Capítulo 03

Os dias de Gustavo eram todos iguais, ainda que com pessoas diferentes, sua vida seguia um padrão. Passava o dia dormindo, usando a academia do prédio, assistindo a filmes e séries, mas depois ganhava a noite paulistana, perdendo-se em corpos esculpidos pelos profissionais da cirurgia plástica. Algumas pessoas marcavam sua semana, outras simplesmente aconteciam como mais uma noite qualquer. Nunca mais ouviu falar de Jéssica, mas assim que chegou em seu apartamento, após negociar com Armando os dados bancários da mulher, fez a transferência para a conta dela, valor esse que voltou para a conta dele quase que no mesmo instante. Desistiu, estava decidido a não ficar fermentando aquela situação, esquecer o quanto ela parecia perfeita no encaixe dos seus braços e seguir em frente.

— Olha, preciso dar parabéns à Olivia, faz muito tempo que ela não tem um exemplar desses no catálogo. — Um homem mais maduro com quem Gustavo passou algumas horas o elogia enquanto ele sorria e entrava no carro que o esperava. — Tchau, fofinho, nos vemos em breve.

Gustavo acenou gentilmente para o homem parado a porta, foram somente algumas horas, mas com tamanha intensidade que o esgotou. Estava acostumado com apetite sexual voraz, mas aquele homem realmente o surpreendeu, se fosse heterossexual, seria o par perfeito para Claudia. Recebeu o aviso de Olivia que o cliente da noite seria masculino, perguntou se ele sabia as regras, ela disse que ele não seria tocado. Assim que chegou, deparou-se com o homem nu, de quatro sobre a mesinha de centro no meio da sala, Gustavo sorriu da situação, mas desempenhou bem o seu papel e levou o cara à loucura, tanto que caiu nas graças de mais um cliente. Assim que fechou a porta do carro, Armando ria baixinho, tentando conter o humor.

— Não diga nada. — Gustavo pediu segurando o riso.

— Já viu sua classificação no site? — Soltou a pergunta no ar.

— O quê? — Armando riu ainda mais, sabia que aquilo iria despertar a curiosidade dele.

— No site existe uma classificação, acho que posso chamar assim, e você é nosso top três — riu e mostrou a numeração com o dedo.

— Está brincando? — Os olhos de Gustavo brilhavam no escuro. Ele sabia que estar bem cotado seria seu passaporte para sair dos três meses e assim permanecer.

Tirou o celular do bolso e fez algo que não havia feito nos últimos dois meses, entrou no site e deslizou o dedo na tela, vendo as pessoas que estampavam a vitrine viva, embelezando cada página. Pareciam carnes de primeira penduradas no açougue esperando para serem levadas para um bom churrasco. Ele sempre vendeu o corpo para sobreviver, mas se ver ali, exposto, vendido somente com um clique, nauseou seu estômago. Armando notou que ele estava parado com o celular na mão, somente olhando para a tela, vendo sua foto muito bem produzida, então inclinou-se um pouco para o lado e com um olho nele e outro no trânsito, deslizou o dedo grosso, clicou em alguns lugares e assim apareceu o famoso top três.

Duas mulheres lindas estavam no começo da página, fotos incríveis e um texto descrevendo as mulheres, em seguida uma foto de Gustavo e um texto que em nada revelava quem ele era de verdade, somente palavras vagas, jogadas estrategicamente de forma que levasse a pessoa interessada no site, acreditar que poderia conhecê-lo um pouco com aquele texto. Ele ficou olhando para a tela do celular, imaginando se algum dia alguém realmente conheceria quem era o homem por trás das noites de foda ou se seria para sempre a carne mais saborosa do açougue. Foi o aplicativo de mensagens que o tirou de seus pensamentos, passou o dedo na tela, revelando a notificação, não conhecia o número e a mensagem enviada não revelava muita coisa.

“Sei que deve estar com raiva de mim, mas preciso de você novamente.”

Sentiu a testa se enrugar e os olhos estreitarem olhando a mensagem.

— O que foi? — Armando perguntou, notando a mudança dele.

