Um Amigo Arisco.

Bom dia/ Boa tarde/ Boa noite/ Boa madrugada.

Voltei !

Aqui está mais um capítulo.

Obs : Vai ter o ponto de vista da Valentina também, só que mais pra frente.

Ps : Depois desse longo capítulo vai começar a surgir aos poucos fragmentos do mundo sobrenatural, nossa querida Izzy vai começar a vivenciar situações diversas onde a personagem vai evoluir com o tempo, assim como outros personagens.

Boa leitura !

Byeeeeeeeeee !

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Pov. Izzy

Enrolar o Nick há exatos três dias sobre meu falso encontro não tá sendo fácil, eu estou com medo de que ele vá até a garota nova perguntar a ela sobre o cancelamento de última hora do falso encontro nesses dois últimos dias. Bom, talvez eu deva rever minhas atitudes e acabar com a mentira logo, se ele descobrir que eu menti vai querer saber o motivo e se eu fingir que levei um pé na bunda, ele vai querer socar a garota, mas sei que ele nunca faria isso.

Que merda.

Mais preciso acabar com isso.

O pior é que, eu coloquei a garota que mora ao lado nessa confusão sem ela nem saber e mesmo que soubesse não me ajudaria, eu fui grossa com ela desde o primeiro dia que nos vimos e mesmo quando ela foi legal me ajudando com aquela situação, eu ainda fui grosseira e idiota. 

Ela deve me odiar.

É com razão, eu fui um estrupicio.

O pior é que e automático, eu não consigo controlar minha língua, quando vejo eu já falei merda. Talvez eu devesse me desculpar, porém eu não conseguiria, até porque apesar de estarmos na mesma classe não conversamos, ela tem se sentado longe de mim e as vezes o único lugar vago é ao meu lado, mas ela não me olha, simplesmente finge que não existo, eu mereço isso, nunca fui gentil com ela. 

Dias de luta, dias de glória.

Melhor frase para definir a nossa jornada durante a nossa passagem na terra.

Isso me faz pensar nos meus pais, eles foram os melhores pais do mundo é me dói que eles tenham falecido tão cedo, pessoas incríveis não deveriam morrer, mas pelo menos eu tenho coisas boas deles para me apegar. Respiro fundo enquanto caminho em direção ao refeitório ouvindo os cochichos das pessoas a meu respeito, isso não me afeta, não mais, no começo, logo após o lance com Carter e Sarah, foi muito difícil, mas com o tempo eu acostumei a ser odiada sem motivo.

As pessoas são idiotas.

Elas odeiam o que não entendem ou não sabe muito a respeito.

Porque é mais fácil julgar as pessoas pelo o que as outras dizem sobre ela do que ir em busca da verdade.

As pessoas não querem a verdade, querem histórias fantasiosas e cheia de mentiras.

É não importa se isso pode machucar alguém, o que importa e ser arrogante e idiota para se encaixar em grupinhos que vão se desfazer com o tempo.

Vejo o refeitório cheio de adolescentes idiotas e cheio de hormônios, olho em volta em busca do meu irmão e mais a frente vejo ele sentado com Henry, Jensen, Sasha e uma garota ruiva, bom talvez seja a garota que ele falou há alguns dias e que eu não conheci, porque estive ocupada repondo as aulas e os exercícios que perdi durante um mês, apenas hoje tive essa folga por ser sexta feira e nas sextas a gente tem a tarde livre para fazer atividades do nosso agrado, isso graças a nossa querida diretora Jackson, ela é uma diretora diferente, ela apoia a liberdade de expressão e dá valor ao que os alunos pensam, então toda sexta temos essa liberdade, podemos até ir pra casa mais cedo, porém hoje seria diferente, amanhã vai ter um amistoso da liga universitaria de basquete, um time de uma universidade de Portland vem enfrentar o nosso time e eu estarei lá apoiando meu irmão e meus amigos. Falando neles, caminho até a mesa onde eles estão conversando e rindo de algo, Jensen e o primeiro a notar minha aproximação, ele sorri e se levanta.

- Acho que meus olhos estão vendo uma miragem. - diz quando eu estou próxima de todos.

- Sim, talvez vocês todos estejam tendo um delírio coletivo onde a ovelha negra ressurge da escuridão em direção a luz. - digo sorrindo para ele que vem até mim e me abraça e em seguida me levanta no ar.

- E bom te ver aqui com a gente. - diz Henry sorrindo pra mim.

