4 - Guarde bem o meu nome

Acordei com uma dor extrema nas pernas, tinha certeza de que meus olhos estavam abertos, mas tudo ao redor era um breu intenso. Me arrastei pelo chão úmido sem a mínima força para levantar. Parecia um pesadelo, mas tudo era real demais. A dor era real demais. A pior parte de tudo era eu não saber onde estava e isso me desesperou.

O que havia acontecido com o Duque? Por que não havia me matado? Não que eu esteja reclamando, se tiver a oportunidade, obviamente vou agradecer a pequena extensão da minha vida. Mas, ainda assim, tudo é extremamente confuso.

Enquanto me arrastava alcancei algo que parecia uma porta. Não haviam fechaduras do lado de dentro e nenhuma luz vinha das frestas, o que me levou a pensar que lá fora estava tão escuro quanto aqui dentro.

De repente, um medo subito me atingiu, eu esperava que tudo não passasse de um sonho, mas as minhas pernas doiam como o inferno e essa dor não é algo que provem de sonhos.

Uma preocupação maior tomou conta da minha mente.

E se eu não fosse a única aqui?

O lugar parecia enorme, tudo estava escuro e um imenso silêncio tomava de conta de tudo, ou talvez eu não estivesse escutando nada. Eu não conseguia ouvir nem a minha respiração, como vou saber se não tem mais ninguém aqui?

Continuei me arrastando pelo chão na esperança de não encontrar ninguém. Na direção oposta à porta, ao passar a mão no chão, eu consegui sentir algo.

Me afastei o mais rápido que minha condição permitia, mas nada parecia ter reagido ao estímulo. Criei coragem de chegar um pouco mais perto e, de repente, como num ritual mágico, um pouco de uma luz azulada vinda da fresta da porta iluminou precariamente o lugar e eu pude ver com um pouco mais de clareza o que estava no chão. Um cadáver.

Ao lado do cadáver havia uma longa adaga completamente suja de sangue, mas o cabo brilhava de maneira bruxuelante diante da luz e parecia me chamar em sua direção. A mesma adaga que eu havia usado para apunhalar o Duque. E me passou pela cabeça que talvez eu ainda estivesse viva pelo simples fato de que Frederick ainda não estivesse totalmente recuperado do que havia acontecido. O pensamento de que eu havia conseguido machuca-lo me acalmou um pouco e me deu esperanças de conseguir sobreviver.

O cadáver no chão era de uma garota, os cabelos negros e cumpridos e uma expressão suave, mesmo com seu corpo apodrecendo e alguns insetos rastejando por seu corpo. Meu destino provavelmente seria o mesmo que o dela se eu não pensasse em um plano para continuar viva.

Assustada, me arrastei rapidamente para o mais longe possível e um bolo se formou em minha garganta. Eu não conseguia respirar, queria que aquilo fosse mentira e que eu acordasse sã e salva em algum lugar.

O silêncio que tomava conta do lugar repentinamente parou e eu pude ouvir minha respiração discompensada. Um odor desagradável e podre tomou conta do que, segundos depois, eu notei ser uma cela.

Graças a pouca claridade, pela primeira vez desde que eu acordei eu pude dar uma boa olhada nas minhas pernas. Estavam doendo tanto que eu não pude sentir o sangue que escorria dos cortes. Era uma visão deplorável.

Tentei acalmar minha respiração. O corpo no chão continuava imóvel, o que era bom. Lembro vagamente de ter ouvido histórias sobre pessoas que mesmo depois de morta conseguiam se mexer graças a alguma maldição.

Mesmo com minhas pernas doendo, me forcei a levantar e caminhei novamente em direção à porta.

Assim que minha mão alcançou a madeira meio descascada, comecei a bater com toda a força que me restava, afim de chamar atenção de quem quer que estivesse lá fora. O Duque, talvez.

Sendo sincera, eu preferia milhões de vezes ter uma morte rápida pelas mãos de Frederick do que apodrecer em um lugar como esse. Sem a chance de tentar sobreviver.

- Tem alguém aí? - Gritei, mas saiu quase como um sussurro. Mesmo que eu, de coração e alma, estivesse pronta para anunciar minha presença. Meu corpo parecia não estar concordando.

Todo o meu corpo gelou quando, de repente, passos começaram a ecoar do lado de fora. Passos firmes. Um cheiro de sangue inundou o lugar e uma pontada de arrependimento veio, afiada e latejante.

Ouvi os passos pararem em frente à porta e, sem saber em que direção à porta abriria, resolvi me afastar.

Apertei minha mãos uma na outra tentando me acalmar e esperei o som da fechadura destrancando, mas tudo ficou silencioso. A leve luz azulada se apagou e uma forte luz amarela iluminou tudo de uma maneira extremamente clara, mas mesmo assim não quis olhar com mais detalhes o que estava atrás de mim. Apenas continuei ansiosa pela vinda do dono dos passos.