— Nada, somente uma mensagem.

Chegaram no prédio onde ele morava, se despediu e desceu. Ainda no elevador, abriu o aplicativo para responder ao desconhecido.

“Quem é?”

“Jéssica”

Ficou olhando para a tela e não respondeu, entrou no apartamento, sentou no sofá, apoiando os cotovelos nas pernas e ficou olhando para o nome dela, sem saber o que responder.

“Sei que está zangado, mas eu preciso mesmo de você.”

Outra mensagem apareceu e estava claro o desespero dela.

“O que aconteceu?”

“Tenho um jantar na sexta-feira à noite e meu pai quer que eu leve meu namorado.”

“Convida o riquinho que dançou com você. Estavam se dando bem.”

Ele não conteve o ciúmes doentio que sentiu, se arrependendo assim que enviou a mensagem.

— Como você é burro, Gustavo! — brigou com ele mesmo.

“Mas ele não é meu namorado.”

“Eu também não sou.”

“Por favor, Gustavo.”

Ela enviou uma foto fazendo biquinho.

Gustavo ficou olhando para a foto e não conseguiu impedir o sorriso que se espalhou em seus lábios. Ela era linda, estava sem maquiagem nenhuma, os cabelos presos de qualquer jeito, parecia estar sentada na cama, projetava o lábio inferior, formando um biquinho implorando por ajuda e tudo o que ele queria era poder morder os lábios dela naquele momento.

“Precisa entrar no site e fechar a noite, mas faça isso rápido, já é quarta-feira.”

Cruzou os dedos e desejou com todas as suas forças que desse certo. Passaram-se depois daquela noite e, mesmo sem querer assumir, queria muito encontrar com ela novamente.

“Já fiz isso. Sexta você é meu.”

Ele sabia que era bobeira, mas a sensação que se espalhou por seu peito com aquela simples informação era de pura alegria e paz.

“Ok, te vejo na sexta então.”

“Ocupado?”

“Estava só conversando com uma menina louca.”

“Alguém já te ensinou que não deve conversar com estranhos, ainda mais loucos?”

Ele riu.

“Já me avisaram, mas eu tenho essa mania de não dar atenção para ensinamentos.”

“Você me desculpa?”

O pedido dela o pegou de surpresa, não havia o que desculpar, não eram nada um do outro e ele foi pago para ser dela naquela noite e não conseguiu desempenhar o seu papel, mas ficou feliz em saber que ela se importava com o sentimento dele.

“Por que?”

Iria brincar com a situação.

“Por ter sido uma idiota.”

“Causo essa reação em algumas pessoas, elas ficam assim, idiotas na minha presença.”

“Então é você que precisa me pedir desculpas.”

“Você me desculpa?”

Ele não pensou duas vezes, não entendia ainda o porquê, mas não queria continuar sentindo que ela estava magoada com ele.

“Hum... deixa eu pensar um pouco.”

Ele sorriu para a tela do celular. Deitou no sofá se acomodando na almofada, retirando os sapatos, deixando-os cair no chão de qualquer jeito.

“Por favor.”

“Ganho o que?”

Leu a mensagem e sorriu malicioso, estava gostando da brincadeira.

“Posso te pedir desculpa pessoalmente.”

“Como faria isso, me conta?”

Ah sim, Gustavo realmente estava gostando daquilo.

“Iria me aproximar devagar, deixar o corpo colado ao seu, sem pressa, levaria a mão ao seu rosto, acariciando suas bochechas que estariam coradas de vergonha, abaixaria a cabeça para ficar do seu tamanho e falaria no seu ouvido: ‘me desculpa por ter sido um idiota?’”

Ele conseguiu visualizar toda a imagem em sua mente, sentiu até mesmo o perfume dela, o toque da pele macia. Respirou fundo esperando uma resposta.

Nada.

“Demais?”

Ele mandou já desesperado, pensando em ter estragado tudo.

“Não, só seria melhor se fosse real e agora.”

