O tempo que leva as Flores
O tempo que leva as Flores
Por: Illana Mascarenhas
PRÓLOGO

Querido Martim,

Passei a noite em claro e, em meio a todas as dúvidas e angústias que pairam sobre isso que acontece entre nós, me dei conta de como senti falta da doçura das suas palavras – que tanto me acalmam e inspiram. Por isso, em meio a todo esse sentimento, resolvi te escrever.

Confesso que venho tentando, com veemência, estancar todas essas angústias, pois hoje percebo que há muita verdade naquilo que você me disse: “se for impossível a mudança, é preciso aceitar as coisas como são. Assim, o processo fica menos doloroso”. De fato, a aceitação faz com que dor seja menos pungente. No entanto, como aceitar as coisas como são quando, sempre que te vejo, a minha racionalidade é domada por uma legião de sentimentos furiosos? Eu juro que já tentei colocar esses sentimentos no lugar deles, mas, tudo me parece tão impossível.

Na noite que perdi pensei sobre isso, que posso chamar de fraqueza, e conclui que assim como dizem que uma mente, ao tocar qualquer fragmento de conhecimento, jamais volta a ser a mesma, também os nossos olhos, depois de contemplarem a perfeição do corpo do ser amado, jamais o vê da mesma forma.

E é ai onde reside a raiz da minha fraqueza, Martim: é impossível, pra mim, não te desejar.

Por favor, te peço que não pense que estou sendo libertina ou algo do tipo... Longe de mim! Mas, é que meus olhos não te veem mais com a pureza de antes, nem o meu corpo responde da mesma forma ao teu toque, ou mesmo ao som da sua voz.

Não me culpo por isso. Sei que a culpa vem de Adão, de Eva, da serpente e da maldita maçã – fonte de todo o pecado. Um pecado que, por você, cometo sem medo do inferno que me

aguarda.

Sofrerei, no espírito, o que sofro na carne quando estou longe de ti; poderia até ser uma mártir por sofrer de amor - seria isso uma blasfêmia? Pouco me importo! Só quero que você acabe com esse inferno humano que estou vivendo .

Volte logo para os meus braços famintos, Martim.

Eu amo você!

Ansiosamente,

Elsa.

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