- Vem, senta do meu lado. - diz Jensen me puxando para sua cadeira ao lado de Nick que sorria feliz por me ver ali.

- Fecha a boca, vai entrar mosquito. - brinco e ele nega.

- Não consigo, é muito bom te ver interagindo com todos de novo. - diz e eu sorrio me sentindo sem jeito.

- Izzy, quanto mais o tempo passa, mais bela você fica. - diz Sasha e eu nego com a cabeça.

- Não tanto quanto você. - digo e ela sorri.

Olho para a ruiva que sorria sem jeito com a interação e estendo minha mão para ela que segura e aperta.

- Sou Isabelle, mas pode me chamar de Izzy. - digo e ela assente.

- Sou Annelies, mas pode me chamar de Anne. - diz e eu sorrio.

- Em homenagem a Anne Frank ? - pergunto curiosa.

- Sim, é eu também tenho origem judaica. - responde sorrindo.

- Seus pais não poderiam ter escolhido pessoa melhor para homenagear. - digo e ela assente.

- Eu concordo. - diz e eu olho para Nick que sorria com nossa interação.

Meu irmão é tão bobão.

Ele é literalmente um homem forte de um metro e oitenta e cinco com a doçura de uma criança, impulsividade de um adolescente, maturidade de um velho de oitenta anos e a bobagem eu não sei de onde vem.

Mais ele também pode ser furioso as vezes.

Depende da situação.

- Ei, olha quem tá ali. - diz Nick apressado apontando para a bancada onde escolhiamos o que comer.

Olho na direção indicada e sinto meu coração acelerar, caramba, porque tinha que ser ela. Respiro fundo tentando manter a calma, não e como se o meu irmão fosse chamar ela pra sentar aqui com a gente, ele prometeu não importunar ela até o falso encontro acontecer. 

Porém meu irmão me prova que estou errada.

Eu quero matar ele.

- Valentina ! - chama alto acenando para a garota que se vira confusa em nossa direção com a bandeja na mão.

Ela nos encara sem entender e pra meu total desespero ele faz um gesto a chamando para nossa mesa, ela faz uma cara avaliativa e eu vibro por dentro quando seus olhos azuis encontram os meus e seu semblante se torna indecifrável, isso que dizer que ela não vem, ótimo. Encaro a garota esperando que ela dê as costas e vá na direção contrária, porém para meu total desespero ela faz exatamente o que eu não queria... Ela caminha com sua bandeja em nossa direção, vejo Nick se levantar e puxar uma cadeira de uma mesa vazia e colocar ao meu lado, ele afasta a sua para perto de Anne deixando o lugar ao meu lado para a garota que já estava perto o suficiente para me fazer querer correr dali feito louca.

Porém tenho que encarar isso.

Eu tenho que lidar com as consequências da minha mentira.

Chegou a hora.

- Me chamou ? - pergunta olhando para Nick e em seguida seus olhos focam em mim e eu desvio.

- Sim, quer se sentar com a gente ? - questiona Nick sorridente e a garota olha em volta. - Sei que parece estranho, mas descobri recentemente que você e nossa nova vizinha e gostaríamos de te dar boas vindas, mas sinta-se a vontade para recusar, porém saiba que vai deixar um irmão muito curioso sobre a garota com quem sua irmã caçula vai sair. - completa e eu me engasgo com minha própria saliva.

- Aí meu Deus. - diz Jensen dando leves tapinhas nas minhas costas.

Assim que me recupero, Jensen me oferece um pouco do seu suco e eu aceito tomando um gole por puro nervosismo, em seguida devolvo o copo e olho feio para meu irmão e em seguida olho para a garota que me lançava um olhar avaliativo, mantenho meus olhos nos seus e noto algo em seu semblante, porém não consigo definir o que é ainda.

- Então ? - pergunta Nick olhando para a garota que olha para ele.

- Quem te disse que vou sair com a sua irmã ? - questiona séria e eu sinto meu corpo travar.

- Izzy contou para mim, por acaso era um segredo ? - pergunta Nick preocupado olhando de mim para Valentina.

- Izzy, hum... - diz parecendo se divertir com meu apelido. 

Ela fica alguns minutos em silêncio me encarando sem expressão, até que ela sorrir sem mostrar os dentes e olha para meu irmão.

- Bom, se era um segredo, não é mais. - diz se sentando ao meu lado e eu a encaro incrédula a fazendo sorrir.

Mais não era qualquer sorriso, era um sorriso de quem está se divertindo com a situação. 

Garota má.