Gustavo leu novamente a mensagem e antes mesmo que conseguisse entender o que estava fazendo, sentia o tênis sendo colocado em seus pés e o corpo indo em direção a porta, pegou somente a carteira e saiu, solicitando um Uber que já o esperava quando chegou na recepção do hotel. Agiu como se fosse um mero espectador de seu próprio corpo.

Não iria demorar muito, estavam perto demais um do outro e sabia que não iria dormir se não fizesse o que estava desejando desde o dia em que viu Jéssica descer aquela escada. Sentiu o celular vibrar e quando abriu o aplicativo já estava na entrada da casa dela.

“Demais?”

Foi a vez dela de perguntar.

“Libera a minha entrada, por favor.”

“Não entendi.”

“Estou no seu portão, mas o segurança não me deixa entrar.”

“Está aqui?!?”

“Sim.”

Segundos depois o portão se abriu e Gustavo entrou, os passos apressados e a respiração descontrolada. Sentia-se um bobo adolescente apaixonado e não sabia como administrar aquela sensação dentro dele, não estava acostumado a levar em seu peito as pessoas com que saía, era somente o sexo e nada mais. Mas com ela, tudo estava sendo diferente, tudo.

Ela já estava com a porta aberta do lado de fora o esperando, olhava para Gustavo nitidamente confusa demais. Ele se aproximou desacelerando seus passos, envolveu a cintura dela com um braço, acariciando seu rosto com a mão livre, estavam mergulhados no olhar um do outro. Gustavo inclinou o corpo, tentando ficar do tamanho dela, aproximou a boca de seu ouvido e muito baixinho, não passando de um sussurro deixou a voz sair.

— Me desculpa por ter sido um idiota.

Jéssica não conseguia responder, os braços caídos ao lado do corpo e o coração batendo completamente fora do ritmo, então balançou a cabeça concordando.

— Obrigado.

Disse ainda ao ouvido da menina, mordendo levemente o lóbulo da orelha dela e se afastando devagar. Somente quando o vento gelado da noite fria de São Paulo passou por eles que Jéssica saiu do transe. Olhou para ele espantada, segurando os braços de Gustavo e puxando para dentro.

— Está louco? O que está fazendo aqui? — perguntou angustiada.

— Você disse que queria que fosse real e agora. — Deu de ombros a olhando.

Ela riu. Riu tanto que Gustavo ficou constrangido, acreditou que estava sendo enganado e que aquele menina frágil, delicada e apaixonante, só existia dentro da cabeça dele. A gargalhada dela o levava a pensar que ela ria dele, da ingenuidade em acreditar que ela queria mesmo alguma coisa com um prostituto qualquer, nunca sentiu-se tão humilhado daquela forma.

— Desculpa.

Afastou-se indo em direção a porta que não estava muito longe, queria somente sair dali, mas a mão delicada dela o impediu de continuar, ela o olhava ainda tentando conter o riso e isso o irritava ainda mais.

— Está louca? — perguntou enfurecido. — Tire a mão de mim, Jéssica.

— Não, espere, por favor.

— Para quê? Quer rir mais do idiota que acreditou que alguém como você realmente iria olhar para alguém como eu?

Gritou frustrado. Jéssica travou, olhando incrédula.

— Meu Deus, não. Não estava rindo por isso... Ah, não, pelo amor... Não, não....

Tentava se explicar e ele ainda a olhava enfurecido.

— Gustavo... — Levou as duas mãos aos braços dele que estavam cruzados ao peito e o olhou seriamente. — Ri por não acreditar que alguém como você pudesse dar atenção ao pedido de alguém como eu.

— Imaginei que seria isso. — Ele tentou ir embora novamente, mas ela o segurou.

— Não, por favor, não me expliquei direito — dizia, claramente angustiada. — Olhe para mim, Gustavo. Como alguém assim poderia atrair a sua atenção?

Os olhos dele franziram e a sondava sem entender.

— Você é lindo. Meu Deus, você é espetacular! Tem mulheres maduras, experientes, que sabem o que querem, por que iria sair da sua casa e vir até alguém como eu, somente porque pedi?

Ele então entendeu.

