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O Comandante Dick Vanderbuild era um homem amistoso, de gestos e palavras afáveis. Quando recebeu Juliet Blair na popa do navio, imediatamente lhe estendeu a mão e lhe dirigiu um sorriso, desculpando-se pelo transtorno:

− Já adianto as desculpas do Doutor Caruzzo, Doutora Blair. Tenho certeza de que tudo isso é um grande mal-entendido!

Juliet apertou-lhe a mão com ar desconfiado. Não adiantava brigar, se o próprio Comandante lhe dizia que o responsável por aquele trambolho nas águas da Isla de los Sueños não era ele!

− Pode chamá-lo, por favor?

−Infelizmente o Doutor Caruzzo não está a bordo. Ele saiu de lancha, logo pela manhã, para reconhecimento do local. Mas vou me comunicar com ele, pelo rádio. Gostaria de me acompanhar?

Juliet olhou em volta. Ali mesmo, na praça de popa, um grupo de jovens envolvidos com equipamentos eletrônicos, dividia-se entre a tarefa de checar os instrumentos e observá-la com visível antipatia.

− Obrigada, Comandante, eu gostaria sim, por favor.

Juliet seguiu o Comandante Vanderbuild. Na escada, ainda olhou para trás, a tempo de capturar o gesto obsceno que uma das moças fazia para ela. Quando foi pega em flagrante, ao invés de encolher-se como uma colegial amedrontada, a garota juntou as mãos na cintura nua e encarou-a com o queixo erguido.

− O Karista I foi construído pela Rolls Royce, Doutora Blair. − o Comandante lhe contou− Seu design e seus equipamentos foram projetados especialmente para pesquisas com sensoriamento remoto. Estamos equipados com o que existe de melhor em matéria de comunicação, sobretudo via satélite. Rapidamente localizaremos o Doutor Caruzzo...!

− Que tipo de pesquisa o Karista está realizando, Comandante?

O Comandante lançou à ela um olhar surpreso. Parecia custar à acreditar que ela não sabia do que se tratava. Mas quando entendeu que Juliet não fazia a menor ideia da expedição, ele disfarçou o constrangimento com uma evasiva:

− Eu prefiro que o Doutor Caruzzo lhe explique, porque eu posso não ser um bom interlocutor...

Juliet não gostou. E como o Comandante não dava mostras de que adiantaria o assunto, ela mudou de estratégia:

− Tá. Está bem, Comandante! Mas, por favor, esse Caruzzo... ele é doutor em quê, afinal de contas?!

À frente dela, o Comandante afastou o corpo, lhe convidando para que entrasse na ponte. Respondeu naturalmente, sem um pingo de afetação:

− Ele é doutor em Arqueologia Marinha. Também é Chefe do Departamento de Arqueologia da Universidade de San Diego.

Hummm – ela resmungou azeda, porque a resposta continuou sem lhe dizer nada! De onde conhecia aquela droga de nome?!

Bastou um rápido olhar nos equipamentos da ponte para Juliet perceber que o Karista I era um navio de ponta! Embora fosse um navio de pesquisas, sua ponte era idêntica à de grandes navios de cruzeiro. Uma bancada em “U”, disposta de frente para a proa e imensas janelas frontais, era equipada com uma profusão alarmante de monitores com telas led, comandos de navegação, computadores e toda a sorte de botões e parafernálias coloridas. Como estava ancorado, apenas dois oficiais uniformizados estavam no local.

O Comandante Vanderbuild dirigiu-se ao operador:

− Senhor Harris, contate o Doutor Caruzzo na Ácqua II, por favor.

O oficial assentiu e voltou-se para um dos aparelhos de transmissão radiofônica do navio. Aguardou dois minutos. Depois de localizar e sintonizar uma frequência de comunicação, iniciou o procedimento de comunicação marítima:

− Ácqua II, Ácqua II, Ácqua II. Aqui Karista I, Karista I, Karista I....

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