DOIS

O Palácio dos Vampiros estava movimentado. Garçons com bandejas recheadas de iguarias e bebidas passeavam entre alguns convidados. Inácio, o patriarca da casa, estava sentado observando seus mais novos hóspedes. Alícia e Albert eram sobrinhos de Inácio, filhos de Saulo, seu irmão. Chegaram a Neshville com o objetivo de ajudar seu tio a governar a cidade. Inácio tinha apenas uma filha, a linda Sabrinne. Mas a jovem não se envolvia com as coisas do pai. No Palácio ainda morava mais gente. Soraya, que era mulher de Inácio e mãe de Sabrinne, Bryan, o irmão de Soraya e dois transformados por Inácio para servi-los, Josh e Arthur. Inácio organizou uma pequena festa para receber seus mais novos aliados. Neshville não era uma cidade pequena e quanto mais pessoas para regê-la, melhor. Já tinha chegado aos ouvidos de Inácio algo sobre a Resistência. Alguns humanos estavam desenvolvendo armas letais aos vampiros e isso era um problema aos olhos de Inácio.

Algumas pessoas da cidade, como o prefeito e outras famílias de importância econômica, se aliaram à Inácio e sua família. Não por simpatia, mas por temê-los.

_Proponho um brinde ao meus sobrinhos._Inácio levanta a taça e todos os seguem.

Todos juntaram as taças e vários tilintares foram ouvidos. Alícia era loira e de olhos dourados. Tinha uma face rígida e severa, mas nada assustador. Seu irmão Albert era militar de postura prepotente. Olhos azuis, maxilar desenhado e cabelo alinhado.

Depois do brinde, os doadores fixos se posicionavam do lado dos seus donos e recebiam suas mordidas quando eles bem entendiam. Sabrinne passou pelo meio do salão indo de encontro aos seus primos.

_Estava com saudades de vocês._Ela sorri em demasia causando certo desconforto em Alícia._Tudo bem, prima Ali?

_Sim, Sabrinne._A loira dos olhos penetrantes beberica sua bebida._Não tem doadores disponíveis para nós? Os nossos não puderam vir até Neshville.

Sabrinne faz uma cara de emburrada pois a única coisa que seus primos gostam de falar é de sangue, lutas e poder.

_Irei mandar espalhar que tem duas vagas para doadores._Ela sorri e sai da presença dos jovens.

Albert manteve sua postura e em momento algum deu trela para nenhuma conversa. Era sempre assim. Sua irmã já estava acostumada com esse seu jeito e até adquiriu parte dele. A luta contra a Resistência os tornaram mais fortes pois com as batalhas vieram as experiências.

Depois que Sabrinne pediu a empregada que mandassem distribuir panfletos anunciando que precisariam de novos doadores, voltou para junto dos primos.

_Albert, você mal falou._Ela analisa o homem à sua frente._Está tudo bem?

_Apenas cansaço, Sabrinne._Ele repousa sua taça vazia em cima de uma mesa ao seu lado e se retira.

Sabrinne sentia algo pelo seu primo. Sabia que era errado, mas ela sentia. Era encantada pela sua pose firme e sua voz grossa. Mas se condenava por isso pois Albert jamais teve olhar carinhoso para ela. Se não fosse para o satisfazer, de nada as mulheres serviam.

Josh e Arthur olhavam sorrateiramente a festa. Faziam parte dos transformados da família e não gostavam de serem tão pouco. Queriam exercer cargos ou batalhar contra a Resistência, mas eram apenas encarregados de servir a Inácio e proteger o Palácio dos Vampiros. Ansiavam por adquirir logo seus poderes por herdade.

Os vampiros possuem poderes particulares e diferentes entre si. E aquele que transforma um humano em vampiro tem capacidade de passar poderes para o mesmo. Josh e Arthur aguardavam receber seus poderes, mas estavam em avaliação ainda. Inácio precisava saber se eram fiéis à família Mansonni. Só assim seriam um deles.

_Cadê Albert, Alícia?_Pergunta Soraya para a loira que observava o movimento das pessoas.

_Se recolheu. A viagem foi cansativa._Ela sorri forçadamente e Soraya faz o mesmo para ela._Se me permite, farei o mesmo. Avise ao tio Inácio, por favor. Boa noite, Soraya.

Alícia passa pela mulher do seu tio fazendo-a revirar os olhos. Ela não gostava de Alícia pois aos olhos do seu marido, Alícia era melhor que Sabrinne pelo simples fato de ser boa em batalhas. Soraya sussurra o recado de Alícia no ouvido de Inácio e ele assente. Cada pessoa naquela casa tinha seu doador. No momento o único que se alimentava era Bryan, que tinha nas mãos o braço moreno de Liv, sua doadora. Os outros foram dispensados e voltaram para sua ala.

A ala dos doadores fica do lado direito do palácio. Lá eles eram comandados pela senhorita Claire. Uma senhorita rude, firme e perfeccionista. Ela aguardava a volta dos doadores no portão que dá acesso a ala.

_Vocês devem estar imundos._Ela berrava assim que os viu voltarem._Tomem seus banhos e recolham-se. Amanhã recomeça as atividades. Entendido?

_Sim, senhorita Claire._Todos repetem em uníssono.

Claire fecha os portões e se direciona para seu quarto. Os doadores se unem e sentam no chão do quarto para conversarem.

_Vocês conseguiram ouvir?_Nina, a doadora de Soraya diz animadamente._Vão chegar novos doadores.

_Espero que sejam legais._Otávio, doador de Inácio e o mais velho diz com desdém._Mas o que vamos fazer com a Liv? Bryan exige demais dela.

_Temos que ajudá-la de alguma forma. Eles dizem no protocolo que vão cuidar da nossa saúde, mas o que vemos aqui é descaso._Fabrícia, doadora de Sabrinne explode em tom de raiva._Só continuo aqui por que preciso.

Fabricia só tinha sua tia e ela precisava de remédios pois sofria de hipertensão. E Fabricia ainda pagava a uma mulher para cuidar da sua tia. O dinheiro era muito pouco, mas era isso ou ver sua tia piorar sozinha.

_Quem dera me juntar a Resistência..._Murmurou Felipe, doador de Josh._Quem sabe não há esperança?

_Duvido muito._Gabriel, doador de Arthur se joga no chão._O jeito é levar a vida do jeito que dá. Nunca imaginei que o mundo pudesse mudar tanto e nós, que sempre fomos livres, virassemos escravos desses sanguessugas.

Depois de uns minutos, cada um tomou seu banho e deitaram. A porta é aberta e uma Liv totalmente ensanguentada é vista. Ela desmaia e começa a ser cuidada por seus amigos que choram ao ver essa situação. Eles sabiam que isso poderia acontecer com qualquer um... Isso os assustavam muito.

*Resistência: Grupo de humanos que com a ajuda de seres sobrenaturais (bruxas e outros) lutam contra os vampiros desenvolvendo armas e instrumentos que sejam letais à eles. O ideal deles é devolver a ordem natural do planeta colocando cada ser no seu devido lugar.

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