Capítulo 8

Capítulo: Aqueles que temem.

narrado por:

| MICHELANGELO DONATELLO |

Pânico total! Alguém me segura, acho que vou desmaiar.

Lee, pelo amor da Lua chamei o lobo depois de sentir uma tontura, tive que me sentar para processar direito o que acabou de acontecer. Lee?

"Hum?" resmunga sem interesse. Esse lobo desgraçado!

— Hã? Como assim "hum" seu bosta?! Encontramos mesmo nossa companheira? 

"Isso é meio obvio, né idiota?" resmungou de novo. Provavelmente aconteceu um erro antes de me enviarem para a Terra, mandaram um espírito velho no corpo de um jovem como eu! Não existe lobo mais ranzinza, rabugento e irritante como Lee.

Reviro os olhos, xingando-o em pensamentos.

E ela fugiu de nós — murmurei em voz alta, coçando a nuca sem saber direito por onde a vampira correu.

"Se assustou com a sua cara feia" disse fazendo graça me irritando. Não disse? Irritante e chato.

Ó, pergunto o tamanho do pecado que cometi na vida passada para os deuses terem me castigado com um espírito como Lee. Logo eu, uma pessoa tão boa e carismática.

"Narcisista, metido, nariz empinado, se acha de mais” o lobo cortou meus pensamentos, rosnei para ele.

— A situação em que estamos e você fazendo graça? É da nossa companheira, ok? Já pensou se ela está com algum namorado?! — engulo seco com essa possibilidade. Passei anos esperando pelo momento, se ela me negar eu não sei o que faço.

Que ideia de girico essa a dos deuses de companheirismo e almas separadas. Aí, só passo raiva, se não bastasse Willian me atazanar o tempo inteiro, tenho Lee e uma provável rejeição. 

Lee fica mudo por alguns minutos, me deixando quieto, mas logo ouvi sua voz indiferente soar em minha mente. "Foi mal... Eu estou meio aéreo, não pensei que a encontraria tão cedo."

Concordei com ele, acenando minha cabeça para o nada, quase vi o espírito do lobo deitado a minha frente com olhos fechados e presença calma. Mesmo com nossos desentendimentos, conheço ele, fica assim quando está pensativo.

O que acha de tentarmos encontrar a vampirinha? — propus sorrindo de lado, nunca imaginei que a minha tão esperada companheira, na verdade, fosse uma vampira.

"Pode ser" disse, ficando em silêncio. Sempre assim, um lobo de poucas palavras.

Suspirei pesado, levantando da calçada começando a farejar o cheiro doce que a vampira emanava, era muito bom, o melhor que eu já senti em toda vida. Após alguns minutos à sua procura, encontrei a mulher sentada na escadaria principal do castelo, parecia perdida no seu próprio mundo, seus olhos presos em nada, divagando.

Tomando coragem, sento ao lado da mulher, chamando sua atenção, mas logo ela desvia, voltando seus olhos para a destruição da praça principal do Império, algumas casas sendo construídas do zero, outras apenas sendo reparadas. 

Os vampiros são mesmo rápidos, foi o que pensei assistindo um grupo de seis homens sem camiseta passando com sacos de pedras nas costas, cada um com uma bolsa. E todos acenaram para a vampira ao meu lado.

E eu não estou comentando isso por ciúmes e sim por ser um fato curioso, estou apenas contando o fato da imperatriz ter uma ótima relação com seus súditos. Apenas isso!

"Humpf" meu lobo bufou descontente com a visão que tinha.

 — É… Olá — comecei sorrindo nervoso com suas orbes fixas em mim. Pensei que ela ia me ignorar de novo, mas fiquei surpreso com sua voz - muito bonita por sinal - chamando minha atenção.

Eu... Desculpe se sai de lá... Eu ainda estou… parou por um segundo, mordiscando o lábio desviando o olhar para longe do meu Você me assustou.

Não se preocupe — acenei com as mãos, fazendo descaso, mas a notícia me entristeceu — Também fiquei assustado, não esperava que minha companheira fosse uma-

— Que sua companheira fosse uma vampira — riu irônica, balançando a cabeça para os lados, como se esperasse aquela reação Lobos... São todos iguais.

Abri a boca para rebater o que tinha dito, mas parei quando vi os olhos avermelhados cheios de água.

Oh, merda...

Espera- — tentei falar. A vampira me cortou se levantando de súbito, nem me deixou terminar, a vampira correu como louca castelo à dentro.

"Um imbecil, é o que você é" Lee rosnou e dessa vez não rebati, porque eu sabia que era verdade.

