5. Primeira Aula de Beijo

Luciana

A que ponto cheguei na vida?

Pedir ajuda para o irmão do cara que eu gosto a fim de conquistar o cara que eu gosto? Eu não preciso disso.

A quem eu quero enganar? Preciso, sim. Preciso muito.

Virou uma obsessão.

Acho que depositei na conquista de Otávio todas as minha expectativas de ser feliz algum dia.

Isso era extremamente perigoso. E se desse errado?

Tinha tudo para dar errado. A grande pergunta era: o que eu faria se desse errado?

Bem, quando desse errado, eu ia descobrir. Eu não conseguia evitar aquela sensação de pagar para ver.

Alessandra já torceu o nariz quando soube que eu teria outra ajuda para conquistar Otávio. Afinal, ela estava decidida que Otávio era o maior babaca da face da Terra e que eu devia me amar mais. Mesmo assim, ficou curiosa em relação a Christofer.

Com "curiosa" eu quis dizer "desconfiada". Ela tinha tanto um pé atrás que daqui a pouco faria um espacate.

— Isso é muito estranho, Luciana. — Disse a ruiva. — Você acha mesmo que aquele cara vai querer te ajudar?

— É claro que vai. Ele precisa consertar os instrumentos dele. — Falei com a maior certeza do mundo. — Por que duvida?

— Não sei. Esse cara parece mais acostumado a seduzir do que a ajudar a seduzir. Não sei. — Alessandra deu de ombros. — Mas, não vou falar nada para que não me chame de negacionista.

E era exatamente como eu ia chamá-la.

Eu ia me encontrar com Chris naquele dia. Era como uma reunião de planejamento. E, dependendo do que conversássemos, eu ia cancelar a ajuda dele. Eu não ia colocar uma arma na cabeça de Otávio para obrigá-lo a ficar comigo.

Enquanto eu me arrumava na maior cara de pau, Alessandra me olhava em total reprovação. Ela era minha melhor amiga, mas julgava mais que vizinha de portão.

Ela assoprava aquele insistente fio de cabelo ruivo da frente do seu rosto e me encarava.

Alessandra já tinha escolhido que ia me azucrinar em qualquer tentativa que eu fizesse para conquistar meu professor, então eu já tinha escolhido ignorá-la.

Sim, eu tinha me juntado com Chris para tentar seduzir o irmão dele. E não me arrependia nem um pouquinho. Seria uma tarefa árdua para ele, mas se ele estava se propondo era porque tinha seus métodos.

— Se fizer isso, não espere a minha ajuda. — Disse ela, vendo que eu não ia parar. — Luci, desiste dele. Estou pedindo!

Eu borrifava um Dolce & Gabanna no pescoço, inculpe. Não ia me importar com o diz-que-diz dela.

— Ai, Alê, não tenta me fazer desistir, me incentiva, por favor. Pelo menos aceite. — Implorei.

— Essa história está mal contada. O Chris é irmão do Otávio e não tem dinheiro? Acredito. — Ela cruzou os braços e ficou batendo o pé, com cara de poucos amigos.

— Quando eu descobrir a história, eu te conto. — Falei. Perspicácia não é meu ponto forte, mas eu tenho que dar um voto de confiança.

Saímos da minha casa poucos minutos depois. Eu estava toda empolgada, enquanto Alessandra queria me esganar, e mais ainda porque não a convidei para ir junto. Ela ia estragar tudo e tentar me dissuadir de todas as formas.

O chofer deixou Alessandra na casa dela, e ela desceu do carro e murmurou alguma coisa ao sair, mas eu não entendi bulhufas e acenei. Continuei meu caminho olhando pela janela e pensando nos nomes dos meus filhos com meu amor. Otávio era um nome tão imponente!, nosso filho tinha que ter o nome de imperador romano. Ou, no mínimo, monarca francês.

Antes de me dar conta, cheguei ao apartamento do Chris. Ele morava na Barra, a algumas quadras do mar, então ele realmente tinha dinheiro. A história não estava fazendo sentido. Bem, ele pode ter herdado o apartamento, também.

Quando toquei a campainha, quem atendeu foi a empregada.

