Você desistiu no momento em que me traiu

Quando seu despertador tocou Lana sabia que eram 5h da manhã, mas sentia como se tivesse ido dormir a cinco minutos atrás. Estava se sentindo cansada mentalmente, porém se espreguiçou, olhou para o lado e o invés de levantar e sair para correr, decidiu matar as saudades do seu noivo para compensar pela noite passada. Se aproximou dele e começou a beijá-lo para o acordar.

- Bom dia amor! - Disse com uma voz rouca.

- Bom dia! - Falou abrindo os olhos devagar.

- Sinto muito por ontem. - Disse puxando os lençóis de cima dele.

- Tudo bem. Não tem porque pensarmos nisso novamente. - Falou se espreguiçando.

- Eu estava pensando. - Falou beijando seu pescoço. - Já que não tivemos um tempinho ontem, em dispensar minha corrida matinal e ficar com você antes de ir para o trabalho. O que acha? - Disse puxando sua camisa.

- Nossa! Amor, desculpa. Mas, é que eu tenho uma reunião muito cedo esta manhã e não quero ficar cansado, preciso me preparar e....

- Está me punindo por ontem Gregory? - Perguntou sentando na cama ao ver seu noivo sair dela.

- O que? Não. Claro que não. - Disse tirando sua camisa. - Eu realmente estou com pressa e quer saber? Ainda bem que me acordou senão eu me atrasaria. Obrigado amor. - Falou beijando seus lábios e correndo para o banheiro. - Pode ir correr amor, nos vemos a noite ok? - Falou ligando o chuveiro sem ouvir o comentário da sua noiva.

- Desde quando você se cansa por fazer sexo matinal com sua mulher? - Disse levantando da cama.

Mas foi o que ela fez. Vestiu sua roupa de corrida, pegou seus tênis Adidas que tanto amava na área de serviços e estranhou que a máquina tinha sido usada a noite.

- Desde quando Gregory lava roupas? Amor? Porque colocou suas roupas para lavar? – Perguntou na porta do banheiro.

- O que? - Perguntou confuso ao ver a sua camisa nas mãos de sua noiva.

- Suas roupas? Por que as colocou na máquina? - Repetiu a pergunta curiosa.

- Ahhh! Eu derramei cerveja nela, não queria que ficasse manchada porque sei que seria horrível tirar a mancha depois.

- Entendi. Poderia ter aproveitado e colocado todas as roupas. Me pouparia o trabalho. - Falou colocando a camisa no cesto. - Estou indo correr, nos vemos a noite ok? 

- Tudo bem. - Disse beijando os lábios dela. - Boa corrida.

- Obrigada. - Respondeu pegando seu Apple Watch.

A semana inteira foi repetida pela correria. Jason visitou todos os setores da empresa, desde as mídias sociais até passando pela cafeteria e o setor de limpeza pedindo relatórios para cada um dos responsáveis. Fez Lana revisar cada um deles antes de chegar em sua mesa para aprovação. Rejeitou todas as ligações da sua família e principalmente de Elisabetta.

Lana, entrava pontualmente às 7:30 e chegava em casa por volta das 23 horas da noite. O seu noivo ou tinha saído com seus amigos ou ele não estava afim de fazer algum programa com ela. No trabalho esquecia o tempo todo de fazer refeições decentes e se entupia como sempre de bolo de chocolate, sanduíches, barrinhas de cereais e quantidades enormes de café.

Descia e subia elevador ao lado do seu chefe. Pedia seu almoço, reagendava compromissos, participava das videoconferências, esquecia de comer decentemente. Delegou tarefas pessoais aos empregados de Jason, foi na sua casa buscar uma gravata limpa para ele que sujou com molho barbecue que ele cismou que queria usar, e o acompanhou em uma reunião matinal no clube de tênis da cidade.

Assistiu seu chefe fechar mais uma parceria com muita persuasão e agressividade. Foi paquerada pelo do dono do clube, ele também recebeu cartões com telefones de mulheres encantadas e iludidas, mas Lana não deixou que ele percebesse que estava sendo paquerada e ambos ignoraram os flertes recebidos.