Um som alto de um ferrolho deslizando sobre ferro me estagnou. Todos os meus pelos se arrepiaram e continuei parada sem a mínima condição de me mexer. A porta então se abriu revelando o rosto asqueroso do famoso Duque de Amaranthine e eu finalmente pude ter certeza de que minha teoria estava certa. Havia um curativo em seu tronco, exatamente no lugar onde eu o havia apunhalado. Eu tinha perdido uma boa oportunidade de fugir e isso talvez custasse a minha vida.

Era possível ver em seus olhos o quão irritado ele estava. Todo seu rosto se contorcia ao me encarar, como se me ver viva fosse contra sua própria existência. Ele tinha o objetivo de me matar desde o inicio, nunca houve realmente nenhuma chance de sair viva deste lugar ou de ser sua noiva. Era, desde o princípio, um jogo para sanar sua sede por sangue. Para que a fera dentro dele tivesse um pouco mais de diversão sem se preocupar em ferir as regras do reino. Tudo havia sido premeditado. Ele não tinha um alvo certo, por isso não sabia se eu era ou não a verdadeira Kiara. Tudo que ele quis, desde o início, foi ouvir os gritos de terror de uma pobre e frágil garota ecoarem pela sua mansão. Alimentando sua sede por uma caça perigosa enquanto destroçava ou perseguia sua vítima.

- Então você está viva, coelhinha. - Sua voz asquerosa chegou aos meus ouvidos, um pouco contida, como se fosse difícil acreditar no que via.

Foi então que me lembrei do corpo atrás de mim. Ele faria comigo o mesmo que fez com ela. Me manter presa naquela sela até que eu morresse. Deve ter sido uma surpresa para ele escutar os sinais de que eu ainda estava viva e, mais que isso, ele poderia ter facilmente me ignorado e deixar que eu morresse com o passar do tempo. Entretanto, ele deve ter aprendido a não me subestimar. Sabia que eu tentaria sair assim que recuperasse minhas forças. Agora, era uma questão de honra.

- Precisará de muito mais do que isso se quiser me ver morta. - Respondi áspera. Eu já não tinha forças para tentar mais nada e eu sabia que caso me encontrasse com o Duque mais uma vez, provavelmente seria um encontro fatal. Porém, lá estava eu, agindo como se ainda conseguisse correr e tentando parecer superior.

- Você é um vaso difícil de quebrar, querida. - Deu um leve sorriso. - Mesmo que eu a jogue no chão ou tente pisa-la você continua inteira. Embora, eu veja que já há algumas rachaduras. Não vai demorar até que você esteja totalmente em pedaços.

- Talvez você apenas não tenha a capacidade para quebrar esse vaso. - Respondi tentando me distanciar dele, mas era difícil. Eu estava dentro de uma sela e, provavelmente, seria morta nela.

De qualquer forma, não importa o que aconteça, não irei me arrepender de nada. Mesmo que as chances de eu estar viva fossem maiores se eu não tivesse tomado o lugar de Kiara. Eu estou orgulhosa do quanto tempo eu pude sobreviver, de como eu lutei por mim mesma. Morreria sabendo que fiz tudo que pude. Embora, não tenha sido suficiente.

- Você acredita duramente que é capaz de vencer, não é coelhinha? - Fez um sinal para que eu o acompanhasse. - Alguém como você precisa aprender seu verdadeiro lugar. Uma mulher nunca será capaz de derrotar um homem. É por isso que elas não aparecem em nossas histórias, nosso passado está repleto de homens fortes e mulheres fracas que necessitam de proteção. Uric está certo em deixa-las apenas como objeto de procriação. Afinal, vocês não servem para nada mais que isso.

Eu o segui, estremecendo de puro ódio a cada palavra que eu ouvia. Lá estava, na minha frente, o maior seguidor de Uric. E como Odila havia dito, ele não nos enxergava como pessoas. As mulheres não servem para nada? Onde está o respeito pela pessoa que os colocou no mundo? Certo que, caso eu tivesse a chance de encontrar a mãe de algum daqueles homens eu faria questão de perguntar como ela havia conseguido criar um ser tão imundo.

- Isso são apenas um monte de palavras, tente coloca-las em prática e vai ver que não fazem sentido. - Segui caminhando atrás dele. - Há inúmeras mulheres forte por aí, seus nomes não estão nos livros, mas existem. Que culpa temos que vocês sejam egoístas a ponto de não querer que o restante das mulheres saibam que são capazes de fazer tudo que vocês fazem?

- Mulheres? Fazendo o que homens fazem? - Ele gargalhou alto. - Não seja estúpida. Isso nunca irá acontecer, coelhinha. Embora eu tenha ficado impressionado com suas habilidades, elas jamais seriam suficientes para que você conseguisse me matar.