- Que foi, você foi a primeira a estragar nosso grande segredo. - diz dando ênfase no " grande segredo. "

- Me desculpe, sair com você é emocionante demais para mim esconder de todos. - digo com um olhar de puro deboche e ela sorrir.

- Eu sei que sou demais. - diz convencida e eu piso no seu pé fazendo ela me olhar de forma ameaçadora e eu arqueio as sobrancelhas.

- Olha só, elas já agem como casal. - diz Sasha empolgada e eu sinto vontade de revirar os olhos.

Até parece que se eu sentisse algo por mulheres, seria logo pela novata convencida e arrogante.

Okay, arrogante talvez tenha sido pesado, ela tá mais pra sarcástica e indecifrável.

- Não exagera. - peço e a morena levanta os braços em sinal de rendição.

- Vocês já se beijaram ? - pergunta Anne e eu abro a boca.

- O que ? Não ! - respondo agoniada e a garota ao meu lado ri.

- Ainda não, mas eu tô trabalhando duro nisso, essa garota aqui é tão arisca quanto uma égua desenbestada, porém eu sou uma grande domadora de feras. - diz e eu lhe lanço um olhar mortal, mas ela não liga e envolve seu braço em volta da minha cintura me fazendo prender a respiração.

- Porque você não cala essa boquinha e vai pegar o meu almoço. - digo entre dentes e ela sorrir.

- Vai ser um prazer minha futura namorada. - diz e eu arregalo os olhos. - Já volto com seu almoço querida é futuro cunhado, quando eu voltar responderei o que eu puder para diminuir sua curiosidade. - completa olhando para Nick que assente sorridente.

Respiro fundo quando ela se afasta e vejo Jensen rindo baixinho, olho para Nick e ele me olha sorrindo.

- Você prometeu não se meter. - acuso e ele dá de ombros.

- Sou seu irmão, não posso deixar você sair com qualquer pessoa de novo. - diz e eu suspiro. - Da última vez que eu tirei meus olhos de você, eu perdi minha irmã por um ano e meio, não vou cometer o mesmo erro, não vou deixar ninguém te machucar de novo. - completa e eu assinto.

- Tudo bem, só pega leve nas perguntas. - digo e ele assente.

Não posso o impedir de querer saber mais sobre a suposta pessoa com quem vou sair, Nick se sentiu muito culpado quando o lance com Carter aconteceu, ele se sentiu inútil por não estar lá para mim. Mais o que mais me surpreende e Valentina ser uma ótima mentirosa e atriz, ela está fazendo todos acreditarem que vamos sair de verdade, não sei se agradeço ou se soco ela, talvez os dois. Vejo ela se aproximar com minha bandeja e fico ainda mais surpresa por ser algo que eu gosto, porém não falo nada quando ela deixa a bandeja na mesa e se senta, apenas a olho pensando como ela sabia o que sempre escolho pra comer ou se sua escolha foi pura sorte.

Provavelmente foi sorte.

Pura sorte.

- Obrigada. - agradeço e ela assente séria.

- Bom, agora que voltou, quero saber um pouco sobre você, tudo bem ? - questiona Nick e ela assente.

- O que eu puder lhe contar meu caro. - responde tomando um gole de refrigerante.

- Então, onde você morava antes ? - pergunta Nick curioso.

- Alemanha. - responde calma e eu a olho e ela rapidamente me olha de canto como se soubesse que eu estava a encarando.

- Então você é alemã ? - pergunta Sasha e ela nega.

- Não, minhas mães são, eu apenas me mudei pra lá para um estudo intensivo quando tinha dez anos e recentemente voltei. - responde levando a colher até a boca e eu noto que ela provavelmente fez aula de etiqueta, pois sua maneira de se sentar e se portar a mesa e muito coisa de filme de princesa.

- Então você já morou aqui na cidade ? - pergunta Henry confuso e ela faz uma careta confusa.

- Bom, minha família reside aqui há anos, porém minhas mães se mudaram daqui para New Orleans quando eu tinha dois anos, apenas meu tio continuou aqui. - responde e me olha.

- Caramba, então você voltou as suas origens. - diz Anne que até então estava calada.

- Suas mães compraram a casa ao lado ? - pergunta Nick e ela nega.

- Não, a casa e delas, apenas estava alugada há a anos. - responde olhando em volta.

Hum...

Ela nasceu aqui.

Suas mães também e meus pais nunca falaram sobre isso.

Vai ver eles não tinham amizade com as mães dela.

- Quem é seu tio ? - pergunta Jensen e ela olha para ele.

