Capítulo lV

...” Ele vinha em sua direção todo majestoso, lindo como nunca. Sua espada brilhava ao bater da luz em sua lâmina. “A espada flamejante”. Fora dada a ele ainda jovem. Como recompensa por seus feitos. O filho mais velho, o primogênito, aquele que guardaria um dia, todos os segredos do universo e do mundo celestial. Seu pai, O Todo Poderoso, o aguardava. 

Toda a guarda celestial estava lá. Seria o maior evento de todo o milênio. Nosso Pai, no alto do altar, seguidos de seus arcanjos, Rafael, Samael, Uriel, Gabriel, Metatron e eu...Anael.

Ele andou pelo salão celestial em direção ao altar, onde seu Pai o esperava para torná-lo nosso líder. Sua força emanava de seu corpo esculpido pelas mãos divinas. Sentíamos sua graça alcançando poder de força total a cada passo que ele dava em nossa direção. Todos baixavam a cabeça e levavam a mão ao peito em sinal de respeito, conforme ele ia passando... Um a um, até ele chegar diante do altar e se pôr de joelhos diante do Pai. 

Levante-se Miguel, filho primogênito. “Aquele que é semelhante a Deus” ... - Falou a voz estrondosa do Todo Poderoso. Sua voz encheu o salão e silenciou a todos. - Hoje, receberás a luz flamejante de sua espada. A Luz que criou o mundo, a Luz que iluminará o universo quando for chegada a  hora. 

Miguel então, retirou a espada de sua cintura e a ofereceu ao Pai, para que assim se fizesse conforme sua vontade. 

Tu Miguel, filho de Deus, comandarás a ordem celestial. Terás sob seu comando, o céu e a terra. Viajarás pelo universo e terás o poder sobre todas as coisas, mas jamais, o poder sobre mim. EU e somente EU, tenho o poder sobre o início e o fim. Tu, comandarás em meu nome, mas, não falarás por mim, antes que eu lhe ordene. 

Deus, Todo Poderoso, tomou-lhe a espada. Elevou-a sob sua cabeça e começou a girar e girar, cada vez mais rápido até ficar apenas um borrão sobe suas cabeças. Eis que ELE levantou as mãos para cima e com um simples toque, ela se encheu de chamas. Uma chama azulada “a chama da vida” - A espada flamejante, com ela dou a ti meu poder, minha sabedoria e minha misericórdia.  - Voltou a falar o Pai.  - Não terás mal que não destrua e não terás vida que não cure. 

Ao comando do Pai, a espada desceu e repousou lentamente em suas mãos. ELE a pegou pelo punho, todo trabalhado em ouro puro e estendeu-a sob os ombros de Miguel, que novamente se ajoelhou e esperou que seu Pai o abençoasse com a espada, fazendo dela seu instrumento e parte de si.

Neste momento, EU, Deus dos sete véus, aquele que tem o dom da vida e da morte. O abençoo, Arcanjo Miguel líder da ordem Celestial, sobe o poder da espada e que ela seja seu guia, sua força e sua consciência.

Miguel levantou e tomou posse da espada e a empunhou. Sentiu a força que dominou seu corpo e ambos se tornaram UNO, espada e Arcanjo, juntos envoltos pelas chamas da vida. Todos se ajoelharam e receberam o novo líder da Ordem dos Anjos, assim como o Pai ordenou” ...

Gabriel, chamou-a pela terceira vez. - Rafaella, o que está acontecendo? - Ele estava aflito, ao ver sua amiga presa em um transe que não conseguia tirá-la. - Rafaella!! - gritou e colocou as mãos em seus ombros para chacoalhá-la em um gesto já desesperado. 

Rafaella, pegou-o pela mão e torceu seu braço e girou o anjo jogando-o em cima da mesa segurando sua cabeça. Foi quando que o barulho da taça caindo ao chão e se quebrando que ela se deu conta do que estava acontecendo. 

Sem saber o que fazer, saiu correndo para o bar do restaurante à procura da saída. Ela precisava de ar. Chegando na calçada do restaurante, parou e ficou olhando de um lado para o outro totalmente desorientada. Não sabia dizer onde estava e muito menos o que estava fazendo ali. Que pessoas eram aquelas? Que lugar era esse? Porque ela estava ali? O que havia acontecido com o Céu, onde estavam todos? Miguel?...onde estava Miguel? Ela andava de um lado para o outro sem saber para onde ir...e num desespero, ajoelhou no chão e chorou.