— Olá, boa tarde, senhora. — Eu disse. — Qual o seu nome?

— É Lurdes. — Respondeu, um tanto surpresa por eu perguntar. — O Chris está lá no quarto.

— Ele avisou que eu vinha? — Estranhei. Quem recebe as pessoas no quarto?

— Pode ir que ele está lá. — Ela insistiu.

Aulas no quarto? Não é comum, mas tudo bem. Pode ser que Lurdes esteja arrumando a sala.

Era estranhamente luxuoso e moderno o apartamento dele. Tinha uma adega na sala. Não cheguei muito perto para não quebrar nada, já que sou um desastre ambulante. Mas, ao olhar, percebi que eram vinhos, conhaques e uísques muito bons. Sei disso porque minha mãe tinha alguns daqueles exemplares em seu apartamento, e Amélia não consome nada barato.

Ele bebia Johnnie Walker. Se era músico mesmo, alcoolismo não me parecia tão destoante.

Tinha um violão velho encostado à mesinha de centro (provavelmente o único instrumento que escapou da fúria da ex dele) e um espaço bem grande entre o sofá e a televisão. Acho que o sofá era de praxe, já que ele devia trabalhar sentado no chão da sala.

Notei que o apartamento de Christofer era maior do que o meu. Aí a coisa ficou mais estranha. Se ele tinha dinheiro, o que queria comigo? Ele queria meus órgãos? Já peguei meu celular e deixei o 190 engatado.     

Quando cheguei ao quarto dele, já meti a mão na maçaneta. Afinal, Lurdes deu a entender que ele me aguardava. Não ia ficar do lado de fora enquanto ele me esperava lá dentro. Bem, por falta de comunicação, eu abri de uma vez e o encontrei de cuecas, mexendo no armário.

Não vou negar que Christofer era um encanto de homem. Ele tinha lindos gominhos na barriga, e suas pernas eram longas e musculosas. Ele era todo definido. Involuntariamente, eu olhei para a cueva dele e reparei no volume.

Meti a mão no meu cordãozinho de Nossa Senhora. Meu Deus, eu sou pura. O rubor não me deixou pensar bem.

— Tarado! — Gritei, e Chris se assustou, finalmente me vendo ali.

Alguns livros que ele tentava colocar na parte superior do armário caíram em seu rosto. Eu fechei a porta, irritada. Foi para isso que ele me chamou? Para me seduzir de cueca?

— Desculpe! — Ele gritou lá de dentro e demorou alguns minutos para abrir a porta, já vestido com um moletom e casaco. Chris estava envergonhado? Não, no máximo assustado por ter sido pego de surpresa. — A Lourdes deve ter achado que você era uma das minhas namoradas.

— São tantas assim? — Perguntei, surpresa. Ele era bem diferente do Otávio. Graças a Deus o meu Otávio não era um fanático sexual.

Quer dizer, o que eu sabia sobre ele? Eu ia descobrir agora.

— Bem... — Ele disse, sentando-se junto comigo no sofá. As pontas dos cabelos dele estavam molhadas. Deus, o cabelo dele era lindo. Aliás, ele era muito cheiroso. Em que eu estava me metendo? — Onde está o pagamento?

Passei meu telefone e ele avaliou rapidamente, guardando no bolso em seguida. Fiquei com um pouco de raiva por ter que abrir mão do meu celular, mas eu não esperava menos do que o Otávio beijando meus pés por esse preço.

Christofer suspirou.

— Bem, vamos lá. — Cravei a atenção em cada palavra dele. — Você, definitivamente, não faz o tipo do meu irmão.

— O quê?! — Exclamei. Ele me chamou aqui e pegou meu celular para dizer isso? Nem pensar, pode ir devolvendo. — Então é isso? Não é possível, tem que ter alguma coisa em mim que atraia o seu irmão.

— Você é completamente o contrário das mulheres que ele gosta. — Christofer abriu os dedos e foi esticando um a um, pontuando enquanto falava. — Ele gosta de loiras, altas, peitudas, idade média de 35 anos, e divorciadas. É o que todas elas têm em comum.

