OITO

×Samyra×

Um silêncio pairou no ar me deixando mais incomodada que o normal. Percebi que apenas quatro pessoas não quiseram falar nada na apresentação. O homem do lado da Alícia, que é meu dono, a tal da Sabrinne e os transformados.

_O jantar será servido!_Anuncia Inácio._Aproveitem!

Jantamos em silêncio. De vez em quando Inácio perguntava algo sobre nós e mais nada. A sobremesa foi um sorvete maravilhoso e claro, comi bastante. Amo sorvete. Será que alguém não ama sorvete?

_Vocês agora vão conversar à sós com seus donos._Inácio levanta-se da mesa._Boa sorte e mais uma vez, sejam bem-vindas!

As pessoas foram saindo da mesa e por fim só restou quatro pessoas. Um vento frio arrepia minha espinha e eu tremo levemente.

Olho pra Vera e ela não parece com medo ou receosa.

_Você pode me acompanhar?_Alícia pergunta em direção a Vera.

Vera apenas assente e antes de seguir Alícia, ela olha pra mim e sorri levemente. Permaneci de cabeça baixa esperando algo do meu dono. Estranho falar assim...

Nem meus pais que me criaram e me deram todo amor do mundo eu conseguiria chamá-los de meus donos.

_Siga-me.

A voz dele me causou um certo tremor interno e parecia que minhas pernas não queria obedecer meus comandos. Me forcei a levantar e o segui calmamente. Eu iria levar a minha primeira mordida e a tensão que estava dentro de mim mais parecia que eu ía perder a virgindade.

Ele abre a porta e espera que eu entre. Já vi que com ele não haverá muito diálogo...

Entrei e me deparei com um quarto de cor vinho escuro com tons de vermelho. Alguns quadros estranhos e móveis bem alinhados. Era um quarto muito lindo, por sinal.

Tirei a bolsa do ombro e repousei numa poltrona. Aquele silêncio estava muito estranho...

Vi ele tirando o paletó e dobrando as mangas da camisa. Bufei alto demonstrando total reprovação com aquele silêncio todo.

_Você não é muito de falar, não é?

Digo de uma vez arrependendo-me logo depois por tal ousadia. Ele é uma vampiro, ele é um vampiro muito forte, sua burra!

Tapei a boca olhando ele dar um meio sorriso que logo desaparece de seus lábios.

_Primeiro, me trate como Senhor._Ele caminha em minha direção._Segundo, Já vi que você fala demais..._Ele encosta o dedo no meu nariz._Melhor ser mais silenciosa. É um aviso.

Apenas assenti com a cabeça sentindo minhas pernas amolecerem. Sempre fui muito brava com as pessoas. Sempre falei o que quis, fiz o que quis, mas agora era diferente. Eu estou diante de uma pessoa que drenaria meu sangue em questão de segundos.

_E terceiro, sim, eu não sou de falar muito._Ele gira ao meu redor se colocando por trás de mim._Seja silenciosa, não grite.

Ele afasta meu cabelo deixando meu pescoço totalmente nu. Senti meu coração acelerado e minha respiração falhando.

De repente, como se em um passe de mágica, sinto os dentes dele fincados no meu pescoço. Abafei o grito com as mãos e meus joelhos fraquejaram. Senti suas mãos no meu quadril me obrigando a permanecer de pé. Minha mente começava a oscilar e minha cabeça pende pra trás. É uma sensação diferente, mas dolorosa. Minha visão fica turva e sinto que não me manterei acordada por muito tempo.

_Pa...re.

É a única coisa que consigo sussurrar antes de apagar totalmente.

...

Acordo lentamente abrindo os olhos com dificuldades. Me dou conta do que aconteceu e sento rapidamente muito assustada. Olho em volto e vejo que estou no chão. Isso mesmo, no chão do quarto onde fui mordida. Passo a mão no meu pescoço e sinto um curativo. Ele fez um curativo em mim?

A porta abre-se e eu me levanto rapidamente. Era ele. Eu gostaria de saber pelo menos seu nome, mas como vou saber se ele mal quer falar?

Fico parada na frente dele e parecia que ele estava concentrado na minha respiração.

_Obrigada, Senhor. Pelo curativo._Foi o máximo que consegui falar.

_Dispensada._Ele me entrega um papel._Amanhã às 8hrs aqui.

Sua voz ainda me provocava um certo arrepio, mas tenho que me acostumar. Caminho até a porta, toco na marçaneta e ainda olho para trás onde ele olha para a janela bebendo algo. Saio dali o mais rápido que posso em direção à saída. Acho que passei por alguém, mas foi tão depressa que não percebi quem era. Vejo Vera encostada no carro esperando-me e imagino quanto tempo eu devo ter perdido desacordada.

_Poxa..._Ela desencosta do carro._Pensei que ele tinha te drenado.

_Que otimista!_Falo irônica._Vamos logo!

Entramos no carro e partimos. Não demorou muito e chegamos em nossa rua. Abracei Vera e fiz ela prometer que amanhã me contaria tudo. Entrei em casa encontrando meu pai dormindo de mal jeito no sofá. Joguei a bolsa no chão e o ajeitei no móvel. O cobri e beijei sua testa. Fui até o quarto da minha mãe e vagarosamente abro a porta. Vejo ela dormindo em um sono pesado. Não sei como ela aguenta dormir tanto...

Fui pro meu quarto, tomei um banho rápido pois a água é pouca e vesti uma blusa imensa que eu fazia de camisola. Peguei o papel na bolsa e comecei a lê-lo. Tinha algumas informações minhas e outras da família Mansonni.

Samyra Andrade: Doadora de Albert Mansonni.

Sorrio por ter descoberto seu nome. Sei que ele nunca falaria por vontade própria. Vi o valor que eu iria receber e fiquei mais que satisfeita. Li que uma das justificativas do valor que eu receberei é a preciosidade do meu sangue. Guardei o papel e arrumei algumas coisas que estavam faltando nas malas. Tivemos que vender o meu guarda-roupa, então todas as minhas roupas ficavam dentro de malas. Facilitará e muito minha mudança amanhã. Poderei vim em casa apenas aos domingos ou quando o meu dono me liberar. Espero que ele coopere. Me joguei na cama pensando nesse jantar maluco de hoje e na enrascada que eu estou me metendo. A partir de amanhã irei ajudar a Resistência e terei que ser muito cautelosa. Não poderei me distrair... Não irei, afinal.


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