Capítulo 3

Eu me chamo Roberto Gomes Marques Junior, tenho trinta e três anos, moro na Rua Trinca Real, 421, sou policial investigador, trabalho para a Polícia Investigativa da Cidade dos Novos Sonhos e essa é a minha vida, muito prazer!

Às vezes eu me pergunto por que diabos essa cidade se chama Cidade dos Novos Sonhos, quem um dia sonhou com isso? Não que seja uma cidade ruim, saca? Têm belas paisagens, canteiros incríveis, ruas asfaltadas, água encanada e tratada em quase todas as ruas da cidade, têm bons hospitais com socorristas, que quando não tão com preguiça, atendem o chamado, tem enfermeiros, quando não estão discutindo, trabalham com maestria e competência, têm médicos, quando não estão nervosos, que fazem de tudo pela boa recuperação dos pacientes. Tem políticos, quando não estão roubando, que atende as necessidades.... não isso não, eles sempre estão roubando! 

Temos também, pelo menos sete dias da semana, o departamento de tráfico de drogas e armas funcionando durante as vinte e quatro horas dos dias que trabalham, temos assaltos e assassinatos quase diariamente e claro temos a Policia da Cidade dos Novos Sonhos e o setor mais competente o Investigativo, isso é quando não estão me ligando as cinco horas da manhã de um sábado!

Cruzo a cidade inteira para chegar na esquina da Tenente-Coronel Samuel Fernandes com a Juiz Abu Nickolai, chego as seis e quinze e logo me deparo com o cordão de isolamento e com meu chefe Arthur Vieira Souza, que me encara com cara de ódio.

─ Bom dia Arthur!

─ Pensei ter dito quatro minutos!

─ Me compra uma Ferrari que eu cruzo a cidade em quatro minutos.

Arthur Vieira Souza é um Coronel e comanda a Policia Investigativa da Cidade dos Novos Sonhos, ele está quase aposentado, já que o desgraçado tem uns cinquenta anos só de carreira militar, cinquenta anos e não pode resolver um caso sem me chamar. Ele era amigo de meu irmão mais velho Roberson, mas essa história fica para depois.

─ O que temos?

─ Uma vítima...

─ Isso eu já havia pressuposto quando você me ligou

─ ... Uma vítima dilacerada, morta à facada.

─ O prédio tem câmera, não pegou nada?

─ Não, apenas o momento do assassino ter corrido encapuzado

─ E o porteiro?

─ Não viu nada!

Me dirijo a vítima onde meu companheiro Marcos está agachado olhando, para o que restou do corpo, a cena realmente choca qualquer um que não está habituado, vejo as vísceras, os órgãos todos para fora e a julgar pela quantidade de sangue a vítima estava viva.

- Isso deve ter doído!

- Um pouco, se ela estivesse viva quando fizeram, ─ Marcos fala sorrindo da minha observação ─ deveria já estar morta quando mutilaram ela!

─ Não, ela estava viva, não jorraria tanto sangue se estivesse morta. Já interrogou o porteiro?

─ Não! Estava te esperando para isso, sei que não gosta que façam isso quando não está por perto.

─ Vamos lá então!

─ Bom dia senhores policiais!

─ Bom dia, teu nome, por favor!

─ Adrian Cardoso Lima

─ Pode contar o que houve ou qualquer coisa relevante?

─ Não muito, apenas vi um homem correndo, daqui de dentro não dava para ver se estava encapuzado, não me atentei a isso, quando o dia amanheceu vi o corpo ali e liguei para vocês.

─ É obrigado por me acordar Adrian! ─ Falo brincando com ele ─ Posso fazer um pequeno teste contigo Adrian?

─ Claro, como poderei aj... ─ O espeto com a minha chave ─ AIIIIIIIIII!

O grito dele chama atenção do pessoal de fora da guarita que me olham espantado

─ Doeu?

─ Claro! Você é doido policial?

─ Não, não sou. Só não é estranho isso ter doído tanto a ponto de você gritar e aquilo não ter doído nada? ─ Falo apontando para o corpo

─ Mas aquilo deve ter doído muito Roberto! ─ Marcos me fala, ele é esperto sacou onde quero chegar.

─ Não o suficiente para fazê-la gritar e o nosso amigo aqui ter ouvido para ajudá-la! ─ Olho para o porteiro com cara de assustado ─ Ela não gritou, gritou Adrian?

─ Não!

─ Ok, podemos ver a filmagem agora, dá para ver do teu computador não dá?

─ Dá sim. Mas seu chefe já pediu para mim...

─ É eu sei, mas será mais rápido para nós se vermos agora

─ Tudo bem

Ele põe a imagem e mostra o assassino correndo...

─ Volta para mim Adrian, uns vinte minutos antes desse ponto, por favor!

Ele volta e algo me chama a atenção:

─ O prédio tem Nobreak não tem?

─ Sim!

─ Então mesmo que ocorra um blackout as câmeras continuam funcionando

─ Creio que sim, mas faz anos que não ocorre nenhum blackout

─ Você checou elas antes de assumir o posto?

─ Sim, funcionando cem por cento! Aonde quer chegar policial?

─ O que houve, entre às Onze e Cinquenta e Cinco ─ falo mostrando a hora na imagem ─ e Meia Noite e Vinte e Três?

─ É um salto de vinte e oito minutos, tempo o suficiente para ter ocorrido o crime! ─ Marcos fala

─ Você não apagou esse tempo da imagem apagou Adrian?

A perda de cor do nosso amigo diz tudo, na falta de fala o silencio denuncia o que ele aprontou antes de chamar-nos

 ─ Olha eu estou disposto a manter a paciência Adrian ─ Falo, me segurando para não xingar até a trigésima geração do maldito ─ então por favor, me conta o que houve!

─ Se meu chefe descobrir eu tô ferrado policiais, eu faço dois trabalhos e nem sempre tenho tempo de dormir, já que saio de um e vou para o outro e ... Bom, acabei dormindo aqui, por isso não vi o que houve

─ Aí você apagou a filmagem para não perguntarmos o que fazia? ─ Marcos pergunta e cara, ele é surpreendentemente calmo, por que eu estou com muita vontade de agarrar o pescoço de Adrian e estrangular até o maldito morrer ─ Você sabe que destruiu uma prova não sabe?

─ Mas não tinha nada de mais, apenas uma mulher correndo até o homem alcança-la e depois da uma tela preta e chega à parte que vocês viram!

Isso é interessante, quer dizer que o assassino cobriu a câmera antes de matar a vítima!

Me retiro e deixo o Marcos falando, antes que eu passe de investigador a assassino!

─ E aí o que arrancaram dele? ─ Arthur pergunta ao me ver saindo do prédio

─ Só que ele é um idiota!

─ Todo caso, esse caso é teu, então nada de sumir, vai com Marcos para a delegacia!

É lá se vai minha folga, com hoje são cinco meses sem saber o que é eu ficar um dia em casa e descansar.

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