É, sou um grande imbecil.

narrado por:

| ANGEL |

Suspirei pela centésima só naquela hora. 

— Willian eu sei me cuidar sozinha, caralho — reviro os olhos, irritada. Sério, desde que chegamos ele ficou em cima de mim e isso começou a me tirar do sério depois de certo tempo.

— Estou tentando te ajudar Angel — bufou irritado, ainda com as mãos nas minhas pernas. Desde que chegamos, o moreno fez de tudo para "me ajudar" na recuperação. Tudo bem que até era legal alguém cuidando de você, mas eu passei a vida inteira fazendo tudo sozinha.

Ter alguém preocupado comigo sem ser Maggie ou meu padrinho era… Assustador.

— Eu sei me cuidar sozinha, Willian! — repito alto sem conseguir me segurar, minha perna já havia sido colocada no lugar e a cicatrização estava indo bem. 

 E para quem tinha apanhado de um velho idiota carniceiro, eu estava bem tranquila.

 — Você quebrou uma perna Angel! Na verdade precisamos conversar! — ele me lança um olhar severo se dando conta do por que eu tinha quebrado a perna.

"Ah, não aguento quando ele olha pra gente assim- Au!" minha loba - literalmente - latiu para Willian.

Arregalei os olhos, chocada, tampando a boca com as duas mãos, querendo cobrir também a sem vergonhice de Trevas. 

 — Eu ouvi isso mesmo?! — ele pergunta divertido. Nego com a cabeça, soltando um rosnado, irritada com a situação e por ter ficado com vergonha por causa dessa vagabunda pervertida.

Ouço a risada de Trevas no fundo da minha mente. Ela está amando, com certeza.

 Jogo uma almofada em sua direção, o mesmo desvia rindo ainda mais.

— Quer parar de entrar na minha cabeça? — digo entre dentes. Um papo chato chamado: intimidade entre espíritos. Quando lobos se encontram com sua cara metade acabam criando laços, inclusive poder ler pensamentos ou conversar com o lobo interior um do outro. Era a quarta vez naquele dia, Willian estava me deixando puta — Vai entrando sem permissão, da última vez você sabe o que aconteceu, não é?

Ele revira os olhos se deitando na cama, largando minha perna machucada. O moreno simplesmente esqueceu que tinha quarto próprio e literalmente acampou no meu.

Aquela situação começou a me incomodar. Não fazia nem 24 horas que tentávamos nos matar e agora ele estava deitado na minha cama, do meu lado, acariciando meus cabelos.

Ligação idiota! Pensei, condenando minha loba por ter feito aquilo.

— Ei, ei! O que está fazendo na MINHA cama? — indaguei cruzando os braços, fitando sua cara de pau.

— NOSSA cama, linda — arregalei os olhos sem acreditar direito no que ele tinha dito. Nossa cama? Que história é essa?

Espera, ele me chamou de linda? Quer morrer, só pode. Em um segundo estava em cima dele o enforcando. Ele ainda estava com aquele sorrisinho idiota na cara, me deixando ainda mais irritada.

— Linda? Vou te mostrar a linda... Vamos ver se vai me chamar de linda quando souber dos meus- — esbugalhei os olhos sentindo seus lábios se chocarem contra os meus, sua mão agarrou as mechas da minha nuca, puxando-me em sua direção. Suspirei sentindo sua língua passar suavemente entre meus lábios, abrindo um caminho adentrando minha boca, explorando-a como bem entendeu. 

Estou começando a odiá-lo, pensei ao começar a retribuir o beijo com a mesma ferocidade que a dele.

"Você diz que odeia ele, mas está retribuindo com ou até mais vontade, não é?" comentou sarcástica, cantarolando algo inútil logo em seguida.

A língua quente do moreno explorava toda minha boca me deixando sem ar.

— Minha linda — sussurrou, eu ainda não me permitia abrir os olhos — Eu... Não tenho medo do seu passado — acariciou meu rosto delicadamente.

— Não parece, você sabe o que fez comigo ontem, Willian... Não fale do que você não sabe — senti um nó em minha garganta. Essa não sou eu, pensei franzindo o cenho sentindo meus olhos molhados, e tenho quase certeza que se os abrisse, lágrimas cairiam.

— Ei, abre os olhos — pede colando sua testa na minha — Fui um idiota e imbecil, mereço um chute nas bolas por ter feito aquilo com você. Mas não foi por medo e sim por vingança, ainda não aceitei a morte de Gary.