Voltavam para o escritório e ela o via cumprimentar todos pelo nome. Pediu que ela pesquisasse internamente melhorias que seus funcionários desejavam e percebeu que todos queriam um espaço de laser. Rejeitou pela milésima vez todas as ligações de Elisabetta, não sabendo que Lana ouvia mais xingamentos não só em italiano como em inglês, o viu atender relutante seu pai. 

Se emocionou ao ouvi-lo dizer o quanto amava sua mãe e recebeu sua irmã para um lanche rápido. Ela também sentiu saudades do aconchego dos seus irmãos, o que a fez lembrar que era sexta e ela precisava criar coragem para fazer um pedido especial ao seu chefe. Em seguida trabalhou, trabalhou, trabalhou.

- Já são 11h da manhã. Se pretende pedir, precisa fazê-lo agora. - Disse o segurança vendo sua amiga mexer nos cabelos nervosamente pela centésima vez.

- Eu sei. É que essa semana foi tão corrida. Eu ainda tenho tanto pra organizar e...

- Não tem não. Eu vi você ficar até tarde organizando e adiantando todos os relatórios e planilhas necessários para a próxima semana. - Falou Scott convicto.

- Verdade. - Falou estalando os dedos. - Outra mania quando ficava ansiosa.

- Vamos! Aproveite que ele está de bom humor. - Disse o segurança incentivando a garota a ir até a sala do seu chefe.

- Eu vou, eu só preciso...

- Quer ir logo de uma vez Lana. - Disse tirando a mulher da cadeira e a empurrando em direção a porta fechada bem a sua frente.

- Ok! Eu vou. - Disse parada no mesmo lugar.

- Então vai. - Comentou o segurança vendo o elevador se abrir.

- Bom dia Scott. - Falou estranhando Lana parada em frente a porta do seu amigo.

- O que está fazendo parada aí feito uma estátua Lana? - Perguntou assustando a assistente.

- Senhor Brian? - Disse sussurrando e colocando sua mão no peito. - Me assustou.

- Desculpa! Não foi minha intenção. – Disse passando as mãos no cabelo. - Então? O que está fazendo parada em frente a porta do Jason? - Perguntou sussurrando como se ambos tivessem compartilhando um segredo.

- Eu.... Eu, é que... Ai Deus! Eu não consigo. – E virou em direção a sua mesa.

- O que você não consegue? - Indagou Brian voltando para junto dela.

- Pedir permissão para tirar uma licença de dez dias ao Sr. Jason. - Falou o segurança vendo sua amiga fechar a cara.

- Scott. Mas que droga. Não pode ficar com essa boca fechada um minuto sequer. -Falou mexendo nos cabelos.

- Licença? Para que precisa de licença Lana? - Perguntou curioso.

- Não é nada senhor Brian, eu...

- Quer por favor parar de me chamar de senhor, eu já pedi mil vezes.

- Desculpa. Sabe que não consigo ultrapassar o âmbito profissional para o pessoal.

- Primeiro, não estará ultrapassando nada e segundo, já te disse que me sinto um velho quando fala comigo assim. Pelo amor de Deus. - Falou rindo com a careta da garota. - Agora, me diga logo de uma vez porque precisa de licença. Não está com alguém da sua família doente está?

- O que? Não, eu...

- Ai meu Deus! É você então? Está se sentindo mal? - Indagou preocupado.

- Oi? Não. Não é isso. Olha, foi uma bobagem, eu não sei de onde tirei a ideia.... Eu...

- Ela quer fazer uma surpresa para o noivo já que estão completando três anos juntos e ela encontrou finalmente um apartamento que possam comprar para enfim se casar. Pronto falei mulher. - Disse Scott satisfeito consigo mesmo.

- Scott. - Falou Lana com raiva. - Olha, não é nada demais, eu...

- Como assim não é nada demais Lana? Casamento é um passo muito importante e encontrar um apartamento nesta selva de pedra é um milagre. Fico feliz por você. De verdade.

- Sério? - Perguntou curiosa.

- Claro que sim. Eu mesmo estou tendo problemas para encontrar uma casa nova para comprar.