— Merda. — Murmurei, com lágrimas nos olhos. De fato, tenho cabelo castanho, não sou alta, nem peituda, tenho 18 anos e sou BV. O combo dos horrores para Otávio. — Tem que ter alguma coisa que possamos fazer.

Chris me olhou inexpressivamente, e disse:

— Sim, desistir do Otávio.

Eu estava vendo aonde ele ia com aquela palhaçada.

— Muito engraçado. — Debochei. Eu achei que ele ia se oferecer para me preparar um jantar com Otávio, não que ia me m****r desistir. — Se pegou meu celular é porque tem alguma ideia.

— Bem, você não é peituda. — Chris logo esclareceu e eu fiquei grata por ele constatar o óbvio. — Então temos que tentar outra abordagem. Vai ter que atacá-lo.

— C-como assim? — Da raiva fui direto para o terror. Ele quer que eu me insinue sexualmente para o Otávio? Eu? Eu, que tenho a agilidade de uma barata depois do jato de SBP na cara?

— O meu plano é colocar vocês em contato. — Ele disse, cruzando os braços e pensando.

— Sim. — Uni minhas mãos, meus olhos brilhavam de esperança.

— Talvez fazer uma festa e embebedá-lo, esse tipo de coisa. — Chris comentou, como se fosse a coisa mais fácil e menos criminosa do mundo. — Consigo fazer isso.

— Isso não é assédio? — Comecei a tremer de nervosismo.

— Você só vai dar um beijo nele. — Chris insistiu na inocência do ato.

— B-beijo? Como assim? — Gritei involuntariamente, forçando-o a me olhar.

— Sim, beijo. O que tem de mais? — Ele estava estranhando minha reação exagerada. Não entendeu minha reação, foi como se eu tivesse falado em mandarim.

Eu não ia revelar meu segredo.

Não.

Ele ia saber que foi o primeiro a tocar meus lábios naquela piscina. Que humilhação.

Minha incrível falta de convicção falou por mim:

— E se eu não beijar direito? — Falei, já tendo certeza que ele ia sacar. Eu tremi tanto que parecia ter visto um fantasma.

A levantada de sobrancelha que o Christofer deu mostrou que eu me entreguei. Ele disse:

— Como assim não beijar direito?

Era prova oral aquilo? Que insuportável.

— E.. eu... eu... — Comecei ficar enrubescida. Apertei a barra da minha saia e evitei contato visual. Acabei me denunciando completamente.

Christofer ficou olhando para mim. Nossa, aquelas íris azuis eram capazes de derrubar qualquer um, era muito difícil resistir a olhos tão intensos. Se ele não parasse de me examinar eu ia contar todos os meus pecados desde que nasci. Era perigoso. Desviei o olhar com força.

— Você é BV, Luciana? — Boca Virgem. Minha alcunha, da qual nunca consegui escapar. Ouvi a pergunta sem, contudo, ver o rosto dele. Graças a Deus.

Pensei que ia desmaiar de vergonha. Se pensarmos que essa pessoa na minha frente foi justamente a que tocou meus lábios pela primeira vez, na piscina, eu não era mais BV. Mas, se considerarmos que foi um salvamento e que não conta como beijo, realmente eu sou BV.

— Péssima ideia, vou embora. — Falei, ríspida e trêmula. Levantei e parei perto da porta, envergonhada. Acho que ele notou como aquela pergunta me abalava.

— Não, espere aí. — Ele falou e meteu a mão na porta sobre meu ombro. Bloqueou meu caminho. — Não tem problema, eu te ensino.

Ahm?  Foi insano. Christofer não estava falando o que eu pensava que ele estava falando.

— Me ensina o quê? — Arregalei os olhos, virando-me de frente para ele.

Péssima ideia. Agora nossos rostos estavam muito próximos.

Minhas bochechas queimavam de vergonha e ansiedade. O que aquele louco ia propor?

— A beijar, ué. Não é esse o problema? — Christofer deu de ombros, como se fosse a coisa mais normal do mundo.

Não é que eu nunca tivesse tido oportunidade de beijar.

Eu tinha medo das expectativas dos outros e acabava fingindo que não queria para não mostrar a grande verdade: não sei beijar.

Quem tem 18 anos e não sabe beijar?

Quanto mais eu fui envelhecendo, mais eu achava ridículo não saber beijar. Eu não beijava as pessoas que flertavam comigo porque tinha medo que soubessem que não sei beijar. Em vez de aprender com elas, eu fugia delas. Então, aqui estou.

Eu acho que nunca fiquei tão perto de um homem assim, e virei o rosto. Era muito embaraçoso. Eu senti a respiração quente de Christofer em minha pele, e isso significava que estávamos muito próximos. Bem, posso jurar que o olhar dele era intenso demais para sustentar, eu tinha que fugir.

Eu só queria cavar um buraco e me enterrar, como sempre fazia em qualquer situação na vida.

— Tudo bem. — Ele falou, segurando meu rosto. — Você está me pagando. Não tem motivos para ter vergonha. Todo mundo já foi BV um dia.

Meu Deus, por que ele insinuou que vai me beijar? Eu sou inocente e pura. Cadê a minha bíblia? Toquei o pingente de Nossa Senhora em meu pescoço e pedi forças.

— Você perdeu com quantos anos? — Perguntei, pensando que ele diria 15.

— Onze. — Ele respondeu.

— Meu Deus. E com quem? — Fiquei horrorizada.

— Uma coleguinha da escola. Mas não tem problema nenhum. — Ele passou o dedo no meu lábio inferior. — A sua boca é gostosa.

Gelei.

Minha Nossa Senhora.

Esse elogio foi novidade. Nunca elogiaram minha boca. Por que meu coração estava tão disparado? Por que passei de contratante de serviços a uma presa encurralada de Christofer Prescott?

Suei.

Acho que nunca vi alguém tão atirado. Christofer era mesmo tão seguro de si? Para ele, devia ser super natural beijar e fazer saliências. Para mim era o momento mais importante da vida.

Fiz meus cálculos.

Eu precisava me acalmar.

Bem, como eu estava pagando, eu acho que poderia fazer aquilo sem morrer de vergonha. Afinal, talvez aquela fosse a única maneira de perder meu BV de verdade. Era melhor do que perder com alguém com quem estou emocionalmente envolvida. Não ia querer que meu primeiro beijo com Otávio fosse terrivelmente asqueroso, caso contrário ele não ia querer me beijar nunca mais. Imagina se eu babo nele? Ou se batemos dentes... ou pior. O maior pesadelo de qualquer pessoa é beijar com a boca aberta enquanto a outra vem com a boca somente entreaberta. Vergonhoso.

— Tudo bem. — Falei, mas se eu sentisse qualquer sinal da situação fugindo do controle, sairia correndo. E, para variar, eu abri a boca em um "o" minúsculo. — É assim?

— Não. — Ele riu, segurando meu rosto com as duas mãos e mordiscando meu lábio inferior.

Eu nunca senti isso. Eu gelei dos pés à cabeça, porque ele deu uma mordidinha e passou a língua. Era muito safado, meu Deus do céu!

Naquele exato segundo, eu saí da defensiva. Fiquei nas mãos de Christofer.

Eu sei que ele fez respiração boca-a-boca em mim, mas isso era totalmente diferente.

Na primeira vez que nossos lábios se tocaram, ele estava tentando salvar uma vida. E agora ele estava me beijando. Beijando a Luciana, especificamente. Era muito bom. Mas, eram muitas sensações, e eu não estava preparada. Fiz o que sempre faço quando estou muito constrangida: tentei fugir.

Instintivamente, tentei me afastar, envergonhada, colocando as mãos no peito dele para começar a empurrá-lo. Ele me pressionou contra a porta, levando bem a sério o assunto, e segurou meus pulsos.

— Ain. — Gemi. E o olhar dele mostrou que era um predador naquele momento.

Ele mordiscou meu lábio novamente, e disse:

— Regra número 1: você pode fazer o que quiser: morder, lamber, chupar. Mas, relaxe. — Senti um esporro na última palavra. Eu estava travada igual estátua.

— Posso passar a língua no céu da boca? — Perguntei, totalmente enrubescida.

— Passe a língua na língua. Deixe os lábios moles. — Ele explicou didaticamente.

Ele me beijou por alguns minutos, e a sensação era deliciosa. Deixei os lábios moles, mas era muito complicado para mim. Eu não tinha coordenação motora para todas aquelas informações, não tinha estrutura psicológica para passar aquela ansiedade sem fazer merda. Fiquei ruborizada e muito eufórica.

— Você está rígida. — Ele falou, colocando meus braços em volta dos ombros dele, e ficamos com os narizes colados. — Relaxa, Luciana! Se entrega para mim.

— Estou quase morrendo de tanto nervosismo. — Respirei fundo, sentindo meu rosto carbonizar e minhas pernas perderem a força. Para piorar, ele brincava comigo roçando nossos lábios e me analisando. — E você fazendo essas coisas me deixa catatônica.

— Já sei. — Ele colocou o rosto no meu ombro e eu pensei que ele ia me abraçar, não entendi nada.

Então, senti sua língua molhada deslizando no meu pescoço! Como assim? Nossa, ele tinha mesmo jeito para aquilo. Mordiscou minha orelha e sua respiração quente me fez revirar os olhos.

Foi estranho como um ou dois toques dos lábios dele me acalmaram instantaneamente. Eu nunca senti isso antes. Era como um botão que ele acionou para desligar minha angústia.

Os sentimentos que ele acendeu foram outros. Eu me senti um pouco… não sei dizer. Acho que fiquei desnorteada, refém. Acho que eu queria senti-lo mais um pouco.

Christofer percebeu que eu relaxei porque coloquei meu peso nele. Até que era gostoso isso, mas eu queria não ficar tão nervosa. Acho que a pequena vitória do dia foi eu ter realmente gostado daquilo.

Percebi o mundo de prazeres dos quais eu estava abrindo mão por medo ou ansiedade.

Ele continuou mordiscando meu pescoço, segurando as minhas costas com suas mãos.

Eu senti um formigamento em outras partes do corpo.

É normal isso?

Fiquei mole como uma lesma.

Christofer se afastou do meu pescoço somente o suficiente para olhar meu rosto. Viu que a minha expressão tinha mudado de medrosa para deslumbrada e ruborizada e deu um sorriso de quem já sabia que isso ia acontecer.

Arrogante.

Ele ficou satisfeito com o resultado e disse:

— Mais umas 5 aulas e acho que você passa do nível básico de beijos.

— Cinco aulas??? Eu sou tão ruim assim? — Mordi o lábio, agora avermelhado por causa do beijo.

— Ruim, não, péssima. — Ele depreciou. — Mas eu gosto de desafios.

— Poxa. — Fiz a cara do gatinho do Shrek.

— Ainda tem todo o resto. — Ele complementou. — Só que, desse jeito, eu não vou devolver seu celular.

Senti um pouco de vergonha e decepção. Peguei minha bolsa e fui até a porta, triste. Acho que os dois eram bem parecidos, afinal: Otávio e Chris me fazem sentir angustiada.

— Ei, Luci. — Chris falou, quando abri a porta da casa dele.

— O que foi? — Eu só conseguia olhar o chão.

— Desculpe. Não quis fazer você se sentir mal. — Ele disse, segurando minha mão para me impedir de ir embora.

Era estranho como Christofer achava natural tocar nas pessoas. Era muita intensidade para uma pessoa medrosa como eu.

Bem, pelo menos ele pedia desculpas. Otávio me viu correr de sua festinha chorando e não ligou. Christofer notou que eu estava triste, pelo menos.

— Acredito, mas é o natural. É onde todos sempre me colocam: no lixo. — Murmurei, ainda fitando o chão.

— Ei, não fique assim. — Ele não tinha problemas em tocar, mesmo. Ele me puxou até que eu ficasse de frente para ele e levantou meu rosto pelo queixo. — Eu não quis te chatear. Eu gostei dos seus beijos.

— Promete? — Meus olhos se iluminaram.

— Sim.

— Acha que o Otávio vai gostar de mim?

— Claro. — Ele me deu uma piscadinha.

Agradeci a ele com um beijo no rosto e fui embora.

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