- Correr é realmente uma habilidade tão admirável assim? Pois, se me lembro bem, foi a única coisa que eu fiz. - Perguntei sarcasticamente, pois sabia que nada que eu fizesse realmente surpreenderia o Duque. No fim, ele apenas me queria morta. Apenas estava estendendo um pouco mais o meu tempo de vida me mantendo ali.

- Mulheres são ótimas em fugir. - Ele disse enquanto começamos a atravessar o que me parecia ser um túnel. - Não acha isso uma habilidade adorável, coelhinha?

- Quando você vai parar com toda essa conversa e me contar o que realmente está acontecendo? - Perguntei ainda o seguindo, juntando todas as minhas forças para me manter de pé. - Por que ainda estou viva? Além de que, eu agradeceria se você parasse de me chamar de coelhinha.

De repente, o velho parou de caminhar e tudo se tornou claro. Olhei ao redor e percebi o espaço amplo, um pátio iluminado pela lua cheia. Me virei e percebi que estava certa, nós havíamos acabado de sair de um túnel. Era surpreendente a quantidade de lugares que aquela mansão tinha. Eu havia percorrido quase toda a área enquanto tentava sobreviver, mas sempre haviam locais que pareciam completamente novos, diferentes.

Eu estava distraída com meus pensamentos, mais que isso, eu baixei totalmente a minha guarda perto do Duque Frederick. Talvez por imaginar que ele me daria uma chance de fuga. Entretanto, mais uma vez, eu havia sido ingênua o suficiente.

- Você feriu meu orgulho, coelhinha. - Disse virando-se para mim.

- Por eu tentar fugir? - Perguntei dando um passo para trás assustada. - Não esqueça que foram ordens suas. Me disse para tentar sobreviver.

- Oh, não! Estou falando sobre a adaga que você cravou no meu estômago. - Ele baixou seu rosto e apontou para o local do seu ferimento.

Ele veio se aproximando vagarosamente de mim, enquanto eu estava totalmente petrificada pelo medo súbito que surgiu em mim. Uma energia pesada tomou conta do lugar e eu senti como se estivesse prestes a morrer sufocada. Quando já estava frente a frente comigo deu um sorriso sarcatisco e eu senti algo perfurar meu estômago. Consegui desviar de seu rosto e olhar para baixo. Lá estava, cravada na minha barriga, a mesma adaga que eu havia usado para apunhalar ele.

- Pela sua cara de espanto, você realmente não estava esperando por isso, coelhinha. - Sorriu sarcástico.

- O que? Como você... - Fiquei sem palavras, todo o meu corpo trêmulo e o ar indo embora aos poucos.

A dor era insuportável, eu conseguia sentir todas as forças que me restavam irem embora junto com meu sangue. O lugar era frio, mas eu conseguia sentir o calor do meu sangue escorrendo pelo meu corpo. Era realmente uma questão de honra. Ele faria comigo o mesmo que eu havia feito com ele.

- O que você é? - Perguntei por fim, com medo e certa de que provavelmente seriam as últimas palavras que sairiam da minha boca.

- Você não precisa saber disso. - Parecia entediado. - Igual todas as outras você não foi capaz de fugir, mesmo tendo tantas oportunidades. Mas, não me surpreendo. Mulheres são, de fato, decepcionantes. O sexo frágil, incapazes de lutarem por suas próprias vidas, acomodadas e numa busca eterna por alguém que garanta sua proteção. Patéticas, devo dizer.

- Você está errado! - Foi a única coisa que pensei. Eu queria dizer que era mentira. Que eramos fortes, mas tudo que ele dizia, de repente, me parecia real.

Se éramos tão fortes quanto eu acreditava, por que eu não havia conseguido sobreviver? Por que estava ali, morrendo, enquanto meu sangue deixava meu corpo?

- Você não foi muito diferente. Um pouco melhor do que as outras, mas mesmo assim uma grande incompetente. - Disse ríspido, como se me odiasse. - Aqueles que não podem lutar por sua própria vida, não merecem continuar vivos.

Eu tentei me afastar quando ele veio novamente em minha direção, mas eu já estava cansada demais, fraca e desapontada com tudo. Quando ele agarrou o meu pulso e me forçou a olhar para seu rosto nojento, eu senti que aquilo era realmente o que eu merecia. Por ser tão frágil e inútil. Por tentar salvar os outros, por tentar ser boa demais, quando, na verdade, eu não deveria ser o pior possível.

Ele deslizou sua mão asperamente pelos meus braços até meu rosto. Me assustei quando suas mãos agarraram fortemente meu cabelo e levou meu corpo e, principalmente meu rosto, em direção ao chão. Ouvi o som do meu rosto se chocando contra o chão, mais uma vez, o líquido quente escorrer pelo meu rosto e, principalmente, pelo meu nariz. Meus olhos lacrimejando e uma enorme tontura.