- Bom, não é uma mansão, mas é um paraíso comparado aos outros que já tínhamos olhado.

- Então, pretende fazer uma surpresa sexy e romântica para seu noivo hein? - . Disse malicioso.

- An... Eu, ah! Quanto a isso...

- Calma Lana, só estou brincando. Não sei porque, mas adoro mexer com você. Gosto de você. - Disse sincero. – Acho que sou o único que consigo te elogiar sem você se sentir ofendida ou constrangida.

- É porque sei que seus elogios são verdadeiros e como disse outro dia, é o homem mais gentil que conheço, além de lindo e ser cobiçado pela metade das mulheres desse prédio. Então, não me importo com o que fala ao meu respeito. Elas ficam com inveja.

- Pensei que todas babassem pelo Jason.

- Por isso falei metade. E até parece que não tem ciência da sua beleza e inteligência.

- Sou tão bonito assim? – Indagou brincalhão.

- É um deus grego. – Disse sorrindo. -  De qualquer forma, obrigada senhor Brian. - Disse vendo o homem revirar os olhos.

- Bom, já que você insiste em não me obedecer.... Eu não vejo outra alternativa. - Disse indo em direção a porta do seu amigo.

- O que está fazendo? - Disse nervosa.

- Já que insiste em me chamar de senhor, que tal isso? – Falou vendo o desespero de Lana. – Só estou dando uma mãozinha no seu pedido. - Falou rindo. - Jason, oi e aí? Beleza irmão.

- Senhor Brian, eu...

- Então, a Lana tem um pedido para lhe fazer. - Disse deixando a porta aberta para que ela ouvisse. – Eu apoio cem por cento esse pedido.

- O que? -Falou indignada. Nãoooo, eu não acredito que vocês fizeram isso comigo. - Disse olhando furiosa para o segurança que apenas ria. - Eu vou te matar Scott. Eu juro que eu...

- Lana? - Chamou seu chefe da sua sala fazendo a garota pegar seu telefone e Ipad e correr em sua direção.

- Sim, senhor Jason.

- Fecha a porta por favor. - Falou se levantando e fechando o paletó. - O Brian disse que precisa tirar dez dias de férias, é verdade?

- O que? - Indagou olhando para Brian que segurava o riso. - Eu não... quer dizer, não são bem férias.

- Então, eu entendi errado quando o Brian disse que você quer tirar férias para ficar com seu noivo?

- An? O que?  Eu não diria férias, eu só quero uma licença para resolver alguns assuntos pessoais.

- Com seu noivo. - Interrompeu andando e se escorando na sua mesa para se aproximar da moça. - Nós temos um calendário de férias, não pode usá-las para resolver esses assuntos pessoais?

- Sim, é claro senhor Jason eu já tinha pensando nisso, então se é só isso eu vou voltar para minha mesa e... Realmente eu devia ter pensado nisso antes. Sinto muito.

- Não vai coisa nenhuma. - Disse Brian pegando os dois de surpresa.

- Ei, o que pensa que está fazendo? - Indagou Jason.

- Você não vai sair dessa sala droga nenhuma senhorita. - Falou indo em direção a ambos. - Dê a licença a ela. - Falou se voltando para seu amigo.

- O que? Brian eu não posso, eu preciso dela aqui.

- Dê a licença a ela ou eu mesmo faço isso. - Disse em tom de ameaça.

- Brian, está passando dos limites aqui. - Falou se afastando do amigo se voltando para sua cadeira.

- Dê a licença a Lana imediatamente Jason Campbell.

- Eu já disse que não posso fazer isso e ela entende perfeitamente, então...

- Lana, passe imediatamente no RH e notifique sua licença que começa nesse exato momento. - Falou virando para a moça que estava paralisada diante dos dois.

- Não vai não. - Retrucou Jason, eu já disse...

- Jason, cala a boca. – Disse Brian decidido e sem tirar os olhos dele repetiu para a assistente. - Lana, eu disse para ir até o RH e notificar sua licença imediatamente.

- Mas, eu ...

- Está tudo bem, minha querida. - Falou Brian se voltando para ela. - Vai ficar tudo bem, pode ir. 

