada vez... – A interrompi, não estou com muito saco para ouvir ela.

- Por favor, a pessoa com quem eu considerava uma 2° mãe, vai morrer esta tarde, tenha ao menos um pouco de empatia. – Sai do quarto, e avisei a Eloá por mensagem que já estava a caminho.

Assim que eu cheguei na praça, estava lotado de gente, precisei ligar para a Elo, para saber onde ela estava, a encontrei sentada em um banco. Me aproximei a abracei, não falei absolutamente nada, eu sabia que agora ela precisava de apoio e não de palavras consoladoras. – A mãe da Elo ainda não havia chegado, olhei para o palanque onde seria realizado a execução, e vi que seria por enforcamento, que coisa horrível, em pensar que pessoas que estão aqui na praça apoiam esse tipo de coisa. A maioria das pessoas que estão aqui, são pessoas que odeiam as criaturas místicas, odeiam com muita força, por isso eles apoiam esse tipo de pena.

- Ela já deve estar vindo, eu... Eu não sei se consigo Zayra... – Ela fala com uma voz chorosa e se separando do abraço. – Ela é uma pessoa boa, só porque ela amou a pessoa errada, ela tem que morrer por isso, eu não entendo... – Eu queria entender, mas eu também não compreendo, as pessoas são muito egocêntricas, e o governo... Cada dia mais ambicioso.

- Vai ficar tudo bem. – Como eu consigo falar isso se nem ao menos eu acredito nisso? Não vai ficar tudo bem, e isso eu afirmo.

Ouvimos um barulho e viramos na direção, eram agentes do governo levando a dona Marta para cima do palanque, eu não diria levando, mas sim empurrando, meus olhos já estavam embaçados, antes de tudo, um agente do governo pegou um microfone e começou a falar, um sermão na verdade.

- Como sabem, na nossa sociedade temos uma regra que deve ser seguida, não podemos nos envolver com aquelas criaturas repugnantes, e hoje, essa senhora quebrou essa regra. Devemos lembrar que essa regra deve ser seguida não importa o que você fale, tenham consciência de que se descobrirmos que algum de vocês sequer falou, criou laços ou qualquer amizade, isso vai acontecer, vocês serão mortos, por desunião e infidelidade. – Revirei os olhos, que coisa sem noção!

Eu e a Elo, nos aproximamos do palanque, eles empurraram a Marta até o meio, e amarraram a corda no seu pescoço, ela subiu uma escada e lá ficou. A Elo ao meu lado chorava e rezava, e eu? Bom eu não tenho reação isso me parece um pesadelo ao qual eu não vou acordar.

- 3, 2, 1 e... – O agente contava os segundos em que a mesma iria pular para a sua morte.

- NÃO, NÃO, NÃO FAÇAM ISSO, POR FAVOR! – Elo tentou correr para a sua mãe enquanto gritava, mas antes que pudesse subir no palanque, foi barrada por dois seguranças, enquanto a mesma berrava para a soltarem. – ELA É MINHA MÃE! EU IMPLORO. – Ela suplicava em desespero, chorava muito, aquela cena partia meu coração, a minha irmã de consideração sofrendo, e eu rezava para esse sofrimento acabar logo.

Uma pessoa de preto que estava atrás da Marta, a empurrou, fazendo com que a corda não a deixasse cair, e lá ela ficou pendurada. Enquanto a Eloá caiu de joelhos chorando muito. Eu coloquei a mão na boca enquanto chorava, e não consegui desviar o olhar daquele corpo que sufocava sem ar, conseguia ver a dona Marta ficando cada vez mais roxa, até simplesmente parar de respirar e assim descansar. – Fui até a Elo, e a abracei com toda força enquanto chorava. Abri os olhos e vi os meninos na nossa frente chocados. – Eles vieram até nós e nos abraçaram.

- Eu sinto muito meninas. – Otto diz enquanto abraça a Elo que ainda chorava.

- Porque não avisaram a gente? – Heitor pergunta a mim, e eu não sei responder, pensei que Elo havia falado.

- Pensava que Elo havia falado. – Justifiquei.

- Não falou, mas tudo bem. – Heitor abraçou a Elo assim que ela soltou o abraço do Otto

- Cuidem dela por favor. –Falei a Otto. Eu precisava espairecer, precisava de paz, eu não quero parecer fraca diante a Elo.

Sai da praça e fui até a floresta, eu não me importo se eu vou morrer, não me importo de ser vista com alguma criatura, essa lei é ridícula, na verdade todos dessa cidade são. – Segui a mesma trilha de sempre, fui até o lago onde conheci o Ravi, bom, talvez eu nunca mais veja ele, então, não preciso me sentir culpada, na verdade nem vou, e nem deveria. – Tirei meus tênis e coloquei meus pés na água, porque tudo tem que ser tão complicado? Será que eles não pensam na saúde mental dos filhos ou parentes próximos? Eles simplesmente matam e fim. – Ouvi um barulho atrás de mim, de novo não! Merda!

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