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Khrona, 1722.

Castelo Sartori

♤ Afonso Sartori ♤

Eu sei o que o John quer fazer, mas isso não é brincadeira de criança. Ele precisa entender que é o futuro disso tudo que está em jogo. Quando Layla se retirou, aproximei-me dele.

–Você está achando que isso é um jogo, John. Mas não é. Eu sou o protagonista que vai destruí-la, não você.

–Eu não quero destruí-la, irmão. Eu quero ser a parte boa. Eu quero que ela confie em mim. Ela merece ter um bom amigo antes de saber que vai morrer pelas suas mãos. Não me atrapalhe e eu não atrapalho você.

Um vampiro aparece convocando John até a presença do nosso pai. Observo da varanda o irmão dela conversando com outros vampiros adolescente. Logo ela aparece ao lado de Ivy. Minha irmã e seu complexo de solidão. Não pode ver ninguém novo que quer fazer amizade.

John quer a atenção de Layla afim de me alfinetar. Ele está achando que é uma disputa. Eu só preciso executar o plano conforme o combinado e me ver livre do meu pai. Entregando em suas mãos o poder de Khrona, posso seguir a minha vida longe desse país. Só quero isso. Fui criado para isso. Não posso deixar a birra de John me atrapalhar.

–Seu pai já mandou espalhar o papo furado que precisamos dizer para a salvadora caso ela pergunte sobre o clã e tudo mais.–Vicente, meu amigo, surge sorrindo.–Essa sua futura mulher parece um anjo de tão linda. É o contraste perfeito para esse lugar.

–Ela não vai ser a droga de minha futura mulher, idiota! Eu só preciso fazê-la me amar e pronto.

–Cuidado para não se apaixonar também. Lembre-se: ela é a sua prometida. Não dou nem dois meses pra você sentir algo por ela.

–Você é um belo amigo, Vicente. Um perfeito amigo. Tenho até medo de ser seu inimigo.

Deixo ele sorrindo igual uma hiena e me retiro. Preciso cercar essa maldita por todos os lados. Se eu não for insistente, ela vai se apaixonar pelo mala do meu irmão. E isso não pode acontecer de jeito nenhum. O coração dela só pode ser meu. Ganho o coração e roubo a vida. Desse jeito.

Desço até perto do irmão da ratinha. Preciso ganhar a confiança do irmão dela para poder chegar até ela. Jamais ela confiará em mim sem o incentivo do pirralha. Estão jogando algum jogo idiota quando eu aceno para o garoto.

–Adrien, não é?–Ele assente.–Podemos conversar um pouco? Coisas importantes.

–Tudo bem.–Ele avisa para os amigos que jogará depois e senta-se ao meu lado.–Pode falar.

–Você e sua irmã tem casa, Adrien?–O garoto assente.–Mas você prefere viver lá ou aqui?

–Olha, eu tenho medo de voltar pra lá e não conseguir proteger a Layla. Eu não posso perder ela também.

–E por que vocês não ficam aqui?–Vejo uma chama de entusiasmo no olhar dele.–Aqui estarão protegidos. Somos um clã que queremos a paz. Temos lutado muito para encontrar aquela que trará o equilíbrio eterno entre as espécies. Enquanto não a encontramos, vocês podem ficar aqui sendo protegidos por nós. Fale com sua irmã, talvez ela entenda que ficar é melhor se você explicar os porquês.

O garoto assente e então eu o libero para voltar a se divertir. Ele é um vampiro, mas tem um coração muito mole. Parece realmente com seu pai. Levanto do chão e sinto o cheiro da ratinha por perto. Procuro-a e noto que ela está conversando com minha irmã perto da enorme fonte de um anjo negro. Resolvo me aproximar. Ivy me nota primeiro.

–Eu estava explicando a Layla o quanto que demorou para que esse castelo fosse finalizado. Você deve ter acompanhado melhor o processo de criação dele.

–É verdade.–Dirijo meu olhar para Layla.–Queríamos algo grandioso, que pudesse abrigar o maior número de pessoas possível. Sabíamos que dias difíceis estavam por vir.

Ivy avisa que precisa encontrar alguém e se retira. Ela está avisada que precisa me deixar sozinho com a ratinha sempre que puder. Esse plano não pode demorar demais ou Ivy não me deixará matá-la por simpatizar com a inimiga.

–Gostou de conhecer o castelo, Layla?

–É um lugar enorme.–Vejo seu rosto adquirir um tom avermelhado.–Lindo também. Vejo que vocês só abrigam humanos, que são os serviçais, e vampiros. Por que os lobisomens ou os bruxos que almejam a paz não procuram por vocês?

Maldita ratinha curiosa!

Ela não é tão burra como pensei que fosse.

–Você deve saber que somos inimigos naturais, Layla. Mesmo eles almejando o equilíbrio, não se juntarão a nós. Provavelmente temem traição. Não temos uma boa fama entre as espécies. Mas sempre estamos de portas abertas. Sempre encontrarão apoio aqui.

–Vocês parecem realmente querer a paz. Isso é bom.–Ela põe um pouco de cabelo atrás da orelha.–Eu senti na pele o que é a perseguição de outras espécies. Isso precisa ter um fim.

–Terá, Layla. Se depender de nós, terá.

Minhas palavras queriam expressar outra coisa, mas sei que a ratinha entendeu o que era pra ser entendido. Já estava quase escurecendo totalmente. Layla chama pelo irmão e entramos juntos no castelo. O jantar seria servido em uma hora, então ela escolheu ficar no quarto com o irmão. Enquanto isso, fui ver o meu pai.

–Falei com o idiota do seu irmão. Ele pensa que não tenho olhos em cada parte desse lugar.–Meu pai bufa aparentando estar no tédio.–Como está indo com a garota?

–Se o John não me interromper, tudo ficará bem em pouco tempo. Ele precisa entender qual a real importância dessa situação. Mudando de assunto, não assuste a garota. Ela precisa acreditar que somos vampiros pacíficos.

–Não estragarei o plano, Afonso. Fique tranquilo.

Saio do seu escritório seguindo diretamente para o meu quarto. Tomo um banho longo e de água fria. Eu não sei que merda de feitiço essa ratinha emana, mas eu não conheço esse sentimento estranho que sinto quando estou perto dela. Merda!

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