Minha cabeça estava próxima aos pés do Duque e eu sabia o que ele queria. Sua intenção era me ver implorar pela minha vida. Queria que eu me ajoelhasse e concordasse com sua superioridade, mas eu não faria isso. Eu não sairia viva daquilo, com certeza. A morte era algo óbvio, por este motivo, eu não deixaria que ele ficasse com a minha honra. 

- Eu sei sobre todas as garotas que você matou. - Afirmei com dificuldade, sentindo o gosto metálico em minha boca. - Imagino que elas tentaram sobreviver tanto quanto eu e que quando foram pegas imploraram por suas vidas. - Conclui.

- Está certa. - Gargalhou. - E é a mesma coisa que você está prestes a fazer, coelhinha.

- Eu não vou implorar. - Tentei me levantar, mas meu rosto foi chutado.

- Não? - Do chão eu pude ver seu rosto cheio de frustração e ódio. Era exatamente o que eu queria ver.

- Eu lutei muito para continuar viva. - senti as lágrimas escorrerem por meu rosto. - Sei que pretende me matar de qualquer forma. Então, morrerei com dignidade sabendo que, eu, Alyssa Reynard, enganei o grande Duque de Amaranthine. O que acha disso, Frederick?

- Alyssa Reynard? O que quer dizer com isso? - Perguntou, de certa forma, curioso.

- Eu não sou sua noiva, nunca fui. - Gargalhei sentindo tudo em mim doer. - Você esperava Kiara Annesley, mas eu dei um jeito de salva-la e tomar seu lugar. No fim, uma mulher conseguiu fugir de você.

- O QUE? - Seu grito estrondoso ecoou por todo o lugar vazio. Quando assimilou tudo que havia acontecido ficou descontrolado. Talvez muito mais do que antes.

Eu já sabia que morreria, que toda aquela conversa servia apenas para que eu conseguisse o irritar, mas logo eu teria o mesmo destino que qualquer outra garota que entrou nesta mansão teve. Mas, comicamente, eu não me arrependi. Eu havia conseguido provar que eu não era tão inútil. Embora fosse perder a vida por isso. Mas se o preço por enfurecer um Duque que achava ser superior a todos era a morte, então eu pagaria de bom grado. Nesse caso, a morte parecia extremamente saborosa.

Logo ele estava me chutando o máximo que conseguia, tentando amenizar sua raiva ao me ver sofrendo fisicamente.

- Está tentando aliviar sua raiva me batendo? - Sorri cinicamente olhando para o seu rosto. - Isso não vai diminuir sua incompetência, Frederick. Espero que guarde bem o meu nome.

Mais chutes.

Ele obviamente estava possesso de raiva. Mas fazia total sentido, há pouco tempo atrás ele estava fazendo seu discurso de como mulheres eram incompetentes e mostrando o quanto ele era superior como homem, mas, de repente, ele descobre que alguma garota conseguiu escapar dele. Que alguma mulher criou um plano para engana-lo. Pior que isso, se eu tivesse sido um pouco mais inteligente duas mulheres iriam conseguir fugir dele.

Foi um ótimo pensamento, fico um pouco triste de não ter executado melhor o meu plano.

Minha visão já estava mais do que turva, eu só conseguia escutar alguns poucos sons ao meu redor, como o barulho dos seus chutes acertando o meu corpo. Entretanto, no meio do caos e de toda a dor, uma voz firme, elegante e calma chegou aos meus ouvidos.

- Eu lhe aconselho a parar. - Escutei a voz dizer. - Não quero minha noiva coberta de hematomas.

Juntei a pouca força que ainda restava no meu corpo e abri meus olhos. A primeira coisa que vi, ainda caída no chão, foram as costas do Duque e, na sua frente, a silhueta de um homem alto de cabelos longos.

- O que está fazendo aqui? - Escutei o Duque gritar. - Já disse para não se meter nos meus negócios, seu bastardo.

Talvez eu estivesse fraca demais e por isso tudo parecesse acontecer muito rápido, mas logo após terminar de falar, o Duque estava caído um pouco distante de mim enquanto contircia-se no chão. Ele parecia patético. Pouco tempo antes ele parecia ser o homem mais forte e agora não passava de um idiota prepotente que não era realmente capaz de fazer o que dizia. Sorri sentindo o gosto amargo do sangue na minha boca quando ouvi ele xingar quem quer que o tenha derrubado.

Vi a sombra do homem passar por cima do corpo do Duque, ignorando totalmente sua presença, e vir em minha direção. Porém, eu já não tinha mais forças. Apenas senti suas mãos me levantarem e seu corpo quente me aconchegar antes de finalmente desmaiar.

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