Ele era um traidor! — resmungo socando seu ombro. Ele me xinga, massageando o lugar que bati. 

Mesmo assim! — bufou acariciando o lóbulo da minha orelha — Foi por raiva e não por medo. Surpresa e curiosidade também.

Ri negando, fechei os olhos por alguns segundos — Todos temem — abro os olhos novamente, as orbes vermelhas prenderam sua atenção — E você não seria diferente.

Saio de cima dele, deitando ao seu lado, com as mãos sobre meu ventre. O cansaço se fez presente, parece que a reação de ter quebrado o feitiço contra meu companheiro ainda persistia em meu corpo.

— Todos menos eu, anjo… — foi a última coisa antes de me perder em sonhos. Dormi, sentindo seu carinho nos meus cabelos.

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| WILLIAN |

Finalmente dormiu, solto um suspiro ainda acariciando seus cabelos. Realmente, não sei o que tem por trás de tanta frieza assim.

Ela disse que eu teria medo caso descobrisse mais sobre ela e seu passado.

Posso até ter certo receio em aprofundar-me em algo desconhecido.

Mas isso não me impediria de tentar conhecê-la. A ideia do desconhecido era até tentadora.

Certo, isso soou bem estranho.

"E coloca estranho nisso" a voz de Mortt ecoou pelo quarto quando o lobo se materializou na minha mente. Sua imagem normalmente era borrada, mas ali, eu podia vê-lo sentado, com uma pose dominante e sua presença assassina envolta de fumaça.

Reviro os olhos, ignorando o espírito totalmente, me aproximo ficando de conchinha com Angel.

Ela está fria, pensei levantando rapidamente para pegar uma coberta e a cobrindo logo em seguida.

Deito novamente a abraçando por trás.

Eu nunca me vi chegando a esse ponto, ter uma companheira. A ideia me assustava e aposto que metade daquele chamego todo vinha de Mortt, suas emoções misturadas as minhas davam naquilo.

E sobre a minha companheira ser uma assassina de carteirinha, que loucamente procura vingança por todos que fizeram mal, sendo ela a última Trindad viva...

Aquilo foi demais pra mim, dá um tempo!

Nunca esperei que restaria uma sobrevivente, a alcateia das Sombras foi extinta. Isso me lembrou de uma coisa, ainda tenho que terminar de ler meu livro para entender o poder misterioso de Angel.

Resumindo, minha vida virou de cabeça para baixo. 

Assustei com o movimento inesperado da morena, ela se vira, se aninhando no meu peito me abraçando, envolvendo seus braços pela minha cintura.

Ela parece um anjo, penso fitando seu rosto, gravando seus traços.

Um anjo demônio. Fecho os olhos tentando pegar no sono. O tanto que ela tem de anjo tem de demônio.

 No começo não aceitei, minha companheira, que minha tão esperada companheira fosse uma assassina.

E ainda me arrependo de tê-la trancafiado naquela sala.

E olha onde estou!

Quase um idiota apaixonado. Quer dizer gostando dela.

Não sei o que me encantou, além da atração natural dos espíritos, sinto que não foi apenas isso, mas algo sempre me prendeu a ela, desde o nosso primeiro contato, que vai além do companheirismo.

E agora vendo ela dormir assim, parece ser tão frágil que dá vontade de colocá-la num potinho onde só, SÓ eu possa ver.

Não a vejo com outro mesmo porque ela é minha... SOMENTE MINHA!!

Assim como sou dela, ela é minha.

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 | ANGEL |

Sono. Apenas isso, sono.

Alguém apaga a luz?! O peso na minha cintura também incomoda um pouco.

Peso… Na minha cintura?

Abri meus olhos com preguiça, pronta para matar quem quer que fosse, mas vejo Willian dormindo todo fofo, quase babando no meu cabelo.

E eu como sou um anjo, empurrei ele da cama.

Só consegui ouvir o "plaft" no chão e comecei a rolar na cama rindo.

Parecia que tinha uma hiena engasgada com AVC dentro de mim.

Hilário.

— ANGEL! — gritou raivoso se levantando como um raio, seus olhos me fuzilavam.

— Ai minha… Barriga... — olhei para ele, encontrando-o com os braços cruzados e um bico enorme nos lábios.

— Acho é pouco — revirou os olhos, voltando a se sentar na cama. Bocejei, me levantando indo para o banheiro pronta para tomar banho e quando voltei, ele já não estava mais.

 Dei de ombros, entrando no closet. Arqueei umas das sobrancelhas vendo roupas que não eram minhas do outro lado.