 E foi assim que Gabriel a encontrou, depois de ter recobrado o susto e ter ido atrás dela extremamente preocupado, correu até sua amiga e a pegou pelo braço levando-a até um banco mais próximo.  Assim que a viu se recuperar, pegou-a pelos ombros e a abraçou. Colocou sua cabeça em seu peito e tentou acalmá-la. Ele já imaginava que naquele momento algo muito grave havia acontecido com sua amiga. Mas como humano, seus poderes perdiam força, não havia como saber o que realmente se passava em sua mente, se ela não lhe contasse. 

  • Rafaella, olhe para mim. Deixe-me ajudá-la. Conte-me o que aconteceu. - O anjo falava com a voz calma como se estivesse acalentando uma criança. 

Ela levantou a cabeça e olhou para o homem que a abraçava. Foi então que Gabriel a soltou, como se tivesse levado um choque. Ele se levantou e ficou estático, deixando-a ali, sentada e encarando-o. Paralisado com a visão que teve de sua amiga ele se afastou e ficou em posição de alerta. Ele jamais imaginaria vê-la daquela maneira. Ele sabia que um caído mudava a forma física e principalmente seus olhos enegreciam para esconder a graça divina. Mas ele não sabia que um caído como Anael, que pediu para vir a terra por escolha própria, teria o poder de ascender em graça como agora.  Os olhos de Rafaella eram do mais puro azul. Brilhavam como a lua cheia. Brilhavam da mesma luz intensa a qual eles foram criados. Ali estava Anael, em toda a sua graça angelical. Como isso era possível? Ele não fazia ideia.

  • Por Deus Rafaella... você está bem? - Gabriel não sabia o que dizer e nem o que perguntar.

  • Acalme-se meu amigo Biel...estou me sentindo um pouco zonza e fora de órbita. Me dê mais alguns minutos e ficarei bem. - Rafaella, passou a mão pela testa, como se sentisse algum desconforto e depois olhou para o anjo - Já deveríamos nos acostumar a isso não é mesmo? Fazemos isso a tantos milênios e ainda sofremos com a aterrissagem... - Ela passou a mão na barriga, como se estivesse enjoada. - porque é mesmo que estamos aqui? Acho que alguma coisa deu errado Biel, estou me sentindo estranha...- Ela olhou novamente para o anjo que a encarava como se estivesse vendo um fantasma. - Você está bem Gabriel? Parece que hoje não foi um bom dia para descer, não é? Até você está baqueado... - e sorriu. 

Gabriel não sabia o que dizer. Ele olhava para sua amiga e tentava organizar os pensamentos, imaginando o que poderia ter acontecido lá dentro no restaurante que a deixou naquele estado. Pelo pouco que conseguiu entender, Rafaella, acabara de se transformar em Anael. O Arcanjo Anael. Sua amiga de tantos milênios, sua irmã. Mas como isso seria possível, se ela havia sido condenada a viver como humana por toda a eternidade? Ela não poderia se lembrar de quem era, e viveria anos após anos, renascimento após renascimento até o dia do juízo final. Essa era a lei, essa era a sua sentença. O que poderia ter dado errado?

Ele se sentou novamente ao lado dela e ficou a encarando.  Imaginando qual seria a melhor abordagem para não a assustar ou causar algum outro dano pior. Afinal estavam em plena rua, com humanos passando e poderia ser muito arriscado para ambos, caso ela surtasse novamente.

  • Algum problema Biel? Porque me olha desse jeito? - ela se levantou e encarou o amigo anjo e sentiu em todo seu ser que algo estava errado. 

Olhou a seu redor, viu as luzes dos estabelecimentos e da rua, o movimento das pessoas passando pela calçada, o vai e vem dos carros. O barulho da cidade entrou em sua mente como uma sirene. Ela se abaixou com a mão na cabeça e começou a sentir vertigem, tudo rodava. Ela foi levada por um turbilhão de sentimentos e vislumbres de cenas de uma vida que ela não conhecia...uma vida mundana a qual se colocava a sua frente como lembranças. Depois, viu mais luzes, uma sensação de estar caindo, e caindo e caindo...outras cenas de uma vida mundana...de repente, tudo ficou claro a sua frente, um soldado de cabelos escuros e olhos brilhantes de um azul profundo vindo em sua direção...a paz e a calmaria vinha com ele. Seu coração estava em paz agora... O amor da sua vida estava ali e tudo ficaria bem...outro zumbido, sua cabeça ficou pesada e doía muito... e então, escuridão total. 