- Eu... - Disse olhando para seu chefe que depois de alguns segundos a encarando acenou levemente a cabeça em concordância. - Obrigada, Brian. - Disse pegando a todos de surpresa ao beijá-lo no rosto e chama-lo pelo seu nome sem cerimônia. - Senhor Jason, com licença. - Falou se retirando em seguida e fechando a porta atrás de si.

- Então, como foi? - Indagou o segurança vendo a moça ir em direção a sua mesa.

- Foi. - Falou ainda em choque.

- Foi? Foi o que menina? - Perguntou impaciente.

- Foi que preciso ir embora antes que ele mude de ideia. - Falou pegando sua bolsa. - Ok! Desligando computadores, pegando telefones, Ipad.... Não. Melhor não levar nada, ou melhor, levar sim, vai que ele precise de mim né?! - Falava para si mesma sem perceber que seu amigo já pedira o elevador.

- Lana? - Chamou o segurança sua atenção. - Vai embora. - Disse vendo a assistente abrir um grande sorriso.

- Obrigada Scott. - Disse beijando o segurança.

Ao sair do elevador, pegou seu telefone e ligou para sua irmã. Sentia tanta felicidade que imaginou poder dançar diante de todos de tanta emoção.

- Alô? Carol?

- Mas que droga Ket, te liguei diversas vezes durante a semana. - Respondeu a garota do outro lado da linha. - Onde diabos você está? Já estou no aeroporto esperando meu avião para Nova York e nem ouse dizer que esse telefonema é para cancelar tudo ou eu juro que te arranco desse prédio nem que seja pelos cabelos, ouviu?

- Estou saindo trabalho nesse exato momento. Eu consegui sua boba. - Disse ouvindo o grito da irmã de felicidade. - Tenho dez dias para concluir a compra e mobiliar o apartamento.

- Moleza! Eu e o Gael fazemos isso em sete dias de olhos fechados.

- Eu amo vocês sabiam?! - Disse indo em direção a portaria e passando o crachá. - Boa tarde meninos. - Acenou os vendo cumprimentá-la com um sinal de positivo.

- Boa sorte garota! - Falaram sabendo de todos os seus planos.

- Obrigada! - Gritou saindo do prédio. - Escuta Carol, tenho que desligar. Nos vemos em duas horas?

- Sim. Ao que tudo indica chegarei trinta minutos antes do voo do mano, então vou esperar por ele para irmos juntos ao seu apartamento tá?

- Tudo bem. Aguardo vocês lá. – Disse chamando um uber. - Por favor 548 West 22nd street.

Indo para sua casa Lana agora pensava quanto tinha a vida que sempre sonhou. Claro que era diferente da sua família que vinha de um legado onde cada um tinha seu próprio negócio. Sua mãe vivia em Cork e ainda mantinha seu café bistrô herdado dos seus avós. Seus irmãos tinham a mesma paixão, arquitetura, moveis e paisagismo e juntos tinham uma sociedade que funcionava muito bem e rendia bastante lucro, mas ela não. Ela nunca quis ser dona de um negócio, queria ser livre, mas agora ria para si mesma porque trabalhava para outro e mesmo assim não se sentia presa.

Não almejava ser milionária, mas gostava de saber que o dinheiro lhe proporcionou uma boa universidade, cursos, aulas de idiomas e boas viagens e conferências. Terminou sua faculdade com honraria, se dedicou exclusivamente aos estudos sem olhar para os lados.

 E agora daria um outro grande passo com Gregory, ela compraria um apartamento maior e poderiam se casar e ter filhos, já que ele seria promovido em breve e ajudaria com dinheiro para suas despesas, então o apartamento na 5º avenida apesar de não ser onde ela queria morar, os fariam viver confortáveis e seguros deixando uma boa herança para seus filhos.

A vida inteira juntando dinheiro e agora com a venda do seu apartamento que ganhara como presente da sua mãe como parte da herança do seu pai traria uma boa garantia para ambos. Estava tomando a decisão certa e não via a hora de chegar em casa e preparar uma surpresa linda para seu noivo.

Já tinha tudo em mente. Trouxera da sua última viagem de negócios com seu chefe da Itália, um vinho que ganhara de presente de um dos empresários que estava na reunião com eles.

Lembrou agora o quanto ele insistira par que ela saísse com ele, nunca mencionou isso ao seu chefe porque sabia que ele se chatearia, pois não gostava que alguém ultrapasse limites com ela. E em troca de tantos nãos, ganhara uma garrafa do vinho mais caro da região. Homens! Pensava ela consigo mesma ao sentir o carro estacionar em frente ao seu prédio.

Pagou ao motorista e subiu para seu apartamento com todos os detalhes em mente. Primeiro iria preparar uma massa que há muito tempo não cozinhava e era outro prazer que deixara de lado, colocaria o vinho para gelar e deixaria em cima da mesa o contrato para assinarem juntos quando ele chegasse como presente de casamento para ambos.

Abriu a porta do seu apartamento sorridente e estranhou quando ouviu um barulho vindo do quarto, afinal seu noivo nunca estava em casa naquela hora do dia. Ao se aproximar do quarto mesmo assustada pensando que fosse um ladrão ouviu a voz do seu noivo e paralisou ao perceber que ele estava com mais alguém.

- Não acha que é muito arriscado me trazer aqui bebezinho? - Lana ouviu e seu estomago embrulhou.

- Não, não é. A Lana nunca está em casa, ela vai chegar bem tarde da noite como sempre. E já que precisei vir aqui buscar alguns documentos esquecidos. - Lana pode ouvir os estalos dos beijos do corredor.

- Você é tão gostoso, tão safado. - Disse a garota dando um grito ao sentir que fora jogada na cama.

- Sou é? Você vai ver o que quanto sou safado agora... Igual fizemos ontem lá no escritório. 

- Ah! Você vai me pegar de jeito de novo não vai bebezinho? 

- Pode apostar que sim. - Respondeu e Lana pôde ter certeza que ele tinha entrado dentro dela pelo gemido que ela deu. 

Lana voltou para a sala desesperada e foi em direção a porta para sair sem ser notada. Estava em choque e sem saber o que fazer, só queria sair dali. Até que ouviu a garota perguntar se ela era melhor que qualquer outra que ele já havia amado.

Desistiu de ir embora no exato momento em que ele respondeu que ela era a melhor em todos os aspectos, que nunca a amara. Não sabia se era pela carência ou dependência emocional, não entendeu se foi pelo desejo de ter seu amor aprovado pelo homem que amava e achava conhecer, apenas desistiu de ir embora e naquele instante sentiu que não tinha como voltar atrás.

Tomada de uma raiva intensa largou a bolsa, foi até a cozinha pegou a garrafa de vinho da sua pequena adega e caminhou furiosa ao seu quarto. Parou no corredor, chutou a porta com seu salto alto de bico fino com toda força fazendo ela escancarar, assustando seu noivo e a garota.

- Olá! Bebezinho. - Disse Lana quebrando a garrafa na porta jorrando o vinho em sua roupa e chão.

- Lana, amor? O que está fazendo em casa a essa hora? - Disse Gregory saindo depressa de cima da garota que procurou um lençol para se cobrir desesperada.

- Não parem por minha causa. - Disse entrando - Estava adorando ouvir os gemidos do casalzinho lá do corredor.

- Amor, eu posso explicar, não é nada do que você está pensando. - Disse Gregory pegando sua calça.

- Eu não estou pensando Gregory.  Eu estou vendo. - Gritou quase acertando seu noivo com a garrafa quebrada. - Estou vendo você foder essa garota na nossa cama seu desgraçado. 

- Amor, por favor abaixa essa garrafa, vamos conversar.

- Agora você quer conversar? - Disse indo em direção a garota que já levantara e começara vestir seu vestido com pressa. - Que tal começarmos com você repetindo que essa vagabunda é melhor em tudo do que eu? Que você nunca me amou...

- Lana, eu sei que você ouviu essas coisas, mas ela é só...

- Não ouse dizer mais uma palavra seu mentiroso. - Falou quebrando ainda mais a garrafa na parede próxima a cama. – Você, sua idiota vadiazinha de merda, espero que tenha aproveitado bastante o conforto da minha cama porque eu juro que se não sair da minha frente eu vou te matar.