- Fergus Leblanc. - responde e o latino sorrir.

- Ele é o nosso novo treinador, ainda não sabemos muito sobre ele, apenas que ele foi o astro do basquete daqui em noventa e dois. - diz Nick animado e eu reviro os olhos.

- Então posso dizer que seu time está em boas mãos. - diz e em seguida se levanta olhando em volta e eu me pergunto se ela perdeu algo ou alguém. - Sinto muito, mas teremos que deixar o interrogatório para depois, eu tenho que ir agora, tenho uma ligação para fazer. - continua e me olha. - Nos vemos depois querida. - diz e em seguida aproxima seu rosto do meu me deixando estática.

A encaro paralisada com a possibilidade de que ela me beije, porém para meu total alivio ela apenas beija minha bochecha e sai com um sorrisinho sarcástico irritante e um semblante de pura diversão.

Maldita.

- Ela parece ser bem legal e interessante. - diz Jensen me olhando com um sorrisinho zombeteiro e eu reviro os olhos.

- Cala a boquinha meu precioso. - digo imitando voz do gollum da franquia senhor dos anéis e ele ri.

- Me obrigue minha preciosa. - devolve fazendo todos rir.

Ficamos conversando sobre como Jensen nos escravizava para assistir todos os filmes de o senhor dos anéis com ele e até lembramos de Sarah Miller. A garota que era minha melhor amiga e que se mudou depois do que houve com a gente e Carter. Isso me faz pensar em como ela está agora e se eu devia mandar mensagem para ela, mas rápidamente descarto essa opção, eu a ignorei por um ano e meio, mandar mensagem seria muita cara de pau e eu não sou cara de pau. Assim que o sinal tocou, eu corri em direção aos armários para pegar a apostila que o professor de física tinha me dado no dia anterior, eu teria uma prova para recuperar pontos na terça e então teria que estudar muito. Assim que chego ao corredor dos armários, eu vou em direção ao meu é o abro, pego a postila e coloco na mochila e em seguida fecho o armário, porém quando me viro vejo Meghan a ex namorada de Carter próxima a mim me encarando.

- Como vai destruidora de sonhos ? - pergunta com um olhar furioso.

Eu apenas a ignoro e tento sair dali, mas ela me puxa pelo braço e eu me viro o puxando de volta.

- O que você quer ? - pergunto impaciente e ela ri.

- O que eu quero ? - questiona sarcástica. - Eu quero que você morra pelo que fez. - completa me empurrando contra os armários.

- Essa sua ladainha já tá velha, não acha que tá na hora de trocar o disco arranhado por um novo ? - questiono sarcástica e ela agarra a gola da minha blusa e eu a encaro sorrindo.

- Você se acha demais, mas eu vou fazer você pagar pelo que fez, custe o que custar. - responde ameaçadora e eu a empurro para trás.

- E melhor tirar suas mãos sujas de capacho de macho escroto de cima de mim, se não tem coragem de seguir adiante, não atice quem tem. - digo sentindo o meu coração bater mais rápido e aquela sensação sufocante começar outra vez. 

O que é isso ?

Será que eu estou com algum problema de coração ?

- Não duvide do que eu sou capaz. - diz a loira, porém sua voz parecia distante.

Ouço aquele zumbido familiar e fecho os olhos e quando os abro minha visão estava turva e eu já não conseguia ouvir a voz da loira com nitidez, apenas o zumbido me deixando irritada até que aquela voz meio rouca surgiu.

- Senhoritas, damas discutindo em um corredor e se empurrando feito animais na jaula brigando por espaço pessoal não e nada legal sabia. - diz Valentina e eu olho na direção de onde veio o som de sua voz e a vejo de forma embaçada.

- E quem é você pra se intrometer assim ? - pergunta Meghan irritada.

- Eu sou a protetora dos animais indefesos, por isso eu vou fazer o favor de afastar a besta surtada de você pra que ela não devore sua alma podre. - responde a garota e quando ela coloca sua mão em minhas costas e acaricia o local o zumbido em meu ouvido começa a diminuir.

Essa garota parece um remédio ambulante.

Sempre que aparece, eu melhoro.

- Você me chamou de animal ? - questiona a loira oxigenada furiosa.

- Você esqueceu do indefeso, mas tudo bem, teremos outras oportunidades para esclarecer isso, agora se nos der licença. - responde me puxando para longe dali.

Ela me leva em direção ao estacionamento que estava vazio e para em frente a um banco onde os alunos que vem de ônibus o espera, ela me ajuda a sentar e em seguida se senta ao meu lado, porém um pouco mais distante de mim. 