Jéssica não acreditava que merecia ou que poderia despertar em alguém esse sentimento. Não sabia a mulher que era, não tinha ideia da beleza que possuía e a forma como havia mexido com ele, o tocou como nunca ninguém havia tocado.

Ainda com a testa enrugada e os olhos franzidos, levou a mão ao rosto dela fazendo-a corar, acariciando sua bochecha devagar.

— Sim, somente porque pediu. — Ele disse baixo e a puxou para si.

Seus lábios tocaram o da menina, sentindo a boca carnuda, macia e quente. Ela projetou um biquinho, fazendo-o sorrir, um selinho casto, beijo de criança de escola. Gustavo sabia que não existia mais mulheres como Jéssica. Não tentou ir mais fundo, nem invadir sua boca, aceitou o beijo e carinho, afastou o suficiente para descansar a testa na dela e a olhar nos olhos. Não conseguia reconhecer o gosto de um beijo, não entregava seus lábios aos seus clientes, aquela parte estava guardada para alguém especial e, ainda que jamais fossem ter nada além de um aluguel para uma noite, seria dela a entrega de seus lábios.

— Obrigada — sussurrou.

— Pelo quê? — perguntou no mesmo tom.

— Por ter vindo e por me dar seus lábios — sorriu.

— Sempre que você pedir.

Não houve sexo selvagem, não houve uma noite de amor romântico, ele nem ao menos passou do lugar de onde estava. Após o singelo beijo e a promessa feita, ele simplesmente se virou e voltou para o apartamento, tomou um banho rápido, deitou em sua cama se cobrindo bem. Não estava cansado, com sono ou mesmo acabado, Gustavo sentia-se inteiro, como há muito tempo não se sentia.

Ouviu o celular vibrar sobre o criado mudo, pegou o aparelho na mão e riu alto lendo a mensagem.

“Se eu falar que queria você aqui agora, qual a chance de você voltar?”

Ele sabia que era brincadeira, só poderia ser brincadeira, ela não falava sério, não podia.

“Está brincando?”

“Você disse ‘sempre que você pedir’, então...”

Ele ficou olhando para a tela do celular, perdido entre a decisão de ir e ficar, sem saber ao certo se ela estava somente mexendo com todo o seu equilíbrio emocional ou falando mesmo sério.

“Estou indo.”

Se levantou e já estava pegando a roupa para se vestir quando recebeu outra mensagem.

“Ah, que fofo que você é! Estou brincando, Gugu, só queria ver se viria mesmo.”

Gugu?

Riu daquele jeito infantil, gostava da simplicidade com que Jéssica levava a vida, sem se preocupar em agradar ou seduzir, poderia ter o estilo mulher fatal, mas decidiu preservar sua essência e ser somente ela mesmo e isso o encantava.

“Fofo? Interessante, já me chamaram de muita coisa, mas fofo é a primeira vez.”

Deitou-se novamente.

“E do que já te chamaram?”

“Delicia. Gostoso. Entre outros.”

“Ah...”

“Ah? Isso nem mesmo é uma palavra, rs.”

“Não sabia o que dizer.”

“E por quê?”

“Sei lá, você sai com mulheres que te chamam dessas coisas, porque você realmente deve ser tudo isso mesmo, mas aí me conhece e te chamo de fofo, de FOFO. Quem chama um cara que trabalha com o sexo de fofo? Alguém pode me matar, por favor?”

Ele riu com vontade, ela não tinha ideia que era exatamente o jeito dela que o encantava tanto, todas as outras o chamavam por aquilo que recebia dele e somente ela tinha esse seu lado. Só ela.

“Não teria como me chamar de gostoso, nunca provou.”

Queria provocá-la.

“Você tem razão. Desculpa. Bem vou dormir, boa noite.”

Encerrou a conversa deixando-o completamente confuso e com uma sensação de vazio querendo invadir o seu peito. Ficou olhando para a foto do perfil dela e sem pensar muito, clicou na câmera que havia bem ao lado, solicitando uma chamada de vídeo, precisava olhar nos olhos dela para entender o que estava acontecendo.

