Capítulo 5 - Batalha e Fuga

☯É impossível haver um mundo onde apenas exista bondade, mas ao contrário, acredito que seja mais fácil☯

Sem conseguir dizer mais nada, Wave saiu dali o mais depressa possível com a sua cria na boca, naquele momento ela sentia-se inútil por não saber lutar e conseguir ajudar o seu companheiro, mas como não podia fazer isso, tinha que pelo menos salvar a sua cria. Enquanto a sua mãe corria, tudo o que Angel via eram burrões, mesmo que o sol estivesse a nascer, a sua visão apenas lhe mostrava o escuro. Sem conseguir falar ou mesmo mexer-se, a pequena tentava pensar em tudo o que estava a acontecer, ela queria saber quem eram aqueles animais que tinham invadido o Reino das Panteras e o porquê de o terem feito.

A mais velha corria desesperada para o mais longe possível tentando não ser vista, tinha que encontrar um local seguro para deixar a sua cria para que depois ela pudesse voltar e ajudar em alguma coisa. Estava tão ocupada a olhar à sua volta para encontrar um esconderijo que acabou por escorregar e cair no rio. Com o impacto da queda, Wave tinha largado a sua cria e agora as duas estavam a ser arrastadas pela forte corrente daquele rio. Mesmo com o esforço para nadar e tentar pegar Angel, a felina negra não conseguiu e acabou por ser arrastada pela corrente.

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A batalha estava muito sangrenta, no chão já se encontravam alguns corpos de felinos, mortos ou apenas com ferimentos graves. Ninguém sabia como é que aqueles animais tinham entrado ali e como é que a segurança das Panteras Negras pudesse ter tido uma falha daquela dimensão, afinal já se tinham perdido algumas vidas devido à batalha que ainda estava a acontecer.

O felino negro com olhos verdes travava uma batalha injusta, dois forasteiros lutavam contra ele, tentando vencê-lo pelo cansaço, o que estava a resultar já que o pobre felino estava muito ferido. Isso dificultava as coisas para o seu lado, de repente sentiu que o seu corpo estava preso entre o chão e o seu oponente. O seu adversário tinhas as garras bem fundas no seu pêlo e o que antes era negro, estava agora a ficar vermelho devido ao sangue que começa a sair sem parar.

-Últimas palavras, demónio... - sussurrou o desconhecido perto da orelha de Noah, forçando ainda mais as suas garras. O felino negro percebeu que não conseguia sair dali com força, por isso tinha que ser mais esperto e usar a inteligência. Com muito esforço, Noah conseguiu colocar a sua cauda nas costas do adversário sem que ele percebesse e assim que a abanou, os seus espinhos saíram perfurando as costas do animal que estava em cima dele, caindo morto no chão.

Ofegante e quase sem forças, Noah levantou-se com muito custo e olhou à sua volta. Vários da sua espécie estavam deitados no solo poeirento e agora ensanguentado devido àquela batalha que ninguém estava à espera que acontecesse. Um pequeno grunhido chamou a atenção do felino negro, que quando olhou para o seu lado direito, encontrou uma cria. Confuso, Noah percebeu que ela estava prestes a ser atacada por um dos invasores que se aproximava rapidamente. Instintivamente, a pantera saltou para proteger a cria, e acabando assim por ser mordido nas costas.

O desespero começou a tomar conta do seu corpo, Noah percebeu que não tinha mais forças para lutar e que o invasor ainda estava de pé, por isso podia atacar a qualquer momento a cria que ele estava a tentar proteger. Mais uma vez, Noah reuniu as suas forças restantes na sua cauda, projetando os seus espinhos na direção do forasteiro, um deles acabou por acertar numa das suas patas, o que fez com que ele recuasse um pouco, embora não durasse muito tempo. Como se fosse a sua salvação, os reforços começaram a chegar, acabando por expulsar os restantes dos invasores.

Os olhos de Noah começaram a pesar, ele sentia-se fraco e cansado, mas ao mesmo tempo estava feliz por ter conseguido proteger aquela cria. Os seus olhos estavam prestes a fechar-se, mas antes que isso acontecesse, o felino negro conseguiu ouvir uma voz feminina.

- Caspian! - exclamou a voz aproximando-se. Sem conseguir aguentar mais, Noah acabou por fechar os seus olhos lentamente.

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Do outro lado do caudal do rio, um corpo coberto por pêlo negro e lama estava deitado, metade ainda na água e a outra metade já na margem lamacenta. A felina começou a abrir os olhos e levantou-se com alguma dificuldade, podia sentir o seu corpo todo dolorido. Um pouco desorientada, a pantera negra começou a olhar à sua volta, mas logo percebeu que ainda estava no território que pertence ao Reino das Panteras Negras. Mas algo não estava bem, ao olhar para baixo, Wave não conseguiu encontrar a sua cria, desesperada começou a procurar por ela.

- Angel! - exclamou a felina dando alguns passos - Angel, onde estás?

Depois de um tempo ainda à procura da sua cria, Wave finalmente a encontra. Angel estava deitada completamente imóvel e com o seu pêlo encharcado em cima de uma pedra. Com medo que aquilo fosse pior do que ela pensava, a felina correu na direção da sua cria e começou a dar-lhe várias lambidelas, na esperança que Angel reagisse. Mas nada aconteceu.

Wave já estava a perder as esperanças quando a pequena pantera começou a tossir, deitando para fora todo o excesso de água que se tinha acumulado nos seus pulmões.

- Angel! - exclamou a sua progenitora acariciando-a com o focinho - Estás bem?

- Acho que sim... - murmurou a pequena aproximando-se mais da sua mãe, numa tentativa de se proteger do frio que estava a sentir.

Vários passos e várias vozes começaram a ser ouvidas, Wave logo percebeu o que se passava, por isso pegou na sua cria e subiu para uma árvore próxima o mais rápido possível, tentando ficar ali escondida. O sol já tinha nascido o que dificultava a sua camuflagem, mas de uma coisa tinha a certeza, o seu odor não iria ser encontrado porque ambas as panteras estavam completamente molhadas.

Quando os desconhecidos estavam mesmo por baixo do ramo onde Wave estava escondida, a pequena cria não resistiu em olhar para baixo, vendo vários animais iguais àquele que a tinha atacado e que o seu pai tinha começado a luta. Logo uma conclusão se formou nos seus pensamentos.

- Mãe... Eles são...? - questionou Angel com receio da resposta que ia ouvir.

- Sim, Angel... - começou a felina num suspiro - Eles são os monstros às riscas.

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