Gabriel a segurou antes que ela batesse o rosto contra o chão. Sua amiga estava desfalecida. Assim que se deu conta de que ela havia desmaiado, achou melhor levá-la para casa. Os manobristas que estavam ali e haviam presenciado tudo, vieram para ajudá-lo. Ele pediu para que trouxessem o carro dela. Ele a levaria para casa. 

O carro chegou e a colocaram no banco de trás. Ele sabia para onde levá-la e quem poderia ajudá-los. Seguiu em direção ao apartamento de Rafaella, em busca de Dolores. Ela com seus conhecimentos da religião antiga, saberia o que fazer.

Enquanto dirigia começou a pensar nos acontecimentos daquela noite. Não encontrava respostas para o desfeche de tudo o que vira. Tudo o que sabia era que sua amiga precisava de ajuda urgente. Então, apressou-se em dirigir o mais rápido que podia, seria melhor se pudesse se teletransportar, mas em meio à toda aquela gente, não poderia fazer isso. Colocou em prática tudo o que aprendera com a vida humana em suas vindas ao mundo e se concentrou no caminho que teria que fazer para chegar até a casa de sua amiga. Felizmente não estavam tão longe. 

Colocou o carro na vaga mais próxima do elevador e desceu rapidamente, tirou sua amiga do banco de trás ainda desfalecida. A pegou no colo e subiu. Quando chegou no andar, viu que a porta já estava aberta e entrou com sua amiga no colo.

  • Santo Deus! - Falou Dolores assim que os viu. - O que houve com a minha menina?

Gabriel, com olhar tímido colocou sua amiga sobre o sofá e contou tudo a mulher que os encarava horrorizada.

Ficaram ali os dois de pé assistindo Rafaella que no dava sinal de vida. Gabriel, olhava Dolores, ao mesmo tempo, trabalha com sua sabedoria da religicao antiga dos Cherokees. Nesses intervalos, Rafaella ficava agitada uma vez ou outra, além de nenhum faz mencao concordar. Em um certo momento, ela chamou baixinho pelo seu ir'o Miguel e depois voltava ao silencio e adormecia novamente.

  • Ela está travando uma grande batalha com seu eu de agora, com o eu de antigamente. - Falou a velha senhora para Gabriel.

  • Será que ela vai acordar? - perguntou o anjo aflito, ao ver o estado de sua amiga.

  • Vai dar sim, querida. Mas não sabemos "quem vai ressurgir". - Dolores falou com pesar. - Deus quer que minha menina Rafaella, que venca essa batalha. Pois se o seu outro eu tomar posse de seu corpo humano, teremos problemas.

  • Alguma coisa que nós colocamos fazer, Dolores?

  • Infelizmente não... soa poder desse sair confronto. Vamos rezar e pedir para os espíritos se ajudarem ou melhor.

  • Quanto tempo voc' acha que ela vai ficar assim? - Gabriel se worriou com o estado da amiga e com o fato dela talvez levar tempo demais para concordar. E isso pode ser fatal para ele.

  • Sim ou tempo dirá! - E com isso voltou a fazer uma cantiga que Gabriel ficou ouvindo e se permanece em silêncio.

Ele gostaria de poder fazer mais pela sua amiga, mas não tinha como. É ele fazer uso de seus dons, couldia chamar atenuação de anjos outros e isso seria perigoso demais para ambos. Eles tinham que é mantido para um radar, para mantê-lo seguro. Foi senti que lhe surgiu para a ideologia do chamar Miguel. Eu usaria telepatia para chamar-lo. E com certeza Miguel viria socorre-la. Sem custava tempt. Foi ent'o que pediu licenca a velha senhora e contorno-lhe seu plano. Saiu da sala e foi para o quarto da Rafaella e lá se ps em silencio e chamou seu irmao.

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