Capítulo IV

Voltei a conversar com Rebeca sobre seus planos para o futuro, para onde deseja viajar e se queria ter uma família... não que eu não queira ter uma família, muito pelo contrário. Eu quero sim ter uma família, mas com a garota que eu me casar que é a Bárbara.

— E você? — ela me pergunta, me tirando dos meus pensamentos. — O que pretende fazer no futuro?

Eu não sabia o que responder. Não podia dizer: "eu quero ser piloto de NASCAR" ou algo assim. Ela se sentiria mal, pois sua irmã, a Iara, me contou que o namorado dela, havia falecido em um acidente de carro.

— Então, eu gostaria de conhecer o Japão — respondi.

— Por que? — me questionou. — Por causa das corridas?

Eu a olhei espantado, mas desviei meu olhar.

— É brincadeira! — ela dá um tapinha nas minhas costas, e eu rio junto dela.

— Sabe, eu gosto de sua companhia — esclareci. Era verdade o que eu havia dito. Eu gostava da companhia dela. — Você é uma garota tão legal.

— Você também é bacana, Alexander.

— Aleh.

— O quê? — diz ela, se mostrando confusa.

— Me chama de Aleh, está bem? — pedi.

— Claro, sem problema — ela responde e sorri novamente para mim.

Eu não sei como explicar, mas estava começando a gostar realmente da companhia dela. Meus pais reprovariam minha amizade com ela. O Kleber não é flor que se cheire também, e eles não disseram nada sobre minha amizade com ele. Claro, eles não o conhecem. Mas se eles o conhecessem, com certeza iriam dizer: "É com essas amizades que você anda?". Isso seria constrangedor, sem sombra de dúvidas.

...

Eu estava sentado sobre a areia da praia, Rebeca estava dormindo em meu ombro. Olhei no relógio e noto que já se passavam das 23:30 da noite.

— Ei, Rebeca — eu a cutuquei.

— O que foi? Aleh? — ela me encara, ainda sonolenta. — O que houve?

— Você quer ir para casa? — questiono.

— Não sei se meus pais iriam permitir você ficar na casa deles. — ela comenta, e parecia pensativa. até que tomou sua decisão. — Então vamos para a minha.

— Sua? Você mora sozinha? — indaguei, um pouco surpreso com a novidade.

— Sim, ganhei do meu ex-namorado — ela responde. Decidi não comentar nada sobre o ex-namorado dela. deixá-la triste era a última coisa que eu queria.

— Certo... para que lado fica sua casa? — pergunto e ela se levanta. Mas logo cai novamente. Eu a sento na areia, e faço o mesmo. — Você não está em boas condições.

— Eu sei — ela assente, sorrindo para mim. A bebida parecia ainda fazer efeito. — Minha irmã pode nos guiar.

— Ela sabe onde fica sua casa? — Ao fazer essa pergunta, recebo dela um olhar de reprovação. — Está bem — levanto as mãos em sinal de rendimento. — Não está mais aqui quem falou.

Ela deu uma risadinha, e pude notar que aquele riso era natural.

— Minha irmã pode ser seu guia — ela diz. — E quero também seu número de telefone.

Eu a olhei com um questionamento.

— Não entendi — afirmei.

— Para o caso de você decidir sair na manhã seguinte sem se despedir. — ela me explica.

— Ah, sim.

— Você vai passar — ela me dá um leve beijo — a noite em minha casa.

— E sua irmã? — questionei.

— O quê tem ela? — eu podia sentir que havia uma pontada de ciúme em sua voz.

— Ela ficará na mesma casa que nós? — questionei ela. Não quis ser grosseiro.

— Ela tem um quarto próprio lá também — ela conta.

— Ok.

Me levanto da areia e a ajudo a fazer o mesmo. Ela cambaleia um pouco, mas eu a seguro, e ela dá um sorriso.

Ela olha diretamente em meus olhos e eu observo aqueles lindos olhos verdes.

— Você quer ir agora? — indaguei, querendo sair daquela festa.

— Acho melhor — ela concorda, como se tivesse pensado o mesmo que eu.

Rebeca chama sua irmã, avisando que já estávamos indo embora.

— O quê? Mas já? — Iara indaga, mostrando estar desapontada, mas parecia não querer voltar para casa agora.

— Iara, sua irmã não está muito bem. — avisei, tentando ajudar.

— Ela só não pode dirigir — reclama ela, revirando os olhos. — Mas ela pode te guiar até a casa dela.

— Certo. Você consegue me guiar, Rebeca? — pergunto, olhando para ela.

— Consigo... acho que consigo — ela afirma com a cabeça, mas parecia estar um pouco confusa.

— Está certo. — vou até meu carro e abro a porta do passageiro para ela poder entrar. — Iara! — ela me encontra mim distante, perto do meu carro. — Divirta-se... mas com juízo.

Ela dá um sorriso e mostra o dedo do meio para mim, e eu rio também.

— Vamos nessa, então?

— Sim — Rebeca afirma, seus olhos fixos em mim.

Dou a partida no motor e dou a ré com o carro, enquanto olho para trás. Após me certificar da nossa segurança, decido perguntar para ela aonde iríamos.

— Vamos para esse lado — ela aponta para o lado direito dela. — Segue essa pista.

— Ok — falei e segui o que dizia.

...

Chegamos em sua casa e já eram 00:35. Eu não corri por medo dela começar a desgostar de mim. Rebeca era uma garota incrível, e não quero que ela me odeie. Pelo contrário. Quero me aproximar dela, para fazê-la superar esse trauma que ela pegou, de namorar um corredor por medo dele se acidentar.

— Não ligue — ela pede enquanto destrancava a porta. — É uma casa bem simples.

— Com certeza é mais simples que a casa onde moro — respondi, admirado com a casa.

Nós adentramos à residência dela, e ela liga a luz. Sua casa era bem arrumada, sua mesa bem ajeitada.

Rebeca fecha a porta e me pergunta se eu quero me sentar. Eu me sento e ela me entrega um copo com água.

— Então, você vai voltar para a casa de seus pais? — ela me questiona, e parecia esperar uma resposta imediatamente.

— Não sei — respondi. — Está um pouco tarde para eu voltar para casa. Eu posso...

— Claro — ela responde antes que eu terminasse a frase. — Preciso mesmo de companhia aqui.

— E a sua irmã? — indago.

— Ela é companheira — Rebeca se senta em meu colo, de frente para mim. — Mas preciso de outro tipo de companhia.

Suas mãos tocam meu rosto, e eu encaro ela diretamente nos olhos. Passo a língua pelos lábios e ela começa a aproximar seus lábios dos meus, quando a porta se abre.

— Acho que o quarto seria o lugar ideal para vocês dois, não é mesmo? — sugeriu Iara, guardando as chaves do carro de sua irmã no gancho atrás da porta.

— Desculpa. — Rebeca olha para sua irmã. Ela estava levemente corada. — Eu vou me deitar. Até depois.

Eu me levanto e pergunto se posso colocar as chaves de meu carro no gancho também. Ela balança os ombros, mas permite.

— Então — eu digo — aonde eu vou dormir?

— Não sei — ela responde, tirando sua jaqueta e dobrando ela. — Fala com a Becca. Ela é a dona da casa.

— Mas será que ela não está dormindo, já? — me pergunto, me levantando do sofá.

— Vai ver lá — ela diz enquanto ia na direção do banheiro com sua escova de dentes em mãos.

Fui até o quarto de Rebeca e bati na porta. Estava entreaberta, então eu abri devagarinho. Ela parecia estar dormindo, então decidi não atrapalhar seu sono.

Fui até seu guarda-roupa e abri uma das portas e por sorte, encontro duas cobertas. Pego uma delas e a cubro. Ela abre os olhos e me encara.

— Ah... desculpa se te acordei — falei meio sem jeito.

— Não tem nada — ela responde. Pude perceber que em sua voz, tinha uma entonação triste.

— Eu vou dormir lá no...

— Dorme comigo? — ela pede e eu pisco várias vezes.

— O quê?

Eu não conseguia acreditar no que havia escutado.

— Depois que... — ela se interrompe.

— O que houve? — percebo que ela estava um pouco infeliz com algo, e já imaginava o que poderia ser.

— Só... durma comigo — ele pede novamente.

— Não vou atrapalhar? — ela nega com a cabeça.

— Não — ela afirma. — Mas tire a camiseta... por favor.

Não sabia se tirava a camiseta ou não. Guardei a coberta que havia pego, retirei a camiseta e lentamente, me deito ao lado de Rebeca. Fico de costas para ela, até ouvi-la pedir:

— Me abraça? Por favor — ela pede.

Eu me viro para ela e a envolvo em meus braços. Ela aconchega sua cabeça em meu peito e me abraça também.

— Boa noite, Aleh!

— Boa noite, Becca!

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