Capítulo 9 – Questões de família

MARK

Mark estacionou o carro em uma rua tranquila ao lado do parque municipal e conversaram.

— Eu estava evitando você, Mandy, porque estava com vergonha. Ser agarrado por uma mulher e incapaz de escapar... Eu imaginei que você pensasse que eu era fraco.

— Oh, Mark, desculpe. Você não tinha como saber... Nem me passou pela cabeça que você fosse fraco...

— Por quê?

— Veja, minha mãe é uma mestre em artes marciais. Ela é faixa preta em muitas categorias, e quero enfatizar, muitas...

— Sério?! Estou impressionado agora.

— Você tem o direito de se impressionar. Veja, um touro não poderia ter escapado dela...

Ele deu uma pequena risada agora, começando a ficar mais à vontade.

— Mark, sinto muito por não ter explicado tudo isso antes.

— É que ela é uma mulher de tamanho normal. Quer dizer, eu sou mais alto que sua mãe, e ela me manteve paralisado.

— Essa é uma das chaves do jiu-jitsu, usar a força do adversário a seu favor. É uma excelente prática de defesa pessoal para mulheres. Elas não precisam ter medo, quando são atacados por enormes bêbados ou ladrões agressivos.

— Eu tenho um novo respeito por sua mãe, Mandy.

— Mas o que ela fez com você, não foi certo.

— O que você quer dizer? Ela pensou que eu era um intruso.

— Não, Mark, ela não pensou isso. Você precisa saber de outra coisa sobre minha mãe, se decidirmos continuar a nos ver. Você quer isso?

— É o que eu mais quero, Mandy.

Seus olhos a encorajaram, então ela abriu seu coração.

MANDY

Se aquela cena com minha mãe serviu para algo bom, foi para nos aproximar. Decidi que não tinha nada a perder sendo completamente honesta com ele.

— Eu também evitei você, Mark, mas era porque tinha vergonha do comportamento da minha mãe. Quero dizer, ela agiu como uma lunática.

— Por que?

— Quem sabe... Ela é assim. Eu acho que é um trauma, porque meu pai morreu em um acidente trágico e ela tem medo de me perder também. Para mim, era óbvio que era o medo da perda física. Mas com a reação dela à sua presença, entendi que ela também tem medo de me perder emocionalmente.

— Ela sempre foi assim?

— Toda a minha vida, desde que eu me lembro. Meu pai morreu quando eu tinha três anos, em um acidente de avião. Daquele momento em diante, era sempre mamãe e eu. E ela agia assim. - E eu falei pro Mark sobre como minha mãe era protetora, que ela não deixava que eu ficasse longe dela, portanto ela me acompanhava nos passeios da escola ou simplesmente não me deixava ir. Contei que ela era um pouco mais exagerada do que os outros pais, em seu comportamento comigo, mas eu a amava do mesmo jeito.

— Então, a vida dela meio que gira em torno da sua - ele parecia estar muito pensativo.

— Praticamente, sim...

Então, fiquei muito surpresa, quando ele me contou sobre sua família. Seus pais foram sempre muito frios com ele. Eles nunca tiveram interesse pelos acontecimentos de sua vida. Ambos eram médicos e estavam completamente envolvidos com as ciências e um com o outro.

— Oh, Mark, sinto muito. Não consigo imaginar algo assim.

Mesmo sem perceber, estávamos de mãos dadas agora. Foi nosso primeiro vínculo espiritual, onde uma alma reconheceu a dor e a beleza da outra. Assim, nossas mãos seguiram nossos corações, atuando em apoio e amor.

— Não é que eu não tivesse uma vida confortável. Como cirurgiões, eles são muito bem-sucedidos. Tive uma vida boa, mas silenciosa.

—Sou filha única, assim como você. Mas minha mãe sempre incentivou as crianças a virem a nossa casa para estudar, ou apenas para brincar.

— Acho que não imaginamos o quanto é importante para a criança, que os pais façam isso. Uma criança não pode fazer isso sozinha. Nunca tive festa de aniversário, eles se esqueciam disso. Nem uma única vez, eles foram a um jogo escolar ou peça de teatro da qual eu participei.

—Mark, eu sinto muito, mesmo. - Lágrimas silenciosas corriam pelo meu rosto agora. É por isso que sempre achei que ele era tão sério quando o via na escola. Ele não tinha muitos motivos para se alegrar.

— Tudo bem. Eu me adaptei e me tornei uma espécie de solitário. Como não convidava amigos para minha casa, eles não me convidavam para ir à casa deles.

— Talvez seus pais precisem ser frios, para serem bons cirurgiões.

— Pode ser. Uma vez, perguntei à minha mãe se ela não gostava de mim. Eu tinha sete anos e ficava perturbada quando via outras mães com seus filhos. Minha mãe me disse que não é que ela não gostasse de mim, é que eu fui um acidente. Uma criança não planejada, chegando na pior hora. Ela não disse isso com um olhar maldoso, nem com gritos. Ela apenas declarou o fato. Ela sempre diz a verdade.

— Bem, Mark, muita verdade traz pouca compaixão. Uma mãe nunca deveria dizer isso para seu filho.

— Obrigado, Mandy. Significa muito para mim que você pense assim.

Como a vida pode ser engraçada. Que duas pessoas com infâncias tão opostas pudessem se sentir tão conectadas. Tão próximos um do outro. Ele me deixou em casa, com a promessa de voltar na quarta-feira, para nosso estudo de matemática.

MÃE

“Mandy... Mandy... Minha doce menina é engraçada às vezes. Ela passou horas me dizendo para me comportar, porque seu amigo Mark está vindo para nossa casa hoje. E eu não me comporto sempre? Criatura bobinha. Claro, eu estava um pouco nervosa naquele primeiro dia, mas apenas porque não estava preparada para a situação. E um pouco de luta amigável não faz mal a ninguém, não é? Então, eu estava na sala de estar quando Mandy foi atender a porta. Decidi ser educada, mas distante. Mas foi tão inesperado o que ele fez. Mark veio direto para mim e me abraçou com força. Eu olhei para ele, muito confusa, e ele sussurrou para mim:

— Você é uma boa mãe. - Cara, aquele garoto é um amor. Naturalmente, não poderia deixá-lo ir embora sem jantar conosco.”

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