CAPÍTULO 7 - JASON FIELDS

O calor escaldante faz a testa de Jason suar. Ele se abriga à sombra de uma Mulembra e admira tranquilo a paisagem. A comunidade está chegando no pátio da ONG AME -AngolaMaisEsperança, onde Mutaba Quituno é o presidente. Ele arruma o microfone, ajeita mais algumas cadeiras e pede para as crianças pararem de correr e se sentar. Ele acena a Jason:

— Está tudo bem aí, senhor Jason? Começaremos em um instante.

Jason acena sinalizando que está tudo em ordem.

As pessoas idosas e os adultos humildemente trajados começam a se sentar sob a tenda armada no páteo da ONG. Mutaba liga o microfone, que emite um som estridente.

— Alô, alô. Amigos, hoje temos a honra de receber o senhor Jason Fields, que é diretor de tecnologia de uma grande empresa em Luanda, nossa capital. E se alguém de vocês ainda não sabe, o senhor Jason é o nosso maior doador. Hoje estamos comemorando um ano de existência e eu o convidei para mostrar o que estamos fazendo.

Jason caminha em direção à tenda, mas seu celular começa a vibrar. Ele para e atende:

JF: Alô, Jason Fields falando.

A: Senhor Jason? Boa tarde, aqui é o Arnold.

JB: Boa tarde, Arnold, em que posso ajudar?

A: Senhor Jason, aconteceu uma tragédia. O senhor Morrison morreu.

JB: Minha nossa! Como foi que isso aconteceu?

A: Foi no safari de Javalis. O senhor sabe que ele é competidor. Pois bem, parece que o rifle falhou e os javalis comeram ele.

JB: Pois é Arnold. Sempre tem um dia da caça e outro do caçador. Meus sentimentos.

A: O problema maior é que o senhor Morrison ficou encarregado de buscar a senhora Suellen Souza, no Aeroporto de M’Banza-Kongo.

JB: A nova chefe da empresa? Eu estou há alguns quilômetros, não terá problema se eu tiver que passar no Aeroporto para pegá-la.

A: Era isso que eu esperava ouvir do senhor.

JB: Fique tranquilo, Arnold. Eu preciso terminar algumas entregas de suprimentos nos projetos sociais. Eu vou até M'Banza Kongo, pego a chefe nova no Aeroporto e seguimos juntos rumo a Luanda.

A: Senhor Jason, do jeito que os fatos ocorreram, eu só posso lhe agradecer. O senhor está salvando a situação.

JB: Fique tranquilo, Arnold. Eu busco a nova chefe. Agora preciso desligar.

A: Muito obrigado.

Jason desliga o celular, segue caminhando e cumprimenta Mutaba.

— Perdoem-me pela interrupção. Aconteceu um imprevisto na empresa.

— Não foi nada, senhor Jason. Estamos felizes com sua presença.

Mutaba pega o microfone e continua:

— Amigos, em nome de toda nossa comunidade, agradeço ao senhor Jason Field pelos mantimentos e suprimentos doados mensalmente ao projeto social. Alimentamos mais de cinquenta famílias e fornecemos apoio educacional e profissional àqueles que necessitam. Nada disso seria possível se não fosse a generosidade do senhor Jason em custear nossa ONG. Por isso, queremos mostrar nossa gratidão através dessa humilde e sincera homenagem.

Os presentes aplaudem Jason Fields, que se levanta e recebe das crianças um quadro desenhado, uma bata africana e um turbante colorido, todos feitos artesanalmente pela comunidade. Jason veste a bata e coloca o turbante. Pega o microfone e começa a falar:

— Obrigado por esses lindos presente. Vou colocar esse lindo quadro na parede da minha casa. Obrigado pelas suas palavras, meu bom amigo Mutaba. Mas os agradecimentos não são necessários. O que eu faço por vocês é o que todo angolano mais afortunado e consciente deve fazer pela sua comunidade.

Os presentes aplaudem e Jason continua:

— Se todos doássemos um pouco do nosso tempo e do nosso dinheiro às causas humanitárias, Angola já teria superado muitos problemas e estaria melhor colocada nos índices da ONU. Nós somos um grande país, que só precisa de ações conscientes para tirar seu povo da miséria e colocar as crianças nas escolas. Eu luto por esse sonho de ver Angola mais desenvolvida e com oportunidades iguais para todos.

As pessoas se levantam e aplaudem novamente. Jason agradece e devolve o microfone. Mutaba, o presidente da ONG, o abraça e leva para dentro das dependências da escola. Jason acena e se despede das pessoas.

Mutaba abre a sala de informática recém construída e eles conversam:

— Eu lhe sou muito grato, Jason. Os suprimentos serão suficientes para montar a sala de informática para os jovens. Nós seremos eternamente gratos pela sua bondade.

— Vocês não precisam agradecer. Espero poder contribuir cada vez mais com todas as tribos e comunidades da região.

— Que você tenha sempre muita proteção divina para continuar esse trabalho. Você é um jovem talentoso e se tornou uma pessoa importante para o país.

Mutaba serve água a Jason e prossegue:

— Imagine só, aquele garoto que eu conheci, que adorava desmontar os relógios, agora constrói satélites para o país. Esse seu destino tem um propósito.

— Eu acredito nisso, Mutaba. O mundo em que vivo é cheio de disputas, mas é um mundo que não podemos nos afastar. A tecnologia e o progresso trazem os investimentos que proporcionam boas coisas para todos nós.

Mutaba olha para as pessoas conversando, e as crianças brincando no pátio da ONG, e comenta:

— Para que todos possamos viver em paz, basta que exista mais responsabilidade com aqueles que possuem menos oportunidades.

— E que não haja tanta ganância. — Complementa Jason.

Os amigos se abraçam em despedida. Jason precisa partir para entregar suprimentos em outros projetos sociais, além de cumprir um compromisso a mais: buscar Suellen Souza no aeroporto de M’Banza-Kongo.

A comunidade está toda na porta da ONG. Todos acenam felizes. Jason entra em seu Jipe Land Rover. Acena mais uma vez e parte em direção à M’Banza-Kongo.

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