- Eu não sou idiota nem vadia coisa nenhuma ouviu, eu trabalho na empresa com seu noivo, sou recepcionista tá e se estou aqui é porque você não é boa o suficiente para ele. – Gritou de volta.

- Você está dormindo com a recepcionista? - Indagou com ódio virando para Gregory que conseguira vestir a calça. - Tão clichê.

- Lana, por favor abaixa essa garrafa e vamos conversar. 

- Não perde tempo com ela não bebezinho. - Disse a garota pegando suas roupas.

- Quer ficar quieta Megan. - Falou virando um segundo para a garota dando tempo de Lana pegar uma porta retrato e jogar contra ele.

- Vocês dois me dão nojo. - Gritou jogando o que podia nele.

- Eu não vou ficar calada coisa nenhuma. Quer saber? - Gritou virando para Lana. - Nós já estamos juntos há seis meses e seu noivo disse que iria te largar para ficar comigo sua estupida. - Falou sorrindo.

- Eu vou te matar sua vadia. - Disse conseguindo acertar um soco na boca da garota antes de ser agarrada por Gregory. - Me solta seu desgraçado, eu vou arrebentar a cara dessa garota.

- Lana, não. Paraaa pelo amor de Deus, todos no prédio devem está ouvindo seus gritos. Para com isso. - Disse tentando segurar sua noiva.

- Você vai me pagar por isso sua ridícula, Gregory eu estou sangrando bebezinho.

- Se eu ouvir mais uma vez esse apelido dentro dessa casa eu vou causar a terceira guerra mundial aqui. Tira essa garota da minha frente ou não respondo por minhas próximas atitudes Gregory.

- Megan, vai embora por favor. - Disse Gregory vendo a garota pegar seus sapatos.

- Eu vou sim, mas eu vou te esperar lá em casa tá bebezinho. - Disse rindo apesar de estar com a boca sangrando. - Boa sorte lindinha. - Falou soltando um beijo no ar para Lana.

- Me solta Gregory. - Gritou Lana em desespero.

- Vai Megan, não provoca mais por favor. 

- Eu já mandei você me soltar seu desgraçado.  Tira suas mãos imundas de cima de mim. – Gritou sendo solta por ele.

- Lana me escuta por favor. - Implorou Gregory nervoso.

- Seis meses? Seis meses que você está me traindo seu mentiroso desgraçado.

- Lana, eu preciso que você se acalme e me ouça tá bem?

- Te escutar?  E o que você pretende dizer? Que foi tudo um mal-entendido, que foi sem querer, que nada aconteceu?

- Eu sinto muito Lana.

- Você... sente muito? - Falou enxugando as lágrimas. - Não parecia sentir muito quando estava estocando aquela mulher em cima da nossa cama Gregory. Nossa cama, nossa casa. - Gritou. – Se eu não tivesse aparecido iria continuar me enganando ou até mesmo me largar seu desgraçado.

- Eu sei que tudo isso não deveria ter acontecido ok? Mas, eu estava carente droga, você não me dava mais atenção.

- Carente? Não ouse colocar a culpa em mim. Não ouse me culpar por ser um mal caráter, cafajeste, infiel desgraçado. Você não tem esse direito. Eu estava pensando em me casar com você seu idiota.

- Mas é verdade. - Gritou de volta. - Nós já não nos reconhecemos a muito tempo. E apesar de te amar, eu não consegui resistir. Eu sou homem droga.

- Amar? Você não sabe o que é amar. Porque se realmente me amasse jamais, jamais ouviu bem, me trairia dessa forma. Poderíamos ter conversado e tentado resolver nossas diferenças, mas não, você logo correu para cama de outra mulher seu maldito.

- Lana...

- Homens de verdade não agem assim. Você não é um homem, você é um moleque. - Disse virando as costas para ele tentando raciocinar.

- Lana, eu te amo. Por favor, vamos nos acalmar e tentar conversar como duas pessoas civilizadas? – Falou se aproximando dela.

- Eu já disse para você não me tocar. Eu quero que você saia desta casa imediatamente. – Pare de dizer que me ama porque é obvio que há seis meses você deixou claro que não ama.

- Lana, vamos conversar. - Disse tentando tocá-la.

- Eu disse para você não me tocar. - Falou batendo em seu rosto.

- Está satisfeita? - Disse surpreso e nervoso. - Podemos conversar agora?

- Eu disse... - Falou pegando um pedaço de vidro em cima da cama e apontando para seu noivo. - Para você sair desta casa. – Falou com as lágrimas rolando pela sua face. – Saia desta casa agora Gregory e nunca mais ouse chegar perto de mim ouviu bem?!

- Tudo bem. - Falou levantando as mãos. - Você está com raiva, eu vou. - Falou andando de costas até a porta. - Mas, eu não vou desistir de você. - Falou saindo em seguida. – Quando estiver mais calma conversamos, ok?

- Você desistiu no momento em que me traiu seu idiota. Você desistiu. – Gritou ao ouvir a porta da sala bater com força.

Com a raiva reavivada começou a quebrar tudo dentro do quarto. Abriu os armários e arrancou as roupas dele tentando rasgar o que podia com as mãos. - Você desistiu quando mentiu que me amava. - E saiu dali indo em direção a sala quebrando tudo que podia. - Você desistiu. Você desistiu.... Você, todos sempre desistem. – Gritou se ajoelhando no chão.

Lana chorou desesperadamente com as mãos na cabeça, seu peito queimava, ela não entendia se era pelo Gregory ou por ela mesma, apenas se encolheu no chão e chorou compulsivamente.

Vinte minutos depois alguém bateu na porta e ela se desesperou com a vergonha e humilhação que havia passado. O prédio inteiro sabia o que tinha acontecido. Ela seria a piada daquele lugar para sempre, pensava consigo mesma. Assim como fora na época da escola. Não entendeu porque sua mente lhe trouxe tão repentinamente aquela lembrança, por isso mais ainda, se envergonhou.

- Você desistiu... vocês mentiram... - Disse ouvindo batidas novamente.

- Senhorita Lana, sou eu a sindica, dona Marisa. Eu posso entrar? - Perguntou preocupada. - Os vizinhos estão comentando da sua briga e eu gostaria de lhe falar um instante.

Lana levantou e correu desesperada trancando a porta para que ninguém entrasse. Foi tudo muito rápido e impensado. Um borrão de pânico fechou sua garganta, um lampejo de loucura a assombrou de novo. As emoções que achava ter controlado e os traumas não tão longínquo socaram seu estomago outra vez. Ela não queria ser mais humilhada e nem ser alvo de comentários como no passado. Então, num ato de desespero, ela também desistiu. Tonta, cansada e enjoada, pegou um pedaço de vidro quebrado de um dos porta-retratos perto dela, levou em direção ao seu pulso e o cortou. Tão rápido seu corpo desvaneceu ao olhar o sangue jorrando, então, ela caiu desmaiada no chão.

- Senhorita Lana? - Bateu mais uma vez na porta após alguns minutos sem resposta.

- O que está acontecendo aqui? - Perguntou Carolyne chegando no andar do apartamento junto com seu irmão.

- Ah, olá! Senhorita Carolyne não sei se lembra de mim, sou a sindica do prédio, dona Marisa.

- Sim, eu lembro. Como vai? - Disse apertando a mão da mulher. - Esse é meu irmão Gael, talvez ele nunca tenha tido o prazer de lhe conhecer.

- Olá! Senhora, é um prazer. - Disse apertando sua mãe também.

- Então, o que está acontecendo aqui? Ouvimos uns vizinhos falando de uma briga terrível no prédio. Uma gritaria, depois um quebra quebra. - Falou curiosa.

- Então, foi aqui.... No apartamento da sua irmã. Eu vim conversar com a senhorita Lana para saber se podia ajudar em algo, já que vi seu noivo sair furioso logo depois... - Disse sussurrando.

- Logo depois de que? - Perguntou Carolyne.

- Logo depois de uma mocinha sair. - Respondeu constrangida. - Parecia que tinham brigado feio, pois ela estava descabelada com a boca sangrando. E agora sua irmã não atende.

