Capítulo 4 - Intrusos

☯ Muitas vezes por culpa dos outros acabamos por sofrer, mas isso não é razão para odiar quem não tem culpa... Por vezes acabamos por nos tornar pior do que aqueles que nos fizeram mal, o que posso dizer.... Somos egoístas ☯

- Ele é uma cria! Não o podes obrigar a ter a vida que tu tens! - exclamou Alari olhando para o seu companheiro. Este aproximou-se do lugar onde as crias estavam a brincar ainda furioso.

- É a tua cria, Noah? - perguntou o Rei olhando para Angel mostrando os dentes. A mais nova ficou um pouco assustada o que fez com que ela se colocasse entre as patas da sua mãe, que ainda ali estava.

- Rei Tirosc - falou Noah aproximando-se e colocando-se à frente do felino negro assim que percebeu que a sua cria estava assustada - Com todo o respeito, mas não mostras os dentes para a minha cria.

O grande felino negro rosnou para Noah que se mantéu calmo enquanto o Rei deitava para fora a sua raiva.

- Vocês não servem para nada! - rosnou o rei olhando para Wave e depois para a rainha - Nem lutar sabem, não servem para nada neste reino e a outra maioria nem caçar consegue!

O felino negro continuava à frente do Rei Tirosc mesmo depois daquelas palavras, ele sabia que algumas eram para a sua companheira, já que ela não lutava e nem caçava. Mas isso não lhe dava o direito de a tratar assim, Noah teve vontade de abrir a boca para dizer isso mesmo, mas viu que não valia a pena porque muito provavelmente ainda iria causar mais confusão. Por isso ficou calado e esperou que o rei se acalmasse.

- Vamos embora! - rosnou começando a andar na direção em que tinha aparecido - E que isto não se repita!

A rainha aproximou-se das três panteras e pegou a sua cria pela pele solta do pescoço.

- Desculpem... - murmurou afastando-se em seguida, atrás do seu companheiro. Quando já estavam longe, Noah virou-se e baixou a cabeça para ver como estava a sua cria.

- Pequena Noite? Está tudo bem? - perguntou ele dando-lhe uma lambidela, a mais nova ainda continuava encolhida entre as patas da sua mãe sem mover um músculo.

- Já passou, Angel... - disse Wave passando o focinho pelo pescoço da sua cria, o seu olhar estava triste, a pantera mais velha tinha ficado um pouco magoada com as palavras que o rei tinha dito.

- Ele... Ele é assustador... - murmurou a pequena encostando o focinho à pata da sua progenitora.

Noah e Wave estiveram algum tempo até conseguirem acalmar de vez a sua cria para a puderem levar para a caverna, a noite tinha caído por isso era hora de dormir. Sem se esquecer do que tinha acontecido, a pequena pantera entrou para a sua gruta com os seus pais ao seu lado, pelo menos podia ter a certeza de que aquele grande felino negro não a iria incomodar ali. Já mais tranquila, deitou-se perto da sua mãe pousando a cabeça nas patas.

Angel acabou por acordar e como já não conseguia dormir mais, decidiu sair e aproveitar que era de madrugada para ver o sol nascer. Não tinha muito esse hábito, apenas quando algo a incomodava. A pequena perguntava-se como o seu amigo conseguia viver naquelas condições, era verdade que ele era um príncipe e que provavelmente tinha que ter algum treino específico para um dia ocupar o cargo do seu pai. Mas ele nem sequer sabia o que era uma borboleta, era apenas uma cria, o pai dele não o podia obrigar a ficar na caverna.

A cria ouviu um barulho de um galho a partir-se à sua esquerda, levantou-se e virou as orelhas nessa direção. Devido ao facto de ainda estar um pouco escuro, a mais nova não conseguia destingir o vulto que se aproximava, mas de uma coisa tinha a certeza, ela não estava ali sozinha. As suas suspeitas confirmaram-se quando ela conseguiu ver o brilho de dois olhos no escuro, não deu muita importância afinal podia ser qualquer pantera, mas aquele não era o caso.

Quando o dono dos olhos se aproximou, Angel teve a confirmação de que aquele animal não era da sua espécie. Ele aproximou-se devagar, como se estivesse no meio de uma caçada e ao estar próximo o suficiente da pequena cria, rosnou o mostrou-lhe os dentes.

- O que temos aqui? - questionou o intruso com o focinho enrugado - Não sabes que é perigoso estar aqui fora sozinha?

A pequena pantera não sabia dizer ao certo, mas a voz daquele forasteiro causava-lhe arrepios e medo. Ela queria fugir dali, mas as suas patas não lhe obedeciam, queria chamar ajuda, mas a sua voz não saia. De repente o intruso fez os movimentos que indicavam que a estava prestes a atacar, Angel fechou os olhos à espera, mas não sentiu nada. Ao abri-los conseguiu ver que o seu pai estava a lutar com o animal que antes lhe queria fazer mal.

- Foge, Angel! - exclamou Noah aproximando-se da sua cria depois de ter derrubado o seu adversário, mas apenas temporariamente. Logo o intruso se levantou e olhou para os dois com raiva, o felino negro colocou-se em posição de ataque sem tirar os olhos do seu inimigo - Fica longe da minha cria, seu monte de pêlo riscado!

O desconhecido não deu ouvidos ao aviso de Noah e logo se preparou para atacar novamente, mas antes que chegasse perto, o felino negro ativou a sua arma sacudindo a cauda. Finalmente Angel pode ver como aquilo funcionava, o seu pai tinha dado um tipo de abanão com a cauda o que fez com que vários espinhos saíssem dela. E logo ele os projetou na direção do seu oponente, distraindo-o por alguns instantes o que lhe deu tempo de o atacar. A pequena pantera sentiu as suas patas saírem do chão, logo o odor da sua mãe lhe chegou às narinas.

- Fica aqui, Angel! Estamos a ser invadidos! - exclamou Wave pousando a sua cria no chão. Ela tinha que ajudar o seu companheiro, apesar de não saber lutar, não o podia deixar sozinho. Só com as palavras da sua progenitora é que a mais nova se deu conta do que se estava a passar, ao olhar à sua volta, viu que várias panteras negras lutavam com animais semelhantes ao que a tinha atacado.

- Wave! Conseguiste apanhá-la? - perguntou uma voz masculina aproximando-se, a pequena logo teve a visão do seu pai à sua frente e pôde ver que a cauda dele ainda estava coberta com aqueles espinhos.

- O que aconteceu? Como é que eles conseguiram entrar? - perguntou a felina desesperada olhando para os lados.

- Não sei... Mas tens que sair daqui! - exclamou Noah olhando para a companheira e depois para a sua cria - Leva-a para um lugar seguro.

- Não te posso deixar sozinho! - falou Wave mostrando levemente os dentes, podia não saber lutar, mas não iria abandonar o seu companheiro numa altura daquelas.

- Se não o fizeres por mim.... Faz pela nossa cria - murmurou Noah passando o seu focinho pelo de Wave, esta por sua vez pegou em Angel pela pele solta do pescoço e virou-se novamente para o felino negro - Não tenhas medo, Pequena Noite. Vai correr tudo bem - disse dando uma lambidela na sua cria e logo depois voltando para a batalha.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo