Capítulo XI

Quando os meninos nos deixaram em casa já passava da 01h da manhã, nem sabia como conseguiria trabalhar na manhã seguinte e ainda teria que ir viajar com Caleb para a reunião.

— Te vejo amanhã gatinha. — Thomas me deu um beijo, se despedindo. — Se quiser, passo aqui amanhã para pegar vocês, moro aqui perto. — Ele brincava com uma mecha do meu cabelo enquanto falava.

— Não precisa. Amanhã vou ter que ir com o Caleb para uma reunião. Não sei se volto a tempo para a Jones.

— Reunião? Onde? — Thomas arqueou a sobrancelha, desconfiado.

— Não sei, acho que é na cidade vizinha. — Dei de ombros sem muita importância.

— Hum estranho, pois geralmente quem vai a essas reuniões sou eu ou Nick. — O vinco entre suas sobrancelhas entregava a preocupação em que estava.

— Ordens do chefe manda quem pode, obedece quem tem juízo. — Bati o dedo na ponta do seu nariz, em forma de brincadeira e beijei seus lábios em seguida. — Te mando uma mensagem assim que chegar. Falando nisso... — Tirei meu celular da bolsa, desbloqueei e lhe entreguei. — Não tenho seu número.

Ele salvou o número em minha agenda e me entregou o celular. Fiz o mesmo com o celular dele e antes que conseguisse sair do carro, senti suas mãos em minha nuca, me puxando para perto e me beijou os lábios em seguida. Sua mão desceu até a minha coxa, deslizou os dedos até minha bunda e apertou com força. Senti meu corpo fervendo, fazia algum tempo que não transava com ninguém e só hoje havia notado a abstinência que estava.

— Tem certeza que não posso subir? — Ele perguntou enquanto tinha meu lábio preso entre os dentes, me provocando.

— Hoje não... — a pergunta era tentadora, mas achei melhor recusar a oferta, estava com vontade, mas não seria bom trocar os pés pelas mãos e agradeci quando ele entendeu.

— Tudo bem. — Ele falou, me dando um selinho seguido de outro e outro, mais outro. — Vou aceitar sua decisão.

Assenti, saindo do carro.

— Até amanhã. — Me despedi.

Maggie estava parada no portão, de pegação com o Nick. Passei entre eles e fui puxando-a.

— Vamos! Que amanhã todos nós temos trabalho. — Ela murmurou alguma ofensa e fingi não escutar. — Amanhã vocês terminam, ô pervertida! — Me mostrou o dedo do meio e ri com aquilo.

Subimos para o apê assim que os meninos foram embora. Estava esgotada de cansaço, não sabia nem se teria energia para tomar banho, mas acabei tomando uma ducha rápida e me jogando na cama, pelada mesmo e apaguei em menos de 5 minutos.

Acordei meio desnorteada, apalpei a mesinha de cabeceira a procura do meu celular, olhei no visor e vi que ainda eram 6h, resolvi voltar a dormir já que só sairia para trabalhar as 8h.

— Maria Eduarda! Acorda mulher! — Escutei alguém gritando comigo, mas pensei que era só meu subconsciente, até que senti alguém me sacudir com força que pensei que ia deslocar o ombro. — Acorda!

— Aaaain! — Resmunguei de dor, ainda meio sonolenta. — O que foi, diabo? — Tentei abrir os olhos, mas a claridade da janela impedia.

— Caleb está te esperando...

— Jesus! Que horas são? — Pulei da cama quase me estatelando no chão. Soltei um palavrão ao ver a hora no visor do celular e constatar que já eram 7h50 — Cacete! Por que não levantei na primeira vez?! MERDA, MERDA, MIL VEZES MERDA!

Coloquei apressada as roupas intimas e revirei o quarto procurando meu terno preto.

— Ele está na lavanderia, você o lavou no domingo. — Maggie disse, saindo do quarto.

Sai correndo pela sala, só de calcinha e sutiã.

— Madu!? Não faz isso!!! — Já era tarde demais, quando dei por mim bati de frente com o Caleb.

Só de sutiã e calcinha.

— P**a... Que... Pariu! — Não sabia onde enfiar a cara.

"SENHOR DEUS, PORQUE EU NASCI TÃO SEM SORTE ASSIM? O QUE EU FAÇO?"

Estava sem reação, não sabia se voltava pro quarto e me trancava lá, só saindo de lá daqui quinze anos ou se prosseguia até a lavanderia para pegar minha roupa.

Afinal, a merda já estava feita né?

— Bom dia, Eduarda! — Caleb me media de cima abaixo, demorando os olhos em cada parte exposta que não consegui tampar com as mãos. — Me lembre de aparecer mais vezes aqui. Bela visão logo cedo! — Seus lábios tinham um sorriso sacana, que fez meu corpo inteiro estremecer.

De um jeito bom, claro.

— Bom dia Caleb! Não sabia que estava aqui dentro! — Falei entredentes. Seus olhos ainda me encaravam, na verdade encaravam meus seios. — Meus olhos estão aqui em cima, Caleb Jones! — cruzei os braços, tentando tampar ainda mais meus seios e revirando os olhos.

— Não tenho culpa se você resolveu colocar essa paisagem bem na minha frente! — ele mordeu o lábio inferior, rindo em seguida.

Por que meu chefe tem que ser esse pedaço de mal caminho?

— Se você continuar mordendo os lábios assim, vou ser obrigado a esquecer a ética da empresa entre chefe e funcionária, Maria Eduarda! — Nem havia reparado que estava mordendo o lábio. Minhas bochechas queimavam assim como todo meu corpo.

Ele ria maliciosamente, achando graça da situação.

— Acho que... vou me trocar logo. — Tentei terminar a frase o mais rápido possível, correndo para a lavanderia.

Peguei o terno, colocando a calça e o blazer por cima do sutiã mesmo, só queria esconder minha intimidade daquele homem e corri de volta para o quarto para me trocar. Passei tão rápido pela sala, que nem olhei para onde o Caleb estava. Entrei no quarto, fechando a porta para me arrumar.

— Posso entrar? — Maggie bateu na porta, já entrando. — Você está bem?

— O que você acha? Acabei de dar de cara com o Caleb e quase não estava vestida. Você acha que estou bem? — Soltei tudo sem nem respirar, Maggie se jogou em minha cama, rindo. Olhei feio para ela, advertindo-a pela situação. Ela parou de rir na hora.

— Foi mal! — ela levantou as mãos se desculpando — Tentei te avisar, mas você nem ouviu. — Ela deu de ombros enquanto falava.

— Poderia ter me avisado na hora que me acordou. Mas agora é tarde! Só por favor, não vai sair falando para os meninos. Já não basta a vergonha que estou passando pela situação, não quero que estique até o trabalho. — Maggie beijou os indicadores em sinal de juramento. Sabia que ela não ia contar, não era do tipo de amiga que coloca os outros em situações indelicadas e era isso que gostava nela, se colocava no lugar do outro, em relação a tudo.

Estava com um terninho preto, uma camisa social branca por baixo do blazer e uma sandália de salto preta. Prendi meu cabelo em um coque apertado, deixando alguns fios soltos, passei uma maquiagem leve, destacando os olhos, com um delineado e caprichando no rímel, passei um batom nude boca só para dar uma cor.

Peguei a bolsa do trabalho, com o notebook e tudo mais, indo até a sala.

Maggie já estava de saída também, Caleb iria deixa - lá no escritório.

Alecrim acordou de bom humor!

— Estou pronta. Vamos senhor Caleb? — coloquei a bolsa em cima da mesa enquanto o aguardava.

— Depois da situação de hoje pode me chamar somente de Caleb, Eduarda. — Tentei questionar. — É uma ordem! — Tornei a fechar a boca e assenti.

Esse cara não consegue ser educado, nem por um segundo?

Revirei os olhos.

— Se continuar a revirando os olhos para mim eu juro que vou ter que tomar uma atitude! — ele estava de braços cruzados, o que deixava seus músculos bem em evidências. Sua sobrancelha estava arqueada e tinha um meio sorriso nos lábios. — E acredite, não vai gostar.

Pensei em revirar os olhos novamente só para provocar, mas desisti. Decidi pegar minha pasta e ir para a porta.

— Vamos? — Maggie estava indo chamar o elevador. Fiquei na porta aguardando o Caleb sair, para poder tranca-la.

Enquanto ele saía, parou na minha frente e foi aproximando o rosto do meu, senti o coração acelerar. Se ele me beijasse não saberia qual seria minha reação, só então notei que havia prendido a respiração, soltei com calma o ar.

— Hoje o dia será bem longo... — seu hálito era quente, me causando arrepios.

Claro que estava quente Eduarda. Ele não morreu.

— Pode ficar tranquila, não vou te beijar. Não sou assim. — Estava a ponto de ter um ataque cardíaco se esse homem não saísse de perto de mim. — Pelo menos não até me pedir. — Ele enfim saiu de perto e me deixou trancar a porta, sem desmaiar.

— Pode ter certeza... Você vai pedir! — sentir seu hálito em meu pescoço novamente só que dessa vez eu estava de costa para ele, o que eu dei graças a Deus, pois assim pelo menos eu poderia corar em paz.

Ele saiu e seguiu até o elevador. Maggie havia desistido de esperar e desceu sozinha. Tentei me lembrar de como andava, as pernas estavam bambas e suava mais do que porco.

Se é que porco soa...

Entramos no elevador, ambos em silêncio, essas situações me causavam tensão. Elevador sempre foi fetiche para algumas pessoas e nunca entendi porque, até esse momento...

Fiquei olhando o painel do elevador, tentando distrair a cabeça com alguma coisa. Quando estava próximo ao 7° andar, me surpreendi. Caleb me puxou pela barra do blazer, pressionando seu corpo contra o meu, suas mãos foram pro meu pescoço e sua respiração causava cócegas. Estava a milímetros de distância de mim, me pressionando na parede, acelerando minha respiração.

— Não sei o que faço com você... — ele murmurou, entre um suspiro. Dava para notar a força que estava fazendo para não me beijar. — Estou louco para te beijar, mas sei que se fizer isso não vou conseguir me segurar e não quero que seja dessa forma. Quero fazer com que me peça, me implore para te tocar. Não quero te dar tudo isso assim, tão fácil. — Ele passava os lábios em meu pescoço, subindo e descendo da clavícula até minha orelha, deixando deliciosos arrepios no percurso. — Quero te deixar num ponto em que tudo que desejar ou pensar, seja sobre mim. Quero deixar você no mesmo estado que estou. — Ele puxou meu lábio inferior levemente e então, me soltou para minha decepção.

Deixou cada lugar em que tocou, formigando. Voltou para o meu lado, mantendo uma distância segura entre nós, arrumou o blazer e voltou com a postura firme como se nada tivesse acontecido. Fiquei tentando me recompor, minha respiração ainda estava acelerada, o coração descompassado e estava suando, ansiando pelo toque dele novamente em cada parte do meu corpo.

Que merda!

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