- Respira fundo. - diz ela e eu a encaro com minha visão ainda um pouco turva, porém ela olhava para a frente.

- Como você sempre aparece nessas horas ? - pergunto e ela dá de ombros.

- Eu tenho um ótimo faro para confusão e você minha querida fede a confusão. - responde e eu fico na dúvida se deveria me sentir ofendida.

- Devo ficar ofendida ? - pergunto sentindo meus olhos arderem e os fecho.

- Não os feche, só vai piorar. - diz e eu abro meus olhos encontrando os seus me avaliando. - É não, você não deve se ofender com a verdade. - completa e eu soco seu braço de leve, ela olha para seu braço e só então eu tenho noção do que fiz.

- Me desculpe, foi puro impulso. - peço envergonhada e ela sorrir sem mostrar os dentes.

- Tudo bem, faz parte do seu jeito grosseiro e mal educado. - diz sarcástica e eu lhe dou outro soco o que faz ela arquear a sobrancelha.

- Você mereceu. - digo e ela nega com a cabeça.

- Talvez eu deva te encher de socos, porque você também merece. - diz e eu lhe mostro o dedo do meio.

- Tá vendo, você também é uma cavala. - digo e ela ri.

Ótimo.

Ela concorda comigo.

- Talvez. - diz olhando para frente.

Ficamos em silêncio por algum tempo, ela não queria falar e eu estava em uma luta interna sobre ser mais amigável, até que um dos dilemas vence.

- Isabelle. - digo e ela me olha. - Eu estou me apresentando formalmente pra você. - completo e ela assente.

- Formalmente seria se você tivesse dito seu nome completo. - diz e eu reviro os olhos o que a faz sorrir de forma contida. - Sou Valentina Leblanc, é um prazer ser formal com você, senhorita Lavely. - completa e isso me faz lembrar do nosso encontro no cemitério onde ela sabia meu nome.

Sinto vontade de perguntar sobre isso, mas não o faço.

- Sabe, eu gostaria de saber porque você me envolveu na sua mentira, por acaso você tem um crush em mim ? - pergunta e eu arregalo os olhos.

- Lógico que não. - exclamo nervosa fazendo ela rir. - Você apenas apareceu na hora certa, eu estava tentando inventar algo para o meu irmão não me encher de perguntas sobre o que houve segunda feira e quando te vi, eu tive a brilhante ideia de dizer que era porque eu ia sair com você. - completo e ela assente.

- Entendo, a propósito, seria melhor avisar quando você inventar mentiras com meu nome, porque se meu coração não fosse só noventa e nove por cento maligno e minha percepção das coisas não fosse tão boa, eu teria te desmentido na frente de todos. - diz e eu assinto.

- Eu te devo uma. - digo e ela me encara séria. - Obrigada por deixar seu um por cento de bondade transparecer no almoço, segunda feira e há alguns minutos atrás. - digo sincera e ela assente.

- Não foi nada, Isabelle. - diz meu nome devagar como se estivesse gostando de pronunciar ele. - Agora que está recuperada, até breve. - completa se levantando e em seguida sai andando em direção ao seu carro.

Acompanho seus passos até o jaguar preto, onde ela abriu a porta e entrou, em seguida partiu me deixando com uma sensação estranha. Ignoro a sensação e ligo para Nick vim me buscar, ele não demora muito e quando entro no carro ele começa a falar sobre o jogo de basquete e eu apenas sorria achando engraçado a sua empolgação. Quando ele parou o carro em frente a nossa casa eu automaticamente olhei para a casa ao lado, o carro dela não estava estacionado lá, o que significa que ela não veio para casa. Ignoro a curiosidade que queria tomar conta de mim e entro em casa, subo direto para meu quarto, tomo banho e em seguida desço para uma tarde de filmes de monstros com Nick. Em algum momento eu cochilei e quando acordei já estava escuro, me levantei para comer algo vendo que já era meia noite e que meu irmão dormia feito um bebê, sorri vendo que ele estava na beirada do sofá e que cairia a qualquer momento e eu estaria aqui presente para rir. Enquanto faço waffle com cobertura de chocolate ouço um barulho lá fora, paro o que estou fazendo e pego uma faca grande, caminho até a porta e a abro devagar. Olho em volta vendo a rua silênciosa e deserta, ando mais um pouco e ouço um barulho perto da lixeira, me aproximo segurando a faca firme e me preparo para puxar a lixeira e ver o que estava atrás, porém sou surpreendida por algo pulando encima de mim, caio no chão com o susto soltando a faca longe e o que vejo me deixa paralisada. 

Um lobo preto de tamanho médio me encarando furioso.

Provavelmente um filhote em fase de crescimento.

Merda.

Engulo seco enquanto ele rosnava baixo me encarando e sinto algo molhado em meu pescoço, olho de canto e vejo que era sangue. Merda, foi tão rápido que provavelmente ele me mordeu e eu não senti. O animal começa a me cheirar e eu prendo a respiração, ouço passos rápidos e a voz de Nick chama minha atenção.

- Caramba. - diz assustado. - Calma, eu vou pegar meu taco de baseball. - diz no momento em que o lobo se afasta de mim.

- Não. - digo vendo o lobo se preparar para atacar meu irmão. 

Quando Nick nota arregala os olhos vendo o lobo correr em sua direção, porém eu consigo segurar em sua para e o puxar para trás trazendo a atenção dele pra mim que me olha furioso. Me sento vendo o lobo se aproximar e Nick se põe a minha frente com uma taco de baseball, quando o lobo parte para cima Nick o acerto o fazendo recuar e quando meu irmão vai pra cima do animal e eu me levanto e o impeço.

- Não machuca ele. - peço e meu irmão me olha enquanto o animal tá caído.

- Ele te machucou. - diz e eu olho meu pescoço vendo que o sangue não era meu.

- Não é meu sangue, e dele. - digo e meu irmão abaixa o bastão. - Ele não me atacou, apenas ficou me encarando e cheirando. - digo confusa.

- Talvez ele estivesse observando sua presa para depois devorar. - diz Nick e eu me aproximo do animal que gemia de dor.

Me ajoelho próximo a ele e ele rosna e tenta me morder.

- Tá vendo, eu vou acabar com ele. - diz e eu nego.

- Óbvio que ele ia tentar me atacar agora, você o atacou primeiro. - digo aproximando minha mão devagar do animal e ele rosna, mas não tenta me atacar.

Quando minha mão encosta no seu focinho, ele apaga, o que me deixa nervosa, procuro seus batimentos cardíacos e vejo que estavam fracos. 

- Me ajuda Nick, vamos levá-lo ao veterinário. - digo e meu irmão resmunga. 

- Você tá louca ? - pergunta e eu reviro os olhos.

- Temos que ajudar ele. - respondo nervosa e pra piorar o carro de Valentina estava se aproximando.

Assim que ela para o carro a porta do passageiro se abre e eu vejo um lobo branco do mesmo tamanho desse saindo de lá, ela fecha a porta do carro e o seu animal rosna em nossa direção fazendo ela nos olhar.

Ótimo.

Era o irmão do lobo dela.

- Tá tudo bem aí ? - pergunta se aproximando e quando me vê com a mão sobre o lobo preto ela para. - O que houve, porque você está suja de sangue ? - completa parecendo preocupada.

- Esse lobo atacou ela. - responde Nick apontando para o animal que eu puxava para perto.

- Está ferida ? - pergunta e eu nego e então ela olha para o lobo. - Eu posso cuidar dele. - diz e eu a encaro.

- Pode ajudar ? - pergunto e ela assente. 

- Eu tenho o meu desde os meus quinze anos, eu aprendi como cuidar de animais feridos. - responde se abaixando a minha frente.

- Uma especialista. - digo com um tom divertido e ela dá de ombros.

- Talvez. -diz pegando o animal no colo. - Eu posso cuidar dos ferimentos, mas você terá que cuidar dele depois. - diz e eu assinto.

- Não, vamos devolvê-lo a natureza. - diz Nick apressado.

- Esse lobo não é comum, se ele apareceu aqui, talvez algo tenha chamado a atenção dele, se ele te cheirou e não te atacou, e sinal de que deve ficar com ele. - diz Valentina olhando para mim e eu sorrio.

- Eu vou ficar com ele. - digo e Nick me olha incrédulo. - Pelo menos até ele melhorar, você o machucou, deve isso a ele. - completo e meu irmão revira os olhos.

- Tudo bem, coloquem ele na garagem, não quero esse animal dentro de casa, pode tentar nos atacar. - diz meu irmão e eu o abraço feliz.

Não sei porque, mas eu tenho a sensação de que Valentina tem razão.

Esse lobo não me atacou.

Talvez a especialista possa me contar mais sobre esse possível amigo arisco.

_______________ Continua _____________

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