Ela rejeitou a chamada.

“Me atende.”

“Por que?”

“Quero te ver e conversar.”

“Não há nada para ser dito, você tem razão, nunca provei, não há como saber.”

Ela estava magoada e aquilo era o mais próximo que Gustavo já teve de um relacionamento. Sem contato, sem sexo, sem intimidade, mas carregado de significados e intensidade.

“Por favor. Preciso te ver antes de dormir.”

Pediu e esperou.

Minutos se passaram e ele não teve resposta, acreditou que ela já estava dormindo ou somente muito zangada com ele. Desistiria.

O celular vibrou e ele viu que ela o chamava, deslizou o dedo sobre a tela, deitou de lado na cama, tombando o celular sobre o travesseiro.

Nada foi dito, estavam exatamente na mesma posição, ela na cama dela e ele na dele, se olhando pela tela do celular e nada mais.

— Almoça comigo amanhã? — Ele pediu, quebrando o silêncio entre eles.

— Almoço. Preciso agendar no site? — perguntou, o encarando.

— Não, sem site, só o Gustavo. — Não queria ser pago para estar com ela, seria somente um almoço entre dois amigos.

— Prefiro “Gugu” — sorriu para ele.

— Sério mesmo que vai ficar me chamando com o nome do cara que apresentava programa na televisão aos domingos? — não conteve o riso baixo.

— Mas é diferente — disse manhosa ainda o encarando.

— O que tem de diferente? — perguntou baixinho.

— Esse Gugu — apontou para a tela do celular com o indicador — é meu.

— Sou? — Franziu a testa a provocando.

— Sim. — Rapidamente respondeu, ajeitando-se constrangida na cama. — Meu amigo e parceiro de evento.

Gustavo revirou os olhos quando a ouviu, ela não conseguia se manter firme quando era pressionada. Claro que ele adorou ouvir que a pertencia, mesmo sabendo que aquela seria a coisa mais louca que já ouviu na vida, mas Jéssica retrocedia, sempre que confrontada.

— Amigo? Parceiro de evento? — Ele a encarou. — Achei que fosse só seu e pronto.

— É isso que você quer, ser somente meu?

Ficou encarando-a, sem saber ao certo o que responder. Ter um relacionamento com a vida que ele levava, seria impossível, nenhuma mulher iria se sujeitar àquilo. E abrir mão das coisas que estava conseguindo depois de passar tanta dificuldade na vida, não era uma opção.

— Eu já sou somente seu, pelo menos a melhor parte de mim.

Ela entendeu, reconheceu nas entrelinhas da frase dita o que Gustavo tentou lhe passar e, para Jéssica, aquilo bastava. Ela não se relacionava com um homem há anos, seu namorado foi o primeiro e último homem na sua cama e não deixou boas lembranças, nunca mais se relacionou com ninguém, ouviu coisas horríveis dele quando ele decidiu terminar, isso a travou e carregou sua mente de barreiras. Não estava preparada para se entregar a outra pessoa e muito menos faria isso com alguém que se vendia em troca de sexo, e sim, ela sabia o quanto estava sendo boba e preconceituosa, somente não conseguia ver seu corpo sendo dele.

Gustavo viu os olhos da menina se fecharem, ela dormiria logo, sorriu para a cena estampada na pequena tela do celular e desejou com todas as forças estar na mesma cama que ela, poder aconchegá-la em seus braços e dormir sentindo o calor do seu corpo.

— O que está acontecendo comigo? — falou mais alto do que gostaria, enquanto passava a mão livre pelo rosto.

— Está me vendo dormir. — Ela respondeu rindo baixo.

— Dorme, Jessi. Dorme que vou ficar te olhando — respondeu baixinho voltando se ajeitar na cama.

— E se eu babar? — Ela riu.

— Tudo bem, eu aguento.

— E se eu roncar? — provocou.

— Desligo o celular. — Eles riram juntos.

O som da risada foi diminuindo, o olhar se encontrou novamente.

— Boa noite, Gugu.

— Boa noite, Jessi.

E nada mais foi dito.

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