Quando foi que esse imbecil fez toda essa mudança? Indaguei em pensamentos agarrando uma camiseta preta - obviamente não era minha, peguei do Willian porque era muito bonita - e um short qualquer.

— Se ele pensa que vai dormir na mesma cama que eu, está muito enganado — resmunguei prendendo meu cabelo em um rabo de cavalo.

 Suspirei sentindo vontade de voltar para cama, mas segui em frente encontrando as escadas para o térreo. Minhas pernas melhoraram e a exaustão da quebra de feitiço foi embora com a noite de sono tranquila, o que mais me incomodava era que em plena 9 horas da MADRUGADA tinha um infeliz gritando.

"Que casa animada" ouço Trevas rosnar no fundo da minha mente.

Animada demais pro meu gosto resmunguei, enrugando a testa, ouvindo alguns gritos e xingamentos vindo da sala de estar. 

"Prevejo mortes" Trevas ironizou.

"Também prevejo uma morte se você não calar a porra da boca" ela ri ajudando no meu ‘Morte pós-sono’.

Porque o primeiro que vir falar comigo é morte na certa. 

Resmunguei um xingamento quando acabei tropeçando do último degrau. Foquei meu olhar na cena inusitada no meio da sala de estar.  No meio do cômodo, uma senhorinha gritava, chamando de puta uma puta de cabelos tingidos de vermelho fogo.

Confesso que achei divertida a expressão da mulher incrédula e ofendida, mas parei de rir quando a vagabunda levantou a mão para a senhora. Antes dela triscar o dedo na senhora eu já tinha pegado o braço da mulher, apertando com força, vi a pele começar a ficar roxa com o aperto.

— O que- Me solta sua vadia! Eu vou falar para o Will! Cadê o respeito com a sua Luna?! — comecei a rir sem acreditar na cara lavada daquela mulher de falar aquilo. Trevas rosnava querendo colocar as garras no pescoço dela, mas segurei a barra. 

 — Você não é Luna coisa nenhuma, é só mais uma putinha que estava na esquina! — olhei boquiaberta pra tiazinha. Mais chocada que eu ficou a mulher ao ouvir.

— Cala boca sua velha coroca! Vou dar um jeito de te internar num asilo — gritou se debatendo, escapando do meu aperto, virando-se na minha direção pronta para falar E você, peça desculpas-

No entanto, o que ela recebeu foi um soco certeiro no nariz. Meti a mão na cara da palhaça. Franzi o cenho confusa ao ver um pouco de base na minha mão.

Pelos deuses, que base era aquela? Resmunguei em pensamentos levantando o olhar para encarar a ruiva com as mãos no nariz, tentando parar o sangramento.

— E se não sair da minha casa, eu faço questão de te internar num hospital — balancei a mão que havia dado um soco nela, merda, acabei batendo nela de mal jeito — Saía antes que tenha algo pior que um pouco de sangue escorrendo do nariz.

"Isso, Angel! Agora bate mais" Trevas disse tentando me atiçar.

 A ruiva me olhou com os olhos pegando fogo, mas acabou dando um sorriso vitorioso, erguendo o queixo depois de limpar a narina com certa violência.

— Sua casa? Você deve ser mais uma rapariga que ele pega — deu uma risada esganiçada, quase me preocupei, achando que a maluca estava engasgando.

 — Eu não sou nem uma rapariga, não como você, filhote de cruz credo! — arqueei uma das sobrancelhas cruzando os braços. Bufei — Sinceramente, eu só queria uma manhã tranquila.

Disse massageando as têmporas sentindo vontade de jogar aquela imbecil pela janela.

Mulher irritante.

"É só jogar" Trevas disse quase saltando de ansiedade "Vai boba, ninguém está vendo!"

— Escuta, você não pode reclamar depois — digo antes de agarrar seu braço como antes, dessa vez com mais força. A mulher começou a gritar como louca, me arranhando tentando puxar meu cabelo. Depois disso vou passar álcool aqui, sabe-se lá onde ela enfiou essas unhas?

 — Tcs! Você pediu por isso, desgraçada — e por descuido - talvez nem tanto - Trevas acabou assumindo meu controle. 

— AH! ME SOLTA VADIA! — gritou enquanto era arrastada pelos cabelos, com um puxão forte, a cabeça dela deu um solavanco forte, gemendo, a ruiva começou a chorar.

— Vadia? — sorri vendo a tremer de medo — Posso ser o seu inferno, querida! Apareça aqui de novo ou de em cima do MEU companheiro, que eu arranco cada fio do seu cabelo, está ouvindo?