- Tudo bem Dona Marisa, vamos ver o que está acontecendo, desculpa por tudo tá. - Disse Carolyne tocando a companhia.

- Não está funcionando. Está quebrada há três dias e o porteiro disse que não encontrou agenda na empresa responsável pelo conserto. - Falou dona Marisa.

- Ok! Lana. - Chamou seu irmão batendo na porta sem sucesso.

- Lana querida, somos nós. Carol e Gael. - Disse sorrindo para a sindica. - Será que ela dormiu? - Indagou sua irmã preocupada.

- Não creio. Eles estavam brigando só tem uns quarenta minutos ou menos. - Respondeu a sindica preocupada.

- Lana? - Chamou Gael batendo a porta com mais força.

- Sem reposta Gael. Estou preocupada. - Disse Carol aflita para seu irmão.

- Esperem, tenho uma chave reserva na portaria. - Disse pegando o interfone no corredor. - Olá José! Traga a chave reserva do apartamento 102 imediatamente. - Falou desligando o telefone ansiosa.

- Aqui. -Disse ofegante. - Vim pelas escadas para chegar mais rápido.

- Obrigada. - Respondeu Gael pegando a chave e abrindo a porta com pressa.

- Lana. - Gritou Carolyne assim que viu sua irmã caída no chão. - Gael, ela está ferida. - Disse vendo seu irmão ligar para emergência.

- Lana, o que você fez? Carol vá até ao quarto dela e pegue algo que eu possa amarrar em seu braço. - Por favor uma ambulância na 548 West 22nd Street. Tentativa de suicídio.

- Suicídio? - Indagou sua irmã em pânico. - Gael, ela está...

- Não. - Disse tocando em seu pescoço para ver sua pulsação. - Vá buscar algo Carolyne, rápido. - Vendo sua irmã paralisada.

- Eu vou. - Disse a sindica.

- Vamos irmã, não nos deixe. - Falou tentando estancar o sangue. – Lana, acorda por favor...

- Aqui. - Falou a sindica entregando uma echarpe para o rapaz.

- Pronto. - Disse amarrando forte o pulso impedindo o sangue sair. - Lana, consegue me ouvir?

- Estou ouvindo a ambulância, vou até lá embaixo dizer qual é o apartamento. - Falou a sindica.

- Vamos, fique conosco irmã. - Disse colocando uma almofada debaixo de sua cabeça.

- Venham, ela está aqui. - Disse a mulher entrando após uns cinco minutos com os paramédicos.

- Senhor, preciso que se afaste para socorrermos a garota. - Disse uma das paramédicas. - O senhor é o que dela?

- Irmão. - Respondeu olhando para as mãos sujas de sangue. E essa é minha outra irmã caçula Carolyne.

- Ela precisa de atendimento também? - Olhou para a garota.

- Não. Só está em choque. - Falou se levantando e se aproximando de sua irmã. - Carolyne, preciso que nos ajude, está bem? Vamos para o hospital, você quer ir ou pretende ficar aqui?

- Eu.... Eu...

- Carolyne, você está bem? - Indagou mais uma vez a ela que não tirava os olhos de sua irmã desmaiada ser colocada em uma prancha. - Carolyne? - Chamou seu irmão sua atenção com mais firmeza fazendo-a olhar para ele.

- Eu estou bem. Eu estou bem. - Disse por fim. - Irei com vocês.

- Tem certeza? - Perguntou indeciso.

- Não quero ficar longe de vocês. - Respondeu baixinho.

- Tudo bem. - Falou seu irmão beijando sua testa. - Não vamos ficar longe. Venha, pegue sua bolsa. - Disse ajudando sua irmã a levantar. - Obrigada por tudo senhora Marisa.

- Imagina meu filho, sua irmã é muito querida por todos. Por favor, não deixe de nos dá notícias, sua irmã tem o telefone aqui da portaria. - Respondeu a mulher solicita. - Podem contar conosco para o que precisar.

- Obrigada. - Respondeu deixando o prédio e entrando na ambulância com suas duas irmãs.

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