— E-eu vou falar com- Willian! Ele vai te expulsar… — gritou tentando me arranhar mais uma vez, mas que saco, ela não conhece outro tipo de golpe? Reviro os olhos, a empurrando para fora sem cuidado algum. A mulher caiu de quatro, gemendo dolorida pelos joelhos ralados.

— Bem aí — ri me escorando no batente da porta, cruzando os braços — Aí parece ter mais a sua cara, vagabunda.

Fechei a porta com força, ainda ouvindo seus gritos. Suspirei olhando o estrago causado pela vadia, algumas feridas já estavam fechando, mas as últimas ela fez com as garras da loba.

Álcool, preciso passar muito álcool.

O Willian precisa escolher melhor suas peguetes, pensei dando de ombros sentindo meu estômago reclamar de fome.

Que porre logo de manhã.

 — A senhora está bem? — perguntei me aproximando da vovó. Ela parecia melhor do que nunca, sua presença era reconfortante e acolhedora, bem diferente da fera que havia encontrado antes, prestes a calar a boca da ruiva na base do soco.

— Claro — riu descrente de alguma coisa — Você chegou bem na hora que eu ia dar uma surra naquela vaca — ri achando graça, realmente, ela ia descer a porrada na ruiva — Sou Amélia. Avó do Willian.

 — Prazer, senhora Amélia — cumprimentei sentindo um pouco de vergonha, por qual motivo? Eu não sei.

 — Ora que isso, querida — acenou com uma das mãos com descaso — Me chame de Meli.

 — Posso chamar a senhora de vovó Meli? — indaguei tombando a cabeça para o lado, colocando meus braços para trás, meio sem graça. Novamente, que merda está acontecendo comigo?

Claro, claro riu, suas ruguinhas se formaram no canto dos olhos, a deixando - na minha visão - ainda mais fofa — Que tal cuidarmos desses arranhões?

 Fomos interrompidas pelo escândalo de certo lobo — QUE GRITARIA É ESSA? — arqueei uma sobrancelha na direção de Willian no pé da escada com Michelangelo no seu encalço. E sim, descobri o nome do loiro vagabundo.

— Gritaria? Foi uma das suas "vadias" que entrou aqui e ia bater na vovó Meli se eu não tivesse parado —  ele arregalou os olhos preocupado, correndo na direção da senhoria que bufou pela sequência de perguntas do moreno — Sério, Willian, deveria escolher melhor suas peguetes.

Digo em um bocejo, indo para cozinha deixando vovó Meli rindo dele. Matar minha fome era a prioridade no momento.

Entro na cozinha sendo atraída por um cheiro incrivelmente divino!

— Humm, quem é a deusa que fez essa comida maravilhosa?! — fechei os olhos apreciando o cheiro com água na boca. 

 — Menina- Que susto! — uma tiazinha colocou a mão no peito, jogando um pano de prato na minha cara.

— Oi! — exclamo com um sorriso fofo lhe entregando o pano novamente.

— Oi assombração — resmungou se virando para as panelas — Sou Rosário.

Falou seu nome — Meu nome é Angel Trindad — ela arregalou os olhos, me encarando como se tivesse visto um fantasma.

— Trin-Trindad? — vi suas mãos tremendo. Rosário respirou fundo, tampando sua boca desviando os olhos para qualquer canto, sua mente parecia trabalhar bastante. Quase vi fumaça saindo de sua cabeça.

Sim resmunguei pensando seriamente em pegar um copo de água com açúcar para a senhora — Filha dos Trindad.

Ela assentiu freneticamente sorrindo de repente — Fiz parte da sua alcateia por um tempo antes de sair para trabalhar — deu um sorriso triste — Meu companheiro era amigo​ do alfa.

Rosário pareceu viajar em suas próprias palavras, talvez se lembrando do companheiro.

— Agora lembro de você — seus olhos viajaram na minha direção, encontrando meu olhar confuso. Sorriu carinhosa — Eu cuidei de vocês quando ainda pertencia à alcateia. Lembro de Edward e Matthew correndo pela rua, jogando bola e uma menininha torcendo para eles.

Senti meu coração bater mais rápido quando ela falou deles. Ela viu eles, ela sabe deles.

Um abraço caloroso me faz despertar dos meus pensamentos profundos, ofego nos seus braços sentindo meus olhos se encherem de água.

— Pequena Angi — sussurrou no meu ouvido, acariciando meus cabelos.

Desmoronei em lágrimas quando ela falou meu apelido.

Angi, a pequena Angi.

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